Sua Alma Amada - Capítulo 9
Zac levanta da cadeira a qual estava sentado e parte em direção a porta. Dionísio também se levanta, porém com um olhar de desânimo ele acompanha o seu amigo.
— Muito obrigado pela informação, desculpe qualquer incômodo e se ela aparecer por aqui, avisa que estamos procurando por ela.
— Nada, avisarei sim Dionísio.— responde o jovem Arthur de maneira bastante educada.
Os dois abrem a porta e começam a andar pela academia, eles percorrem boa parte da academia. Sem saber muito bem aonde fica cada coisa, eles só vão andando, sem direção e sem rumo. Quando de repente Zac, avista seu professor se apoiando nas paredes e vai correndo até a sua direção.
— Professor? O que houve contigo?— antes de terminar sua fala, Zac pega o braço direito de seu professor e o coloca sobre seu ombro.
— Não é nada não, só um pequeno mal estar — Kyron apoia sua cabeça na parede e com sua mão direita pressiona seu olho, tentando diminuir um pouco de sua dor.
Dionísio vai se aproximando e fica um pouco constrangido, sem saber o que fazer ele fica um pouco mais distante.
— Dio, me ajuda aqui, pega o outro braço dele.
Dionísio segue o pedido de seu amigo e coloca o outro braço em seu ombro. Uma cena bem atípica, um professor de estatura relativamente alta, sendo carregado por seus alunos.
— Agradeço a ajuda de vocês, realmente não precisa. Pois, eu já estou quase chegando na sala dos professores.
— Não precisa agradecer não, apenas estamos retribuindo o favor que você fez por nós. — Zac fala demonstrando um ar de dever comprido. — Ahhh, só uma dúvida, aonde fica a sala de professores mesmo?
— Só seguir esse corredor, bem no final tem uma sala que fica no lado direito.
Os três vão andando bem devagar, e devido aos acontecimentos, a academia está bem vazia, apenas era possível ouvir o barulho dos seus passos, nem Zac e nem Dioniso falam nada. A caminhada dura por volta de cinco minutos. Os dois jovens vão ajudando seu professor, quando estão quase chegando no final, Dionísio acaba percebendo que seu professor estava dormindo.
— Zac, acho que ele dormiu — falou tentando fazer o mínimo de barulho possível.
— Verdade Dio, precisamos acordar ele de alguma forma. Você tem algo em mente?
— Não, isso eu deixo para você.
— Podemos chacoalhar o corpo dele, vai que ele acorda.
— Não me parece a melhor opção, mas como não tenho ideia melhor, vamos nessa, porque meu braço já tá doendo.
Uma cena muito hilária, os dois jovens tentando acordar seu professor e ao mesmo tempo eles estão com medo de deixarem seu professor cair.
Devido ao balançar, Kyron desperta e aos poucos vai recobrando sua consciência. Quando percebe a situação que está, fica se perguntando o que aconteceu.
— Zac, pode parar. Eu acho que ele já acordou.
— Professor, já chegamos na sala dos professores.
— Muito obrigado pela ajuda, Zac e Dionísio, certo? Desculpa por atrapalhar vocês, e por favor, vão logo, não quero que se atrasem mais uma vez. — Ele firma seu pé de apoio no chão, se solta dos meninos e vai até a porta.
— Pode deixar Professor, vamos sim
— Não precisam me chamar de professor, me chamo Kyron. — ele abre a porta e entra na sala.
— Viu Dio? Somos importantes.
— Importantes? Não tô sentindo nada de diferente, bora logo para aula.
— Vamos, falando nisso, você sabe qual é a sala que devemos ir?
— Não, só sei que teremos aula prática com o professor Potifha.
Enquanto eles conversam, nos é mostrado o Kyron sentado na sala dos professores, uma sala com uma bela mesa de marfim no centro e algumas prateleiras ao redor. Kyron está visivelmente exausto e cansado.
Se passam alguns minutos e o Kyron continua sentado, sua mente está repleta de informações. A mesma cena se repete várias vezes, para ser exato, ela se repete 40 vezes.
— É, foi mais difícil do que pensei que seria, precisei refazer 40 vezes, não consigo entender como ela me superou 39 vezes. Realmente ele estava certo, não seria nem um pouco fácil, estou me sentindo extremamente cansado e para melhorar meu olho está doendo muito. Confesso que ficar quase 20 horas na mesma posição cansa muito, ainda bem que consegui, não sei se teria energia para mais uma tentativa.
Mesmo cansado, Kyron começa a revisar algumas cenas, tentando ver em qual parte ele poderia ter feito diferente. Alguns minutos de análise se passam e mais uma vez ele acaba pegando no sono.
Voltamos para os dois amigos que depois de andar pela academia, conseguiram uma informação com o Arthur e descobriram que a aula seria na parte externa, mas precisamente em uma espécie de arena e que os alunos chamam de quadra.
Zac e Dionísio saem por uma das portas laterais da academia e percebem que está no finalzinho da tarde, e que logo mais vai começar a anoitecer. Eles vão andando pelo lado externo e tudo para Zac é muito novo. Ao longe, os jovens conseguem ver um ambiente semelhante a um coliseu.
— Por mais que não goste desse lugar, não tenho como negar, tudo é simplesmente incrível, cada traço dessa academia é muito bem feito.
— Sim, tenho que concordar que é tudo muito lindo. Não sei você Zac, porém me parece tudo muito orgânico, parece que a academia é viva.
— Também sinto isso, deve ser pelas árvores né, até mesmo o coliseu, parece que ele é envolto por aquela árvore.
— Verdade Zac, nunca tinha prestado muita atenção — Dionísio olha com mais atenção, e vê uma estrutura feita com tijolos de mármores, numa coloração branca e com detalhes em azul. Por ser um coliseu, possui diversos arcos, arcos esses que são feitos de puro ouro maciço e com alguns detalhes em ouro branco. No lado direito do coliseu, há uma bela árvore de coloração esverdeada, seu tronco se encontra bem rente ao coliseu e seus galhos se entrelaçam entre os arcos superiores.
Zac e Dionísio passam por uma das entradas e vão subindo as escadarias. Os dois percebem que alguns alunos já estão em seus assentos. Zac fica encantado com a beleza do lugar, ele começa a admirar cada parte daquele ambiente. Em especial, ele foca seu olhar bem no centro do coliseu, onde ele vê um campo de batalha em que o solo é composto de uma terra seca e na coloração branca, além disso, bem no meio há um símbolo da Academia.
— Falei para você que não íamos chegar atrasados novamente e pelo visto a aula ainda não começou .
— Sim, mas a ideia de voltar na sala do conselho foi minha, né Zac? Você estava perdido e não queria pedir ajuda.
— Fale por você, eu tenho certeza que íamos conseguir achar esse lugar e digo mais, sem precisar da ajuda de ninguém. Porém agradeço pela sua esperteza, valeu mesmo e me desculpa por tudo. Hoje está sendo um dia bem agitado.
— Nada, tu sabe que pode contar comigo, fiquei muito preocupado com você, ainda bem que já passou. Só estou um pouco preocupado pois até agora não vi a Clara.
— Pior, ela é toda certinha, já deveria ter chego. Pelo que você me contou, ela ficou sozinha e resolveu tudo né?
— Sim, ela ficou lá. Na hora eu apenas fiz o que ela me pediu. Será que algo aconteceu com ela? Tomara que não, pois não sei se conseguiria me perdoar. Eu poderia ter feito algo para ajudar, pior que na hora eu travei e nem consegui ser útil.
— Fala isso não irmão, você fez o que estava a sua disposição e tenho certeza que não aconteceu nada com ela. Mudando de assunto, eu tô querendo sentar mais lá para cima.
— Por mim pode ser, bora lá .
Os dois vão subindo, até que escolhem um lugar mais alto e que fica no setor leste. Todos os alunos presenciam um belo final de tarde, uma brisa leve percorre por todo o coliseu. Zac e Dionísio aproveitam o ambiente, enquanto aguardam os seus colegas chegarem na quadra e consequentemente a aula começar.
Todos os alunos se juntaram no mesmo setor, até mesmo o Lacer. Os jovens acabam ficando próximos e juntos aguardam o começo da aula.
Dionísio está compenetrado, olhando para as duas entradas do coliseu, e a qualquer silhueta feminina que aparece ele se anima e força um pouco mais sua visão para ver se é sua amiga.
Quando de repente no meio do coliseu, surge um cronômetro marcando três minutos. Alguns alunos buscam entender o que está acontecendo, do nada os números começam a se mover e se inicia uma contagem regressiva.
Dionísio não sabe se olha para o marcador ou para as entradas, a sua ansiedade o corrói, quanto mais o contador se movimenta, mais ansioso o jovem Dionísio vai ficando.
Faltando dez segundos, o jovem fica atônito, criando diversas teorias do que pode ter acontecido com Clara. O contador chega a zero, porém nada acontece, nem uma música, nem uma fumaça e nem mesmo o professor aparece.
Zac com o cotovelo chama a atenção de seu amigo Dionísio e aponta para a parte de cima do coliseu. Dio olha e percebe que tem uma pessoa no topo. Inesperadamente essa pessoa salta em direção ao centro do coliseu e aterrissa com extrema perfeição.
— Olá Boa tarde, tenham todos uma ótima aula, me chamo…. — Subitamente, uma espada transpassa seu peitoral, e tudo isso acontece em questão de poucos segundos, a espada vai sendo empurrada e sem reação ele vai sendo empalado vivo. O sangue respinga por todo o campo de batalha e os alunos ficam assustados com o que estava acontecendo.
Zac e Dionísio ficam sem reação, todos alunos foram pegos desprevenidos e não conseguem saber o que fazer.
O rapaz de estatura média e corpo físico bem estruturado, acaba vindo a óbito. Atrás deles podemos ver um homem bem másculo e que segurava a espada. Ele a puxa rapidamente e o corpo do rapaz cai ao chão, com um riso no rosto ele olha para os alunos.
— HAHAHAHAHA, não me canso de ver esses sorrisos mudarem tão rápido.
Dionísio, chocado com toda situação, olha para o seu amigo e percebe que ele não está mais lá. Na visão de Dionísio, vemos Zac, que anda bem vagarosamente, enquanto desce os lances de escadas.
É possível ver que o semblante de Zac mudou, ele simplesmente está seguindo seu instinto. Ao chegar na parte final da arquibancada, salta em direção ao assassino. Nossa visão vai se distanciando e conseguimos ver o coliseu, que possui um formato oval, e que cada segundo que passa mais distante vai ficando, um barulho de asas ecoa pelos céus e tudo fica preto.