The Sage's Quest - Capítulo 6
No momento que Alpha termina de falar, seus soldados ficam em silêncio e tensos e o grão-chanceler segura seu livro embaixo de seu braço, caminha até o cavaleiro e o encara friamente. O homem idoso sorriu de forma bem animada,fechou os olhos e deu uma leve risada, os soldados começaram a olhar para ele com certo receio do que poderia acontecer.
— Por que está rindo? Por acaso essa situação tem alguma graça, grão-chanceler? — perguntou o senhor da guerra que estava confuso com aquela ação inesperada por parte do representante.
— Finalmente ouviu meu conselho velho senhor da guerra…era muito mais fácil termos feito isso horas e horas mais cedo, se tivesse me escutado nós não teríamos que…
— Isso não importa agora, o erro foi meu…agora vamos partir para Astan! — falou Alpha interrompendo o representante.
“Que petulante” pensou o grão-chanceler com uma expressão de desprezo em seu rosto enquanto toca em seu livro com as duas mãos e o faz desaparecer.
O representante entra na carruagem a qual começa a ser puxada pelos cavalos a comando do cocheiro que direcionava o veículo para fora da clareira. Soldados a pé estavam na retaguarda e prontos para defender o grão-chanceler, já os soldados montados em cavalos acompanhavam Alpha que ia guiando eles a pé por uma trilha no meio a uma área mais densa da floresta.
O céu estava muito nublado e cobrindo totalmente a Lua, estava garoando mais forte e os ventos frios deixavam o ambiente um pouco soturno. Mesmo estando muito escuro, havia apenas algumas luzes vermelhas guiando eles que estavam flutuando ao redor do cavaleiro branco.
Eles vão seguindo por essa trilha por um tempo até que de forma inesperada chegam em uma área com muita fumaça e com uma área tomada de chamas consumindo a vegetação vorazmente destruindo tudo ao redor e enviando uma grande coluna de fumaça ofuscando a visão dos soldados e os fazendo tossir muito.
— Se afastem, levem a carruagem para um local mais isolado, pois a situação deste local parece piorar…vamos continuar prosseguindo rumo a Astan por outra rota —disse o cavaleiro olhando para todos os outros e apontando com a mão para um lugar mais distante em meio a floresta a qual eles deviam seguir.
Assim todos começaram a seguir Alpha passando rapidamente por uma área tomada pelas chamas e fumaça, o cavaleiro mesmo estando a diante daquele grupo conseguia ver o que estava acontecendo no meio daquele caos todo usando sua visão aprimorada.
E ele via em meio a densa fumaça cerca de 2 guardas de Astan tentando extinguir o fogo usando magia de água porém não conseguiam efetivamente pois estavam muito feridos e a fumaça estava sufocando eles lentamente. Ao lado deles estavam os corpos de 3 soldados imperiais junto de um corpo carbonizado do aliado dos soldados, havia também 1 último soldado que estava com as mãos algemadas e sendo interrogado de forma intensa.
Mas o cavaleiro e seu grupo se afastaram daquela área e prosseguiram em meio a uma estrada de terra que levava eles cada vez mais perto de Astan, pois interferir no incêndio e chamar mais a atenção não era o objetivo naquela missão.
Enquanto isso na área onde os guardas de Astan estavam, o interrogatório se tornou cada vez mais intenso em relação ao prisioneiro até um ponto onde os guardas passaram a usar métodos mais brutos para tentar arrancar alguma informação daquele invasor.
— Quem enviou você e este grupo para cá? Anda fala logo!! — exclamou o segundo guarda chacoalhando o soldado prisioneiro pelo ombro.
O soldado cospe na cara do guarda e diz: — Nem que você me jogue no fogo que eu vou falar alguma coisa sobre meu líder seu pedaço de bosta!
O guarda limpa o cuspe de sua face e desfere uma sequência de 3 socos no soldado quebrando o nariz dele e fazendo ele gritar mas antes de poder continuar a agressão, o guarda que estava do lado dele pega no ombro dele e fala: — Chega…precisamos levar ele para o chefe da guarda, ele saberá como tirar dele o que precisamos, aliás ele deve estar são e vivo.
— Certo —respondeu o segundo guarda jogando o prisioneiro no chão.
— O fogo não está apagando…estamos tentando o máximo em apagar mas não funciona!! —diz outro guarda tentando lançar um jato de água nas chamas mas não consegue.
— Estamos quase sem energia alguma, precisamos abandonar o lugar se não iremos morrer asfixiados ou consumidos pelas chamas — falou um quarto guarda se afastando aos poucos.
— Não podemos se não o incêndio apenas irá piorar e pode se espalhar mais rapidamente, temos que continuar mesmo que isso nos mate!! Aqua Pulse!! — gritou o soldado fazendo movimentos com suas mãos e lançando um leve jato de água a base da umidade do ambiente porém é muito pouco efetivo contra as chamas.
Com as chamas se alastrando, as árvores grandes passam a se desprender e a cair com tudo no chão causando grandes estragos, os guardas correm dali junto ao prisioneiro. O fogo consumia mais e mais aquela parte da floresta e mais e mais árvores continuavam a cair e a fumaça aumentava.
Os guardas e os soldados estavam correndo rumo à cidade para se protegerem daquele inferno, desviavam de toras pegando fogo e passavam sobre arbustos grandes cheios de vinhas lotadas de espinhos. Passando por aquilo eles chegam por acidente em outra parte da floresta que estava em péssima situação, as árvores grandes sendo consumidas pelas chamas.
— Droga, ainda não escapamos!!! — falou o primeiro guarda demonstrando muito nervosismo e olhando ao redor e respirando com dificuldade.
— Consegue…ver alguma…urgh…saída? — perguntou um segundo guarda tossindo muito devido à fumaça.
— Não consigo…ah merda!! — gritou o primeiro homem olhando ao redor e desviando de mais uma árvore em chamas que caiu próximo a ele.
— Não pode ser — disse o quarto homem com uma voz demonstrando que estava meio abatido com aquela situação.
— Tem um caminho sim por onde podemos escapar — falou o soldado prisioneiro olhando para o grupo.
— E como tem tanta certeza assim? Acha que devemos confiar em um invasor como você? — perguntou o terceiro guarda com um tom de desprezo e intimidação enquanto caminhava para perto do soldado imperial.
— Por ali, é uma área onde o fogo não atingiu ele, se atravessarmos aquelas toras em chamas chegamos rapidamente lá, confiem em mim dessa vez…eu prometo não atacar ninguém — disse o prisioneiro estendendo os braços amarrados para os guardas e olhando para eles com um olhar sério — Ou é isso, ou morremos aqui sufocados ou queimados.
Os 4 guardas se entreolharam por cerca de 1 minuto e acenaram a cabeça e um deles pegou sua espada e cortou as cordas que prendiam os braços do soldado imperial. O prisioneiro agradeceu aos guardas e olhou em meio a fumaça e assim começou a guiar o grupo para uma área fora daquele inferno.
Eles cruzaram por mais obstáculos como focos mais intensos onde as chamas ainda continuavam a devorar a vegetação desprotegida e desviando de árvores que caiam devido ao dano causado pelas chamas. De pouco em pouco, caminhando atenciosamente em meio aquele lugar, eles chegaram até um local um pouco isolado e fechado em meio a mata, mas ainda sim havia um pouco de fumaça no ar.
Os soldados de Astan se sentaram no chão ofegantes e tossindo muito, estavam exaustos por conta de todas as horas que estavam em meio aquele lugar, principalmente depois do duelo com o grupo de soldados imperiais antes.
— Estamos seguros por enquanto — disse o primeiro soldado aliviado com a mão sobre seu peito.
— Sim, ainda dá para ver a cidade daqui? — perguntou um segundo soldado olhando para os seus aliados.
— Deixe me ver…ainda dá para ver as muralhas…o incêndio não se alastrou para perto de Astan por enquanto — respondeu o terceiro soldado se levantando, mas logo ele tira de seu bolso uma argola de metal e prosseguiu — Aliás, nós temos que levar o prisioneiro até o jovem mestre.
— Ah é verdade, prisioneiro venha conosco e… —falou o quarto guarda que olhou para os lados e não achou o soldado imperial em lugar nenhum próximo a eles— Ué, mas onde é que ele foi?
De repente, antes dos outros 3 soldados distraídos puderem responder, o prisioneiro surgiu atrás do quarto guarda, o agarrou rapidamente por trás e perfurou sua garganta usando uma adaga. Logo ele ia deslizando a lâmina dentro da garganta do guarda, fazendo-o se afogar no seu próprio sangue que logo espirrou pela grama e pelo rosto da vítima enquanto o prisioneiro cavava o corte com mais facadas. Em choque os outros 3 guardas ficaram espantados com aquele ato de violência repentino e pela expressão facial do prisioneiro que era um sorriso perturbador.
— MORRAM!!! — gritou o soldado imperial enquanto arremessou o quarto guarda ao chão após esfaqueá-lo.
E de forma bem veloz o prisioneiro partiu em direção aos soldados de Astan com sua adaga, mas o terceiro guarda pegou sua espada e desferiu um golpe com muita força no prisioneiro e fez um corte muito profundo no tórax do mesmo. O soldado imperial caiu de joelhos no chão e largou sua adaga ensanguentada no chão e os guardas tentaram socorrer o seu aliado que estava gravemente ferido.
— Aquele maldito! Não devíamos ter confiado nele! — exclamou o terceiro guarda com muita raiva enquanto tentava estancar os cortes com um uma tira longa de tecido azul que eles usavam em suas armaduras.
O quarto guarda apenas tentava respirar com muita dificuldade enquanto o sangue entrava em suas vias respiratórias e o fazia tossir muito, os seus aliados em choque passaram a carregar ele junto ao prisioneiro em suas costas.
— Temos que ir para Astan agora! Não podemos perder o prisioneiro e nem nosso aliado! — falou o terceiro soldado com preocupação enquanto caminhava o mais rápido que podia carregando o guarda ferido em suas costas.
— Sim senhor! — disseram os outros 2 guardas que levavam o prisioneiro e acompanhavam seu aliado a caminho da cidade.
…
Após passar cerca de 1 hora, o cavaleiro branco junto ao grão-chanceler e seus soldados imperiais chegaram próximos à entrada de Astan e logo encontraram 3 guardas carregando um soldado imperial com um corte fundo no tórax e um aliado com o pescoço retalhado. E com rapidez os 3 guardiões abrem os portões para esses guardas entrarem e após isso eles fecham os portões e percebem que há cerca de mais ou menos 15 metros de distância junto a eles.
— Se afaste agora, você não tem permissão para se aproximar desta forma Alpha! — exclamou o primeiro guardião encarando o grupo enquanto mais 12 soldados guardiões estavam vindo ao local para fortalecer a proteção do local.
— Vocês mentiram sobre seu líder estar em missão no Norte durante todo aquele tempo, eu senti a força vital à distância vinda da torre onde ele vive…agora saiam agora do meu caminho ou esta situação será resolvida no jeito que mais difícil tanto para mim quanto para vocês — respondeu Alpha com um tom de voz firme ficando de braços abertos demonstrando não agressividade.
— Não permitiremos tal absurdo! Isso é invasão de um jeito ou de outro, seus homens disfarçados incendiaram a floresta e ainda tentaram se aproximar da cidade após matar nossos homens que estavam apenas vigiando o local, você não passará!! — o primeiro guardião exclamou novamente e olhando para Alpha em posição de combate.
O senhor da guerra deu um passo pesado para frente e depois ficou de braços cruzados, encarando os soldados que logo se entreolharam e fixaram seus olhos para o cavaleiro branco que estava a certa distância dos mesmos.
Sem pensar duas vezes o líder de um dos grupos partiu em direção dando um grito de guerra, os soldados de Alpha estavam com certo medo, mas ele olhou para trás e deu um leve aceno com a cabeça, indicando que era para eles ficarem calmos.
No momento em que os soldados de Astan viriam em sua direção, o grande senhor da guerra estendeu a mão mostrando sua palma e com um pequeno brilho ele faz com que parte deles ficarem um pouco desnorteados.
— Ao ataque!! Não deixe eles entrarem nesta cidade!! — gritou o primeiro guardião com uma das mãos cobrindo seu elmo enquanto tentava se colocar de pé e erguendo sua espada para o céu — Por Astan!!
Os soldados guardiões se recuperando aos poucos se preparam com suas espadas e avançaram em direção ao grupo liderado pelo cavaleiro branco. No entanto, antes que pudessem desferir seus ataques, Alpha estendeu sua mão e criando uma esfera de energia bastante brilhante e logo ele lançou essa esfera neles causando uma pequena explosão.
Aproveitando a situação os 30 soldados imperiais atacaram os 12 guardiões com bastante agressividade, estes mesmos não conseguiam reagir e estavam desprotegidos devido ao ataque do cavaleiro e foram facilmente feridos e derrotados, porém com suas vidas preservadas.
Os vigias que estavam em cima da muralha, logo passaram a disparar várias flechas contra o grupo ao verem toda aquela cena, mas sem muito esforço o cavaleiro repele todas elas usando sua aura de energia e as manda de volta para os vigias que se abaixam para desviar das flechas e param de atirar.
Em um gesto desesperado eles enviam um sinal de luz para Kai do alto das muralhas indicando que ele iria destruir os portões e sabendo disso, o jovem mago ficou em aflito e ordenou: — Todos os soldados de armaduras pesadas, fiquem forçando o portão usando seu peso para que Alpha demore entrar por aqui! Andem!!!
Com um aceno, todos os soldados guardiões restantes logo criaram uma barreira de proteção no portão usando sua força física e sua magia para os tornar mais fortes e principalmente, aumentar a densidade de seus corpos.
— Já o restante da infantaria e arqueiros fiquem posicionados em posição de batalha aqui na praça e pela passagem principal ! — falou Kai fazendo gestos e com um tom de voz alto, logo ele olhou para o comandante e prosseguiu: — Chefe da guarda, ainda há mais soldados reservas?
— Sim, ainda possuímos mais homens, mas creio que se usarmos tudo o que temos só para interromper e tentar impedir a entrada deles resultaria em grandes perdas jovem mestre — falou o chefe da guarda olhando para Kai um pouco preocupado — Fora que não sabemos se Alpha e seus homens estão matando quem aparece em sua frente.
“Droga…é impossível parar ele…não adianta, de um jeito ou de outro ele vai entrar aqui” pensou o mago enquanto sua face demonstra uma mistura de tensão e medo, mas após respirar fundo ele falou: — Certo, vamos no que temos por enquanto.
— Entendido. Jovem mestre, vá até onde Kaion está, chame os funcionários da câmara e protejam a Torre junto com mais soldados — disse o comandante olhando para Kai e se preparando.
— Certo! — respondeu o garoto correndo dali.
Logo o comandante organiza mais soldados ao redor da praça da cidade e da rua principal para estarem prontos para o que viria, havia mais de 80 homens, desde soldados comuns e guardas até os mais fortes e de maior defesa e porte físico.
Assim, ele designou um oficial para cuidar da liderança do ataque e passou a dizer:
— Concentrem-se nesta região específica e não se desloquem pela cidade, eu irei ver se consigo reorganizar os outros soldados restantes — disse o chefe da guarda mostrando os locais da cidade em um mapa.
— Sim senhor! — respondeu o oficial fazendo continência com sua mão sob a cabeça.
Depois disso, o comandante partiu rumo ao quartel da cidade com bastante rapidez para garantir mais proteção para Astan. Os cidadãos trancados de dentro de suas casas e observando por suas janelas toda aquela movimentação, passaram a ficar com muito medo e preocupados com um possível conflito que aconteceria ali e se trancaram de vez em suas casas temendo o pior.
…
Após alguns minutos correndo com suas forças, o jovem mago acaba chegando em frente a torre onde seu mestre estava e logo ele vê 8 funcionários da câmara de Astan tomando conta da proteção do local, olhando pelas janelas e ficando próximos às portas junto de alguns guardas.
— Olá jovem mestre, o que aconteceu? — perguntou um dos funcionários que era um homem calvo e idoso.
— Apenas preciso ver como meu mestre está…e vocês precisam ficar por aqui e lutar caso seja necessário…porque Alpha está vindo invadir Astan! — respondeu Kai com a mão sob o peito e cansado.
Os funcionários ficam bem surpresos, eles não imaginariam que um dos dois representantes principais do império iria tomar aquela decisão tão drástica em relação a Astan e isso os preocupa.
— Não é possível, mas…e a defesa contra invasões Kai? — perguntou outro funcionário que estava próximo a porta de braços cruzados.
— Eu designei o comandante e espalhamos soldados pelos pontos importantes da cidade, mas creio que isso não será páreo para impedir Alpha, eu tenho medo do que ele é capaz de fazer — falou o jovem com muita preocupação.
— Ora essa…o Alpha não seria tolo de causar um conflito em massa e ir querer vir tomar posse da cidade usando sua força militar…ele não seria tão precoce a ponto de fazer isso usando a violência como resposta — disse um dos guardas que estava próximo da porta — Ao menos é o que eu acho.
— Por algum motivo eu não tenho tanta certeza, a presença dele me causa arrepios…como se…ele fosse querer fazer algo conosco, ele até pode parecer bom…mas mesmo assim…não confio nele nem um pouco — falou Kai olhando para o guarda com um tom de desconfiança em sua voz, e andando para perto das escadas ele continuou: — Irei ver se meu mestre está se recuperando um pouco melhor…fiquem atentos a qualquer movimentação estranha ao redor da torre…aliás mais soldados virão para cá proteger este lugar.
— Sim jovem mestre — falaram todos olhando para o mago que logo subiu as escadas da torre.
Chegando no quarto de seu mestre, o jovem garoto vê a funcionária da câmara sentada em uma cadeira próxima à cama enquanto bebia chá de uma caneca.
— Jovem mestre, fico aliviada em vê-lo novamente — disse a mulher com um leve sorriso e olhando para Kai.
— Obrigado, como meu mestre está? — perguntou Kai olhando para o velho mago inconsciente deitado em sua cama e respirando lentamente.
— O grande mestre Kaion está se recuperando bem de seus ferimentos e do envenenamento, acho que ele vai melhorar rapidamente — disse a mulher sorrindo e se levantando da cadeira e prosseguindo: — Creio que ele irá se recuperar em alguns dias, mas ainda sim não devemos deixar de observá-lo.
— Fico aliviado em saber, estava extremamente preocupado com o estado de saúde do meu mestre, menos um problema para lidar por enquanto — falou Kai com a mão sobre seu peito.
— Me parece que está muito tenso, aconteceu algo a mais? — perguntou a funcionária da câmara preocupada.
— Só eu com medo daquele incêndio se alastrar por toda a floresta e mais medo ainda de Alpha e seus soldados invadirem Astan e vierem causar algum mal para todos nós…igual a quase todos os impérios quando encontram uma cidade de seu interesse — disse Kai com um olhar tenso junto a um tom de voz demonstrando preocupação.
— Mas, você deixou tudo organizado em relação à defesa da cidade? — perguntou ela ficando perto de Kai.
— Sim, mas…eu tenho medo deles…não sei o que eles querem fazer e me sinto inseguro se fiz tudo da maneira correta — falou o jovem olhando para a funcionária.
— Ei, calma, por mais que seja difícil e que você se sinta inseguro por ter uma responsabilidade tão grande colocada em suas costas, mas eu penso que você deu seu melhor, mesmo que os resultados sejam diferentes do que pensávamos, entende? — a mulher sorriu e falou com um tom encorajador, colocando sua mão no ombro de Kai.
— Muito obrigado…ah, perdão, mas como se chama? — perguntou Kai olhando para a funcionária e ficando um pouco sem jeito.
— Me chamo Ellen — respondeu ela de forma animada.
— Obrigado Ellen, por enquanto só temos que esperar — disse Kai indo para perto da janela e observando toda a movimentação na cidade enquanto nuvens escuras se acumulavam no céu.
— Exatamente — falou Ellen se sentando em sua cadeira novamente.
…
Após aquele combate rápido com aqueles guardas que protegiam os portões, Alpha simplesmente com um peteleco destruiu os portões de Astan que se despedaçou em pequenos fragmentos que voaram para todos os lados e com o impacto vários soldados que estavam fazendo a barreira fossem arremessados para trás com força.
— Hora de acabar logo com isso — disse o senhor da guerra impaciente e olhando para os soldados em sua frente e com feixes vermelhos ao redor de seu elmo e fechando seus punhos.
— Ao ataque! Não deixem eles se aproximarem da torre!!— ordenou o chefe da guarda partindo em direção ao cavaleiro branco junto de todos os soldados armados.
Os soldados imperiais restantes partiram com velocidade em direção aos soldados de Astan e quando se encontraram, os dois lados passaram a se digladiar com muita violência e destreza com suas armas. Vendo todo aquele caos, os dois representantes do império logo aproveitando a situação passaram a correr rumo a torre, Alpha na frente e o grão-chanceler na retaguarda, mas de repente, o cavaleiro branco parou de correr e ergueu sua mão concentrando energia enquanto olhava para trás.
— O que está fazendo? — indagou o outro representante surpreso.
— Não vou perder mais nenhum soldado igual os outros, mas ainda assim, não quero que os mesmos causem perdas para Astan, nosso objetivo não era ter nenhum conflito e nenhuma morte! — disse Alpha em resposta ao homem enquanto olhava para o mesmo com um brilho vermelho vindo de seu elmo.
Sem resposta, o grão-chanceler apenas cruzou seus braços e ficou observando o combate intenso que estava acontecendo e logo olhou para o cavaleiro.
— Empower Light!! — exclamou o cavaleiro criando um forte brilho ao redor de seu corpo e transferindo a mesma luz para seus soldados.
Naquele momento, o pequeno grupo começou a tomar mais vantagem em relação aos adversários após Alpha os fortalecer com sua magia, logo ele e o chanceler passaram a avançar pelas ruas para chegar o mais rápido possível à torre. Mesmo assim, durante o percurso, flechas eram disparadas contra os dois, logo o cavaleiro olha ao redor e notava que havia 10 arqueiros posicionados em cima dos telhados das casas e pequenos prédios armados com bestas.
Os arqueiros passaram a recarregar suas armas e disparam cada vez mais flechas a cada tentativa do cavaleiro e do chanceler avançarem em seu percurso. Logo centenas de flechas iam em direção a Alpha que bloqueava todas elas com suas manoplas e recuando cada vez mais até que o chanceler concentrou uma luz em sua maça e criou um clarão que cega todos os arqueiros, fazendo-os cair direto no chão.
— Agora não há mais ninguém para nos atrapalhar, aliás, a torre está mais perto do que antes — disse o chanceler com um sorriso em seu rosto enquanto caminhava lentamente.
— Não tão cedo! — exclamou uma voz que ecoou por aquela parte da cidade enquanto uma fumaça preenchia o local lentamente.
— Mas que diabos? — indagou o representante olhando para os lados e tapando seu rosto e meio aquela fumaça.
O cavaleiro ficou em estado de atenção e pegou o chanceler pelo ombro e logo recuou junto de seu aliado para evitar o contato com aquela fumaça e de qualquer outro perigo que pudesse surgir. Após alguns minutos, o chefe da guarda apareceu em meio a fumaça a uma distância de 20 metros dos representantes do império. Ele estava armado com duas espadas curvas em suas mãos e vestia uma armadura leve com poucas placas de metal para facilitar sua movimentação.
— Parem agora de avançar!! Vocês não possuem direito algum de invadir nosso território e cidade dessa forma sem objetivo algum! — exclamou o comandante indignado enquanto estava apontando uma de suas espadas para frente — Se afastem agora e saiam de Astan pacificamente ou…ou…
— Ou o que? Vai querer um duelo chefe da guarda? Você não passa de um mero relés peão dos Sages…você é insignificante, apenas saia da frente ou esmagamos você — respondeu arrogantemente o grão-chanceler pegando sua maça.
— Não viemos aqui para causar mais mortes de pessoas que não tem nada a ver conosco — disse o cavaleiro branco calmamente enquanto ficava olhando para o chefe da guarda — Apenas viemos resolver certas…pendências com o grande Sage Kaion, se nos deixar passar, prometo que não haverá pessoas feridas ou mortas…mas caso contrário…
— Eu não confio em vocês Imperiais, na verdade nenhum de nós desta cidade demonstra confiança no Império. Vocês irão passar só por cima do meu cadáver — falou o chefe da guarda interrompendo a fala do cavaleiro e ficando em posição de luta.
— Então que assim seja… — disse Alpha friamente estralando os dedos de seus punhos e logo prosseguiu dizendo: — …eu avisei, agora haverá consequências por sua tolice.
…