O Conselheiro da Rainha - Ato 11
O sol apareceu na cidade, brilhando intensamente, mas ainda sim o clima estava frio. Cain estava no topo de uma construção não muito alta, o mesmo cruzou os braços e apreciava a vista.
“Isso é bonito, uma esfera gigante que em bilhões ou trilhões de anos vai crescer e acabar com tudo no mundo, bem, não neste mundo, o deles”.
Cain fazia surgir uma esfera branca, parecia ser uma joia pois era multifacetada e tinha um certo grau de transparência, ele a olhou por um tempo e depois fez uma cara de desgosto. Logo depois, ele segue para um dos lados da construção e pula de lá, parando em um beco.
Nele, a mulher o esperava;
— Mestre Tromuha, pronto para descer a mão em gente por aí? — disse a mulher lambendo a lâmina dela.
— Estou sim, conversei com Nhomuhcsia e ele deixou eu tomar conta do corpo durante esse dia — dizia passando pela mulher — temos o dia inteiro para conseguir muito “PdEx”.
Longe dali, em algum lugar muito escuro, a alma de Nhomuhcsiah estava acorrentada, e a projeção de seu corpo envolvia a alma, o menino suspirava; parecia estar sendo sufocado e forçado a ficar sobre as pernas.
— Cain… seu desgraçado! Mentiu pra mim… — disse ele quase ficando sem ar — porque eu fui acreditar nele?
— É por que você foi um pouco ingênuo — disse uma voz, parecia muito com a de Muhimoketsu.
— Hum? Quem está aí?
Logo tal voz aparece, envolto de luz e com roupas brancas com detalhes em dourados, na voz e na aparência, aquele ali realmente parecia ser o irmão do menino.
Nhomuhcsiah fica perplexo e parecia questionar muitas coisas;
— Me chame de Abel, e assim como Cain é você, eu sou o seu irmão Muhimoketsu — disse se aproximando devagar.
— Mais um? Quantos demônios vão infernizar a minha vida e a vida da minha família!? — o corpo do jovem começa a brilhar em vermelho devido a raiva.
— Mais nenhum, diferente de Cain, eu não quero atrapalhar nada por bel prazer — sacava o leque dourado, e com ele, quebrou as correntes em uma velocidade em que Nhomuhcsiah não viu — e ninguém aqui é demônio, nem eu nem Cain, o roteiro pede para apresentar e mostrar ele como demônio.
O menino cai ao chão, fraco, mas logo se recompõe e tenta ficar de pé, a alma sumia e a projeção do corpo fica.
— He… hahahaha, o que é esse tal roteiro que tanto pede e dá ordens!? — ganhava força e ficava de pé — a gente não vive em um livro, numa história sendo escrita! Aqui é vida real!
— Diferente de Cain, eu não vou tentar te explicar para provar a falsidade desse mundo, mas de qualquer forma, tá livre agora — fazia o leque sumir em uma breve brisa.
— Antes ele e agora você, o que eu vejo são demônios não anjos! Vocês tentam persuadir a cabeça daqueles mais fracos para fazer o mal ou fazer a pessoa ficar mal — rangia os dentes — eu não vou acreditar nem nele nem em tí!
O silêncio pairou pelo ambiente negro durante um bom tempo, Nhomuhcsiah logo se acalmou e abaixou a cabeça para se olhar;
— Acabou? Bom, se eu quisesse ferrar contigo eu não quebraria essas correntes, teria te matado na hora — dava as costas e uma espécie de portal surgia na frente de Abel — mas, não sou eu que dito as regras.
O semelhante de Muhimoketsu passa pelo portal que logo se fecha.
De volta ao mundo real, no esconderijo de Lekmuhzhuha, ela aparece com dois papeis enrolados, animada e sorrindo ela os desenrola e mostra para Cain, que não muda de expressão.
Eram os papeis de procurados que pediam a prisão ou a morte deles dois, o preço da cabeça de Nhomuhcsiah era mais caro, e o da mulher não, o motivo era simples, ele matou alguém da realeza.
— Veja mestre, já sabem quem são a gente, e pedem muita grana pela sua cabeça, as vezes eu acho que eu posso entregar você… — olhava o menino com um olhar sádico e um sorriso bem aberto.
— Hum, você nunca conseguiria, mas de qualquer forma, o motivo pelo qual a minha cabeça está sendo mais cara, é porque eu matei um rei e quase matei a rainha em seguida — ele estava sentado no chão, o ouro não estava no lugar, então, havia mais espaço.
— Oh, menino violento, matou alguém da coroa, hehehe, realmente você é perigoso, mas ninguém valida o fato de que você era da família de confiança da realeza, então, ninguém iria desconfiar — se sentava ao lado de Cain e começava a fazer um cafuné.
— Roteiro, tudo é planejado no mínimo detalhe para nada sair errado. Tudo tem que sair perfeito de acordo com o criador, se não sair, então a história é falha.
— Hehe, vira e mexe você fala disso, “roteiro aqui”, “roteiro ali”… você é fixado nisso.
— Não… eu estou preocupado com isso…
O “demônio” fecha os olhos e logo ele surge naquele lugar totalmente preto, ele nota que Nhomuhcsiah estava solto mas não ficou impressionado. O menino estava sentado no chão e usando um pouco de sua magia.
— Sabe, acabei de perceber que meu poder não é eletricidade, afinal, é “energia”, uma forma de manifestação… interessante não acha? — disse Nhomuhcsiah.
— Abel te soltou e ao invés de tentar achar um jeito de fugir, resolveu ficar sentado e aprender o seu poder, interessante da sua parte, parece que o roteiro mudou mais uma vez, era pra você reclamar de eu estar matando pessoas…
— Eu acho que não importa, afinal, o roteiro pede não é? Você matando ou não, não muda muita coisa.
— Isso já ficou estranho… — estalou os dedos e Nhomuhcsiah foi forçado a perder a consciência — não irei te prender, acho que Ele está tramando alguma coisa.
De volta ao esconderijo, Cain abria os olhos e uma de suas íris estava roxa, mostrando que agora tinha mais dominância sobre o corpo. Lekmuhzuha dormia deitada no chão e o ronronar dela era ouvido.
O garoto se levanta e em seguida saía para fora do domínio dela, dando em um beco que se mantinha sujo de lixo e repleto de areia — o menor dos problemas.
“Talvez eu consiga colocar meu domínio agora…” pensava olhando para uma de suas mãos, onde surgiu um anel de magia e no centro foi se criando uma imagem “bem, não vou precisar de cem por cento disso”.
Cain fechou a mão e o mini portal se quebrou, o mesmo seguiu a passos lentos porém pesados até a saída mais perto do beco. Estava de noite e aquela rua em específico tinha um movimento pouco alto, Cain olhava de um lado a outro…
Em um mísero piscar de olhos, o chão daquela rua desaparece e no lugar dele surge água, água cristalina onde quando foi sentida aos pés dos cidadãos, os mesmo acharam estranho, e com a primeira morte, todos começaram a correr e gritar de desespero.
O primeiro a morrer foi um homem, jovem e o mesmo padeceu decapitado, a água foi se manchando de vermelho e só o que se via era Cain sobre o controle do corpo de Nhomuhcsiah, controlando linhas extremamente brilhantes, que eram balançadas e cortavam de tudo.
Pessoas eram fatiadas, as únicas que não sofreram um arranhão foram somente crianças, mulheres grávidas ou mães de bebês.
De volta ao lugar negro;
— Hum? Meu… braço esquerdo… onde foi parar? Por que não sangra, por que não doi!? — sentado sobre as pernas, Nhomuhcsiah via a ausência de seu braço, ele choramingava, mas não pela dor, mas por confusão — onde foi parar? O que Cain fez..? Cortou meu braço fora?
— Não… ele sacrificou ele — o ser demarcado por linhas brancas, aparência de cabra, rosto de coelho e pelos longos — e em troca ele teria parcialmente o poder dele de volta…
— Haaa… você, mas você pretende devolver meu braço? Eu não sei se vou conseguir me equilibrar sem ele.
— Vou devolver sim, afinal, é só para persuadir ele e fazer com que ache que tem liberdade, mas ele não tem… hehe.
— Para alguém que é Deus, você se faz muito bem de malvado — disse o menino.
— Eu tenho minhas peculiaridades garoto, hehe… — o ser demarcado com linhas brancas sorria.