O Pico de Lótus das 7 Eras - Capitulo 3
Em uma floresta cheia de árvores, existia um lago. Este lago era imenso, com sua circunferência medindo mais de 10 quilômetros. Este lago era um pouco especial por conta de sua forma de cabaça, e no centro de cada uma das partes circulares, existia uma ilha. O sol iluminava este lago, refletindo a rica luz na superfície espelhada que a água proporcionava, dando para qualquer um que olhasse esse lago, uma sensação pacífica e confortável. Cada uma dessas pequenas ilhas tinha algumas árvores e plantas, medindo cerca de 1 quilômetro cada uma delas. Sua areia era laranja, parecendo como se o sol estivesse colorindo-a pouco a pouco, e no reflexo da água, conseguia-se ver vários peixes em formatos estranhos, com dentes pontiagudos e barbatanas afiadas. Além disso, surpreendentemente, existia uma grande variedade de plantas nessas ilhas, e isso colaborava para pensarem que a muito tempo, ninguém as tinha visitado para coletar as ervas.
Bem no centro da ilha, existia uma figura em formato humanoide deitado em uma poça de água, desacordado. Essa figura era extremamente bela, tanto que parecia como se fosse uma fada. Seus olhos fechados davam a impressão de ser ostras, segurando duas pérolas inimaginavelmente preciosas, suas sobrancelhas eram perfeitas, sem nenhuma falha e completamente negras. Seus cabelos eram longos, e cada fio de cabelo parecia da mais alta qualidade de seda, levando a qualquer um que visse essa pessoa, a ficar encantado com seus cabelos negros. Seu corpo era extremamente delicado, mesmo que sua altura fosse em média 1,76 seus membros pareciam extremamente frágeis. Sua pele parecia espuma, extremamente macia e hidratada, além de ser um branco quartzo, que dava a impressão de que se ficasse meio segundo no sol, queimará completamente.
A pessoa deitada na poça continuou assim por alguns minutos, parecia como se não conseguisse acordar, por conta de um pesadelo. Quando se passou 1 hora, e o sol estava em seu ápice, essa pessoa finalmente acordou. No momento em que seus olhos abriram, até mesmo os deuses se sentiriam mesmerizados com tamanha beleza de seus olhos. Eles eram além de negros como o céu da noite, brilhantes como o mais puro diamante, dando um lindo contraste de um anoitecer com estrelas no céu. Um cervo negro e com chifres pontiagudos avistou essa pessoa, e começou a correr em direção a ele, na intenção de atacá-lo enquanto ele ainda não tinha se recuperado.
A pessoa logo viu o cervo, se assustando no primeiro instante, mas parecia que esta pessoa já estava acostumada a isso, se acalmando instantes depois. O cervo continuou a sua investida na direção do jovem, deixando poeira e marcas de patas na terra. Já o humano ele desviou da investida do cervo pelo lado, mas acabou se cortando devido aos longos chifres do animal.
— Cervo dos chifres de ferro? — exclamou a pessoa numa voz extremamente doce e aveludada — Esses cervos já tinham sido extintos a 7 mil anos, desde o estabelecimento do império Tiandou. É impossível que eles apareçam aqui de novo, então eu devo ter reencarnado em outra nação deste mundo — enquanto falava alto consigo mesmo, o jovem começou a realizar alguns sinais com as mãos, fazendo com que algumas plantas se mexessem ao seu redor. – Como eu esperava conseguir controlar as plantas sendo um mortal? Eu nem mesmo estou no primeiro nível de reunião de Qi. Terei que arrumar um jeito de matar este cervo mesmo assim, pois nos registros que eu li, eles são extremamente agressivos. – O lindo jovem começou a correr, enquanto o cervo se preparava para outra estocada com seus chifres, e usando o tempo da preparação do cervo, ele agarrou um galho espesso no chão e apontou para baixo.
— Huf Huf, eu mal corri e já me sinto exausto, este corpo é realmente frágil. — Assim que ele agarrou o galho, começou a ficar ofegante. Parecia como se o corpo desse jovem não fosse alguém que se metia em brigas, e sim como se fosse alguém sem nenhum preparo físico.
O cervo começou a galopar novamente na direção do jovem, desta vez ainda mais rápido que a primeira. O garoto por pouco conseguiu se esquivar do ataque do cervo, mas ainda conseguiu contra-atacar, estocando o galho pontiagudo em sua carne, utilizando da velocidade do cervo.
— Droga, eu errei os olhos. Por seus olhos ficarem localizados em sua testa, seus olhos são acesso diretamente ao cérebro, se eu o acertar ali, ele morrerá instantaneamente. – A situação do jovem a cada passo parecia ainda mais crítica, como se fosse desabar de exaustão a qualquer momento. O cervo acabou vacilando enquanto voltava para atacar o jovem, dando-lhe dando tempo para se preparar.
— Terei que acabar com essa luta no próximo ataque, se não acabarei ficando sem energia para desviar novamente. Se eu quiser sobreviver, tenho que correr os riscos. — disse o garoto enquanto firmava seus pés e mãos na terra.
Ele parecia preparado para morrer junto com o cervo, e não tinha intenção de desviar, pegando uma pedra que o cervo havia jogado em sua direção na corrida, e segurando-a na frente de seu rosto. A pedra era relativamente pontiaguda, já que com o impacto, havia sido quebrada, fazendo com que fosse uma ótima arma natural. O cervo depois de alguns segundos parado, relinchou e continuou em fúria na direção do humano que havia o machucado, com seus chifres apontador para a cabeça dele. Já seu oponente, só firmou seus pés ainda mais no chão
*Clang*
um ruído de metais se chocando podia ser ouvido, e no campo de batalha, duas figuras eram vistas. Uma era a de um grande cervo, que sobrepunha quase que completamente a outra figura, e essa figura que era sobreposta, era a única que estava em pé. Seus dois braços estavam tremendo segurando uma pedra, que estava fincada dentro dos olhos esquerdo do animal. As patas do cervo começaram a vacilar, enquanto lentamente caia no chão, já sem vida, e o humano estava com o corpo com várias marcas de sangue dos cortes feitos pelos chifres da besta. Em seus braços, era possível ver alguns hematomas roxos, junto com alguns buracos na carne. Já as suas mãos, que entraram em contato com a pedra para finalizar o cervo, estavam severamente machucadas, mas parecia que o jovem estava feliz com o resultado.
— Hahahahahahaha — riu o jovem enquanto retirava a pedra do olho esquerdo do cervo. — Mesmo depois de reencarnar, eu, Mo Yanguang, ainda não perdi o espírito. Um cervo no primeiro nível de Inclusão de Qi foi morto por mim, com apenas alguns galhos e pedras. — O jovem se chamava Mo Yanguang, e era um mortal que tinha conseguido matar uma besta cultivadora. Isso era uma conquista incrível para alguém que não tinha nem um fio de Qi em seu corpo, já que quando cultivado para a primeira fase, o corpo passa por uma transformação como o céu e a terra, se tornando várias vezes mais resistente que anteriormente. Se não fosse a velocidade do servo indo em direção a Yanguang, ele nunca teria conseguido nem sequer feri-lo, quem dirá matar o anima.
— Eu tenho que saber onde eu estou. Minha mente está uma bagunça, e eu tenho impressão de que eu passei por uma mudança nesta reencarnação. Minha memória está enevoada, e eu só consigo me lembrar de ver uma montanha antes de acordar — disse ele enquanto jogava fora a estaca de pedra, se sentando no chão — Eu tenho que aproveitar a energia do corpo do cervo para cultivar enquanto ela ainda está fresca, se não perderei a minha oportunidade. — Logo, ele assumiu uma posição de pernas cruzadas, e começou a absorver a energia em seu corpo. O Qi era presente em todo o universo, sendo a principal forma de cultivo de todas as criaturas, com o Qi, um mortal poderia se tornar um rei, um imperador, ou até mesmo um deus imortal. Claro que um deus imortal fazia parte somente de lendas, e nunca foram vistos para se provarem reais, mas claramente existia uma distinção de níveis de cultivadores. Entre eles, existiam mortais que não cultivavam, cultivadores da Inclusão de Qi, do Estabelecimento de Qi, do Estabelecimento dos Pilares Dharma e os Mares de almas. Todas essas categorias eram divididas em escalas, do 1° ao 8°, sendo o 1° o mais fraco e o 8° o mais forte. Todos os cultivadores buscavam a força, e ela não poderia ser apressada, tinha que ser cultivada de pouco a pouco. Os cultivadores que tomavam caminhos forçados, abrindo artificialmente suas veias espirituais, ou matando mortais para cultivar suas técnicas, eram severamente punidas pelos céus. A punição dos céus era um desafio extremamente grande, e quanto maior seu pecado, mais difícil seria para sair vivo da calamidade. Todos passavam por desafios quando subiam os níveis, mas quanto mais você andasse no caminho dos céus, mais seria a sua facilidade na provação.
Quando completou 5 horas da batalha de vida e morte, o corpo de Yanguang começou a enegrecer, saindo de seus poros uma pasta negra, que tinha um cheiro extremamente desagradável. Ele abriu lentamente seus olhos, e com uma expressão de ânimo, ele disse para si mesmo
— Eu não acredito que com 5 horas de meditação, eu consegui passar para a primeira camada de Inclusão de Qi, meu mestre certamente — quando pensou em seu mestre, ele se deu conta da situação que estava — Eu não tenho tempo para ficar feliz por ter conseguido uma conquista tão pequena. Eu tenho que me esforçar e cultivar ao máximo para conseguir a vingança do meu clã, eu tenho que obter vingança a fim de acalmar as almas de meu pai e mestre no inferno. Eu reencarnei, mas continuo sendo um bom pra nada que só sabe fazer pílulas, no entanto, eu preciso me cultivar no caminho marcial se eu quiser me tornar poderoso o suficiente para me vingar. No momento eu tenho que enterrar os sentimentos de vingança dentro do meu coração, para não me esquecer nunca deste sentimento. Foi me dada uma nova chance, e desta vez eu seguirei as palavras de meu mestre, e me manterei seguro até a hora de realizar a vingança. — disse Yanguang, enquanto se levantava e ia em direção ao cadáver do cervo, que tinha dado origem a uma pequena flor vermelha e preta.