O Velho Novo Mundo - Capítulo 1
O Velho Novo Mundo
Capítulo 1 – O Corajoso Solitário
Em uma floresta qualquer, uma caçada acontecia, uma alcateia de lobos vermelhos perseguiam uma espécie de javali do tamanho de uma moto. Após um tempo perseguindo e enfrentando o javali, os lobos conseguem o encurralar e, quando iam finalizar sua presa, o céu pareceu despencar sobre eles.
A pressão atmosférica da região muda tão rápido que faz com que os lobos não consigam se mover. Alguns têm seus membros partidos por não aguentarem o peso, eles uivam e esperneiam e então começa a chover e, ao olhar para o céu, eles percebem o que estava acontecendo.
No céu, nuvens gigantes cobriam todo o vale, os raios caíam por toda a região, ventos derrubavam árvores e, o pior, todos os animais e criaturas estavam imóveis, tanto pela pressão quanto pelo medo, como presas paralisadas de terror por conta do seu predador. Eles não podiam ver, mas sabiam que havia algo dentro daquelas nuvens…
Dentro das nuvens havia um ser. Sua aparência era humanóide, mas era totalmente feito de energia azul, como relâmpagos. Ele era alto e masculino, em sua cabeça havia sua única vestimenta, uma coroa de dentes de marfim.
O ser flutuava entre as nuvens e, mesmo sem face, era claro seu ódio ao olhar para o solo, mais precisamente para uma caverna específica.
“Mais um, eu não entendo. Por que ele continua os enviando? Nós não somos o bastante? Não importa, eles não irão durar muito. O bastardo deve encontrar eles logo.”
Ele se vira e parte para o norte, e junto a ele vai à tempestade. No solo, os lobos, como todos os outros seres do vale, fogem para todos os lados procurando abrigo.
Naquele lugar, apenas um ser estava calmo. Numa caverna, Damiano dormia sem preocupações. Ele estava deitado completamente nu dentro da caverna e permanecia tranquilo mesmo quando todos do vale estavam em pânico, mas ao ouvir o barulho do último trovão, acorda assustado.
E ao olhar ao redor ele entra em choque, não entendia onde estava, mas quando se lembrou de tudo Damiano acaba travando e despenca imediatamente. Sua mente acaba sobrecarregando seu corpo.
Seu peito se movia rapidamente e sua respiração estava descontrolada, seus olhos rodavam e saliva espumava de sua boca, ele continuou assim até que sua mente conseguiu finalmente entender o que aconteceu.
Ao se levantar, ele limpa sua boca e, com os olhos ainda cansados e com a cabeça tonta, parecia que algo havia mudado, seu cérebro parecia ter se adaptado àquela situação.
Damiano se recuperava do choque inicial e olhava para fora da caverna, ele via as gotas da chuva ainda presente enquanto divagava.
“Uma segunda chance, isso é inesperado, tudo tem sido tão imprevisível, mas.” Ele se aproxima da saída da caverna enquanto sorria. “Já estou dentro do buraco do coelho, eu quero ver até onde ele vai.”
Ele cruza para a saída da caverna e se depara com uma vista espetacular, a caverna onde estava se encontrava no sopé de um monte cercado por árvores, um riacho descia do monte e cercava a caverna.
As árvores eram tão grandes que suas sombras cobriam grande parte do solo e junto aos raios que chegavam ao solo fazia com que a visão fosse magnífica.
As folhas dessas árvores eram primariamente verdes, mas era possível encontrar qualquer tonalidade de folhas no bosque. Isso dava ao solo que estava cheio delas uma aparência bela e intrigante.
A chuva caía e era absorvida pelas folhas, mas os pingos que chegavam ao solo deixavam tudo com um cheiro agridoce que encantou o ex-mafioso.
Damiano dá um suspiro, maravilhado com aquela beleza natural. Ele se encanta primeiramente, mas volta rapidamente a si e decide ir à procura de recursos.
Damiano decide se esgueirar pela floresta, seguindo o riacho em busca de madeira, pedras e algum alimento.
Sua busca seguia tranquila, além de alguns pássaros comuns, não havia nenhum animal no bosque, isso fez com que Damiano conseguisse pegar tranquilamente as pedras, os galhos e as colocar em sua caverna.
Como não havia conseguido abater nenhum pássaro com as pedras ele decide voltar para a caverna, enquanto voltava seguindo o riacho, Damiano para na costa do pequeno rio para beber um pouco de água e analisar como estava a sua situação.
Ao ver seu reflexo na água foi fácil ver que estava em perfeitas condições, só uma coisa estava diferente, em seu peito onde estava o seu coração havia uma simples tatuagem prateada em formato de flor, uma margarida desabrochada.
Ele fez rapidamente a associação de que isso era por conta do tiro que havia levado em seu coração.
“É o que faz sentido, pelo menos a tatuagem faz o meu estilo, só não pensei que a minha primeira seria assim.” Com a fácil aceitação desse intrigante fato, Damiano quase o ignora.
A caminhada continua até a caverna e como não havia ido muito longe não demorou muito para chegar até lá, mas mesmo assim pela posição do sol, Damiano teria apenas mais algumas horas de luz. E sabendo disso, ao chegar na caverna logo começou os preparativos para o fogo.
Ele pega as pedras e começa a bater umas nas outras até fazer com que elas se quebrassem, depois usava a pedra quebrada e agora afiada para arrancar as fibras dos galhos e raízes que havia conseguido.
Depois disso, fazer fogo era simples, ele jogou as fibras em um pequeno buraco que havia feito em uma madeira maior e mais plana. Pegou um galho fino e começou a esfregar, causando assim pequenas brasas. Rapidamente, ele tenta jogar galhos pequenos em cima, mas a chama se apagava antes.
Após fazer isso várias e várias vezes, em sua oitava tentativa, Damiano conseguiu com que o fogo pegasse. “As minhas horas gastadas no Discovery Channel valeram a pena.”
Ele então cerca o fogo com pedras e o alimenta com gravetos.
Depois de acender o fogo, ele começa a trabalhar nas ferramentas. Damiano abre um buraco no mais grosso galho que tinha e então encaixa no buraco uma pedra afiada, depois de tapar os espaços sobrando com fibras, ele havia terminado seu martelo. Bem rústico e um tanto quebradiço, mas, funcional.
Depois de algum tempo, o sol cai e, tomando seu lugar, vem a lua. Com fome, Damiano pensa em comer algum inseto da caverna. Damiano já havia visto uma espécie de barata gigante por ali e decide usar o seu recém-feito martelo para conseguir comida. Mas, após um tempo, desiste dessa ideia.
— Nem morto eu vou comer isso, não cheguei a este ponto ainda — falava Damiano com nojo só de imaginar a situação.
Desistindo da ideia, ele se concentra em olhar para o fora da caverna com o martelo e algumas pedras. Era difícil para ele dormir, pois não se sentia cansado, sua mente estava em concentração total por conta da adrenalina.
Como não conseguia adormecer, Damiano aproveita a melhora que seus sentidos tinham com a adrenalina e fica de guarda, com medo de que algo o ataque à noite.
Damiano permanece assim, parado, olhando para fora, até que depois de um tempo ouve um uivo cansado e estridente vindo de longe. Rapidamente, ele se levanta e se posiciona atrás da fogueira enquanto segurava o martelo. Ele estava cansado e com sono, mas estava pronto para lutar, afinal, como um mafioso, Damiano já havia estado em situações tão ruins quanto essa.
Grunhidos ecoam pela escuridão e se aproximam cada vez mais da caverna, mas além de uma pequena área perto da entrada, Damiano não conseguia ver nada por conta da falta de luz, ele não podia ver, mas podia sentir que tinha algo logo após a caverna.
Sem ter muitas opções, ele mantém a posição, esperando o combate. “Vamos, apareça, eu sei que você está aí, eu vejo o vapor da sua respiração” pensou Damiano, ele esperou e, como se estivesse respondendo seu chamado. Sai dos arbustos próximos, um lobo.
Sua pelagem era alaranjada e vermelha, seus membros eram finos e grandes, a altura de sua cernelha devia estar em 80cm, seu tamanho era ressaltado pela sua magreza, estava faminto e possivelmente desesperado, o que o deixava ainda mais perigoso.
Seus olhos alaranjados se destacavam de sua cabeça coberta por pelos pretos, suas garras e dentes eram pretos, Damiano percebeu isso quando o lobo rosnou para ele enquanto se aproximava da caverna sem parecer ter medo do fogo.
Damiano assustado decide esperar o lobo vir até o seu território, ele pega seu martelo e se lamenta,
“É uma pena, demorei para fazê-lo, e ele vai quebrar tão rápido.” O lobo, avança com um olhar selvagem, frenético e o pior, sem medo “Vamos ver qual é mais duro, meu martelo ou sua cabeça.”
O predador inicia a perseguição em direção à sua presa enquanto rosnava, os passos do lobo não faziam barulho algum, isso deixava Damiano confuso, pois ele devia pesar pelo menos 40 quilos.
A sombra do lobo feita pela fogueira parecia aumentar seu tamanho enquanto ia em sua direção, isso estremecia Damiano, parecia que os seus medos mais primais estivessem emergindo.
O lobo finalmente entra na caverna, Damiano rapidamente arremessa uma pedra no animal que consegue se esquivar, a fera tenta avançar enquanto evitava a fogueira, Damiano aproveita que a fogueira estava entre eles e a circula tentando controlar por onde o lobo viria.
Os dois ficam nessa dança circulando a fogueira até que o animal é mais rápido e consegue chegar próximo a Damiano, uma pedra é lançada contra o lobo e atinge seu olho, mas ele continua e alcança Damiano, que usa o martelo para se defender e faz com que as presas de seu inimigo ficassem em sua arma, não em sua carne.
Aproveitando essa abertura, Damiano bateu na cabeça do animal com as pedras fazendo-o largar.
“Merda, fiz cagada.” O lobo apenas muda seu alvo e prende seus caninos no braço de Damiano fazendo jorrar sangue na mesma hora, Damiano impulsionado pela adrenalina e dor dá uma joelhada na mandíbula do animal.
Mesmo assim, a fera se recusa a soltar, usando o martelo Damiano bate na cabeça do lobo o mais rápido possível, o animal leva o golpe e solta o braço de Damiano, levando com ele uma parte do antebraço que havia abocanhado.
O lupino recua para o fim da caverna e Damiano enquanto range os dentes de dor observa seu braço agora sem um pedaço, ele encara o lobo que estava com o focinho vermelho de sangue humano, ele mastigava e engolia um pedaço de sua carne.
O homem encara a criatura enquanto pensava em uma forma de abater seu oponente.
“Se ele vier de novo e eu fizer merda eu morro, ele está zonzo, seus passos estão estranhos, a minha martelada fez efeito pelo menos.”
Damiano observa o lobo que lentamente vinha em sua direção, ele estava cauteloso desta vez, não via mais Damiano como uma presa, mas sim como um perigo em potencial.
“Vou deixar que venha? Não. Se eu atacar primeiro ele vai fraquejar e aí eu vou ter minha chance”
Damiano se prepara e corre em direção ao animal, a criatura surpreendida acompanha e rapidamente avança e salta em direção a Damiano que golpeia com seu martelo, a criatura em pleno ar tem sua mandíbula quebrada pelo golpe recebido e tomba ao chegar no solo.
Derrubado, Damiano Acerta um chute em seu tronco, o animal tenta mordê-lo, mas não consegue, Damiano agarra o lobo que tentava agora desesperadamente fugir, e ao custo de ter seu corpo todo arranhado Damiano Acerta uma martelada na cabeça do lobo que o mata perfurando sua cabeça
Exausto, cansado e com o martelo quebrado, o vencedor se senta no chão, sem uma parte do braço faltando e muitos arranhões. Damiano vence a batalha.
Seus prêmios são um corpo e mais um dia de vida. Ele olha o corpo do lobo e o xinga enquanto respirava rapidamente e arrumava seu cabelo castanho-claro, que havia perdido seu penteado durante o combate.
— Seu desgraçado, você quase me matou.
Ele olha para fora da caverna e vê o sol se erguendo orgulhosamente, trazendo com si, a luz que iluminava toda a região. Damiano se levanta e perante aquela visão bela e majestosa ele comemora sua vitória.
Com um grito, ele mostrava ao bosque que havia sobrevivido, enquanto demonstrava sua vitória, sua mente pensava em seu futuro…
“Vai ser difícil, eu sei, provavelmente morrerei, mas o medo de amanhã não vai me impedir de comemorar a vitória de hoje.”
Damiano podia até não saber, mas não só o bosque, mas todo o vale ouviu sua fervorosa comemoração.
Em outro lugar, ao norte da caverna de Damiano, havia uma bela cascata, sua água caía em pedras coloridas, formando assim um pequeno lago arco-íris que era cercado por árvores com folhagens azuladas.
Aproveitando a água pura e transparente. Pessoas se abasteciam no lago, elas eram uma jovem menina de olhos cor de me0l e um Homem robusto já de cabelos brancos.
— Charles, você ouviu isso? Parece o som de um animal — falava a menina com um olhar preocupado.
O mais velho olhava desconfiado para a direção em que o grito veio, terminava de beber sua água e dizia:
— Sim, vamos evitar aquela direção, pode ser perigoso.
A menina concordava e os dois seguiam seu caminho indo na direção contrária ao som.
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*Obrigado por lerem.