O Conselheiro da Rainha - Ato 12
Após o fim daquele massacre, Cain seguiu caminho para dentro do beco, o mesmo cancelou seu domínio e o que antes havia se transformado em uma cena sangrenta, volta a ser uma rua limpa, mas os corpos sem vida das pessoas ficaram ao chão, e estranhamente sem nenhum arranhão ou membro separado.
Aqueles que ficaram vivos, não se esqueceram de nada e seguirão suas vidas traumatizadas com as cenas que viram. O demônio nota o aumento da força mas não demonstra satisfação, apenas segue caminho e se reencontra com Lekmuhzuha que ainda bocejava e acabará de sair do esconderijo.
— Eu ouvi o barulho… o que foi que fez? — perguntou ela.
— Matei, matei um monte de gente, já estava cansado de esperar, fora que algo está para acontecer, então me precavi da minha maneira — respondeu ele fazendo o sangue que o sujava, sumir em um estalo de dedos.
— Huuuuu… legal! Pode dividir comigo? Eu sinto que posso precisar de mais.
— Você tem dezenove de “NoV”, realmente precisa chegar ao máximo — estendia a mão e sobre sua palma, um coração surge, ele ainda pulsava mas não sangrava — coma…
A felina sorri, ela parecia animada e até miou antes de pegar o órgão.
Andando pelo deserto, Muhimoketsu junto de seu mestre e o time dele, buscavam rastros semelhantes ao do seu irmão, não foi difícil mas o rastro finalmente foi se concretizando. Ambos debateram um pouco sobre onde ele se esconderia, e que a grande cidade que é um ponto comercial, seria o mais próximo de um lugar bom pra ele se esconder.
“Aquele lugar é cheio de casas de prostituições, onde há pecado, há um demônio por perto” pensava Muhimoketsu descendo uma grande duna.
Mais a frente, o grupo se depara com um amontoado de pedras;
— Hum… derrubaram o golem e a torre, nem salva uma pros outros — disse o mestre do jovem.
— É um demônio, não há o que questionar — disse o integrante vendado — fora que que aqui teve um alto pico de magia, acho que irmão dele acabou despertando mais poder durante o combate contra o golem.
— Bem, Cain deve ter ajudado ele a melhorar a maestria na magia, os meios mais fáceis são os piores — comentou Muhimoketsu.
— Verdade, ele deve ter forçado Nhomuhcsiah a fazer um pacto em troca de magia — evocava seu bastão.
— Hum? Chamou seu bastão, tem algo que vá acontecer — questiona o jovem.
— Nas areias, existe um tipo de verme, são gigantes e suas presenças são quase que imperceptíveis — falou o homem forte.
Muhimoketsu então, após isso, evoca seu leque e se preparava em caso do tal verme aparecer. Dito e feito, logo uma elevação na areia era vista e ela cercava aquela área por inteira, seu corpo foi se mostrando aos poucos e sua cabeça também surgia.
— Ô bicho feio… pelo menos é mais bonito que minha ex — após esse comentário do chefe da guarda, todos riram — mas piadas à parte, vai lá garoto… acabe com o monstro.
A ordem era para Muhimoketsu, que atendeu rapidamente e logo avançou contra o monstro. O que se via era somente a areia se espelhando e o sangue do verme jorrando, mais de perto, o menino balançava o leque com uma maestria muito alta, era como ele utilizasse essa arma por anos. O mesmo cortava seja com o leque por inteiro ou somente uma das pás, mas ambos sendo imbuídos por vento que causam mais estragos.
Não demora muito e o verme cai no chão já sem vida, Muhimoketsu se aproxima do grupo com uma runa “Mit” em mãos;
— O que isso faz? Apareceu nas minhas mãos… — perguntou ele.
— Ah sim, uma runa Mit, ele garante usar o mesmo golpe em seguida sem ter um gasto de magia sequer — responde o do bastão.
— Interessante, então eu posso usar dois golpes seguidos e o segundo não custará magia né?
— Hehe, na verdade tem uma chance, e digamos que é baixa isso acontecer.
— Sem problemas, vou manter comigo, afinal, ela aumenta meu status de ataque — a pedra sumia e o leque dele recebe a marca da runa.
Todos balançam a cabeça e seguiram caminho se mantendo na direção certa, no caso, os rastros de magia de Nhomuhcsiah ou os de Cain.
O jovem seguia a passos lentos e mantinha um olhar baixo e meio triste, o mesmo também olhava com frequência a foto de sua irmã e seu sobrinho, a foto estava guardada em um colar. De vez em quando Muhimoketsu observava os céus;
“Csisál… eu espero que esteja conversando com Vritra, que entregue o perdão para Nhomuhcsiah, ele não tem culpa de nada” este era o seu pensamento recorrente, ou algo similar com o mesmo sentido.
Na manhã seguinte, o sol apareceu mas estava frio, a brisa fresca fazia Muhimoketsu lembrar de seu sobrinho, afinal, nos momentos em que pegou ele no braço, batia uma brisa fresca a cada momento. Isso o leva a acreditar que Sálmuhaketsu pode ter poderes de gelo.
Mais algum momento andando pelo deserto;
— Chefe, chegamos — disse o arqueiro.
— Certo, sabíamos que contaríamos com você Zhumuhble, agora, só basta checar o lugar… — disse o líder da guarda.
— Irmão… finalmente vou te libertar deste demônio — comentou Muhimoketsu.
— Me diga garoto, agora que finalmente vai se vingar e livrar seu irmão, o que pretende fazer depois?
— Acho que continuarei a treinar e se possível… me tornar um explorador, soube que eles conseguem até mesmo apagar um reino do mapa…
— Ué, e para o que você quer um poder deste naipe? — perguntou o musculoso.
— Mesmo se eu perder, eu ainda sim iria me tornar um aventureiro, e Josh, eu quero um poder desse para ajudar pessoas… e manter o mau longe delas.
A conversa se encerrava ali mesmo, o grupo avançou e entrou naquela cidade sem nenhum problema, uma das coisas que Muhimoketsu ficou perplexo, foi um cartaz diferente que pedia a cabeça de alguém que era semelhante ao seu irmão, ainda se mantém o cabelo longo e agora estava na companhia de uma mulher.
A procura começou, mas estava complicada por ter muitos vestígios.
Longe daquela área, Cain caminhava impacientemente dentro de uma casa abandonada, Lekmuhzhuha até estava incomodada mas não o interrompeu. De repente ele para e olha pra porta da casa, logo fala à mulher para o seguir, e ambos saem do lugar, seguindo a passos lentos.
— Cain? O que houve, pra que tanta impaciência? — perguntou a mulher.
— Vamos para o limite da cidade, no fim dela, confia em mim… — empurrava ela levemente.
Ela confirma e confiaria na palavra do menino, porém algo interrompe;
— Garras de ventos violentos! — gritou alguém, e logo uma rajada de vento era vista, não só vista mas sentidas, pois quebrou boa parte do chão.
Cain desviou e jogou a mulher para o alto, o mesmo não revidou e se manteve quieto até que a mesma pousasse no chão. As pessoas ao redor não se machucaram, mas se assustaram e correram para longe.
— Vejo que nos encontrou, afinal, eu havia prometido que iríamos nos encontrar no capítulo doze… — comentou ele batendo na roupa e nos apetrechos para tirar a poeira.
— Eu continuo o caminho? — perguntou Lekmuhzhuha.
— Sim, siga o caminho — falando isso, a mulher começa a correr rapidamente para o fim da cidade — e por favor, cancele esses nomes idiotas…
“Tudo bem”.
— Sigam a mulher, eu cuido do meu irmão — dizendo isso, o chefe e o resto do grupo correram atrás da mulher — irmão, chega dessas palhaçadas sem sentido, você não é assim.
— Ele já não está mais aqui moleque, só o precioso demônio que tanto você almeja matar é que existe aqui — respondeu Cain.
— Ótimo – abria o leque e se aproximava — assim não terei muito remorso na hora de separar a cabeça do seu corpo.
Muhimoketsu avança e tenta cortar o pescoço de Cain, que desvia para o lado e desvia mais uma vez do segundo golpe do leque. O demônio agora estava sobre o teto de uma casa, e o jovem abaixo olhava para ele com um olhar neutro.
“Achei que seria um fim de capítulo mais ‘rushado’, vejo que não” notou Cain.
O do leque golpeava de cima para baixo com sua arma e o golpe de garras de ventos é usado mais uma vez e seu irmão desvia mais uma vez, fazendo as garras acertar a casa e a destruir levemente.
— Não desvie, lute, você não é meu irmão para ficar na defensiva — reclamava o usuário de vento.
— Você está certo, eu preciso trazer cenas para a imaginação daqueles que leem… — respondeu Cain.
A luta então realmente começa, com o possuído avançando para um combate corpo a corpo, o irmão mais velho também avança e troca socos com seu gêmeo. Muitas das vezes ele utilizou o leque para ter a chance de decapitá-lo.
O embate segue pela rua e pelos tetos, ambos saíram de socos e chutes para trocação franca de magia, Muhimoketsu fazia questão de não causar muitos danos as casas e prédios, já Cain não ligava muito e até usava as pessoas como escudo.
— Huff, você é um monstro! Me fez matar um inocente? Realmente não se importa com nada! — o membro da guarda separa uma das pás do leque, após isso a arma desaparece.
— Hum… isso? — segurava um corpo desfigurado ao qual Muhimoketsu acertou um golpe — não é nada, no próximo reset ele volta a vida — sua expressão fria fazia seu oponente ranger os dentes.
— Ele não vai voltar a vida! — se envolveu em vento e arremessou aquela lâmina, deixando um rastro de ventania e um pouco de destruíção.
Cain desvia mais uma vez deste golpe como se não fosse nada, Muhimoketsu rapidamente avança gritando e executa um soco que foi bloqueado; os dois agora ficam cara a cara, irmãos gêmeos prontos para pôr um fim na história.