O Velho Novo Mundo - Capitulo 3
O Velho Novo Mundo
Capítulo 3 – Uma proposta…
“Quem é você?” Apenas essa frase foi o bastante para que Damiano congelasse, a voz imponente e turva do estranho pareceu silenciar o resto dos sons da caverna, deixando apenas o som do coração de Damiano que, desconfiado, batia sem parar.
Mesmo sem enxergar a pessoa, Damiano, num lapso de força, foi até o outro lado da caverna o mais rápido possível, fugindo como um cão assustado.
Após tomar distância, ele então analisou sua situação, olhou para o homem à sua frente e procurou algo em sua face, querendo saber se estava em perigo real. “Onde você está, maldito desgraçado”.
O questionamento de Damiano foi rapidamente respondido quando, ao olhar para frente, seus olhos enxergam um olho dourado brilhando na escuridão, iluminando toda a face do estranho.
Mesmo após perceber que Damiano o havia encontrado, ele não estava nervoso, seus olhos estavam calmos, frios, como uma pedra de gelo.
Damiano reconheceu esses olhos, os olhos de um assassino, ele já estava acostumado com esse tipo de olhar, sentindo o perigo eminente, sua mente rapidamente tenta fugir. Ele tenta se mover e fugir para a saída da caverna, pela direção oposta do estranho.
Infelizmente seu corpo estava esgotado, depois de um passo, sua perna falha, e o braço já sem um pedaço pulsa, derramando sangue na caverna, cambaleando Damiano falha em se manter em pé e se ajoelha, dando suas costas ao estranho.
Inconscientemente, ele imaginava que sua morte viria logo em seguida, mas não foi isso que aconteceu e foi então que Damiano percebeu.
“Estou tão fraco quanto uma criança, ele precisa de mim vivo, se não, eu já estaria morto.”
Com isso, suas pernas bambas se levantam, Damiano se vira, encara a direção em que o estranho estava e vê que ele não se moveu um passo. Com isso, ele decide responder à pergunta dirigida a ele.
Damiano avança um passo à frente, decidido a encarar o estranho, ele já havia demonstrado fraqueza demais, então, embora seu coração tremesse, sua expressão permanecia serena quando falou:
— Eu sou Damiano e você, quem é?
Ao dizer estas palavras, Damiano sabia que estava sendo ousado, ele não estava em posição de querer alguma informação, mas como sempre, sua escolha era arriscar e isso significou aqui retribuir a pergunta.
“Se ele queria uma resposta, essa é a minha. Vamos ver se esse foi meu último nascer do sol”
Diferentemente do que Damiano esperava, o estranho não ficou aborrecido com sua prepotência, não ficou irritado. Muito diferente do que Damiano esperava, o homem se levantou e deu um passo à frente.
O homem era alto, facilmente passava dos 2 metros, e seu corpo atlético deixava uma impressão que ele era ainda mais alto.
O estranho, então, olhou para os olhos de Damiano e, antes de responder à pergunta dirigida a ele, Damiano pôde ver que na face do estranho estava adornado um pequeno sorriso, isso deixava Damiano curioso.
— Eu me chamo Mustafá, sabe, o tempo é curto, então vamos tratar desses seus ferimentos antes que você morra durante a explicação.— disse Mustafá em um tom apressado
Mustafá se aproxima de Damiano e diz:
—Me dê sua mão.
Damiano obedece e estende seu braço esquerdo, que estava sem um pedaço, enquanto sua mente confusa o dizia que era perigoso demais. Mustafá pega a mão de Damiano e fala:
—Feche seus olhos, acalme sua mente, se não, não funcionará.
Sem escolhas, é isso que ele faz, na escuridão de sua mente Damiano acalmou seus instintos e poucos segundo depois pode sentir uma queimação, se espalhar do seu braço esquerdo até o resto do seu corpo, sua dor ia sumindo, substituída por uma fome inexplicável.
Ao abrir os olhos em choque, Damiano vê seu braço antes sangrando, pálido e sem um pedaço bem diferente. O pedaço perdido não havia crescido de novo, mas estava cicatrizado, assim como todos os outros ferimentos em seu corpo.
Damiano olha para Mustafá, logo à sua frente, que estava em um estado pensativo, mas é acordado pela pergunta de Damiano:
—Como você fez isso?
Mustafá olha para Damiano que estava em choque e responde com um pequeno sorriso:
—Com a minha alma, um truque barato, eu alimentei a sua alma com a minha, acelerando assim seu metabolismo, o curando mais rápido.
— Se você se surpreendeu com isso, é melhor se sentar estrangeiro. Isso não é nada perto da história que irei te contar — dizia Mustafá enquanto dava um passo para trás e cruzava os braços.
Damiano concorda com a cabeça e obedece, se sentando no chão, mas não antes de fazer uma pergunta:
—Você me chamou de estrangeiro, por que isso?
—Se é por aí que deseja começar, é por aí que irei. Você é um estrangeiro, pois vem de outro mundo, um karaiete na minha língua paterna, um invasor que pelas antigas leis deve ser morto, preso ou escravizado, mas como você já deve ter percebido, não é isso que eu quero de você — falou Mustafá enquanto olhava para o estado deplorável, mas confiante de Damiano, que havia recebido novas forças pela cura.
— Então, o que você quer de mim? — perguntou Damiano
Mustafá pareceu procurar pela resposta em sua mente e a resposta logo veio:
—Eu quero que me ajude Damiano, quero que me ajude a destruir quem faz essas leis, quero que me ajude a quebrar esse continente ao meio, que me ajude a destruir este sistema fudido e a criar um novo.
Damiano abre um sorriso em seu rosto e pergunta:
—E o que eu ganharia com isso? O que eu ganharia se, pelas suas próprias palavras, ‘quebrasse o continente ao meio’?
Mustafá, sem hesitar, olha para Damiano, ri, aponta um dedo para Damiano e diz:
—Tudo o que restar dele.
O dedo de Mustafá começa a brilhar em dourado e então, um relâmpago é disparado dele, passando ao lado de Damiano em velocidades absurdas, fazendo o cabelo de Damiano voar e destruindo a parede de rocha maciça da caverna, a atravessando.
—E o poder para isso.
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Obrigado Por Ler.
Karaiete é uma palavra que realmente existe em tupi guaraní e significa forasteiro/estrangeiro
Mustafá significa “O Escolhido” em árabe