O Desejo Depois Da Morte - Capítulo 6
Em um recanto sombreado de um antigo parque, encontrava-se um garoto de cabelos castanhos escuros e olhos que cintilavam em tons de laranja. Seus olhos, porém, revelavam uma angústia profunda, como se estivesse aprisionado em seus próprios pensamentos. Em volta de seu pescoço, um cordão exuberante pendia, e ele o segurava com firmeza.
O parque do orfanato “Raio de Sol” costumava ser um refúgio acolhedor para a maioria das crianças. Mesmo que os brinquedos de madeira estivessem desgastados pelo tempo, aquele amplo espaço era o cenário de risos e brincadeiras infantis.
Contudo, naquele dia, Hazan se encontrava isolado, e sua atitude solitária não passou despercebida por um trio de crianças mais velhas. Eram eles, os perseguidores constantes de sua vida. Naquela ocasião, o que mais chamou a atenção deles foi o objeto incomum que ele segurava.
— O chorão está se escondendo aqui de novo? Por que você não brinca com a gente, hein, Hazinho? — provocou uma garota, um sorriso maldoso em seu rosto.
O garoto permaneceu sentado no chão, com a palma da mão aberta, fixando seu olhar no cordão que segurava.
— Ei, não ouviu o que ela disse? — disse um garoto, puxando bruscamente os cabelos de Hazan.
O menino não reagiu, continuando a fitar o cordão.
Um terceiro garoto, por sua vez, aproximou-se e arrancou o cordão do pescoço de Hazan, arrebentando o objeto.
— Olhem só, uma folha de carvalho no meio, igual ao sobrenome dele! — zombou ele com um sorriso. — Deve ter sido um presentinho da mamãe, não é? Ouvi dizer que ela era uma vadia que tentava seduzir os médicos com seu sorriso e até conseguiu atrasar o pagamento do hospital por meses! Não adiantou muito, né!? Já que ela tá mort-
Bam!
Um estrondo ressoou no ar quando o punho de Hazan encontrou em cheio o nariz da criança, fazendo-o desabar no chão. Hazan lançou-se sobre ele, lágrimas nos olhos, e desferiu uma série de golpes sem piedade.
A crianças assistiam em choque, paralisados diante da cena, o valentão tentando se defender ainda atordoado.
Hazan ergueu o olhar, encarando-os, enquanto o garoto jazia inconsciente a seus pés.
— Por que vocês acham isso tão divertido? — ele indagou, se aproximando dos dois.
[…]
Uma mulher de beleza deslumbrante deslizou sua motocicleta Harley até parar diante de um orfanato em Paraty. Ela removeu o capacete, revelando cabelos curtamente aparados que roçavam seus ombros. Vestindo uma camiseta branca que demonstrava o seu abdômen definido e uma jaqueta de couro preto, combinando com calças escuras e botas de cadarço, ela emanava um magnetismo irresistível.
Ao adentrar o orfanato, sua presença causou espanto entre funcionários e crianças, que a observaram com admiração e fascínio.
Dirigindo-se à recepção com passos decididos, ela solicitou informações sobre a guarda de um garoto chamado Hazan. A recepcionista, ainda atônita com a aparição da mulher, fez questão de confirmar alguns detalhes antes de prosseguir.
— C-certo… Rafaela Santos, vinte e cinco anos, aqui estão! — gaguejou a recepcionista, seus dedos nervosos conferindo as informações na tela do computador do escritório. — Veio buscar o Hazan Carvalho, n-não é? Vou levá-la até ele, mas… Ele está um pouco sensível hoje, acabou brigando com algumas crianças…
A postura de Rafaela era séria. — Sabe o motivo da briga? — perguntou com a voz firme.
— N-não sabemos… Tentamos falar com o garoto, mas ele nos ignorou. Costumava ser uma criança calma e extrovertida, mas mudou muito depois da morte de sua mãe. Passou a ignorar as outras crianças e nunca larga aquele cordão…
— Um cordão?
— É um presente de sua mãe, a única lembrança que ele tem dela, coitadinho…
— Entendi.
— Bem, vou levá-la até lá!
[…]
O quarto do orfanato, com suas paredes frias e janelas embaçadas, era o refúgio solitário onde Hazan encontrava um tênue respiro para a dor que corroía seu coração. Havia se passado cerca de um ano desde que sua mãe falecera, mas a sensação de culpa em seu peito era mais intensa do que no dia da tragédia. Ele acariciava o cordão partido em suas mãos, lágrimas caindo em silêncio.
Toc! Toc!
Hazan percebeu as batidas na porta, limpando as lágrimas com as costas da mão e colocando o cordão cuidadosamente sobre a escrivaninha, enquanto seu olhar se perdia no jardim negligenciado do lado de fora da janela.
— Hazan, querido? Tem alguém que deseja vê-lo. Vamos entrar, está bem!? — uma voz abafada murmurou.
A porta rangeu ao se abrir, revelando uma mulher alta cuja presença imponente se destacava no ambiente sombrio.
Rafaela entrou no quarto, acompanhada pela funcionária do orfanato. Sua expressão séria contrastava com sua beleza marcante.
— Como vai, garotinho? — A funcionária sorriu. — Quero que você conheça a senhorita…
Rafaela tocou o ombro da funcionária, fitando seus olhos. — Poderia nos deixar a sós?
A funcionária concordou com um aceno, retirando-se e fechando a porta.
A mulher se aproximou, seus olhos perspicazes transmitindo força e tranquilidade.
— Meu nome é Rafaela — ela disse de forma direta. — Por que brigou?
Hazan, ainda desconfiado, retrucou com uma pergunta. — Você é assistente social?
Seu tom estava carregado de desconfiança, sequer virando-se para encará-la.
— Não, garoto. Não gosto de assistentes sociais.
— Então não sou obrigado a falar com você.
Rafaela permaneceu em silêncio, observando cuidadosamente cada detalhe do quarto e do próprio garoto, que permanecia de costas. Seus olhos finalmente pousaram no cordão partido sobre a escrivaninha.
— Se eu consertar esse cordão, você responderá minha pergunta? — Ela finalmente propôs.
Hazan se virou imediatamente, seus olhos brilhando de esperança.
— Você consegue!? — ele disse animado. Porém, ao perceber a própria empolgação, deu de ombros, fingindo desinteresse. — F-Faça o que quiser.
Rafaela sorriu e acenou com a cabeça. Hazan parou, as sobrancelhas franzidas, e depois relaxou e acenou de volta, afirmando com o rosto. A mulher pegou o cordão e começou a examiná-lo.
As correntes estão soltas, mas são finas. Posso consertar isso.
O garoto disfarçava a sua ansiedade, tentando não encarar o que Rafaela fazia, mas não demorou muito para o cordão estar restaurado.
Um sorriso iluminou o rosto dele quando pegou o colar e o colocou imediatamente.
— Pode responder à minha pergunta agora?
Hazan hesitou, mas finalmente deixou escapar sua motivação com a voz trêmula.
— Eles… eles insultaram minha mãe… — ele começou a relutar. — Disseram que ela morreu como uma vadia cheia de dívidas… — De repente, sua postura mudou, a face demonstrando raiva. — Aí eu dei uma surra neles.
— Se tivesse lutado no lugar de onde eu venho, não sobreviveria nem por um minuto nesse tipo de confronto — Ela repreendeu.
O garoto encarou o chão, cerrando os punhos machucados. — Não ligo, eles mexeram comigo e eu dei o troco. Faria o mesmo em qualquer outro lugar do mundo.
— E você se sentiu melhor fazendo isso? Sentiu alívio?
A pergunta pairou no ar, pesada como uma nuvem de tempestade prestes a desabar sobre eles.
O garoto permaneceu em silêncio, sua expressão um redemoinho de emoções inexprimíveis.
A mulher respirou fundo, seus olhos perscrutando o menino com uma intensidade quase palpável.
— Tenho vários sacos de pancada na minha casa — disse Rafaela, suavizando o tom de voz. — Se decidir vir comigo, um deles será inteiramente seu. Quando se sentir estressado ou com raiva, poderá descontar tudo nele. O que me diz?
Os olhos do garoto, ainda repletos de relutância, encontraram os dela, e por um breve momento, um lampejo de conexão se estabeleceu.
— Não quero… — respondeu ele. — Estou bem aqui.
Um instante de tristeza profunda envolveu o ambiente, como uma névoa densa que se infiltrava nos cantos mais escuros da alma. A mulher, com sua própria bagagem de memórias dolorosas, permitiu que um vislumbre de compaixão emergisse em seu coração, como uma luz tênue em meio à escuridão.
— Lamento pela sua mãe. — Se aproximou, tocando o ombro dele. — Eu também já perdi alguém que me importava muito — disse, seus olhos estabelecendo um elo de simpatia entre os dois. — Quando seu pai desapareceu, me senti impotente na época. Tentei procurá-lo por bastante tempo, mas… Não deu muito certo.
Hazan imediatamente a encarou com fúria nos olhos, se desvencilhando da mulher. — Eu nunca tive um pai! Ele nos abandonou, a mim e à minha mãe! — vociferou, sua voz trazendo consigo uma avalanche de sentimentos dolorosos.
Ao se deparar com a expressão de ressentimento de Hazan em relação ao pai ausente, decidiu escolher suas palavras com cautela.
— Seu pai era alguém muito compromissado com seu trabalho, e um dos melhores policiais que eu já vi.
A criança, dominada pela tristeza, interrompeu-a com palavras tingidas de amargura e abandono.
— Não importa. O rosto… a voz… o nome… eu não lembro de nada sobre ele. — Ele a encarou. — Você conhecia ele?
Rafaela desviou o olhar, ponderando suas próximas palavras e relembrando o passado. — Ele era o meu irmão.
Os olhos do garoto permaneciam desconfiados. Seus olhos alaranjados aprisionavam sombras de uma culpa tortuosa.
— Sou sua tia e professora de uma academia de muay thai na Tailândia — apresentou-se.
O menino, atônito diante dessa revelação, teve seus olhos espelhando um misto de choque e ansiedade.
— Hazan, eu gostaria que viesse morar comigo. Tenho uma casa enorme na Tailândia, um quarto exclusivo para você, com uma cama quente e aconchegante. Você pode ser livre, não vai mais ter que conviver com pessoas que desrespeitam sua mãe — convidou, permeando suas palavras com a esperança de um futuro mais luminoso. — Você gostaria de vir comigo?
Hazan, ainda digerindo a enxurrada de informações, relaxou os punhos cerrados e decidiu dar voz à pergunta que há tempos queimava em sua alma.
— Por que ele foi embora? — perguntou, os olhos tremendo e revelando parte de sua fragilidade.
[…]
Era como se um sonho distante estivesse se desdobrando diante de seus olhos, as vozes ecoando dentro de seu subconsciente como um murmúrio ancestral que jamais poderia ser esquecido.
— Sua alma encontra-se aprisionada na fronteira entre dois universos, numa existência que não pertence a nenhum deles. Você está condenado a vagar por toda a eternidade.
Aquela voz era profunda e ressoava em seu âmago, como se tocasse os recessos mais profundos de sua alma sempre que as palavras reverberavam em sua mente.
— Vagar por toda a eternidade, há! — Ele riu. — Não soa tão terrível assim para mim. Acho que finalmente vou poder descansar um pouco… — Sua voz tinha um aspecto cansado.
— Se escolher tornar-se o meu arauto, concederei a você um desejo.
Hazan contemplou as palavras, mergulhando nas profundezas de seu próprio ser.
Um desejo…
Pela primeira vez em que ele parou e se perguntou: o que eu quero?
O sonho de se tornar campeão não era realmente um sonho, e sim um objetivo, formado por uma promessa feita a sua mãe. O rapaz sequer gostava de treinar.
Suas habilidades na cozinha vieram pelo fato de que sua tia Rafaela não sabia cozinhar e era péssima em aprender qualquer tipo de receita. Além disso, trabalhar naquela área não foi a melhor das experiências.
E nenhuma dessas duas coisas eram algo que o rapaz queria fazer, e sim coisas que precisavam ser feitas. Eram necessidades.
Hazan nunca teve um desejo, uma ambição que partia apenas dele.
— … Qualquer coisa? — indagou, sua voz resoluta. Pela primeira vez, ele estava disposto a encarar os seus desejos mais profundos.
— Revela-me o teu desejo, alma errante.
— O que eu quero… O que eu realmente desejo é…
[…]
Abriu os olhos, e seu olhar foi capturado pelo teto enigmático que se erguia acima dele. Era uma estrutura de arquitetura gótica, meticulosamente esculpida em mármore negro, adornada com inscrições brilhantes em um roxo chamativo.
No centro desse teto majestoso, uma pintura se destacava. Uma balança dominava a arte, sua figura central e imponente. À esquerda, um planeta azul e detalhado irradiava vida e complexidade, contrastando com o lado direito, onde o símbolo do infinito surgia em uma variedade de cores vibrantes.
A pintura era uma explosão de beleza e cores vívidas, com a balança, meticulosamente moldada em bronze, ostentando inscrições misteriosas e símbolos intrincados. As cores se misturavam harmoniosamente, criando um espetáculo visual cativante.
Uma sensação gélida nas costas o fez levantar-se abruptamente, sua mente em um turbilhão. Ele encontrava-se no centro de um altar, cercado por estranhas runas e padrões desenhados no chão em um círculo intrigante. Uma agonia súbita apertou-lhe o peito, e uma dor de cabeça insuportável martelava suas têmporas.
— Onde estou? — murmurou, uma mão pressionando sua testa.
Olhou para as próprias roupas, notando que havia um cordão familiar por cima da blusa preta.
Um cordão? Isso é…
O vazio em sua mente era como um abismo ao sentir que tinha perdido algo muito importante.
— Espera… Quem sou eu!? — indagou, arregalando os olhos.
A dor de cabeça se intensificou, ameaçando partir sua mente ao meio, enquanto lembranças confusas dançavam à beira de seu pensamento.
Sei que vim da terra, e lembro perfeitamente de como era o meu mundo, mas porquê não consigo lembrar de nenhum detalhe relacionado a minha vida!?
Tentou se lembrar, forçando a mente a reviver fragmentos do passado, mas isso apenas intensificou a dor latejante. Ele se ajoelhou, apoiando a testa no chão, as mãos agarrando os cabelos em agonia.
Que dor!
Fechar os olhos com força e deixar as perguntas de lado foi a única forma de acalmar a dor. Quando finalmente abriu os olhos novamente, concentrou-se na pintura acima, observando-a com olhos questionadores.
Vamos esquecer isso por enquanto… Aliás, por que o planeta pesa mais na balança do que o infinito?
Seu olhar vagou pelas paredes que o cercavam, escuras como o espaço sideral, cobertas por inscrições antigas que brilhavam em tons de púrpura, como as nebulosas distantes. À sua frente, uma porta dupla colossal pairava, transmitindo imponência.
Nos cantos da porta, duas estátuas femininas chamaram sua atenção. A primeira retratava uma mulher de beleza arrebatadora, vestida em seda, cabelos longos e cacheados que se estendiam até a cintura. Seu véu cobria os olhos, e ela sorria com compaixão, sua postura era acolhedora, estendendo a mão como se oferecesse ajuda.
Ao lado, a segunda estátua, também feminina, replicava a mesma pose, mas havia diferenças marcantes. Seus cabelos curtos mal ultrapassavam o pescoço, e seu rosto estava oculto por uma máscara. Sua expressão emanava orgulho, com sobrancelhas franzidas.
Embora ambas compartilhassem a mesma pose, suas emoções eram contrastantes.
Foco! Não posso perder meu tempo aqui, preciso dar um jeito de sair desse lugar.
Andou em direção a porta, e assim que se aproximou, a estrutura começou a se abrir, tremendo o chão e as paredes do templo.
Ao terminar de abrir, o que se revelou não fora uma passagem comum, mas um um tipo de fumaça translúcida que impedia o jovem de ver o que havia do outro lado. Sombras cinzas que transmitiram um mistério para o rapaz. Uma fina camada entre ele e o que existia depois daquela passagem.
Em transe, ele estendeu a mão para aquilo. Então, antes que pudesse encostar, uma tela apareceu diante de seus olhos, uma tela com um aspecto amarelado e que exibia informações. Hazan conseguia entender tudo o que estava na tela. Ele recuou, franzindo as sobrancelhas.
[Passe pela provação dos últimos devotos da justiça: Eros, a fugitiva da luz e Thanatos, o perseguidor da escuridão].
Tentativas: 0/10
Recompensas:
– Fragmentos de memórias
– Coração de Ehdoton
– Desbloqueio temporário do “Sistema”
Falha: Se tornar um errante de Malefyr
Não entendi metade do que isso quer dizer, mas… Fragmentos de memórias? Definitivamente preciso disso. Vale a pena tentar!
Hazan ignorou a tela em sua frente, passando por ela e indo em direção a entrada. Uma sensação formigante tomou o seu corpo quando ele ultrapassou aquelas sombras, nublando sua visão e deixando a mente leve.
Que reconfortante…
Assim que atravessou, abriu os olhos, mas não enxergou muito longe, apenas sentindo o peso da atmosfera sombria que pairava ali. A escuridão era opressiva, com apenas tênues feixes de luz vermelhos que vinham de vitrais quebrados nas laterais das paredes, lançando um brilho fraco sobre o chão de pedra gasta pelo tempo.
Aos poucos, tochas começaram a acenderem, uma por uma, fazendo Hazan arregalar os olhos com o que estava diante dele.
— N-não brinca…! — murmurou, rindo de nervoso.
Aquela câmara era como uma grande arena, o chão desgastado com diversos cortes e sinais de guerra. No meio, duas estátuas se destacaram.
A primeira estátua, que encarnava a imagem de uma mulher guerreira vestida em uma armadura, parecia esculpida em mármore branco, mas estava marcada pelo avanço impiedoso do tempo, suas rachaduras pareciam cicatrizes da eternidade.
Apesar disso, emitia uma aura de ameaça iminente. Suas asas, longe de serem as plumas delicadas de uma criatura celestial, assemelhavam-se às asas membranosas de um morcego, prontas para mergulhar sobre qualquer intruso com fome de destruição.
A lança de ferro que segurava estava adornada com espinhos, e sua máscara exibia um sorriso gentil, contrastando com o resto de sua aparência.
Oculta sob o manto das asas da estátua anterior, uma outra figura surgia, ajoelhada como se estivesse imersa em profunda oração. Sua pele de um mármore escuro, e uma espada de proporções monumentais estava cravada no chão diante dele.
Seu escudo emanava um rastro de escuridão, como se absorvesse a pouca luz que existia naquela câmara. A espada, com sua lâmina negra e fulgurante, era afiada como o próprio fim. A máscara que cobria seu rosto demonstrava uma feição forjada no puro ódio.
Ambas as estátuas, colossais com cerca de três metros de altura, pareciam estar à espreita.
Hazan, em meio a uma crescente sensação de desespero, observava perplexo quando essas figuras de pedra ganharam vida. Eros abriu suas asas, elevando-se lentamente no ar, enquanto Thanatos permanecia de joelhos, como uma sentinela sombria.
Eu… eu tenho que enfrentar essas… coisas? Os pensamentos de Hazan vacilaram, um frio gélido o dominava.
Impossível, eu vou morre-
Slash!
Então, sem aviso, a realidade se distorceu. Eros, que estava flutuando à sua frente, simplesmente desapareceu num piscar de olhos.
A visão de Hazan se tornou turva, de repente olhando para si mesmo de um ângulo bizarro. Ele enxergou o próprio corpo de baixo para cima, seus olhos encontrando o pescoço decepado.
O que… o que aconteceu…?
Escuridão gradualmente tomou conta de sua visão quando a cabeça impactou contra o piso gelado, seu corpo desfazendo-se em cinzas diante de seus olhos.
Abriu os olhos ofegante, se levantando do chão. Imediatamente colocou a mão no pescoço, alisando a garganta e checando se sua cabeça ainda estava no lugar.
— C-caralho… — falou baixinho, alisando a garganta e engolindo em seco.
Seu coração batia forte, sentindo a adrenalina percorrer pelo seu corpo.
— Se acalme! — gritou para si mesmo, batendo ambas as mãos no rosto.
Tenha foco! Ela definitivamente cortou o meu pescoço, então como isso é possível?
Decidiu olhar ao redor, notando que estava exatamente na frente da enorme porta, igual a antes. A porta permanecia aberta, e a mesma tela pairava à frente de seus olhos.
[Passe pela provação dos últimos devotos da justiça: Eros, a fugitiva da luz e Thanatos, o perseguidor da escuridão].
Tentativas: 1/10
Recompensas:
– Fragmentos de memórias
– Coração de Ehdoton
– Desbloqueio temporário do “Sistema”
Falha: Se tornar um errante de Malefyr
Então eu tenho nove tentativas antes de morrer de verdade?
Cruzou os braços e as pernas, fechando os olhos enquanto pensava, as sobrancelhas franzidas.
Não sei o que eu faço… Esse é o único caminho adiante, mas não tenho confiança em lutar contra aquelas coisas.
Voltou a encarar a tela de novo, prestando atenção na descrição do sistema.
Passe pela provação… talvez eu não precise derrotá-los, mas cumprir alguma condição específica!
— Beleza, quero que se foda! — ele gritou, abrindo os olhos e se levantando. Se aproximou da porta, cerrando os punhos.
Tenho nove chances de descobrir essa condição e tentar cumpri-la, e não é como se ficar parado aqui fosse mudar alguma coisa!
Hazan sorriu, sentindo uma empolgação desconhecida tomar conta de seu corpo. Então, ele passou pela porta, adentrando a sala.