Passos Arcanos - Capítulo 2
6 anos depois […]
— Acabou de se arrumar? — Orion esperava Oliver do lado de fora de casa, com uma mochila nas costas. — Acordou tarde.
— Dormi tarde, é diferente. — O velho se espreguiçou e bocejou lentamente, limpando os olhos. — Tomou café?
— Vamos tomar quando chegarmos lá em baixo.
— Ótimo — resmungou o velho usando sua bengala para se mover. — Já estamos atrasados, vamos logo.
Os dois começaram a descer os degraus de pedra. Ao redor, o morro era pintado de verde, com alguns pontos vermelhos e amarelados ao redor. A Caldeira de Ilhotas era assim, em alguns lugares seus morros dominavam, em outras partes, a planície era lisa como uma régua. A água se acalmava em algumas costas, mas rugia feito leões em outras.
Por anos, Orion tentou adivinhar o porque dos Baker sempre morarem em morros, e a resposta de seu pai era sempre a mesma.
— Estamos mais perto do céu do que os outros.
— Mas, a queda não é maior por causa disso?
Na época, Orion sequer tinha noção do que dizia. Aos sete anos, questionava Arcanismo com mais facilidade do que as outras crianças, chegando a complicar a vida de seu pai várias vezes por respostas que nem mesmo aquele velho tinha.
Era humilhante não conseguir responder uma questão de um garoto, ainda mais seu filho, que se espelhava nele.
Orion não só gostava de questionar, como de procurar essas mesmas respostas.
— Está ventando bem hoje — comentou Oliver erguendo a mão. — Quanto de umidade?
— 3%, variável de 2.
— Foi o que pensei também. — Abaixou a mão, descendo outro degrau e olhando para o chão. — E a terra?
— O que tem a terra, pai?
— Parece mais solta.
— Não faço ideia.
— Ah, esqueci. — Oliver escondeu um pouco da vergonha, mas Orion não ligou.
Esse tipo de teste sempre vinha com seu pai. Era sua forma de tirar um pouco do tédio. Se podia contar na mão quantos pessoas estudavam Arcanismo na Caldeira de Ilhotas, e poucos eram os que se comparavam a Oliver nesse quesito.
Seu filho, dotado de uma grande capacidade, respondia sem muita dificuldade.
Só que Orion Baker não podia responder perguntas práticas, sobre mana ou magia. A sua única falha, no meio de todas as suas habilidades, era a falta de um núcleo mágico.
Nos Magos, Escolásticos, Humanos, Elfos, Anões, qualquer raça que vivia no mundo, o núcleo era responsável por reunir mana. Um receptáculo natural criado quando se nascia. Ele era responsável por remodelar a mana em magia, em runas, liberando-as ou para forjar incrustações em itens.
O que era natural para os seres vivos, para Orion era um tabu.
— Se eu tiver um círculo de dois níveis, um triângulo de um nível e quatro retângulos, qual tipo de magia posso criar? — Oliver mudou a postura, desafiando-o. — Essa é…
— Magia de Segundo Nível? ‘Contração da Matéria Inorgânica’ — respondeu Orion. — Usada para derreter materiais mais finos, mais usado em ferreiros e artesões. Eficiência média de 60% datado no último registro continental.
— E se forem só três triângulos?
— Ai se torna ‘Repulsão Inorgânica’. É mais uma forma de lidar com temperatura, já que os Magos de Matéria sofreram muito com as magias de fogo dos Salamandras. Eficiência de 40% porque eles não tinham uma base muito boa sobre o fogo.
— Perfeita colocação. Estudou sobre as leis mágicas e Runas Intermediárias?
— Ontem a noite, depois que o senhor foi dormir. — Orion tinha lido um livro inteiro em uma noite, e não se sentia cansado nem um pouco. — Mas, foi bem raso.
— Não tem graça se você não sabe as respostas.
Os dois chegaram ao pé do morro. Dali, havia bastante pessoas transitando. Metade das pessoas usavam roupas bem simples, algumas de frio, outros com mais um pouco de liberdade nas pernas e braços.
Andando pouco, as pessoas começaram a saudar Oliver.
— Senhor Oliver, como que está indo os estudos do ‘Punho de Pedra’?
— Meio a meio. Orion tem me ajudado com algumas ramificações da Escola de Terra, mas nada ainda definido.
— E sobre os ‘Cinco Pilares de Viesk’? — outro senhor de idade perguntou. — É um assunto bem sério por causa das Escolas ramificadas.
— Tudo no seu tempo, claro. É muito comum termos essas situações de academias pedindo nossas ajudas, mas eu estou apenas no caminho, quem está estudando diretamente essa magia é Melek.
Os ouvintes ouviram com consentimento.
Melek era um Ancião Baker com anos de experiência na Escola de Fogo. Ali, nas Caldeiras, ele sempre se prendia a questões mais complexas, envolvendo terceiros ou pedidos vindo de fora da ilha.
Orion, diferente de seu pai, lia todos os artigos que chegavam. Independente se fosse por causa de um pedido ou se fosse o próprio chefe da família Germaco, sempre lia. O conhecimento vindo de fora das Caldeiras sempre era interessante.
O tipo de magia não mudava, mas suas colocações nunca eram iguais.
Por exemplo, numa magia de fogo, cujo atributos são mais círculos, um escolástico das Caldeiras sempre observava dois a três deles, no máximo. Esse era um nível intermediário para avançado, porém, algumas pessoas simplesmente datavam experimentos de quatro a seis círculos.
Para Orion, a dificuldade para formalizar uma Runa Arcana Avançada era fácil já que poderia tirar pontos de outras Escolas Mágicas. Para Oliver, era um tabu que ninguém deveria mexer.
Por isso, as magias sempre se mantinham em nível igual em todas as Escolas.
“Se eu pudesse mexer nas matrizes das magias de fogo, poderia melhora em duas vezes”.
— Pai, vou no tio Raimundo ali.
— Certo, certo. — Oliver nem lhe deu um olhar, retornando aos ouvintes. — Creio que para acelerar a composição mágica da Escola de Velocidade, uma pessoa deveria tentar ao menos recriar mais uma…
Orion se distanciou e continuou seguindo para as lojas. Ali, os pátios eram pavimentados com Pedra Ário, branca feito neve, mas tão lisa que foi preciso de refinadores para criar uma matriz no chão afim de não escorregar.
— Garoto — Raimundo abriu os braços ao ver seu menino entrar com uma mochila. — Hoje já é o dia de compras?
— A semana passou muito rápido, tio. — Orion tirou uma pequena lista de dentro do bolso e entregou ao barbudo careca. — Meu pai pediu atenção nas Sementes de Eucalipto, por favor.
As sobrancelhas do homem entortaram.
— Experimentos com magia de luz, de novo?
— Ele ainda está agarrado com ‘Crescimento Acelerado’. Acho que está querendo saber como funciona com outras plantas.
— E você? — O olhar de Raimundo foi sorrateiro com um sorriso baixo. — Tenho certeza que conhece alguma coisa que pode ajudar seu pai.
— Ter eu até tenho, mas se eu fizer isso, ele vai falar no meu ouvido o ano todo. Já bastou na semana passada que ele pegou uma das minhas anotações. — Orion fez uma pausa balançando a cabeça. — Prefiro deixar ele estudar sozinho.
— Ah, eu pai sempre vai ser um pouco dentro da caixa. A vida dele é assim. Não gosta de nada novo, então, vai deixar o segundo filho ser livre? — Raimundo negou. — A única coisa que seu pai quer é que você seja igual o seu irmão.
— Omar? Não lembro muito dele.
— E nem vai se bobear. Alias, eu tenho algo aqui que precisa da sua ajuda.
Raimundo era uma das poucas pessoas que não ligava para as construções do Arcano envolvendo Orion. Ele gostava do raciocínio do rapaz, além de sua boa criatividade. No último mês, Oliver ficou agarrado em um sistema de irrigação por dias. Raimundo mostrou a Orion e ele resolveu em dois minutos.
— A diferença entre as gerações é absurda — era o que Raimundo sempre dizia a Orion. — Deveria ser um Escolástico. Seria bem pago, de verdade.
— Não gosto muito.
— É uma pena.
O rolo entregue pelo careca tinha um pequeno lacre azulado, mesmo tendo sido aberto, ainda era designado por uma das família das Caldeiras. Além dos Baker, que era a mais antiga, e a mais desonrada, eles conviviam com outras quatro.
E o azul com um corvo negro era o símbolo dos Vidian.
— Tá conversando com pessoas importantes, tio?
— Você é o único que reconheço um símbolo antigo das famílias, seu pestinha. — Raimundo deu uma risada depois de se sentar, ficando a altura do balcão e do rapaz. — Me foi pedido para entregar a um dos Anciões, mas o Arauto disse que todos estão ocupados com as magias de fora da ilha. Queria saber se seu pai conseguiria resolver?
— Se ele tivesse tempo, talvez. — Orion puxou o rolo, continuando: — Ele agarrou em alguns símbolos utilizando… — Travou, aqueles símbolos eram diferentes, com ramificações aleatórias e pequenas complexidades sobre letras e números. — Isso é Arcanismo Avançado? Não. Numeração Cardinal de Mana? Não. Os números não se alinham em ordem crescente e não são primos. Muito círculos pequenos.
Raimundo cruzou os braço esperando ansioso.
— Então, o que é?
— Mecânica Arcana Básica. — Orion bufou colocando o papiro no balcão e apontando para um dos círculos. — Aqui é a concentração de mana. É muito pequeno, então, é impossível bombear mana para todos os outros, então, ele vai precisar de um símbolo de condensação de mana. — Orion olhou para Raimundo. — Não vai pegar alguma coisa pra anotar? Tem bastante coisa aqui.
— Ah, perdão. — Ele entrou e voltou com um caderno. — Pode falar.
— Vou repetir.
O mundo era grande demais. O Arcanismo era dividido em escalas, Básico, Intermediário, Avançado. Além deles, Símbolos e Runas também eram incrementados dentro desses níveis, sendo parte do Arcanismo Comum.
Um Escolástico, em sua vida inteira, estudaria esses conceitos para se especializar. Mecânica Arcana era envolvendo Símbolos e Mana. Simbologia era somente Símbolos. Matrizes eram Runas.
E no final, o Arcanismo se dividia em várias ramificações, algumas capazes de se aventurar, outros que eram apenas teoria, incapazes de serem reproduzidas na prática.
Esse era o trabalho de pessoas como Oliver, e o que Orion atualmente estudava, girar o conceito para a prática. Trazer dos papéis para os Magos.
Depois de cinco minutos explicando sobre Mecânica Arcana, Raimundo assentiu.
— No final, tudo se resume a quantidade de mana que uma pessoa poderia adquirir. São dois problemas.
— O primeiro é que o núcleo não consegue guardar a mana que é necessário para ativar o círculo central, e o segundo é que a pessoa deve estar no mínimo em uma posição de ArcheMago.
— Difícil isso ai.
— Bastante. — Orion coçou a boca, olhando para o papel com um pouco de tédio. — Quer saber como se arruma isso, tio?
— Seu pai vai reclamar?
Orion riu.
— Bastante.
— Anda logo e me mostra. Não vou contar nada e posso ganhar um dinheiro se conseguir entregar antes do prazo.
A ganância de Raimundo para expandir sua loja já era conhecida por Orion. Aquele era um homem de negócios, que se aventurava em qualquer negociação, para aprender, ganhar ou perder.
— Você precisa da magia ‘Ligação Elétrica’, unir dentro do núcleo central. Ele vai funcionar como uma bomba, distribuindo carga para todos os canais.
— Uma magia? Só isso?
— Aqui. — Ele puxou o caderno e desenhou os dois círculos e o triângulo no meio deles. — Precisa só disso, em uma escala pequena, e pronto. A distribuição vai ser baseada na quantidade que a pessoa vai querer usar isso.
— E pra que serve essa Mecânica Arcana?
— Pra muitas coisas, tio. Se ele tiver um tubo que sempre despeje tinta as cinco da tarde, todo dia, ele pode usar essa magia mecânica e usar uma pequena runa de horário. Assim, o núcleo vai ser ativado as cinco da tarde, e o tubo vai despejar a tinta.
Raimundo ficou de boca aberta olhando para o papel.
— Eu não fazia ideia de que alguém podia fazer isso.
— Essa é só uma das poucas coisas que ela pode fazer. — Orion olhou para o papel de compras e apontou. — Meu pai vai vir a qualquer momento, tio. Guarda tudo, por favor.
Apressado, Raimundo saiu tirando o caderno, lápis e o papiro. Levou pra dentro e começou a trazer os pedidos quando Oliver adentrou a loja.
— Raimundo, me dê um copo de água, por favor.
— Duas moedas de prata, velho — ele gritou de dentro. — Se quiser mais, vai ter que pagar o dobro.
Oliver soltou uma risada.
— Não se nega água a um amigo.
— E nem a um inimigo. É o que dizem por ai.
Oliver viu o filho esperando, e depois encarou a face entediada dele. Oliver conhecia bem quando o rapaz só estava querendo ir embora.
— Quer ir ver o mar?
— Posso? — Os olhos de Orion encontraram com o de Oliver. — Volto em duas horas.
— Não se atrase.
Depois que o rapaz se foi, Oliver pôs a bengala na bancada e atravessou, sentando-se na cadeira. Esperou que Raimundo voltasse e entregasse os alimentos e as sementes. Encarou o velho sentado, e não conseguiu ficar quieto.
— Você tem uma joia rara nas mãos, Oliver. Só que não consegue e nem sabe lapidar ela. Sabe disso, não é?
— Mais do que eu gostaria. Queria que ele tivesse metade da capacidade do irmão e mais juízo do que eu, mas parece que nasceu com a bunda virada para lua e saiu com o dobro da inteligência de Omar, o triplo da criatividade da mãe e zero de juízo.
Raimundo de uma risada, levando Oliver a rir também.
— Ele tem futuro, conseguiu me explicar algumas coisas que outros Anciões demoraram anos. E simplesmente não pareceu convicto de que era o melhor nisso.
— E por que ele sabe que mesmo sendo o melhor, ainda falta algo. Orion pode ser considerado fora da curva, tanto que aprende mais rápido do que você e eu juntos, só que o fascínio dele por juntar elementos cega seu potencial.
— Ai que está o problema. — Raimundo apontou para Oliver. — Essa cegueira é dele ou é sua?
O velho homem segurou a bengala e pensou. Bem no fundo, não sabia a resposta.
I
A porta da sala de reuniões dos Magos se abriu. Raimundo caminhou diretamente para a mesa redonda no centro onde Rosana Mixer, Cairo Rent, Trish Agors e Silena Vidian o esperavam. Ele deu a volta a mesa, e puxou a cadeira, arrumando sua túnica longa antes de sentar.
— O que perdi? — perguntou, encarando a mesa.
— Nada. Estávamos discutindo um pouco sobre a crise de materiais para criação de armas e também sobre a falta de magias passivas no auxílio de grande armas. — O rosto rosado de Rosana recaia sobre alguns papéis espalhados ao redor de si. — Por mais que tentamos chegar em uma conclusão, tá sendo bem complicado.
— Além das magias passivas serem ainda mais raras, até aqui na Caldeira é raro encontrar alguém que se especialize nelas. — Silena Vidian era a filha mais velha do homem que comandava a família Vidian. Desde que chegou ao cargo de estrategista militar, ainda estava longe de conhecer todas as facetas da guerra.
— O que é isso na sua mão, Raimundo? — Cairo questionou, indiferente. — E esse seu sorriso no rosto? Conseguiu fazer uma boa venda hoje?
— Não, eu só consegui a resposta para uma das perguntas que estava matando o senhor fazia um tempo. — Raimundo deu uma risada fraca depositando o papiro no centro da mesa. — Por sorte, conheço uma pessoa bem articulada com o Arcanismo e ele resolveu o problema sobre a Mecânica Arcana.
Sendo um dos mais antigos membros da Caldeira de Ilhoas, os cabelos de Cairo Rent era mais branco do que a neve e sua barba volumosa, sem ter sido cortada fazia anos. No entanto, sua característica marcante era a habilidade no Arcanismo.
— Sei que o senhor é um adepto da Escola de Matéria faz muitos anos, e sua afinidade é uma das melhores, mas gostaria que desse uma olhada, senhor. — Raimundo foi bem humilde em deixá-lo pegar.
Cairo a tomou e abriu devagar. Aquele tinha sido um dos planos mais antigos que foram enviados de Archeboom, a cidade que era sitiada pelo Clero e a Ordem dos Magos.
— Se me lembro bem, o tipo de magia que eles queriam implementar com essa passiva era ‘Bombardeamento Sequencial’, certo? — Trish esperou que Cairo abrisse para perguntar. Apenas o velho Mago lia o pergaminho, seus olhos cansados. — Nem o Ancião Melek conseguiu resolver por causa da complexidade.
Raimundo continuou assistindo a expressão do velho Cairo. A indiferença de segundos atrás foi alterada por uma surpresa repentina e um levantar de sobrancelha.
— Impecável — foi o que conseguiu dizer ao ler. — Reformular o centro para bombear cargas ao invés de receber de quem a conjurou. O limite de mana seria anulado já que poderia ser aplicado por uma série de aberturas.
— Calma, é sério? — Trish e Rosana se levantaram e foram ler. Demorou algum tempo para Trish ter a mesma reação do velho mago. — Fundiu uma base da Escola de Eletricidade no meio de uma magia passiva.
— Não, é diferente. — Cairo apontou para o centro, onde um círculo pequeno tinha dois fios ligando dois círculos maiores acima dele. — A base é comum, sem uma escola específica, mas a forma que é utilizada pareca com a Eletricidade.
— O que isso quer dizer?
— Que a pessoa quem fez isso tem uma noção gigante de como o molde arcano funciona, e se a pessoa consegue pensar nisso, ela sabe bem que a menor falha possível pode resultar na morte da pessoa quem o utilizou.
Raimundo já estava ciente disso porque Orion voltou para contar os detalhes, mas se agraciava com os comentários deles. Silena Vidian era a única que esperava pelos três Magos terminarem seus comentários.
— Claro, também tem a forma como foi feito a ligação de mana. Se os fios forem largos demais, o bombardeamento perde poder e o efeito diminuí. — Cairo levou a mão a boca, desconcertado. — Uma falha, eu queria achar uma para dizer que está errada.
— Não tem falhas — Raimundo disse aos três. — Aqui está os comentários que a pessoa fez para que entendessem as etapas, e acrescentou mais dois pontos que poderiam ser melhorados.
— E que seriam?
— As runas de letras e números, e os dois círculos maiores. — O pequeno caderno também foi passado aos dois. — O cálculo que ele fez foi que se essas duas alterações fossem feitas, o efeito da área aumentaria em duas vezes e suas características mudadas.
— Isso é ‘Afinidade Elementar’ — Rosana apontou para o caderno. — Ele sugere que se mudarmos a rota de um dos círculos maiores dois centímetros para a esquerda, conseguimos inserir um outro círculo menor a escolha da pessoa e utilizar qualquer elemento primário.
— Fogo, Água, Ar e Terra. Qualquer um desses em um ‘Bombardeamento Sequencial’ geraria em resultados muitos diferentes. — Cairo ficou chocado. — É a primeira vez que vejo algo assim, Raimundo. Qual o nome da pessoa quem escreveu isso?
— Segredo. Infelizmente, meu grande colega tem muitos assuntos a tratar, mas espero que esse seja de ajuda para Archaboom.
— Se conseguirmos implementar isso, podemos conseguir segurar a cidade e abrir vantagem.
— Ótimo. Se tiverem outro problema envolvendo Arcanismo, posso tentar negociar com ele para ver se resolve mais uns.
Silena o fitou de lado.
— Seu colega nos ajudaria de bom grado nessa questão ou quer negociar?
— O preço dele é um pouco diferente da que vocês estão acostumados.
— O que podemos oferecer pela ajuda? — Cairo já pensava em pedras preciosas, tesouros e até mesmo informações valiosas. O que ouviu o deixou de queixo caído.
— Livros, é o que ele pede. Arcanismo Avançado, Simbologia e Runas, tudo o que estiver disponível, ele quer. É simples.
— Só isso mesmo? — Silena perguntou. — É bem mais fácil do que achei. Leve alguns da minha biblioteca, e…
— Não, não. Os livros foram selecionados. Se vocês olharem na última página do caderno, vão ver uma lista com dez livros, são esses.
Cairo abriu a última página e deu uma olhada. Sua expressão mudando a cada nome lido.
— ‘Afinidade e Conexão de Runas Duplas’. ‘Arcanismo Baseado em Contrações’. ‘Ligas Físicas da Mana’. — Seus olhos voltaram para Raimundo. — São livros que somente algumas poucas pessoas da Ordem conseguem ler.
— Não sou eu quem pede, meu caro Cairo. Sou apenas a pessoa que está pedindo. E então, o que acham?
— Esses livros valem uma fortuna, mas se não puderem ser entendidos, não valem nada. — Silena Vidian deu o aval para Raimundo. — Irei providenciar os livros. Em troca, leve os projetos que temos em mente para seu colega.
— Será um prazer, senhora.