Quantyum: A Queda da Humanidade - Capítulo 1
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A Quebra
Esse foi o maior desastre que a humanidade já presenciou em toda sua existência, uma explosão de origem desconhecida com centro no extremo leste da Ásia que dizimou mais da metade do continente. Essa catástrofe repentina deixou qualquer tipo de sistema comercio-financeiro em crise, gerando inflações e falta de recursos para grande parte da população.
Porém, mesmo após a explosão, a qual denominamos ignição, esse desastre ainda estava longe de acabar.
Era Trespasse(0 a 47 P.Q)
Os eventos da ignição foram tão impactantes na sociedade, que lenta mente a nova divisão temporal P.Q(Pós-Quebra) começou a ser aceita pelas pessoas. Entretanto, enquanto os políticos tentavam aplacar a desordem em massa, uma quantidade exorbitante de doenças desconhecidas se abateu sobre a população, oque forçou um isolamento populacional.
Era Ignavia(48 a 105 P.Q)
O isolamento da população, com a crise financeira causada pela ignição extinguiram toda a esperança de uma normalização da sociedade. Todo e qualquer instituto governamental foi derrubado pelo desespero das pessoas que se recusaram a obedecer às leis. Porém, ao mesmo tempo em que uma guerra civil era trajada em diversos locais, por azar ou destino, eles vieram.
Criaturas com aspecto repulsivo e inumano criaram rios de sangue por onde passaram. Os registros históricos, guardados e preservados cuidadosamente se referem a eles por apenas um nome, Demônios, não havia outra maneira de chamá-los.
Era Martilia(106 a 169 P.Q)
A “Era da Salvação”, como é popularmente conhecida, não teve um bom início. Restando cerca de 15% de toda a população humana, não parecia haver mais saída além da extinção da nossa raça. Porem, quando em meio a um ato de desespero uma pequena cidade tentou revidar contra os monstros, nesse momento, foi nos dado oque chamaram de Milagre.
Era Logra(170 Pq a Dias atuais)
Os Milagres nos salvaram dos demônios, mas foi um esforço conjunto que nos salvou de nós mesmos. Enquanto alguns lutavam entre si, desperdiçando suas fontes, um grupo de pessoas, em maioria mulheres, se juntaram lentamente com outros grupos e começaram a reconstruir oque um dia chamamos de sociedade, sendo imitadas lentamente por outros grupos.
Com o auxílio dos “poderes” que nos foram entregues, recuperamos em 30 anos oque a humanidade levou mais de dois mil para conseguir. E, com o passar do tempo, as descobertas vieram.
As mulheres lentamente se destacaram no uso de seus Milagres em relação ao homem e criaram a sociedade matriarcal em que vivemos hoje, instituições bilionárias fundaram escolas para educar os jovens quanto ao uso de suas habilidades e usaram oque viam para estudar e classificar as Fontes
-Por: J.K WolfRed, Escritor chefe de Didática da Academy.
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Eu terminei de ler no exato momento em que a limousine parou e um homem de terno e gravata abriu a porta.
— Senhorita Lighter, chegamos.
— Obrigada Rodney — eu sair do carro — onde está Marianne?
— Ela a aguarda na área de check-in.
Depois de agradecê-lo devidamente, eu entro no aeroporto junto a outros empregados que traziam as minhas malas. Durante o caminho eu até tento voltar a ler enquanto ando, mas descido guardá-lo depois de quase esbarrar em um pilar.
— Você não consegue ficar cinco minutos longe destes livros? — Pergunta uma voz conhecida
Eu lentamente guardei o livro na bolsa que eu trazia pendurada e me virei para encarar Marianne. Sempre trajando o uniforme de empregada, ela tem cabelos ruivos encaracolados, acompanhados de seus olhos cinza penetrantes, ela uma das mais antigas funcionárias dos meus pais e foi designada para cuidar de mim, já que eu felizmente, quase nunca os vejo.
— Eu até largaria, se houvesse algo melhor para fazer.
— Por que não aprecia a paisagem então? Você quase nunca sai de casa, aproveite para observar os lugares aonde vai.
Eu dei olhadas rápidas para os lados, pessoas com bagagens iam e vinham aos montes, muitos deles, ocupados falando ao telefone. Dentro das lojas de doces algumas crianças puxavam os vestidos de suas mães enquanto apontavam para diversos tipos de chocolate.
— A paisagem atual é tediosa e sem graça — respondo rispidamente — Vamos.
Sem esperar por ela, eu caminho em direção a fila do check-in, onde outros dois seguranças já me aguardavam.
— Senhorita Luna — Eles me cumprimentaram — Aguarde aqui enquanto os empregados cuidam do seu cadastro.
Sem me dar ao trabalho de respondê-los, eu sento em uma das cadeiras que estavam ao lado. Depois de contar três minutos e vinte e sete segundos de completo tédio, eu tento pegar meu livro novamente, mas sou interrompida por Marianne.
— Tem certeza de que quer voltar a ler? Senhorita… — Ela me encarou com um sorriso não muito amigável.
Desistindo completamente de qualquer forma de entretenimento, eu volto fitar o completo nada, até que vejo algo interessante em uma vitrine pelo canto do olho.
— Receio que não poderemos comprar — diz Marianne as minhas costas
O manequim trajava um vestido preto de tecido barato com pequenos detalhes brilhantes na barra, na lateral, a palavra Luminus estava gravada em branco com uma lua atrás.
— Não consigo sequer imaginar o tamanho do sermão que seus pais me dariam se permitisse que a senhora vestisse está roupa de quinta categoria.
— Não me lembro de pedir algo a você. — respondo enquanto volto a me sentar
Após o que pareceu uma eternidade, os guardas pegam minha bagagem, e pedem para que eu os acompanhe. Enquanto um deles embarca as bagagens, o outro nos leva até o avião onde iremos embarcar.
— Estarei logo atrás de você, senhorita — diz Marianne enquanto se sentava na fila de trás — Se precisar de algo, estarei aqui.
Não demorou muito até que a voz do piloto ecoasse por todo o avião, anunciando a decolagem. Ao invés de pegar meu livro, como sempre faço em viagens, decidi que eu precisava descansar, afinal eu precisaria de energia para encarar o que me esperava. Eu adormeci assim que fechei os olhos, já que havia ficado até tarde da noite escondida, lendo diversos livros que contavam sobre a história da Quebra.
— Luna, acorde — chamou Marianne com uma voz suave — Nós chegamos.
Me endireitando lentamente na poltrona, e, enquanto lutava para abrir os olhos, uma mão gentil acariciou meus cabelos.
— Quanto tempo?
— Cerca de quatro horas, você passou a noite toda lendo aqueles livros velhos de novo, não é?
— Talvez. — levantei e, enquanto me espreguiçava, percebi que os demais passageiros já haviam saído do avião. — Porque demorou tanto para me acordar?
— Você parecia estar tendo um sonho bom — Ela deu de ombros — Não quis te atrapalhar.
— Sonho…Bom…? — As palavras parecem ecoar pela minha mente, minhas mão foram em direção ao meu rosto automaticamente. Lá, encontram pequenos rios que desciam pelas minhas bochechas. — Mas… com o que eu estava sonhando…?
Marianne deu uma pequena risada antes de me responder — Se você não sabe senhora, imagine eu.
Ignorando-a, retirei os cintos e me levantei, removendo os últimos vestígios de sono. Mas, quando fui acompanhar os seguranças que estavam saindo do avião, sou barrada pela empregada.
— Você não vai a lugar nenhum assim, mocinha.
— O que há de errado…? — Marianne retira um pequeno espelho de dentro de sua bolsa e aponta para mim, minhas lágrimas haviam removido totalmente minha maquiagem, expondo as enormes olheiras, e meu cabelo loiro, que chegava até minha cintura, estava completamente bagunçado.
— Acho que não é necessário explicar, não é?
— Arruma logo essa droga — Eu me viro para ela pentear meu cabelo.
Depois de muitas reclamações minhas sobre a força que ela colocava na escova e a quantidade de maquiagem necessária para cobrir minhas olheiras, saímos do avião. Meus pais me esperavam na área de desembarque, ambos falando com alguém ao telefone. Quando me aproximei, não houveram abraços, não houve sorrisos ou ao menos um “olá, como passou os últimos seis meses”, eles apenas me deram as costas e andaram até a saída mais próxima. Marianne colocou uma de suas mãos sobre meu ombro, como algum tipo de consolo silencioso.
Ao chegarmos à limusine, entramos, os guardas que carregavam minha bagagem a guardaram e se despediram dos meus pais em uma reverência. O motorista ligou os motores e pisou levemente no acelerador.
— Você se atrasou, Luna — disse minha mãe — Acho que ficou muito relaxada nesses últimos meses.
— Sinto muito. — Eu me desculpei da exata maneira dos guardas — Irei providenciar para que isso não volte a ocorrer.
— Para sua sorte, ainda chegaremos a tempo, mas lembre-se — Ela tira os olhos de seu telefone e me encara — Pontualidade é uma das várias formas de respeito.
— Isso não voltará a se repetir
— É melhor mesmo. Alias, espero que saiba que o nome da sua família está em jogo nesse campeonato, perder não é uma opção para você.
— Vou me lembrar disso
Depois de cerca de 20 minutos me esforçando para não pular do carro em movimento, nós chegamos à escola. Eu não sou de me impressionar, mas a Academy possui uma infraestrutura de cair os queixos.
Sua construção se dá no final de uma grande rodovia, se destaca de longe, em termos de tamanho. Logo que se chega, é possível ver um enorme portão duplo dourado repleto de grades laterais, os muros de fora que cercam a escola são completamente lisos e brancos, com no mínimo, dez metros de altura e com a logo da escola estampada a cada 50 metros, uma espada prateada com asas e duas cobras espiralando em seu entorno.
Por dentro, havia um enorme jardim, muito bem cuidado, com pequenos rios e fontes em diversos locais, acompanhados por uma única estrada que levava a enormes prédios tão distantes que era difícil percebê-los. A estrada terminava em um grande prédio principal com ramificações seguindo para outros locais.
Quando desci do carro, me deparei com uma mulher que aparentava uns trinta anos, os cabelos longos e lisos, negros como a noite pareciam puxar os raios de luz, seus olhos, igualmente negros carregavam uma mistura de seriedade com alegria. Ela estava vestida de maneira social, com uma gravata que estampava em seu final a logo da Escola.
Eu a reconheci imediatamente, era a diretora de toda essa instituição vindo me receber pessoalmente, seu nome era Scarlett, e até onde eu sabia, era a pessoa mais perigosa presente na instituição.
— Sejam muito bem-vindos, senhor e senhora Ligther — Ela os cumprimentou cordialmente — Bem-vinda, Luna
— Muito obrigada por sua recepção, diretora Scarlett.
— Ora, Sra. Ligther, não é nada menos do que um prazer os recepcionar pessoalmente.
— É minha primeira vez na escola, realmente muito bonito — disse meu pai, enquanto observava o enorme jardim
— Muito obrigado Sr. Ligther, é um privilégio para mim escutar um elogio seu a esta escola. Mas, se puderem por favor acompanhar minha secretária, ela vai recepcioná-los e os acomodar para o evento adequadamente enquanto eu acompanho a Luna. — Ela apontou para uma mulher de óculos que segurava algumas pastas logo ao lado.
Sem velório, meus pais começaram a andar em direção a mulher que lhes foi indicada, quando está já os estava guiando em direção ao carro, minha mãe olhou para trás e me encarou, não disse nada, mas eu entendi a mensagem, seu olhar dizia: “não ouse nos envergonhar”
— Venha comigo, por favor — A diretora me empurra gentilmente em direção a um outro carro — Então… É seu primeiro ano como defensora, certo?
— Sim
— Você está muito calada não? Me lembro de você no nono ano, me parecia muito mais ativa
— Sinto se deixei uma impressão ruim dos meu anos anteriores nesta escola
— Não! Imagine, pelo contrário, você sempre foi uma excelente aluna. — Ela diz enquanto se senta ao meu lado no banco de trás do carro — Mas esse ano…Você parece mais… Exemplar? eu acho.
— Agradeço o elogio, mas você poderia me informar onde estamos indo?
— Nós vamos a arena, para você conhecer os competidores, é tradição do campeonato de seleção
— Pode me explicar novamente as regras do evento?
— Claro, é bem simples na verdade. Será uma eliminatória entre os concorrentes do campeonato, o último deles enfrentará você. Os prêmios são os mesmos de todo ano também, duzentos mil dólares em dinheiro e uma bolsa equivalente a cem por cento da mensalidade na escola.
O motorista nos levou a uma grande arena circular de aparência medieval com design interessante, repleto de branco e linhas azuis que circundavam os arcos da arena.
Ao chegarmos aos enormes paredões do lado de fora, a diretora me guiou por uma entrada lateral, onde dois seguranças, de terno e óculos escuros faziam guarda, ao nos aproximarmos, eles abriram a porta para que passássemos.
Ela me guiou por várias bifurcações e portas, que no final davam a uma série de lances de escada e no fim havia uma porta vermelha com detalhes dourados e sem maçaneta, ela apontou para a porta, pedindo para que eu a abrisse e me seguiu quando entrei. Assim que entrei, me deparei com uma enorme varanda com vista para o interior da arena, nas arquibancadas, várias pessoas lotavam os assentos conversando entre si. Não muito distante, no centro da arena, eu os vi, um total de cinco concorrentes, quatro garotas, e o mais estranho, um garoto.
Não que os homens não pudessem participar dos torneios para adentrar na escola, mas sim que fosse raro participantes masculinos, a Academy possuía em torno de quarenta mil estudantes, e dentre todos eles, apenas dois homens.
Por algum motivo, eu achei esse garoto em específico estranho, seus cabelos, totalmente brancos e bagunçados chamavam atenção de qualquer lugar. Eu o fitei durante algum tempo, até que repentinamente, seus olhos me encontraram.
Seu olhar encravou-se em mim, ele me analisou em silencio, seus olhos castanhos se encontraram com os meus e uma onda de choque percorreu meu corpo, em choque, eu recuei um passo por reflexo e perdi visão do garoto, voltei rapidamente para onde estava, mas seus olhos já não me alcançaram mais.
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