Reencarnado em Outro Mundo - Capítulo 17
— Quase presenciamos a morte de um membro do grupo, ainda bem que vocês foram parados no momento certo. Tenham mais cuidado na próxima vez que optar por um duelo — Comentou Lilica.
— Sim sim, teremos mais cuidado na próxima vez! — Exclamou Zico com um certo entusiasmo.
Eu tenho certeza que ele fará o contrário, o grupo terá bastante tempo para lidar com o trabalho que o mesmo irá dar. Zico parece ser um pé no saco em certos momentos.
Mas o que eu acabei de assistir foi no mínimo interessante. É como assistir um jogo de futebol da seleção brasileira, é algo emocionante e único.
— É melhor a gente parar com essas brincadeiras por hoje, lembrem que precisamos continuar nossa viagem — Disse Glauber.
Eu concordo.
Helena e eu precisamos chegar na cidade mais próxima e esperar a expedição começar, assim vamos iniciar nossa primeira aventura: Explorar a ruína.
Eu tenho a leve sensação que pessoas irão morrer lá e eu espero não ser uma dessas pessoas. Bom, com Helena ao meu lado, irei conseguir me manter bem e sair de lá com vida.
Acredito que essa expedição é uma boa oportunidade, vou conseguir ganhar experiência em algum aspecto. Se a gente tiver uma batalha, um confronto, isso será uma boa forma de aprendizado. Isso servirá para outras coisas também, como aprender a trabalhar melhor em equipe, etc.
— Bom, já passou da hora de partirmos, precisamos ir embora — Zico falou.
— Concordo, já passou da hora de ir embora também — Helena disse.
— Então isso é um adeus, agradeço pela companhia que nos fizeram nesse pouco tempo que passamos juntos — Glauber disse para mim e Helena.
— Digo o mesmo! Tenham cuidado quando estiverem andando por esses locais sem um pingo de civilização, há muitos lugares assim no reino — Disse Nana.
Depois que Nana nos alertou sobre os locais sem um pingo de civilização humana, eles pegaram suas coisas e foram embora. Nesse meio tempo, Helena e eu também pegamos nossas coisas e resolvemos partir.
— Eu conheço um casal que vive na [Cidade de Pompeia], vamos nos hospedar na estalagem deles. E depois disso aguardar a expedição começar — Disse Helena. — Eu gosto daquele lugar, acredito que você vai adorar também.
Bem, é um mundo completamente diferente do meu, então vou acabar surpreso com cada coisa diferente existente por aí. No entanto, sabendo que esse mundo não é completamente normal aos meus olhos, imagino que coisas posso encontrar nessa chamada [Cidade de Pompeia].
— Bem, acho que quase tudo nesse mundo vai me deixar surpreso. Mas, me responda uma coisa, como é essa cidade? — Perguntei com um tom de curiosidade e um pouco de entusiasmo.
— É melhor você vê-la com seus próprios olhos, aí conseguirá entender a frase: “Acredito que você vai adorar também”.
Essa cidade parece ser incrível, mas provavelmente, ela seja apenas um pouco diferente das cidades comuns que existem por aí, por isso Helena goste dela.
Não sei, quando eu vê-la, irei julgar se a [Cidade de Pompeia] é tão interessante assim.
Algum tempo se passou após a conversa que tivemos sobre a cidade, acredito que algumas horas tenham passado. Não sei ao certo, não tenho horas aqui, se quer tenho visto alguma coisa como um relógio de pulso ou algo como um grande relógio no topo de uma torre.
Enquanto estávamos andando, avistamos um homem em cima de uma carroça sendo puxada por uma espécie de avestruz gigante. Pedimos carona e agora estamos seguindo viagem com o mesmo.
É um homem de estatura baixa, sem muitos fios de cabelo na cabeça, ele é bastante sorridente, parece um homem amigável e feliz. Esse homem se chama LidenBrock.
LidenBrock fala demais, cheguei ao ponto de ficar com dor de cabeça.
— Hahaha, a minha pequena filhinha é bastante fofa, você gosta de crianças? Eu amo crianças, são as coisas mais fofas do mundo! Eu mataria qualquer um que fizesse maldade com uma criança! — Exclamou o Sr. LidenBrock com uma aura assassina.
— Com certeza! Penso da mesma forma que o senhor, eu arrancaria a vida de qualquer um que fizesse algo impiedoso contra uma criança. Poderia ser até o rei! Eu o mataria! — Helena com seus olhos cheios de sede de sangue, concordou sem pensar duas vezes com LidenBrock.
Meu Deus! Esses dois são assustadores! Esse senhorzinho não tem nada de inocente, parece com um guerreiro impiedoso, esperando o momento certo para enfiar uma espada no corpo de seu oponente.
— É comum ver jovens como vocês irem atrás de aventuras por esse mundo tão bonito, mas muito perigoso. Estou curioso, o que vocês estão fazendo viajando assim? — LidenBrock perguntou.
— O nosso destino é Pompeia! — Respondeu entusiasmada.
— Ah! Esse belo lugar… lembro-me da última vez que estive naquela cidade, é um lugar belíssimo. Faz algum tempo que visitei Pompeia, na época eu era um jovem rapaz com grandes sonhos — Os olhos de LidenBrock brilham como lâmpadas no escuro. — É uma ótima escolha pra passar a lua de mel.
— Hahaha! Não não, na verdade estamos indo para lá por causa da expedição. Vamos participar e Pompeia é um dos pontos de encontro.
O velho riu, pediu desculpas e disse:
— Por um momento, pensei que vocês fossem um casal. Acho que não reparei nos seus equipamentos e roupas que lembram aventureiros.
Sinceramente, não sei como reagir a isso…
Passei o resto da viagem com LidenBrock e Helena tagarelando sem parar, tiveram conversas que foram de 1 a 100 em segundos. Mas finalmente chegamos aqui, apenas basta terminarmos o percurso.
LidenBrock não nos deixou na entrada da cidade, mas conseguiu nos deixar no caminho. O resto da viagem vamos completar andando a pé, não é tão longe, então vamos chegar rápido.
— Não vamos mais perder tempo, vamos!
Começamos a andar um tanto mais rápido, chegamos em um ponto que já era possível ver de longe a cidade. É uma cidade enorme, vejo muito verde em torno e dentro dela, parece ser um lugar em que o povo gosta bastante da natureza.
Com certeza, uma bela paisagem.
Ela também não é guardada por muralhas, mas tenho certeza que existe algum tipo de proteção contra monstros e invasores humanos. Ela me parece ser uma cidade um tanto autônoma, não sei, ela me passa um ar de que não é como as outras cidades comuns que existem por aí.
— Curioso? Essa cidade foi fundada por um homem a muito tempo atrás, o chamavam de “cientista”. Essa cidade foi por muito tempo o seu jardim. Apesar de não ter muralhas, ela têm uma proteção invisível aos olhos humanos e demais raças parecidas — Disse Helena com admiração. — Eu conheci várias coisas que nunca tinha visto antes, acho que é daí que tenho toda a admiração que tenho por Pompeia.
— As pessoas costumam ficar com algo marcado na memória quando esse algo é muito impactante. Imagine passar por uma situação de quase morte, isso será tão impactante que não tem como esquecer isso — Falei.
Paramos de jogar conversa fora e seguimos.
Chegamos bem próximos da cidade, já é possível ver a entrada do lugar, têm guardas em frente à entrada. Nós nos aproximamos e os guardas notaram nossa presença, em seguida, falaram conosco.
— Por favor, fiquem onde estão — Falou o guarda com seu braço direito e mão direita levantadas em nossa direção, fazendo um sinal que entendemos como uma ordem de pare. — O que vocês estão fazendo aqui?
— Senhor, somos aventureiros, vinhemos aqui com o objetivo de ir para a expedição — Respondeu Helena, mostramos nossas [Pulseiras de Guilda] e assim os guardas conseguiram nos identificar.
O guarda acenou com a cabeça e outro guarda ativou ou desligou algum dispositivo que fez aparecer a alguns metros atrás dele uma espécie de abertura, revelando que em volta da cidade existe uma barreira invisível que protege a mesma de ataques de fora.
Eu não havia notado, mas essa barreira consegue esconder as pessoas que estão do lado de dentro dela, do lado de fora eu consigo enxergar apenas os edifícios. Animais, pessoas e qualquer outro tipo de ser vivo não pode ser visto do lado de fora, talvez seja algo programado, mas através da abertura eu consigo ver os cidadãos.
Sem demorar muito, entramos na cidade e a abertura que havia sido feita anteriormente, se fechou, deixando apenas os guardas do lado de fora.
As estradas são feitas com paralelepípedo, isso é visto como algo muito bom, ainda mais sabendo que muitos locais por aí as ruas são todas de terra. No meu mundo é exatamente assim, as pessoas preferem ruas asfaltas do que ruas feitas de paralelepípedo, e se uma rua chegasse ao ponto de ser somente de terra, esse lugar provavelmente seria visto como um sinônimo de pobreza.
Os cidadãos deste lugar se vestem de uma forma um tanto elegante, vejo mulheres de vestido longo, homens de terno e chapéu fedora. Faz algum sentido em um mundo com magia, existir esse tipo de roupa? Eu acho que esse tal cientista, fundador dessa cidade, foi um viajante que veio de outro mundo assim como eu.
— Heitor, vamos passar primeiro na estalagem do casal que comentei com você antes, depois disso podemos pensar no que fazer pra passar o tempo — Acenei com a cabeça, Helena virou de costas para mim e continuou em frente.
Não sei se toda a cidade é tão movimentada assim, essa região é um lugar movimentado, é quase como uma avenida congestionada.
Olhei em uma direção e vi uma coisa que eu pensava não existir neste mundo, uma torre de relógio! Além de ter um relógio no topo da torre, vejo um daqueles sinos gigantes que são tocados para indicar algo, acredito que seja para indicar horários específicos.
Meio quando você coloca o despertador para alarmar em determinado horário e quando chega nesse horário, o aparelho começa a tocar algum tipo de som para avisá-lo. Se realmente for isso, então quando o relógio chega em uma determinado horário em específico, aquele grande sino é tocado.
Oh! E ele acabou de tocar, o que isso significa?
— Helena, o que significa o toque vindo daquela torre relógio?
— Eu não tenho certeza, mas ouvi dizer que é pra indicar horários específicos. Ouvi um comerciante dizer que todos os dias ao meio dia, o sinal toca para indicar o horário. Já ouvi dizer que ele também toca às 6h da noite e da manhã, mas não tenho certeza.
Se esse for o caso, então é algo bastante útil. Quando eu tiver tempo, irei dar uma volta por aqui, quem sabe eu encontre algo tão interessante quanto essa torre.
É melhor parar de ficar encarando essa construção gigante como se eu fosse uma criança olhando um brinquedo novo senão vou me perder de Helena, que está andando muito rápido.
….
……
Andamos por alguns minutos e chegamos no local.
No estabelecimento têm três andares, no primeiro andar temos a recepção e algumas mesas onde aventureiros costumam ficar e beber todo tipo de coisa que tenha álcool. Nos outros dois andares é onde os quartos ficam.
O dono do lugar, de nome Vlad Golding, é um homem bastante magro, que usa luvas pretas e uma roupa que lembra muito as roupas usadas por bartenders. Claro, ele apenas as usa quando está em serviço.
Ele também tem um bigode charmoso, um cabelo mesclado entre branco e preto, Vlad Golding não é um homem de 20 anos.
Já a mulher dele, de nome Aurora Golding, é uma mulher jovem, com longos cabelos ruivos e um sorriso de arrasar corações. Vlad Golding teve sorte no amor, no romance, e sorte na sorte.
Dois quartos foram alugados por Helena, eu fiquei com um deles.
— Heitor, eu irei subir para quarto, te vejo depois. Se quiser comer alguma coisa na estalagem, faça isso, eu pago. Se sair, avise ao Vlad, tenho que ficar informada.
Acenei com a cabeça, em seguida, Helena subiu.
— O que o senhor deseja? — Vlad perguntou com um leve sorriso.
Ele tem em seu braço uma pequena toalha de mesa, dando um ar de excelência. Com um pequeno caderno e um lápis em sua mão Vlad Golding, anotou o meu pedido.
Eu pedi uma carne de porco assada, acompanhada de uma bebida alcoólica. Pouca coisa, mas o suficiente pra mim. Em poucos minutos o pedido chegou.
— Aqui está o seu pedido — Vlad desceu o prato até a mesa com uma delicadeza imensa.
Oh! O prato é bonito, a carne parece bastante deliciosa e a bebida mais ainda!
A quanto tempo eu não me alimentava com esses pratos simples, mas que eu amo tanto? Eu sou um cara simples.
Devorei o prato em segundos, eu realmente estava ansioso pra comer a carne. A bebida estava uma delícia, mas não posso beber demais, vou acabar desmaiando de tanto álcool se eu passar dos limites.
Depois de tudo isso não tive muito o que fazer, então fui dormir.
No dia seguinte, Helena me chamou para acompanhá-la até a casa de um velhote, ela vai fazer uma manutenção no seus equipamentos. Ainda é cedo, mas já têm pessoas andando por todos os lados nas ruas, a maioria deve estar a caminho do trabalho.
Chegamos em um ponto da cidade onde tem uma espécie de rio passando dentro dela, é algo parecido com a Holanda, onde existem diversos rios que passam por dentro de alguns pontos das cidades de lá.
Passamos por uma ponte e atravessamos para o outro lado da cidade.
— A casa do velhote fica um tanto afastada da região mais urbana da cidade, em uma região um tanto deserta daqui. Esse velho deveria se mudar daquele local e vim para o centro.
Ele parece ser um cara que não gosta muito de multidões.
Passamos por várias pessoas e entramos em um beco escuro, um local onde você poderia deduzir que crianças órfãs e moradores de rua passam seus dias ao relento. Andamos por mais alguns corredores escuros e no final disso, nos deparamos com uma área mais deserta, composta por grama baixa, folhas e árvores, algumas mortas e outras em seu estado de juventude.
É uma área que não foi usada para construir residências e coisas do tipo, então essa imagem de natureza prevaleceu. Continuamos andando, passando por arbustos e árvores, até que Helena falou:
— Ali está! É a casa do velhote.
Olhei para onde Helena apontou e vi ali uma pequena cabana feita de madeira. Sinceramente, parece muito com casas que bruxas malignas dos filmes costumam ter.
Helena se aproximou e chamou pelo homem, ele não respondeu ao chamado, então ela simplesmente tentou abrir a porta, mas sem sucesso. Como última tentativa, tentou arrombar a porta e teve sucesso nisso, entramos no local.
— Não… não tem ninguém aqui? — Perguntei.
— Tem sim, mas não aqui, o velhote deve estar no subterrâneo.
Helena se aproximou de uma alavanca exposta e mexeu nela, de repente o chão em nossos pés sumiu e caímos em queda livre!
— Você tinha que mexer naquilo?! Estamos em queda livre! Vamos morrer esmagados!! — Gritei com toda a força do mundo, como se nem homem eu fosse mais.
— Eu não faria isso sabendo que iríamos cair e possivelmente morrer! Acha que sou louca?! Isso vai nos levar até o velhote, não vai nos matar!
De repente paramos no ar e algo nos levou até a saída, passando pela saída, vi uma grande área cheia de estantes com livros, equipamentos que não conheço e um velho barbudo mexendo em um telescópio gigante.
— Criança você não tem bons modos! Invasão a propriedade privada alheia, é crime! Você tem noção disso?! — Disse o velhote sem olhar em nossa direção
— Eu te chamei, você não apareceu, então resolvi vim te ver aqui — Helena não demonstrou um pingo de arrependimento pelo que fez.
— Tanto faz, o que você quer? — Perguntou o velho ainda mexendo no telescópio.
— Preciso que você faça uma reparação no meu arco e na minha espada.
O velho parou por um momento e se virou em nossa direção, em seguida, falou:
— Você novamente danificou essas obras de arte novamente? Criança você não é muito responsável.
Helena entregou seus equipamentos para o velho e ele os levou até uma sala e começou a trabalhar na reparação. Feixes de luzes estão saindo dela, como se fosse um metalúrgico reparando ou construindo alguma coisa usando barras de ferro.
— Bem, só precisamos esperá-lo. Se você quiser dar uma volta e olhar o local, pode fazer isso, apenas não mexa nas coisas do velho — Helena me advertiu.
Beleza então, vou começar olhando essas grandes estantes cheias de livros. O tema que chamou a minha atenção foi uma área com o tema “Livros Científicos – A Base da Evolução Humana”.
Nessa estante têm placas que descrevem o tema dos livros que ali estão, e essa estante em específico chamou a minha atenção. Me aproximei dos livros e vi que estão divididos em categorias, são: Biologia, Geografia, Química, Anatomia Humana, Magia Humana, e assim por diante.
O velhote deve ter levado um bom tempo para reunir todas essas informações. Acredito que sejam livros extremamente valiosos, principalmente quando falamos do contexto desse mundo tão arcaico e moderno ao mesmo tempo.
Ao lado está uma outra estante de título “Armas Mágicas – A Evolução das Guerras”.
Me aproximei e me deparei com mais livros, livros de capa dura e que contém centenas de páginas, livros divididos em categorias, são: Espadas Mágicas, Arcos de Guerra, Batalha de Defesa, etc.
O velho é um especialista! Isso responde a questão sobre ele conseguir reparar os equipamentos de Helena. Quer dizer, isso é óbvio, alguém que tenha livros falando sobre arcos de guerra, no minimo iria saber fazer reparações.
Parando pra pensar, esse homem é uma verdadeira arma de guerra! Que achado essa família real tem em suas mãos. Tenho a sensação de que ele é como se fosse uma espécie de escudo e protetor do reino.
Vou olhar mais ao fundo.
Cheguei em uma área onde têm algumas coisas expostas, como se fosse uma espécie de museu. Têm enormes espadas presas, elas estão no lado esquerdo, em volta de um altar com um livro gigante.
Em sua frente está uma placa com o título “Livro do Lich”.
No lado direito vejo objetos de vidro com alguma espécie de líquido dentro, são poções? Parecem muito com isso.
— Heitor, volte aqui! — A voz de Helena ecoou e viajou pelo local.
Aaaa… não tive tempo pra olhar melhor o lugar.
Os equipamentos dela já devem ter sido reparados, por isso me chamou.