O Conselheiro da Rainha - Ato 1
Era um início de manhã, o sol estava acima do horizonte e o céu estava começando a ficar a azul junto com as nuvens que iam se dissipando. O Sol batia direito em um castelo feito de uma pedra amarelada, cada parede e pilastra do lugar era feito delas e que combinava com a grande civilização ao redor da construção no meio do deserto após uma grande muralha que os protegiam.
Sentado em uma escada pintada de vermelho que dava em um pequeno jardim com as flores e as gramas plantadas na areia, um menino estava sentado nela, ele usava uma roupa de príncipe típico do egito, seu cabelo era livre pois o mesmo não gostava de usar aquele chapéu estranho, tão preto e tão liso dava um charme a mais para ele pois o vento passava e balançava os fios.
Os pés do menino estavam na areia, se mexendo e fazendo algum tipo de desenho ou tratamento pois o mesmo os enterrava nos grãos. Seus olhos serenos e calmos, olhavam atentamente para os pés, seus olhos vermelhos refletiam a imagem como um espelho, iluminado pelos raios solares.
— Nhomuhcsiah? Irmão vamos brincar pelo castelo!
O dono da voz se aproximava a passos lentos, o menino sentado olhou lentamente para quem chegava que por sinal era exatamente igual a ele em rosto e roupa com o diferencial apenas pelo cabelo curto e os olhos de um azul brilhante.
— Oh, ok, vamos! — respondeu o menino sentado que logo se levantou.
Ambos sorridentes, corriam e riam pelos salões do palácio pregando peças nos serventes e roubando da mesa na cozinha, frutas e algumas massas para comerem.
Após tantas brincadeiras, eles chegam ao melhor lugar na opinião deles, a arena de batalha que no momento em que chegaram estava vazio.
Descendo as escadas rapidamente até a proteção que separava a arena da arquibancada, o de cabelo curto
suspirava e pulava para ficar de pé na parede.
— Vamos lá, vou te ensinar a lutar. Assim como papai me ensinou! — o de olhos azuis pulava para dentro da arena cheia de areia.
Falando mais algumas coisas e ambos indo para direções opostas, uma luta começava com o desafiante avançando rapidamente e preparando um golpe com o punho. O outro nem em posição de luta estava, mas desviou do golpe facilmente impressionando seu semelhante que continuou a golpear ele que desviava sem problemas.
Em uma das entradas da arquibancada, o rei e seu conselheiro entrava no lugar, o superior usava um manto branco que terminava nos joelhos e não tinha mangas para os braços, havia uma capa dourada com uma ombreira preta com detalhes em ouro tal como o chicote em sua cabeça.
— Veja Muhtidis, parece que seus filhos estão lutando — disse o homem.
Nisso seu acompanhante que usava roupas parecidas, mas sem o chicote e a capa, se aproximou mais para
perto da pequena parede e olhou para a arena abrindo um leve sorriso.
— Sim, são eles mesmos meu rei… Meus dois filhos; Nhomuhcsiah e Muhimoketsu… Mas o mais novo está apenas desviando e não atacando. Senhor, se me permitir, posso dar dicas a eles, assim, quem sabe o senhor possa decidir o sucessor dentre os quatro para o meu trabalho — olhou para o rei.
— Ora meu caro, claro que pode. Afinal, isso é bem importante — respondeu.
— Nhomuhcsiah! Use os punhos, em uma luta não se deve apenas à evasiva! E Muhimoketsu! Utilize suas habilidades, golpes a longa distância são necessários para manter a integridade! — gritou da
arquibancada para seus filhos que rapidamente olharam.
O que golpeava abriu um sorriso, animado ele entende seu pai e se afasta rapidamente em um salto, depois do salto ele concentra uma espécie de energia mágica de vento em seu punho, e com um soco, uma rajada de vento foi gerada na direção de Nhomuhcsiah. O mesmo por outra vez apenas olha para seu pai; vendo seu irmão se afastar ele relaxa o corpo e
percebendo o golpe de vento de Muhimoketsu, o menino apenas desvia para o lado.
Seu irmão vê isso e continuava com o golpes de vento na esperança de acertar algum, nessa animação ele
acaba por não perceber que Nhomuhcsiah se aproximava cada vez mais.
A uma certa distância Nhomuhcsiah fez um olhar sério, entrou em posição de combate e avançou em alta velocidade contra seu irmão, executando um forte soco em seu peito. O som do impacto foi bem audível, Muhimoketsu foi arremessado na parede da arena.
— Boa Nhomuhcsiah! Foi um belo soco! — disse Muhtidis sorrindo de alegria pelo golpe do filho.
O rei observava a luta com fraco sorriso no rosto, na cabeça dele passava que o novo conselheiro seria um daqueles dois para fazer o trabalho. Após a luta, ninguém saiu vitorioso, apenas alegres e felizes, receberam um abraço do pai quando voltaram à arquibancada e para mais motivo de felicidade, o rei fez um pequeno carinho em ambos.
Durante a noite, no quarto onde ficavam os irmãos, todo mundo já estava dormindo, menos eles.
— Ei irmão, você viu que o rei acariciou nossas cabeças? Minha nossa, isso é muito legal! — disse Muhimoketsu alegre.
Ambos os irmãos estavam debaixo dos lençóis, utilizando uma pedra que brilhava, ela era oval e amarela.
— Eu percebi! Que alegria! Isso é muito bom mesmo! — Nhomuhcsiah também estava animado com essa
situação.
Ambos estavam falando baixo para não acordar as irmãs que dormiam numa cama no mesmo quarto.
— Sim! Acho que o rei pode escolher dentre nós dois para ser o conselheiro! Espero que seja eu, eu sei muito bem o que fazer! — disse bem confiante e de maneira meio esnobe, fazendo pose se vangloriando.
— Há há, você diz isso porque é o pai que escolhe mais você! Mas veja, o rei ficou de olho em mim durante toda aquela nossa luta na arena! — fez o mesmo que seu irmão, as mesmas poses e no mesmo
tom de voz.
E assim os dois passaram a conversar por mais um tempo sobre quem o rei iria escolher, competindo para ver quem era mais apto para o trabalho.
No dia seguinte, de manhã uma notícia veio de uma vez, era uma bem triste, o conselheiro da rainha foi assassinado por alguém que mesmo depois de uma árdua procura pela causa da morte durante uma
semana, não se chegou a lugar nenhum e nem quem foi o autor.
A procura do culpado aconteceu após o velamento do finado conselheiro, depois da busca, mesmo triste a
rainha chama a família de Muhtidis para um deles ser condecorado ao cargo. Muhimoketsu durante todo o percurso só falava de si e seu irmão, e que um deles seria escolhido pela rainha, sendo o primeiro entre ambos a entrar no cargo e o outro sendo o segundo.
— Sabe irmão, falar só sobre si é puro egoísmo, nem falou de nós duas — disse a mais velha.
Csisál, uma mulher bem alta com roupas parecidas com a do pai, porém mais longa para cobrir os braços
e pernas. Seu cabelo longo balançava até mesmo com o mais fraco sopro, pretos como os de seus irmãos, já seus
olhos eram castanhos bem claros.
— Deixe-o irmã, é normal se acharem melhores — disse Nhokesálcsitsumuh, ou Cecília, uma jovem aparentemente ainda adolescente.
Com cabelos abaixo do ombro e uma roupa igual a da irmã, a mais nova andava de nariz empinado e um
olhar sério.
— É! Deixe a gente irmã! Somos jovens! — Falou o garoto sorridente, que logo puxou seu irmão para um
abraço.
— Que? Nem vem irmão! Você é que tá com esses pensamentos em abundância. Redundante como
sempre! — afastando Muhimoketsu do abraço enquanto sorria e dava leves risadas.
Em passos lentos os quatro irmãos chegam ao salão do trono onde o rei e a rainha os esperavam junto de uma multidão de pessoas que vieram ver o selecionado a ser o conselheiro da rainha.
Além de barulhento, o lugar era bonito com as paredes pintadas de branco e o piso com cerâmicas vermelhas com desenhos ornamentais.
Nhomuhcsiah olhou para aquela multidão com um certo desespero, era muita gente e o mesmo não era
acostumado com tal aglomerado, o levando a lembrar de uma técnica para se acalmar usando a respiração.
Os jovens frente a ela se ajoelharam, as irmãs olhavam para onde se viam os pés da realeza. Muhimoketsu por sua vez olhava para a rainha com um sorriso no rosto, e seu irmão ajoelhado apenas
olhava para o chão, ele buscava por limpar seus pensamentos, deixar a cabeça vazia nesse quesito pois não queria deixar uma impressão de medroso frente a rainha.
A velha mulher então de seu trono levanta, ajeitava seu manto real e se colocava à frente dos quatro. Seu cabelo ruivo tinha algumas mechas que balançavam com a brisa, o coque um pouco frouxo fazia juz ao seu vestido que era verde como esmeralda e que mantinha os mesmos detalhes dourados que o de seu marido.
“Movimento, cabelo, fita. O fluxo do vento parece deixá-la mais linda.”
— Vamos, levante a cabeça menino — após uma olhada, a rainha olha para Nhomuhcsiah — você… quero que você se torne meu conselheiro jovenzinho.
Nesse momento Muhimoketsu ficou surpreso e de queixo caído pela decisão da rainha em escolher seu irmão, abaixando a cabeça e ficando decepcionado.
— Sim, minha rainha — falou Nhomuhcsiah se levantando com a ajuda da dela.
Suas irmãs apenas sorri de maneira forçada, e seu irmão apenas desviava o olhar um pouco triste
— Vamos, diga seu nome — a velha mulher pergunta.
— Eu… Eu me chamo Nhomuhcsiah, de Sáldistsu — disse em voz alta para todos poderem ouvir.
Após, o soar do bater de palmas foram ouvidos e ficando mais alto com o tempo.