O Reflexo da Lâmina - Capítulo 1
Em meio a forte chuva, fumaça e fogo, a paisagem era quase que irreconhecível. As duas figuras principais agiam como os pontos de referência naquela paisagem e se encaravam, pisando sob a grama queimada e troncos carbonizados pelo forte fogo, que gerava uma labareda gigantesca em volta de uma das figuras.
O ar daquele lugar estivera tão rarefeito que quaisquer seres vivos que se aproximasse morreriam sufocados, e se por algum acaso sobrevivessem, morreriam por conta da temperatura escaldante; capaz de derreter os metais mais resistentes.
A figura flamejante possuía em mãos uma rapieira dourada e incandescente, tal como o fogo à sua volta. Trajando a armadura negra e tendo longos cachos ruivos, além de inúmeros cortes em seu rosto, também em seus olhos; uma faixa preta que pegava fogo sem se consumir.
A outra figura, que por sua vez vestia um longo manto com capuz, em coloração de roxo com detalhes listrados em dourado. Estatura maior que a figura flamejante, entretanto esguio e com dedos magros e azuis segurando uma lâmina negra, absurdamente grande demais para ser considerada uma espada, a mesma era longa como o andar inteiro de um navio; ilógica e impossível para ter sido feita por ou para mãos humanas.
Sua máscara era tal como como galhos negros e ressecados que se moviam constantemente, mudando a feição artificial de várias maneiras que a tornara uma mascára indecifrável. Uma aura fraca e quase tão imperceptível quanto as cinzas embaixo de suas botas de couro marrom.
Quase meio metro de cinzas se acumulara em alguns dos diversos cantos daquele campo infernal. O fogo que não se apaga nem mesmo com a chuva forte, e o som outrora emitido do que um dia foi uma floresta; agora soava tal como uma grande fogueira-acesa com muita lenha. Enquanto a ruiva estava severamente machucada com feridas profundas, mas que constantemente cicatrizavam com o fogo em sua volta, o mesmo fogo evapora todo o sangue esparramado para fora do corpo.
O outro monstro presente naquele cenário de destruição não parecia demonstrar nem sequer arranhões, seja tanto em seu manto quanto em seu corpo.
— Eu estou cansado de brincar! — Se espreguiçou esticando os braços para cima. — Vamos acabar logo com isso? — A máscara parecia sorrir em deboche.
A ruiva segurou o cabo da espada com mais força ainda, respirando fundo e inalando todo aquele fogo em volta para dentro de si. Soltando todo o fogo para fora em formato de cone pela boca, preenchendo quilômetros de extensão em segundos na direção de seu oponente, enquanto simultaneamente solta sua espada ao chão e segura com força no pingente cristalino esbranquiçado.
Algumas poucas palavras saíram de sua boca seca e desidratada, mal alcançaram centímetros em sua frente; sussurrou um último desejo antes de cair com joelhos ao chão.
Um repentino som de metal se quebrando e carne sendo fatiada se propagou pelo ar quente, a criatura tinha acertado não apenas no seu coração, como também separou a ruiva em duas partes na vertical.
A cor vermelha se derramou ao chão tal como um balde d’água. Todo aquele fogo se apagou conforme o ritmo da chuva aumentava, restando apenas o ar quente se dissipando. Aquele pingente brilhante ainda estava em suas mãos, e cada vez cintilava mais frequentemente e iluminava mais do que antes, vindo a ser uma devastadora fonte de iluminação poucos milésimos depois daquele massacre de única vítima.
A máscara do campeão vencedor reagiu contra aquela luz, o empurrando para trás instantes antes da catástrofe. Uma grande explosão em luz clareia todo o local junto do som insuportável de zumbido, que apaga até mesmo os sons e cheiros
Não restavam mais cheiros, dores ou arrependimentos, ou restava? Depois da luz, vem a escuridão tomar conta de tudo, mas mesmo dentre a escuridão ainda restava um pouco de luz.
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A areia reflete o sol tão fortemente quanto um espelho faria, as ondas marítimas se batendo e quebrando podiam facilmente se acomodar no ouvido de quem as escuta; uma gaivota sobrevoa a praia e logo sendo trespassada rapidamente por outras quatro quase iguais, essas por sua vez tinham uma coloração mais azulada e vibrante.
Jogada em meio a areia, completamente à toa, a garota ruiva estava suja com sangue seco espalhado pelo corpo, trajava trapos de baixa qualidade semelhantes a um saco de batata pintado pela cor carmesim, já era hora de acordar deste descanso prolongado.
Uma gigantesca cicatriz partia de seu ombro esquerdo até o início da coxa direita, era recente e mal teve tempo de ser cicatrizada. O seu cabelo era cacheado, ruivo e volumoso, chegando até alguns centímetros abaixo de seus ombros, completamente bagunçado como todo o resto dos elementos presentes naquela garota. Pele clara e levemente bronzeada pelo Sol. Um rosto jovial demais para ser uma adulta, porém velha demais para se enquadrar como criança; por volta de seus quinze anos de idade para cima. Por outro lado, os músculos dessa bela donzela poderiam dar inveja a qualquer marinheiro; contam por si só a provável rotina de treinos intensos. Os lábios ressecados se moveram, dando continuidade para a primeira reação.
— Merda, — Os olhos cor esmeralda se abrem com dificuldade — o que foi que me atingiu?
A garota se levanta prontamente, mesmo com dificuldades começa a analisar o seu entorno. Se impressiona ao ver uma extensa baía, cheia de detritos como pedras e troncos. Ao olhar em direção ao mar, não podia se ver muito além do gigante e misterioso azul oceano que rodeava tudo, o céu limpo e invejável conseguia trazer ânimo para o mais amargurado coração naquele momento. Ao virar-se de costa, um conjunto de dezenas de árvores tentavam ocultar uma grande planície pouco visível pelas frestas.
— Acho que eu fui parar um pouquinho longe demais de casa. — Dá um sorriso nervoso enquanto coça sua cabeça.
Com apenas um minuto de caminhada poderia se chegar a uma cabana de madeira, velha e com buracos que permitiam a entrada de alguma luz. Se alguém estivesse lá dentro espiando pelas frestas, poderia ver a garota sem ser visto em retorno.
Se sentindo tentada a chegar perto daquela cabana, ela tenta caminhar em sua direção. Cambaleia e tropeça em algo rígido e frio; uma espada que foi partida ao meio, a tornando totalmente inutilizável mesmo se fosse usada como adaga.
— Hã? Que tipo de idiota consegue deixar uma espada assim? — indagou, coletando a espada do chão — Tá fudida demais até para mim hahah.
— Tu que a trouxe… — disse alguém com uma voz firme, que vinha por de trás da ruiva.
— Quê?! — Se virou bruscamente, tropeçando e caindo ao chão — Que porra é você?
A figura em questão era pequena, um pouco menos da metade da altura da garota, trajava roupas chiques, uma bolsa lateral amarrada a um manto azul escuro, e um chapéu desproporcionalmente grande e pontudo. Aquilo era um gato em pé, pelagem preta e olhos amarelos penetrantes e julgadores.
A garota coçou seus próprios olhos, os abriu e então os coçou novamente, boquiaberta e de olhos arregalados por alguns segundos. Momento algum o gato fez qualquer movimentação além de encarar a estranha garota. A ruiva então passou as mãos pelas roupas para tirar o excesso de areia, levantando-se.
— Um gato… falante? — Suas expressões falavam mais do que sua boca.
— Lhonan, este é meu nome. — Apresentava um olhar de superioridade.
— Kha-Kha-Khalir!
— Kakakalir? Que nome esquisito, — Lhonan lança um olhar sério ao além, se indagando sobre.
— Não é assim! se pronuncia K h a l i r! — A garota solta a espada e levanta sete dedos em suas mãos — Calma, acho que errei a contagem…
Khalir começa a recontar cada letra de seu nome atenciosamente por inúmeros minutos até perceber o óbvio. Enquanto a jovem parecia estar tão entretida em ensinar-lhe a falar seu nome corretamente, o gato prestava apenas atenção nas escrituras rúnicas gravadas durante toda a lâmina daquela espada, observando atentamente em cada detalhe, cada risco e deformação na superfície do metal.
— Essa espada estava contigo, mas era de outra pessoa, não é?
— Para te falar a verdade, senhor gato, nem eu sei o que estou fazendo aqui — suspirou preocupada e empunhou a espada novamente com um olhar vago — acabei de acordar aqui e só quero voltar pra minha casa.
Quando a garota se manteve em silêncio, tentou lembrar o motivo de estar ali e, sem respostas, optou por dar um largo sorriso e levantar a espada quebrada aos céus, fechando seus olhos com dor logo após sem querer olhar diretamente para o Sol de maneira estúpida. O gato a observa, demonstrando atenção em cada mudança de comportamentos da garota.
— Ai Ai! Meus olhos! — Rapidamente tampa seus olhos com uma de suas mãos — AH, ENTROU AREIA!
— Hahah… Tu não me pareces preocupada. — No rosto de Lhonan, se abriu um sorriso despreocupado, logo sendo tomado por uma expressão séria — Mas preciso te contar algo. É melhor se afastar disso aí, essa espada está amaldiçoada.
Khalir de imediato solta a espada no ar, com pavor em seus olhos e sobrancelhas franzidas; Lhonan pega a segunda parte da espada e com reflexos rápidos, também pega a parte jogada por Khalir, juntando-as. Seus olhos são de imediato a primeira coisa a reagir, e como em um choque de repulsão eletromagnética, o gato se arrepia e se joga para trás junto com a espada. E após perceber que a espada ainda estava com ele, girou o eixo de seu corpo, jogando a espada para baixo e pulando em susto.
— Wooow…. Bravo — elogiou enquanto batia palmas para a estranha dança do gato.
— PARA QUEM ESTÁS A BATER PALMAS!? IDIOTA!
— Ah, perdão senhor gato. — Manteve uma expressão séria em seu rosto, até começar a gargalhar e perder completamente sua postura.
— Enfim, vamos conversar lá dentro da cabana, tenho algumas perguntas a fazer e algumas coisas para te dizer.
Concordando com a cabeça, a garota seguiu o gato até a cabana que tinha visto mais cedo. Agora nem o som das ondas e nem a luz do sol eram insuportáveis, e mesmo durante a curta caminhada Khalir se distraiu diversas vezes com pássaros e borboletas que dançavam naquele lugar, mas mesmo com um sorriso em seu rosto; a preocupação era constante.
Chegando perto da cabana, a porta era apenas um pano que bloqueava a visão, construída com madeira velha mas bem conservada mesmo ao longo do tempo, pequenas falhas e frestas na madeira permitiam visualizar seu interior se chegasse perto para espiar. Seu interior era apertado, mas não pela falta de tamanho, mas pelo excesso de coisas ali dentro como, caldeirões, livros jogados, jogos de tabuleiro, e até mesmo pelúcias e um travesseiro rasgado. O cheiro não era desagradável, mas totalmente diferente da natureza lá fora, o cheiro dentro era semelhante a folhas trituradas, cogumelos, pedaços de animais, velas e perfumes que vinham de dentro dos caldeirões e ficava preso nas paredes.
— Pode se sentar aí. — Apontou para um pequeno banquinho, se sentando em outro do lado oposto, separados por uma mesa com um mapa.
— Eu não estou acostumado a receber visita, como já deve imaginar se não for tão idiota assim. Mas até que não é tão ruim ter alguém novo por aqui de vez em quando.
— Primeiramente, eu devo falar sobre essa espada contigo, pelo vasto conhecimento mágico que eu tenho, e pelo pouco conhecimento rúnico; consigo te dizer que aquela espada vai te matar.
— Me-me-ME MATAR!?
— Sim, mas não precisa ter essa reação exagerada, não é tão fácil assim de acontecer.
— Ufa, é que eu pensei que a maldição iria me transformar em um sapo ou algo assim, na verdade eu fiquei até mais aliviada.
— Transformar em sapo é? — Olha para a garota, se entretendo. — Tu até me lembras alguém…
— Você também me lembra um conto infantil que eu li quando criança, acho que era “A fuga dos gatos”.
— Nunca ouvi falar desse, mas enfim — Lhonan serve duas xícaras de chá. — essa maldição consome a alma do usuário de pouco em pouco conforme o uso, o que me leva a crer que tu não eras a antiga usuária dessa arma.
— Primeiro consome o espírito, depois a pele, a carne, o sangue e os ossos, apenas para se recuperar ao continuar drenando o usuário — disse, pensativo e enquanto tomava mais um gole de chá — pelo que eu li ela também tem uma runa contractual, permitindo um uso prolongado dela e seus benefícios, mas como todas as outras que eu vi, deve ser apenas alguma armadilha feita por um demônio.
— Você descobriu tudo isso apenas vendo aqueles símbolos?
— Sim, e por isso digo que tu não és a usuária dessa espada. E talvez considerando que ela viajasse contigo, ela não foi usada em momento algum, afinal esse tipo de maldição armadilha sempre é traiçoeiro.
Jogando seus olhares ao mapa, Khalir observa um título destacado com sangue, “Exon” é a palavra chave que estava acima de um mapa completamente manchado em café e com cheiro de papel velho; enquanto Lhonan lança um olhar diretamente às ações da jovem, esperando sua próxima pergunta ou movimentação. A garota então desliza seus dedos suavemente sob a superfície do mapa, a textura era grossa como um tecido e macia como grama.
— Exon é um reino? — verbalizou Khalir com desânimo e mais seriedade desta vez.
— Está equivocada, Exon é o nome da ilha que estamos.
— Ah sim… Exon… já ouvi falar — afirma incerta — meu tio me contou sobre, heheh.
— Tu mentes tão bem quanto tua capacidade de lembrar das coisas — suspira e se levanta, estendendo sua pata até o mapa — Aqui no centro fica a Capital Élfica, que por sinal tem mais humanos do que elfos.
— Mas não se espante, não deixe o tamanho dessa ilha no mapa te enganar, em três dias de viagem se cruza de norte a sul. — Tenta beber um gole de chá na xícara vazia. — Que droga.
O gato anda em direção a um cajado de madeira, esse com o dobro de seu tamanho, com âmbar brilhante presa a ponta que também era bem preservado pelo tempo. Khalir faz uma expressão confusa que se transforma em surpresa.
— Você é um mago? — Demonstra alegria em seu rosto.
— Não, mas para suas definições humanas estúpidas, pode se dizer que sim.
— Você que é estupido! — A garota fica emburrada.
Uma forte dor de cabeça a atingiu repentinamente, como um golpe de espada, pegando-a de surpresa. Assustada e sem alternativa, a garota repentinamente se levanta e sai da cabana, agora os pássaros soavam como flechas cortando o ar; o gato apenas a observa sair da cabana, despreocupado.
— Você quer voltar, não quer? — sussurra o além no ouvido da garota.
— Hm? — Desfere sua atenção para diversos lugares, tentando encontrar a origem daquela voz.
A espada na areia cintilava como uma estrela no céu, e ao ver a luz; a garota correu e tropeçou por todo o caminho, seus passos apressados na areia soavam como uma marcha incessante de um soldado pela busca de respostas.
As duas partes da espada tremiam como se estivessem em uma valsa saudosa por conta da distância, e como se acatasse a ordem de um capitão; prontamente a garota as encaixou. Algo destoava do restante da espada; eram trevas que formavam as palavras “Me alimente” nas rachaduras, Khalir expressou pavor em suas expressões faciais juntamente de sua respiração ofegante.
— Eles ainda te esperam, não os deixe nas mãos do destino! Você sabe o que tem que ser feito — vociferou a voz do além no ombro da garota, contradizendo toda a lógica. — está na hora.
— Será que ela está bem?— pensou Lhonan enquanto se dirigia ao lado de fora da cabana.
— Sacrifique, salve, mate, viva, sacrifique, salve, mate, viva! — Completamente alucinada, a garota passa a palma bruscamente na espada.
O sangue escorre pelo metal da espada, preenchendo cada rachadura e sujando a areia de vermelho. Conforme a lâmina se juntava, seu reflexo perdido voltava junto ao brilho e as partes quebradas, que pareciam se deformar para restaurar a espada; o que antes parecia uma espada comum que foi descartada, ganhava mais brilho e forma, uma lâmina mais afiada e um cabo branco como neve.
— O que merda… O QUE MERDA TU ESTÁS A FAZER?! — Lhonan começou a correr na direção da garota, com o seu cajado em patas.
Tudo foi sucedido pelo eclipse total da luz a sua volta, nem a areia nos pés ou os trapos de roupa existiam mais, nada mais daquilo existia, pássaros se calaram juntamente a mudança de cenário; nada mais existia naquele cenário além de Khalir.
— Hah… fui descuidada novamente. — Se espreguiçou. — A morte é bem fria.
— HAHAHAH, ESSA É SUA PREOCUPAÇÃO!? — vociferou uma voz agitada ao lado direito, mas não houve reação alguma por parte da garota — Assim não vai ter graça querida, uma mortal como você ousou me despertar e não vai querer encarar as consequências?
Do lado de fora de toda aquela cena, existia uma grande esfera negra que flutuava a meio metro em cima da areia, soltando um forte cheiro de enxofre Lhonan apenas fechou os olhos e esperou pelo melhor.
— Como ela soube fazer o ritual de invocação? Aquilo era uma língua antiga…
— Eu nem sei com o que eu estava na cabeça, sinceramente. — Fecha os olhos. — E quem é você?
— Me invocou sem ao menos saber quem eu sou? Devo admitir que você tem coragem! — A voz vinda do além continuava perdida na escuridão — Você fechou um contrato com algo desconhecido, astúcia ou estupidez? Acho que a primeira opção.
— ESPERA, CONTRATO!? — A ruiva demonstrou surpresa em sua face e abriu os olhos.
— E só pra você saber, eu sou Yither, o décimo primeiro espiríto da espada. Vejamos quanto tempo você aguenta! hahah, até mais.
—ESPERA AÍ SEU MERDINH- — A esfera negra se desfez, jogando a espada e a garota ao chão.
— POR QUÊ VOCÊ NÃO ME ESCUTA!?
A garota olha para Lhonan com um sorriso no rosto, se levantando com dificuldade e com a mão machucada, a mesma mão que empunha a espada.
—O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?
— Eu nivelei o jogo. — Khalir dá um sorriso despreocupado, jogando o reflexo do sol que batia na lâmina diretamente nos olhos do gato — Acho que vendi minha alma, mas ganhei essa espada maneira!
Lhonan então lança um sério olhar em direção a Khalir, mas não foi direcionado a garota, e sim o que estava atrás dela, uma grande sombra.
— Lhonan, você está bem? — Preocupada, seu sorriso é desfeito.
— Merda.