Shihais: Remanescentes da Aura - Capítulo 2
A iluminação da sala descortina uma variedade de máquinas e dispositivos peculiares, tudo em diferentes estágios de desenvolvimento.
Wow! Então esta é a tão falada sala de protótipos!
Bancadas estão cobertas por ferramentas e componentes eletrônicos, enquanto esboços e diagramas espalhados revelam vislumbres de processos criativos.
À medida que Akemi caminha entre as mesas de trabalho, ele sente uma admiração com uma pitada de receio.
Tudo ao redor revela mais da genialidade e talvez da obsessão escondida nesta sala de protótipos, um santuário de invenções que talvez seja demais para um curioso desavisado.
Apesar de ter tantas novidades em volta, no meio da sala, uma grande máquina semelhante a um motor toma o foco.
É uma turbina a gás? Mas… isso deve ter quase dez vezes o meu tamanho!
Feita de um metal brilhante que capta a luz do ambiente, a turbina é rodeada por uma série de tubos e canos que parecem transportar combustível e ar para dentro da máquina.
Na lateral, há um painel cheio de botões e pequenas telas mostrando gráficos e números.
Isso deve ser o que indicará os detalhes do funcionamento da turbina ao ser ligada… Aliás, vim aqui fazer o quê mesmo? Ah! lembrei!
Algo brilhando em uma mesa circular próxima chama a atenção.
Ali está o capacitor prateado, isolado, reluzindo a luz fraca do laboratório.
Akemi não contém o sorriso e apressa o passo com o objetivo claro em mente.
Olha só! Até que não foi tão difícil te achar.
Ele estende a mão para agarrar o capacitor, seus dedos quase tocam a superfície metálica do componente.
No entanto…
CABRUUUUM!
Um estridente trovão retumba!
Sequencialmente, a sala começa a piscar em vermelho intenso, indicando um possível curto-circuito provocado por um raio nas proximidades.
O coração de Akemi salta, e por um instante, ele fica paralisado de medo pelos sons ensurdecedores.
Essa não! E-eu deveria chamar alguém! M-mas eu nem deveria estar nesta sala, se o meu avô descobrir estarei morto!
Os alarmes soam tão alto que quase se tornam físicos, uma onda de som que parece tanto advertir quanto desafiar.
Porém, de repente, o foco é desviado para a grande turbina a gás, emitindo um chiado estranhamente agudo e com os medidores elétricos oscilando de forma descontrolada, aumentando o caos que se instaura.
Os alarmes são amedrontadores, mas, entre o desastre…
Argh! Que coisa! Não posso fugir disso agora, tenho que fazer algo!
Akemi encontra uma oportunidade, enquanto as palavras ásperas e desencorajadoras da recente discussão com seu avô perturbam a sua mente, impulsionando-o e fortalecendo sua determinação.
Cansei de ser tratado como um nada! Preciso tentar provar que sou capaz de me virar sozinho! Vou mostrar que ele está errado!
Mesmo contra as ordens de seu avô, o garoto usa coragem e adrenalina como guias, e vai até a máquina afetada, enfrentando pequenas faíscas.
Usando de base o que aprendeu durante o estágio, ele tenta identificar as possíveis falhas.
Resolver esse problema… sim, isso deveria ser simples. Eu observei e aprendi. Tenho que aproveitar! É a minha primeira chance de ser minimamente heroico!
Seu primeiro passo é tentar decifrar os dados caóticos diante de seus olhos.
Vamos! Eu consigo! Vejamos, esses indicadores de temperatura… a velocidade do rotor… hmmm… está tudo girando! Nada faz sentido! E esse chiado? É algo com a pressão, talvez? Ah, realmente preciso de ajuda para entender isso?! Que coisa!
A confusão se transforma em nervosismo, entretanto, ele não permite que isso o detenha.
Os minutos passam rapidamente ao passo que a situação é analisada, cada segundo sincronizado com o som do alarme.
Finalmente, percebendo que não há alternativa, o plano B é a solução.
É arriscado, mas se eu não fizer nada, as coisas só devem piorar. Vamos lá!
Apesar do medo, Akemi estende a mão e puxa a alavanca mestra no lado direito do painel, esperando que isso desligue tudo, evitando um desastre maior.
Porém, quando a alavanca é ativada…
Fzzzt-BUUUUM!
Depois de um clarão amarelado, uma poderosa descarga elétrica irrompe da turbina danificada, causando uma explosão.
A força da descarga é avassaladora, lançando o rapaz para trás com uma brutalidade que ele jamais poderia ter previsto.
Peças se dispersam em estilhaços e o cenário se torna ainda mais caótico.
Zonzo, Akemi escuta um zumbido constante em seus ouvidos; embora seus olhos estejam fechados, sua mente permanece alerta, mas seu corpo cede a um estado choque.
No chão, ele fica incapaz de reagir. Dores lancinantes e agudas se alastram pelos seus músculos, uma tortura silenciosa que se intensifica a cada segundo.
Simultaneamente, o calor das chamas consome suas roupas, reduzindo o tecido a cinzas ardentes que tocam sua pele, intensificando a agonia.
Apesar da dor, o jovem sente algo percorrendo rapidamente em suas veias, uma corrente estranha consumindo-o a cada segundo.
Repentinamente, a corrente aparenta alcançar um pico crítico ao desencadear ondas de eletricidade partindo de Akemi.
Uma certa “chama amarela” envolve o garoto, cobrindo-o por inteiro; com os olhos entreabertos, ele observa correntes elétricas surgindo de si.
O tinido da eletricidade se entrelaça ao crepitar das faíscas, e nesse instante, sons de vários passos se aproximam.
— Tem alguém caído nesta sala!
— Argh! Não consigo chegar perto!
— Se afastem! Eu sei o que fazer.
Após ruídos de movimentos, as ondas de eletricidade e as chamas desvanecem, deixando a sala de protótipos mergulhada na escuridão.
Ofegante e imóvel, Akemi permanece deitado em meio à agonia e incerteza, sentindo-se à beira do colapso.
A ideia de não sobreviver passa pela sua mente, levando-o a ansiar desesperadamente por ajuda.
Aos poucos, outras conversas abafadas denunciam a presença de mais pessoas.
— Nossa, está um breu por aqui!
— Precisamos ajudá-lo! Venham!
Entre as falas, destaca-se uma voz familiar: — A-Akemi?! Pelos deuses! O que ele estava fazendo aqui?!
Os olhos semiabertos do jovem encontram Isao agachado, cercado por operários, todos com expressão de preocupação.
O garoto sente uma pressão gentil na lateral do tórax, identificando as mãos do avô, seguras e familiares, tocando-o.
Um arrepio de alívio passa pela espinha do rapaz, sentindo-se minimamente menos quente; mas o toque não é suficiente para silenciar toda sua dor, calor e angústia.
— Ó deuses… snif… não conseguirei dessa vez.
No final, as mãos de Isao apenas servem para mostrar que seu neto não está sozinho.
— Diretor, ele deve ser levado ao hospital imediatamente! — declara um dos operários.
Mas antes que haja qualquer reação, Akemi tem a visão escurecida novamente e sua consciência se esvai…