Shihais: Remanescentes da Aura - Capítulo 38.2
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- Capítulo 38.2 - Com o aprendizado, descobrindo o limite
Campo de treinamento, cenário de suor e fracassos iminentes.
Os alunos da Turma 1F perfilam-se em uma fileira novamente, repousando em descansar, um pesadelo para Akemi, que mal consegue ficar em pé após terminar em último colocado ao lado de Nikko na corrida de baixa intensidade.
O calor do sol queima seu rosto pálido e seu corpo magro, frágil e suado, treme de um esforço que claramente não foi preparado para suportar.
Ele olha para os colegas ao redor, todos firmes. É o tipo de comparação que esmaga a autoestima dele, mas não é como se ele tivesse muita escolha no momento.
Sua mente só pensa em continuar.
Eu preciso… ser mais forte… Se eu fosse um pouco mais forte… talvez não parecesse tão inútil!
O Major Yura, um leão em meio a cordeiros, caminha de um lado para o outro. De repente, ele gira sobre os calcanhares para ficar frente a frente dos jovens perfilados. Um sorriso frio se espalha em seu rosto.
O que virá agora?
Yura não precisa de muito para impor medo em alguns: um simples olhar basta para que o silêncio tome conta do campo. Mas ele não quer silêncio — quer energia.
— O PRÓXIMO EXERCÍCIO É O POLICHINELO! QUERO VER VOCÊS SE MOVENDO! EEENTENDIDOOO???!!!
— SIM, SENHOR!!!
– Quinto exercício: Polichinelos –
— FAREMOS 100 POLICHINELOS! E COMEÇAR A CONTAR DO ZERO! — Yura se prepara — ZEEERO! — Assim ele dá início ao primeiro movimento.
Coletivamente, os alunos continuam a contagem em um alto uníssono enquanto realizam o exercício.
— UM!
Porém, alguém está prestes a descobrir o quão difícil essa tarefa aparentemente simples pode ser.
— DOIS!
Akemi tenta se alinhar aos outros, mas a sua coordenação… Será que não veio de nascença?
— TRÊS!
Seus pés parecem ter vontade própria, e enquanto os outros agem perfeitamente, ele se perde em seus movimentos, parecendo um bêbado querendo chamar a atenção de um circo.
— QUATRO!
Espera! Desde quando isso é tão difícil?!
— CINCO!
E-eu fazia isso na escola, mas por que não consigo acompanhar eles agora?! POR QUÊ?!
— SEIS!
O QUE TÁ ACONTECENDO???!!!
— SETE! — gritam os alunos, exercitando juntamente do Major Yura, que observa atentamente.
Akemi tenta acompanhar, mas sua descoordenação faz com que ele salte meio desengonçado, batendo os pés de forma desritmada.
— OITO!
A cada contagem, a pressão aumenta.
— QUE QUE É ISSO, ZERO UM, SEU BISONHO?!
Sua vontade chega a ser chorar.
Isso é tão humilhante…
— NOVE!
O rapaz se esforça para recuperar o ritmo, porém sua mente está em conflito com as pernas e braços.
— DEZ!
Ele olha para as pernas, tenta entender o que está acontecendo, mas isso só o confunde ainda mais ao barulho das contagens.
— ONZE!
— PELOS DEUSES, QUE P#RRA É ESSA?!
— DOZE!
— O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ, SUA PESTE?!
— TREZE!
— Eu não sei, senhor!
— QUATORZE!
— ARRUMA ISSO AÍ, PÔ!
Akemi está prestes a surtar sob pressão.
— QUINZE!
A voz da turma estremece seus ouvidos, tudo começa a ser um borrão…
Entretanto, uma pessoa decide finalmente ajudar.
— Akemi, para! — Ao lado dele, Nikko faz os polichinelos com facilidade, seu ritmo é perfeito.
— DEZESSEIS!
Sem cessar seus exercícios, ela pausa os gritos de contagem para socorrer um desajeitado.
— DEZESSETE!
— Pare e tente novamente, dessa vez, siga meu ritmo.
— DEZOITO!
— Lembre-se de respirar, ein? — encoraja ela, uma voz alegre em meio aos gritos dos alunos.
Akemi pausa e a observa; seguidamente, ele tenta se espelhar nela, mas seus pés ainda não respondem como deveriam.
Por que tudo é tão complicado?
— DEZENOVE!
Com o tempo, o ritmo melhora.
— VINTE!
Apesar de seus movimentos ainda não serem os melhores.
— MUAHAHAHAAA! ZERO UM, VOCÊ É UM DEMÔNIO!
– Sexto exercício: Barra –
— PRÓXIMA ATIVIDADE! TODOS VÃO PRA BARRA FIXA! SE QUISEREM SOBREVIVER A ESTE CURSO, VÃO PRECISAR DE BRAÇOS QUE AGUENTEM O MÍNIMO! EEENTENDIDOOO???!!!
— SIM, SENHOR!!!
Fazer barra? Braços fortes? Tô ferrado…
Ao se aproximarem do conjunto de barras fixas, os alunos começam a se pendurar com uma facilidade quase insultante, apesar da altura, o salto dos jovens é impressionante.
Enquanto isso, Akemi encara o topo de sua barra como quem encara um adversário invencível.
Tudo bem, é só um pulo. Eu consigo!
Flexionando os joelhos, ele se prepara para pular. Seu coração bate acelerado.
Só preciso pegar essa maldita barra.
Seus músculos tremem, sua respiração se intensifica, e o momento é perfeito — o tipo de cena que faz o tempo desacelerar.
É só pular!
Então ele salta.
Por uma fração de segundo, ele sente o vento no rosto. Tudo parece possível! A barra lá no alto… tão perto… tão…
Eu vou conseguir!
Seus braços se esticam desesperadamente, as pontas dos seus dedos buscam até o último momento, e…
Na verdade, seus pés mal haviam saído do chão. O salto foi ridículo.
Ué…? O que foi isso?
— MUAHAHAHAAA! MINHA MÃE DE OUTRO SANGUE PULA MAIS ALTO QUE VOCÊ, ZERO UM! — grita o Major Yura, com um escárnio que faz alunos conterem risos. — VÁ LOGO PARA A BARRA MENOR, SEU MONSTRO!
Akemi olha para suas mãos e pernas, triste.
Não pode ser. Eu… não consigo nem saltar mais…
Com o rosto pegando fogo de vergonha, Akemi se arrasta até a barra menor, longe do instrutor.
E lá, uma surpresa ele encontra.
Kyoko, com seus exatos 1 e 44 de pura fúria condensada, agarra a barra com firmeza e se ergue como se estivesse arrancando uma porta das dobradiças.
Seu corpo dispara para cima em movimentos vigorosos, sem margem para erro. Seus longos cabelos brancos estão presos em um coque volumoso, tão impressionante em tamanho que parece rivalizar com a circunferência da própria cabeça.
— Merda! — resmunga ela, entre dentes — nunca tive um instrutor tão panaca! Por que ele mandou pra essa barra?! Eu faria facilmente nas maiores! Inferno!
— É… Shimizu?
— O QUE FOI???!!! — grita Kyoko, seguindo o exercício e assustando o próximo.
— Ahm! É… Eu vou tentar nessa barra… posso ir depois de você?
Repentinamente, a garota pausa os movimentos, e fica ali, pendurada, incrédula. — Tá de brincadeira? — Com seus afiados olhos prateados, ela encara.
— É que eu não consegui alcançar as outras…
Kyoko desce da barra, e enquanto se afasta, diz: — Se você não conseguir, aí é pra desistir da vida.
As palavras doem.
— T-tá bom, já entendi… — suspira Akemi, colocando as mãos na barra sem nem precisar pular.
Nossa, realmente essa barra é baixa… Vamos lá, eu tenho que fazer!
Akemi respira fundo, enche o peito, e ao tirar os pés do chão, se pendura no ar como se sua vida dependesse disso.
É só passar o queixo da barra! Só isso!
Seus braços tremem feito varas verdes, e sua careta de esforço é tão intensa que parece estar tentando levantar um piano com as sobrancelhas.
Mas por um instante, seu corpo parece reagir, subindo míseros dois centímetros.
Tô subindo! TÔ SUBINDO!
Sua animação aumenta a cada milímetro em que se ergue, tudo está dando certo! Sua motivação é notável!
Só que…
Crec!
Uma dor atravessa suas costas como um raio.
— AAAAHHHG!
Seu rosto se contorce, e como se a falha não bastasse, suas mãos escorregam da barra.
O garoto desaba no chão numa posição estranha, deitado com as mãos na coluna. — Ahhg! Minhas costas!
— Sério, cara? — Kyoko cruza os braços e balança negativamente a cabeça. — Patético.
No momento em que Akemi se afunda ainda mais na dor, Nikko se aproxima com um sorriso largo. — Oi genteee! O que tá acontecendo aqui, hein?
Kyoko é quem responde: — O pateta aí tava tentando fazer barra… Acabou f#dendo as costas.
— Poxa, mas essa barra não tem nem dois metros!
— Exatamente… — O comentário irrita Kyoko.
Nikko se inclina para entrar na visão do rapaz deitado, encarando-o de cima com um dedo de dúvida perto da boca. — Que foi agora? Deu defeito na lombar? Vamos lá, vou te ajudar! — Ela estende a mão, assim ajudando Akemi a ficar de pé.
— Pelo jeito não sou a única passando vergonha. Mas duvido que esse aí consiga continuar mais tempo aqui.
— Ah, não seja tão dura com ele! Esse garoto será tão forte quanto a gente! Não é mesmo, Akemi?! — TAP! O coitado recebe um tapa nas costas.
— Ahg!
— Para de ser frouxo, ô! Fique tranquilo porque eu vou te ajudar!
— Vamos lá, vou te ajudar! Kyoko, segura ele aí na base.
— O QUÊ???!!! — Kyoko olha para Nikko como se ela tivesse sugerido a coisa mais estúpida do mundo.
— Você acha que não consegue erguê-lo?
— Ah?! É claro que eu consigo! Só que ajudar esse aí a fazer barra seria estranho demais!
— Ownn… então você não consegue?
…
— Argh, isso é tão ridículo…