O Monarca do Céu - Capítulo 35
Ante Magia.
O som das rodas da carruagem contra à terra batida, somado ao trote dos cavalos, não foram o suficiente para acordar Colin que, ao invés de um simples cochilo, acabou por adormecer profundamente.
Kurth havia zerado seu estoque de histórias aventureiras, sobrando somente aquelas tristes que o deixava com vontade de casa.
Os gêmeos estavam com os olhos brilhando, imaginando como tudo aquilo havia acontecido com Kurth e ele ainda continuava vivo. Ele foi a primeira pessoa que não era abastada que os gêmeos sentiram admiração.
De braços cruzados no canto, Wiben ouvia todas aquelas histórias em silêncio. Ele era um nobre e conhecia como os nobres agiam. No mínimo, ficou desconfiado dos gêmeos.
Não era somente seus trejeitos que os denunciavam, era praticamente tudo, exceto suas roupas.
A garota tinha o cabelo bem preto, o que já era bem estranho. Camponesas normalmente tinham o cabelo levemente ressecado, mas o cabelo dela era perfeito. O garoto, mesmo que suas roupas dissessem uma coisa, suas mãos lisas diziam outra. Aquelas eram as mãos de alguém que nunca havia sequer pegado em uma enxada na vida, e os cabelos do garoto, dividido ao meio, era tão escuro quanto o cabelo da irmã.
Acariciando o queixo, Wiben resolveu apenas continuar observando. Se eles fossem impostores, logo ele saberia.
O sol, lustroso sobre suas cabeças, já denunciava o horário. Após cavalgarem por meio-dia, as carruagens pararam. Saindo rapidamente da carruagem, os gêmeos começaram a correr, olhando em volta.
Não viam nada mais que árvores e mato de ambos os lados da estrada, mas acharam aquilo incrível.
O cocheiro desceu da carruagem e começou a acariciar o cavalo. Outro homem, um pouco mais velho, se aproximou com um balde d’água, colocando perto dos cavalos para que eles pudessem beber à vontade.
— Por que paramos? — perguntou Liena com seu tom autoritário.
O velho achou estranho, mas deu de ombros.
— Os cavalos precisam descansar, senhorita. Continuaremos a viagem em breve.
— Acho bom! — Ela se virou, indo em direção ao irmão que encarava formigas subirem o tronco de uma árvore.
— O que tem de interessante aí? — Ela perguntou. — São só formigas. A gente já viu formigas um milhão de vezes nos jardins do palácio.
— Shhh! — Loaus apoiou o dedo indicador frente aos lábios.
Olhando para os dois lados, ele pegou na mão da irmã e se afastou um pouco das pessoas.
— Não diga essas coisas em voz alta! Quer que saibam que somos os filhos do imperador de Ultan? Trate as pessoas com mais respeito e seja menos… seja menos você.
— Ser menos eu? — perguntou Liena erguendo uma das sobrancelhas. — Meu jeito não te agrada, é isso?
— Pelos Deuses, Liena, chega dos seus dramas sem sentido e se comporte como uma mulher camponesa comum.
— Humpf! Voltarei para a carruagem, já que meu irmão parece não me querer por perto. Pelo menos Kurth parece ser uma companhia mais interessante, mesmo sendo um plebeu que não tem onde cair morto.
— Isso, vá falar com o sulista e não me enche.
— Vou mesmo!
Liena deu as costas e saiu furiosa, retornando para dentro da carruagem. Loaus pôde se concentrar nas formigas que subiam o tronco carregando folhas e outros insetos mortos.
Diferente de sua irmã, que enxergava a sociedade e seus súditos como uma grande colônia de formigas onde os operários serviam para obedecer a todas as vontades da rainha, Loaus tinha uma visão bastante díspar.
Seu pai usava de sua força para controlar a vontade das pessoas, e seu irmão mais velho tinha esta mesma visão.
Loaus considerava aquilo bastante preocupante, pois, a vontade das pessoas era a verdadeira força motriz do império mais poderoso do continente, uma força que poderia ser quebrada facilmente se houvesse uma guerra civil de súditos insatisfeitos.
O império gozava de conselheiros e estatistas de renome, mas o imperador era praticamente um déspota. Sua vontade era absoluta e suas ordens eram leis.
Mesmo sendo privado de muitas coisas em sua vida, Loaus sabia que seu pai era bastante temido por um único motivo. Afinal, só homens tolos ou cegos por seu ego não temeriam um camponês que se tornou imperador.
Mesmo com tudo isso, pelos corredores haviam partidários, nobres e até mesmo guardas que sussurravam pelas paredes de pedra que o imperador e seu império eram fajutos, uma mera ilusão.
O imperador tinha ciência disso, e ele usava isso a seu favor. Seu jogo, era manter seus amigos mais fiéis à distância de um abraço, e seus inimigos a distância de uma lança.
Loaus, diferentemente de outros indivíduos, não buscava ser temido por sua inteligência ou crueldade; ele ansiava por algo maior.
Com a passagem inexorável do tempo, os reis abandonariam suas coroas e os heróis, suas armas. No entanto, os grandes espíritos, cuja glória residia dentro deles e não em objetos externos, levariam consigo sua grandiosidade, que perduraria por eras. Essa era a ambição de Loaus, almejando algo imortal, além das efemeridades do mundo terreno.
O cocheiro havia retornado para o assento, e Loaus se apressou para ir para dentro da caravana. Ele se sentou ao lado da irmã, que continuava com raiva, mas ele ignorou.
Não era o momento de dar atenção aos mimos da irmã.
Após o agudo estalo no lombo do cavalo, a carruagem se moveu, indo para mais afundo na floresta densa.
[…]
Os cavalos haviam seguido sem parar por mais algumas horas, até que, enfim, chegou ao anoitecer.
Eles haviam aberto caminho com foices e machados para dentro da floresta, erguendo um acampamento improvisado.
Acampar próximo à estrada em tempos de guerra era praticamente suicídio.
Havia uma grande fogueira mais a frente, com pessoas sentadas em volta dela contando histórias ou apenas quietas se aquecendo. Colin estava acordado, e como de costume, ele estava mais afastado do pessoal.
Acampar para ele trazia uma sensação nostálgica, e ele se lembrava da noite que matou o cocheiro e que Safira acabou matando um nobre. Foi lá que sua jornada se iniciou de verdade.
Sentado debaixo de uma árvore, ele comia um coelho assado enquanto observava a multidão um pouco ao longe. Ele havia dormido bastante, então resolveu ficar de vigia.
Carregando um copo d’água, o velho de antes se aproximou de Colin com um sorriso e lhe ofereceu o copo.
— Por que não está com o pessoal? — perguntou ele. — Está um pouco frio aqui, não acha?
Colin terminou de mastigar o coelho e sem que o velho percebesse, ele usou a análise, observando se o copo havia sido envenenado com alguma magia maléfica. Vendo estar tudo limpo, ele tomou a água com bastante vontade.
— Estou bem aqui, velho. Não precisa se preocupar.
O velho encarou o rosto sério de Colin e coçou a nuca.
— Me desculpe… é que você tem uma postura um pouco diferente do resto dos garotos, até parece que está acostumado com isso.
Colin deu de ombros.
— Passei por muita coisa, acampar no meio do mato seria a última coisa que me assustaria.
— Isso me conforta um pouco… Os homens do imperador não podem nos escoltar, então eles oferecem alunos inexperientes. Não estou reclamando, é que não passa muito bem a devida segurança, me intende? Ter alguém como você acalma os ânimos do pessoal.
— Alguém como eu?
— Sim, alguém acostumado a brandir uma espada.
O velho retirou o chapéu e sentou-se ao lado de Colin. Ele acariciou as rugas de sua testa e deu um suspiro.
— Quase já fui um guerreiro quando tinha sua idade. Brigar em bares ou em qualquer outro lugar atraía as moças. Foi assim que conheci, minha querida Mary.
Colin não estava nem um pouco interessado em ouvir a história de vida do velho, mas ele não tinha nada melhor para fazer durante o resto da noite. Então, resolveu dar uma chance para o velho e ouviu histórias sobre ele até que a maioria das pessoas adormecesse. O velho se retirou, bastante grato pela conversa, apesar de Coli não ter dito mais que dez frases.
Os gêmeos foram dormir nas caravanas, encantados com as histórias que ouviram sentados em volta da fogueira, ainda mais ansiosos pelo dia seguinte.
Kurth e Alunys dormiam no chão, usando suas mochilas como travesseiros. Porém, alguém além de Colin continuava acordado.
Wiben era o único sentado na fogueira que se resumia a uma tímida brasa, esculpindo um cavalo com sua adaga. Além do som de grilos e corujas, ouvia-se o som quase sorrateiro da lâmina de Wiben talhando a madeira.
Ambos olhavam para o outro, vez ou outra, mas nenhum deles dirigiu a palavra.
[…]
A noite avançava, estendendo suas horas silenciosas, e Colin, envolto na sonolência, foi despertado por um estalo distante, seguido do ruído característico de um graveto quebrando sob um pisoteio. Seus sentidos aguçados, mesmo em meio ao torpor, captaram o alerta de Wiben, que estava vigilante ao seu redor.
Sem hesitar, Wiben girou ágil em seus movimentos, empunhando a adaga em sua mão com destreza, e, com precisão milimétrica, lançou-a em direção à origem do som, na tentativa de neutralizar qualquer ameaça oculta nas sombras.
Woosh! Ting!
As faíscas cintilaram no ar quando a adaga encontrou uma resistência surpreendente, refletindo sua luz incandescente na escuridão da noite.
Naquele momento revelador, a cena se desdobrou diante dos olhos de Colin, revelando um grupo de homens sinistros emergindo das sombras, cada um empunhando armas mortais como machados, espadas, cimitarras.
No centro do bando estava um homem imponente, ostentando um sorriso insolente e segurando um Montante, uma espada de duas mãos, em seu ombro.
Vestidos como salteadores nômades, eles exibiam uma aparência desafiadora. Suas vestes incluíam botas robustas e armaduras de couro, adornadas com brincos de argola de ouro e braceletes ricamente ornamentados.
A grande maioria ostentava tatuagens intrincadas e barbas volumosas, acentuando sua aura intimidadora.
O líder do grupo, caminhando com confiança, mantinha o montante despreocupadamente apoiado em seu ombro, enquanto seus seguidores o acompanhavam na saída das sombras.
Um total de vinte homens formavam aquela ameaçadora presença que se destacava na noite.
— Bom reflexo, garoto! — O líder exibiu seu sorriso dourado. — Mas não é o suficiente para me atingir. Vocês deixaram um rastro e tanto lá atrás. — Ele apontou com o queixo para o acampamento. — Rapazes, peguem os suprimentos, o ouro e as mulheres. O que sobrar vocês podem matar.
Colin, utilizando a análise, percebeu que aqueles homens não possuíam qualquer traço de magia em si, mas sim em suas armas. Isso explicava como o líder foi capaz de repelir a adaga de Wiben com a pesada espada que carregava no ombro.
Apesar de serem humanos, demonstraram uma agilidade impressionante ao desviar de tal ataque.
À medida que os alunos despertavam, eles se deparavam com o grupo de homens ameaçadores, cada um empunhando suas lâminas com firmeza. O líder dos salteadores retirou a espada do ombro e a fincou no chão.
Clang!
Uma barreira mágica se ergueu ao redor do acampamento, aprisionando todos os presentes e cortando qualquer possibilidade de fuga. Em meio à tensão, um dos bandidos se aproximou com um sorriso macabro em direção a um dos estudantes.
O jovem, assustado, ergueu as mãos em um gesto defensivo e tentou conjurar alguma magia, mas para sua surpresa e horror, não foi capaz de fazê-lo. Era como se lhe faltasse completamente a essência mágica conhecida como mana.
O bandido, com uma expressão cruel e olhos sinistros, aproximou-se ainda mais do estudante indefeso. Em um movimento rápido e brutal, degolou o garoto, ceifando-lhe a vida sem hesitação.
O ato violento chocou a todos, espalhando um clima de pavor e desespero pelo acampamento.
Vush!
Observar a cabeça daquele garoto rolar pela relva foi uma visão bastante aterrorizante para um bando de novatos acostumados a treinos leves.
A confusão e gritaria acordaram todo o acampamento e, em instantes, se iniciou a matança.
Colin nunca havia ouvido falar em algo que conseguisse bloquear magia, então ele prestou mais atenção, e a arma do líder tinha uma pedra em seu punhal, uma pedra que se destacava do resto da espada.
“Aquela deve ser a fonte!”
Sem a magia, a maioria dos estudantes se tornava presa fácil. Colin havia lido recentemente que a árvore da Pujança lhe dava atributos físicos passivos, ou seja, não dependiam da magia para funcionar, então, ele decidiu testar tal teoria enfrentando o líder de frente.
Na caravana, Liena acordava lentamente enquanto ouvia gritos, se perguntando o que estava acontecendo.
Ela olhou pela janela e viu uma cena de terror. Bandidos matavam as pessoas, arrastavam sacos de comida e arrastavam também as garotas para o escuro.
Ela não era estúpida, sabia muito bem o que aconteceria com ela se fosse pega.
— Loaus! — disse ela sacudindo o irmão. — Acorda! Estamos sendo atacados!
Ainda letárgico, Loaus se levantou, tentando entender tudo que estava acontecendo.
Ele se abaixou e arrastou sua irmã junto. Erguendo a mão, ele trancou a porta da carruagem e os dois ficaram abaixados, enquanto ouviam carne sendo rasgada e os gritos de desespero.
Colin observava tudo aquilo de mãos atadas. Ele logo se lembrou de Alunys e Kurth, que eram habilidosos em suas árvores, mas sem magia eles se tornavam um peso morto.
— Wiben! — berrou Colin. — Tem outra adaga sobrando?
Ele tinha, mas não queria entregar para Colin.
— E se eu tiver?
— Me entregue, eu posso lutar contra eles!
Enquanto o homem avançava em direção a Wiben com uma estocada feroz, o jovem ágil se abaixou rapidamente, revelando uma adaga oculta cuidadosamente escondida no calcanhar de sua bota.
Com uma precisão implacável, Wiben desferiu um golpe certeiro, cravando a adaga na virilha de seu oponente, que imediatamente arregalou os olhos, atônito com aquela astúcia e agilidade inesperadas.
Antes que o homem pudesse reagir ou compreender o que estava acontecendo, Wiben se ergueu velozmente, rasgando-o violentamente do ponto em que a adaga foi fincada até a garganta.
Crash!
O bandido cambaleou com a mão no pescoço e Wiben apanhou a cimitarra de suas mãos molengas antes de ele desabar.
— Aqui! Toma! — Wiben lançou a cimitarra na mão de Colin.
O mais surpreendente de tudo aquilo era sem dúvidas Wiben. Colin não acreditou que ele fosse grande coisa, mas ele se mostrou bastante útil naquele momento.
— Wiben! — berrou Colin. — Consegue dar conta dos bandidos?
Enquanto Wiben estava focado em seu oponente à frente, um outro bandido se aproximou sorrateiramente por trás, visando surpreendê-lo.
No entanto, Wiben, com seus sentidos aguçados e reflexos afiados, percebeu a aproximação antes mesmo do ataque. Com uma rápida e precisa rotação sobre o calcanhar, ele executou um golpe veloz, cortando a garganta do bandido sem hesitação.
Com um movimento calculado, Wiben empurrou o corpo com o pé, fazendo-o cair no que restava da fogueira.
— O que acha?
“Ele é rápido!”
— Ótimo, o grandão é meu!
Do outro lado do acampamento, Alunys e Kurth estavam cercados por um grupo de três homens. Os bandidos encaravam os dois com aqueles olhos sinistros.
Alunys sentiu um arrepio na espinha ao encará-los diretamente.
Um dos bandidos girou a corrente e antes que pudesse atingir Kurth no pescoço, ele conseguiu se antecipar colocando o braço na frente. O bandido o puxou para perto com um repelão e socou Kurth no estômago.
Sem magia, ele se tornava só um garoto comum.
— Kurth! — Alunys se desesperou.
Apesar dos esforços do garoto em se reerguer, ele foi impiedosamente atingido por um poderoso pontapé desferido diretamente em seu rosto.
O golpe violento o jogou ao chão, deixando-o atordoado e incapaz de se defender. Enquanto isso, o bandido habilmente manejou sua corrente, lançando-a em um movimento fluido e preciso em direção à Elfa.
A corrente encontrou seu alvo, envolvendo o pescoço da Elfa com um aperto sufocante. Alunys foi arrastada até ele.
Com uma fúria desmedida, o criminoso desferiu um soco devastador com toda a sua força diretamente no abdômen indefeso da Elfa.
Bam!
De joelhos, Alunys caiu e golfou tudo que comeu no jantar.
Erguendo-a pelo cabelo, um dos bandidos cerrou o punho e golpeou a Elfa com tudo no rosto, deixando-a desacordada, quebrando até mesmo seus óculos redondos no meio.
— Matem o garoto! — disse o bandido que nocauteou Alunys, colocando-a no ombro.
Outro bandido, um pouco mais baixo que os outros, ficou por cima de Kurth e ergueu a espada no alto se preparando para uma estocada.
Inesperadamente, um objeto voou em alta velocidade da escuridão e atravessou o pescoço do bandido com um zumbido penetrante.
Atordoado e confuso, o bandido tentou desesperadamente retirar a lança de seu pescoço, mas a vida escorreu de seus olhos antes que ele pudesse realizar tal ato.
Deixando os dois bandidos perplexos com aquele evento, seus olhares se voltaram para trás, onde uma mulher loira se aproximava. Calmamente, do bandido morto, ela removeu a lança de seu corpo inerte.
— Quem é você? — perguntou o bandido furioso, jogando o corpo de Alunys de lado e desembainhando seu alfange.
— Apenas uma estudante! — Ela fez uma pausa os encarando com o cenho franzido. — Saiam de perto do garoto, ou sofram as consequências!
Os bandidos começaram a cercar enquanto ela estava parada, encarando-os a rodearem com o canto de olho.
— Vamos deixá-la viva, quero ver essa marra toda depois que estiver amarrada e nua no quarto do meu pessoal, hehehe!
Com uma adaga em mãos, o bandido tentou atingi-la no flanco direito, mas ela se defendeu com a ponta da lança.
Ting!
Com uma ágil movimentação, o bandido recuou rapidamente e sacou uma segunda adaga que estava habilmente escondida dentro de seu paletó.
Ele a lançou em direção a Samantha, porém, ela já previra esse golpe ao observar os movimentos do seu oponente. Inclinando o pescoço elegantemente para o lado, ela esquivou-se da adaga em pleno movimento, capturando-a pelo cabo enquanto continuava seu desvio.
Sem perder o ritmo, Samantha realizou um giro fluido, aumentando tanto a velocidade quanto a força do arremesso do projétil. Com precisão cirúrgica, a adaga se cravou no crânio do outro bandido que se aproximava sorrateiramente por trás dela.
O impacto foi rápido e fatal, e o bandido caiu sem emitir sequer um som. A demonstração impressionante de habilidade e destreza de Samantha deixou os demais bandidos momentaneamente atônitos.
Crash!
— O quê? Como? — perguntou o bandido descrente com o que acabou de presenciar. Aqueles não eram movimentos comuns. Ele entenderia se ela estivesse usando magia, mas não estava.
— Eu disse que haveriam consequências!
Samantha apoiou a lança debaixo do braço e a girou sobre o eixo do ombro e, com um giro completo sobre o calcanhar, lançou a lança diretamente no abdômen de um bandido que havia se perdido em meio a tantos movimentos.
Pruft!
Com os joelhos tocando o chão, o bandido tentava entender o que havia acontecido, mas morreu momentos depois, engasgado com o próprio sangue.
Correndo até Kurth, Samantha se agachou, conferindo a pulsação dele.
Ainda estava vivo.
Logo depois, foi a vez de Alunys. A Elfa estava com o nariz sangrando em demasia, e após tossir, ela despertou, assustando-se com Samantha em cima dela.
Sem os óculos, ela não enxergava tão bem, então tentou se desvencilhar rapidamente de sua salvadora dando-lhe tapas e socos.
— Ei! Garota! Se acalme! Sou eu, Samantha, sua companheira de viagem!
Alunys forçou as vistas e conseguiu reconhecê-la. Sua mente se lembrou de Kurth e logo depois Colin veio em sua mente.
— Kurth, Colin, eles estão bem? Você tem que ajudá-los!
Samantha segurou a mão de Alunys para tranquilizá-la.
— Kurth vai ficar bem e seu amigo Colin está lutando contra o líder deles agora. Não se preocupa, Wiben tá com ele, eles vão dar um jeito nisso.
Alunys ergueu a cabeça, fitando todos os três bandidos mortos no chão. Era meio difícil de acreditar que alguém como Samantha havia feito aquilo sozinha, mas Alunys não duvidou, afinal, Samantha era filha do comandante Leerstrom, braço direito do próprio imperador.