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Passos Arcanos - Capítulo 258

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  3. Capítulo 258 - Escapando a Força
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— Entendo. Esse é um plano ousado. — Poulius sentava em um sofá aconchegante. As luzes das tochas nas paredes do escritório acovardavam as sombras que se espreitavam do final da tarde.

Orion sentava de costas para o vitral enorme, com uma xícara de café e uma banana descascada. Com a noite se aproximando, várias tochas lá fora se acenderam. Keifor ficou bastante iluminada, e Poulis ficou de pé, indo até a larga janela e admirando-a.

— O que fez aqui é digno de aplausos — comentou e tomou um pouco do seu chá. — Depois de tanto tempo trabalhando para uma Academia Mágica, eu perdi um pouco do tesão de estar entre as pessoas comuns. Achei que viver uma vida comum faria Joia mais feliz.

Sua expressão se tornou mais obscura. Os olhos cheios de expectativas que habitavam nos tempos que Orion o conheceu não estavam mais ali. Substituídos por um manto enegrecido, dor e tristeza governavam aquele homem tão inteligente.

O único apoio de Poulius Qujas tirado dele a força.

Orion girou a poltrona, olhando para a cidade abaixo.

— Viver já é suficiente. Independente de como escolher fazer isso, se ela for digna, não tem mais nada a se preocupar. E pode achar um pouco arrogante da minha parte, Poulius, mas quando eu digo que Joia vai estar conosco, eu não falo como suposição.

— Tantos já falaram nesse mesmo tom, rapaz. Mesmo que seja você ou fosse Jinx, a esperança se torna pequena a cada dia que passa. — Mais uma vez levou o chá aos lábios, beliscando. — Se ela estiver viva será um milagre. Os Coletores tem aquela horrenda fama de torturar as pessoas para que se submetam aos seus desejos.

— Poulius. Eles não vão torturar Joia.

Eles se encararam.

— Por que pensa isso? — Poulius questionou sério. — Já procurei saber de todos os…

— Eles tem outros planos para ela.

O escritório tomou uma aura mais pesada.

— O que quer dizer? Eles vão usar ela em algum ritual ou coisa pior?

— Não posso dizer se é ou não é um ritual, mas existem outras histórias que estive pesquisando. Os Coletores possuem uma cadeia de comando bem linear, com três mulheres que são consideradas alicerces do grupo, mas tem um Mestre, foi assim que ele foi chamado quando enfrentei uma das três em Vila Velha.

— Um Mestre. — Poulius ficou mais pensativo. — Ele é um tipo de Comandante?

— Não sei te dizer. O que sei é que quando ele chega em uma determinada idade, ele precisa de um corpo adaptativo para migrar sua consciência. — Orion viu a face de Poulius se contorcer mais ainda. Isso é sempre ruim de comentar. — Joia será preparada para receber esse corpo, é o que acho.

Uma imensa amargura abateu Poulius Qujas. Ele abaixou a xícara e escondeu os olhos com a mão. Se distanciou para mais perto da janela e apoiou a outra mão nela.

— Minha garotinha deve estar assustada — sussurrou. — Ela deve estar completamente assustada.

— Sua filha tem um gene forte. Temos que ter um pouco de fé nas possibilidades. — Orion se pôs de pé e também se aproximou do vitral. — Estou fazendo de tudo para encontrá-la, mas do que a Ordem teria como. Por isso, quero que fique despreocupado, ela vai ser encontrada.

I

— Se Orion souber que eu estou aqui, tudo que vocês construíram vai ser destruídos, seus bandos de bastardos ingratos. — Joia gritava segurando as barras de ferro de sua prisão. Mesmo no escuro e sem saber o que estava um metro a sua frente, ela não deixava de gritar. — Meu pai também irá matar cada um dos seus lacaios. Eu soube o que aconteceu em Vila Velha, vocês são todos perdedores.

Houve um estalo de língua do outro lado. Joia reparou que sempre que citava a capital da Ordem dos Magos, alguém parecia se aborrecer. Mesmo sem saber quem era, continuou.

— Os Magos todos virão e vão esmagar esse lugar. Vão destruir pedra por pedra.

— Cale a boca, fedelha. — A rouquidão não era do mesmo que estalou a língua. — Eles não podem te ouvir, mas eu posso, e sua irritante voz faz meus ouvidos tremerem. Senta o rabo no chão e fica quieta até te levarem.

— Me levar? O máximo que eles vão conseguir fazer é suplicarem. Quando meu pai chegar…

— Esse seu pai e esse Orion nunca vão chegar. — Outra pessoa, uma mulher jovem, disse. — Não dá pra usar magia aqui embaixo, não dá pra saber onde estamos. Já tentamos de tudo, e chegamos a uma conclusão.

Joia parou de falar por um instante.

— E qual seria?

— Que fomos trazidos aqui para morrer. Apenas isso.

— Morrer, só isso? — Joia segurou a barra mais forte e negou para si várias vezes. — Se eu for morrer, que seja lutando, assim como eles me ensinaram. Eu vou fugir daqui, vou fazer de tudo para…

— Não seja tola, garota — o rouquidão a cortou. — Somos escolhidos, não entende? Todos os outros são tratadas como comidas. Eles viram na gente algo que podem usar, só estão esperando a hora chegar. Se sinta sortuda.

— Sortuda… — Joia quis chorar agora. Era sorte estar perdida, longe de sua família, longe de Cristina. Cristina nunca desistiria, nunca. — Eu não preciso de sorte ou piedade. Vou morrer lutando, como meu pai e meus amigos fariam.

— Cala a maldita…

Uma luz se acendeu no final do corredor. Vozes começaram a soar desesperadas, gritos de dor e medo se alastraram. Os olhos de Joia arderam violentamente depois de tanto tempo no escuro, mas quando um baque seco tomou o primeiro degrau, ela acordou.

Uma mulher com correntes nas duas mãos disparou para dentro do corredor. As pessoas se aproximaram das barras e encararam para cima. Um brutamonte, enorme e peludo, respirava tão pesadamente que podia se ouvir o ar pelas narinas. De pé, era quase maior do que a cela, e esgueirado no canto, seu rosto ficou observável.

Uma imensa barba negra tomava seu queixo, os cabelos bagunçados atrapalhavam um pouco os olhos, mas sua atenção e foco eram primordiais.

Quando a mulher acorrentada passou por ele, seu braço esticou e a puxou para perto.

— O que está acontecendo lá fora? Diga logo.

— Eu.. não sei. — Ela ainda estava chorosa, o rosto vermelho e com uma marca de corte na bochecha. — A porta foi aberta e eles chegaram. Um monte de gente com capuz e cajados. Uma… luta se formou lá em cima.

O Rouquidão largou a mulher e olhou para a própria mão.

— A runa que selava a mana foi desfeita. — Olhou para a barra e ela se entortou sozinha para os lados. Um imenso rangido alastrou para fora, assustando a mulher e deixando Joia perplexa. — A chance finalmente apareceu, quem diria.

Ele passou para fora e ficou no corredor.

— Aqui, tem uma entrada — vozes se aproximaram do nível acima. — Mande alguém lá embaixo, deve ter mais coletas. Temos que dizimar todos que foram marcados, é a nossa ordem.

— Merda. — Rouquidão ergueu a mão e seus cabelos tomaram um brilho carmesim. — Ficar tanto tempo parado me deixou enferrujado.

Dois homens desceram com espadas em mão, mas travaram no mesmo lugar. Torceram os braços, deixando as espadas caírem. Suas pernas dobraram em ângulos diferentes, seus pescoços vieram a frente numa posição que não deveria estar.

Rouquidão olhou para o lado e viu Joia o encarando, perplexa.

— Seus amigos não vai vir e você vai continuar presa aqui, pirralha. Se tivesse força para fazer qualquer coisa, poderia se salvar.

Ele expeliu a mão para frente e os dois homens foram enviados voando de volta para a passagem. Os gritos do lado de fora se acentuaram e a batalha se arrastava. Rouquidão riu e foi em frente.

— Seu nome é Antony Grimari.

O grandalhão parou de andar.

— Foi isso que você acabou de pensar, não foi? — Joia ainda estava agarrada as barras. — Agora está pensando em como pode sair daqui já que não conhece nada. Mas, eu sei.

Rouquidão voltou para perto da cela de Joia.

— Como você saberia, pirralha?

— Porque eu sei tudo que passa na cabeça das pessoas. Posso te tirar daqui, mas vai precisar me levar.

O homem abaixou e virou a cabeça.

— Sabe mesmo?

Sei. Porque posso ler sua mente.

As sobrancelhas de Antony Grimari se elevaram.

— Interessante. Vamos, então.

Com um brandir de dedos, as barras de ferro se curvaram para a lateral, abrindo espaço. Não apenas a de Joia, todas as celas se abriram ao mesmo tempo. Rouquidão encarou os homens e mulheres saindo das jaulas feitas para eles.

— Nós estamos indo embora. — Antony pegou Joia pelo braço e a jogou por cima de sua nuca. — Mostre o caminho, pirralha.

Pega de surpresa, Joia viu aquele amontado de prisioneiro esperando suas palavras.

— Pra cima primeiro.

— Vamos ser massacrados lá em cima. — Um velho se aproximou. — Consigo escutar o som de 30 espadas e uma dezena de lanças esperando a gente. O metal forjado chora nos meus ouvidos, são muitos.

Rouquidão olhou para a mulher que fugiu para lá e a puxou para perto.

— Leia a mente dela, pirralha. Deve ter alguma coisa lá que favoreça a gente.

Joia nunca tinha penetrado além do superficial da cabeça de uma pessoa. Aquela mulher tinha lágrimas no rosto, um medo traumático que ficava pior a medida que as vozes lá em cima se aproximavam.

— O que está esperando? — Rouquidão gritou. — Leia a mente dela agora.

— Pare de gritar.

Não, eles vão matar todo mundo. As salas são todas confusas. Pra sair daqui tem que achar a chave mestra, a porta principal está sempre fechada. Os Senhores vão vir e matar todos nós.

— Ei, onde está essa chave mestra? — perguntou Joia. — Diga logo, temos que ir embora.

— Chave… mestra? — As correntes da mulher fizeram um barulho parecido com tintilar. — Eu… como sabe dela? — Não, ninguém deveria saber dela. Eles vão ficar furiosos. O portador morreu. Ele era tão lindo, tinha aquele cabelo escuro cheio de plantas nas pontas. — A chave, não sei.

Rouquidão a jogou para trás e ergueu a cabeça para Joia.

— Ela mente — disse Joia. — O portador da chave morreu primeiro. Ele tem plantas no cabelo. A chave vai abrir a porta principal.

Antony Grimari deu uma risada e partiu para a escada.

— Vamos dar o fora daqui e matar cada um que entrar no nosso caminho.

Joia não respondeu, mas respirou fundo.

Eu vou fazer minha própria sorte agora.

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