O Conquistador de Torres - Capitulo 4
Era como respirar, e foi tão natural que a energia que fluía em meu corpo se concentrou em minha mão, tomando a forma de uma espada feita de sombras.
A besta foi rapidamente bloqueada por mim. Então olhei incrédulo para a espada. Foi mesmo eu que fiz isso?
Seus instintos lhe avisaram do perigo, e a besta saltou para trás. Em seguida, apontei a lâmina etérea para ela. Eu não poderia perder esta chance. Meus pés se moveram sozinhos. Esta poderia ser uma luta sem valor, algo insignificante, mas cada passo dado, era o estopim de uma nova história…
A sensação do poder em minhas mãos, a velocidade incomparável a antes, tudo isto era algo novo, um sentimento que nunca presenciei. Minha lâmina tocou o pelo do animal e, num segundo, as sombras penetraram em seu corpo.
…A história que seria o meu primeiro passo em direção ao topo.
『Você matou Barbros nível 2!』
『Você subiu de nível!』
Eu… consegui.
『Por conta do baixo nível do usuário, a habilidade será desativada.』
— O que diabos foi isso?
Uma força incomparável a qualquer outro humano se fechou contra meu pescoço. Novamente, meus pés se afastaram do chão.
Eu encarei com dificuldade o que estava em minha frente. As roupas negras e o cabelo alaranjado eram inconfundíveis.
— Fale antes que morra.
Se eu cometesse um erro, tudo estaria acabado, pois a pessoa na minha frente era ninguém além do responsável pelo massacre das bestas.
— E-Eu…
Suas pupilas tremiam como se não acreditasse no que acabou de acontecer. Então a força que me segurava aumentou.
— Como conseguiu algo assim?
— Não posso perder tempo… E-Ele precisa de tratamento.
Os olhos do homem encontraram o corpo do garoto no chão.
— Isso não tem importância. Agora fale, antes que eu perca a paciência.
— M-Me largue e eu explico.
Por sorte, parecia que ainda havia uma maneira de convencê-lo a me deixar ir. Ele pareceu pensar um pouco e, logo em seguida, me soltou e respondeu: — Você tem 3 minutos. Se eu perceber qualquer mentira, não vou hesitar em matar os dois.
Acabei contando a ele sobre Jack, os macacos e a traição que aconteceu na ponte, mas tomei cuidado em não revelar muitos detalhes. Ele ouviu tudo atentamente, até que seus olhos se arregalaram quando revelei sobre a presença que encontrei no templo.
Sua expressão era indecifrável enquanto parecia pensar em inúmeras possibilidades. Sério, eu não fazia ideia do que se passava na cabeça desse cara.
Eu tomei um pouco de coragem e decidi perguntar: — Você pode me fazer um favor?
Ele olhou para mim.
— P-Pode nos levar até a cidade? É que…
Antes que eu pudesse terminar minhas palavras, o homem se virou e começou a andar por entre os cadáveres das bestas, em direção às árvores. Não tinha outra opção, então considerei isso como um sim e apoiei o garoto no ombro, mantendo uma certa distância enquanto o seguia.
A sua presença era impressionante. Somente de andar ao seu lado era como se ninguém pudesse me fazer nada neste andar. Até mesmo as bestas mantinham distância e observavam de longe.
Por falar nisso, por que alguém como ele estava num lugar como esse?
Parando para pensar, tudo que aconteceu até agora não faz absolutamente nenhum sentido. Primeiro as bestas de nível alto, depois aquela sombra, e agora esse cara.
O que diabos estava acontecendo com esse lugar?!
『Você entrou na Fortaleza de Akai.』
『Você entrou numa Zona Segura.』
『Enquanto nesta zona, uma penalidade será dada àquele que cometer assassinato.』
Inesperadamente, não demorou muito para chegarmos. A cidade, ou fortaleza, era maior do que parecia. Seus muros eram feitos de pedra e alcançavam grandes metros. Era bem fácil imaginar tal lugar suportar o ataque de um exército de várias centenas.
— Ei! Vocês parecem novos por aqui. O que…
— Maninhos, se juntem ao meu grupo de caça.
— Eu vi eles primeiro, vá procurar outro lugar!
— Ei! Novatos!
No meio de tantas pessoas com olhares gananciosos se aproximando, recuei um passo e separei meus lábios.
— O-O que diabos está acontecendo?
— Oh! Você é mesmo um novato. Olha, precisamos de mais gente para nos ajudar a caçar. Por causa de algum louco que anda matando todas as bestas, o nosso alimento está cada vez mais escasso nesses dias.
Uma pessoa matando todas as bestas? Eu só pude pensar em alguém.
— Você ainda é uma criança, como vai conseguir alimento se não com a gente?
O senhor que falou primeiro se aproximou e colocou a mão em meu ombro.
— Venha pro meu grupo.
Então seus olhos se encontraram com os do homem ao meu lado. No mesmo instante, sua expressão se escureceu e a mão que tocava meu ombro rapidamente se recuou.
— D-Deixa pra lá.
Todos que nos cercaram como abutres sumiram na mesma velocidade em que apareceram. Tudo foi tão rápido que nem tive tempo de analisar a situação. Eu me virei na direção da única pessoa que poderia me responder alguma coisa.
— Pode explicar?
Ele suspirou como se fosse irritante, mas mesmo assim abriu a boca.
— A Fortaleza de Aka não é a única fortaleza, existe outra que possui e monopoliza o controle do círculo que dá acesso ao segundo andar e impede que essas pessoas passem.
— Quer dizer que esta fortaleza não possui um círculo? E quem eram aquelas pessoas?
— Descubra por si só. Não sou a babá de uma criança.
Mas que droga tinha na cabeça desse cara? Ele não poderia pelo menos me ajudar um pouco mais?
Antes que eu me desse conta, ele já tinha dado as costas e ido para algum outro lugar.
Eu olhei ao redor. A Fortaleza de Aka. Esse era o início de algo bem grande, e um lugar onde as regras eram completamente diferentes.
— M-Merda! Eu vou matar vocês se vocês se aproximarem…
— Segurem os braços dele.
— Vão embora!
Um homem estava no meio da entrada, balançando um grande martelo ao redor e ameaçando três pessoas que o cercavam com espadas na mão.
— Prefiro ser morto a me juntar a vocês!
Com essas palavras, o homem removeu o martelo e esmagou a cabeça de um dos três. Neste momento, todos os olhos se viraram em sua direção.
— Céus! Ele é louco
— S-Se afastem!
Esta foi a primeira vez que presenciei algo assim.
『Alguém descumpriu as regras da Zona Segura.』
『A punição começará em alguns segundos.』
***
『Num andar onde desafiantes não podiam ir.』
Os guias eram compostos por anjos, criaturas belas e incrivelmente poderosas. Os guardiões que comandavam a Torre no lugar do deus, haviam poucas coisas que eles temiam. Uma delas estava no local onde Karyon se dirigia.
Cada passo dado por ele transmitia respeito e admiração aos guias de baixo nível.
Assim como os humanos e as outras espécies, também existiam certos níveis de poder entre os guias da torre.
Karyon estava prestes a se encontrar com uma pessoa problemática. O local onde estava indo era restrito a apenas uma pequena quantidade de guias, e ter acesso a isto só era possível porque ele era Karyon.
— Por que as coisas só se complicam quando ela está envolvida?
— Senhor Karyon? — Um guia de aparência juvenil o cumprimentou. — Você quer alguma coisa? Indo nessa direção…
— Tenho que ter uma pequena conversinha com ela.
— Não acho que seja uma boa hora, a senhorita Verys está meio ocupada.
— Não tem problema, foi ela quem me chamou.
O pequeno guia abaixou a cabeça como forma de respeito e rapidamente liberou o caminho.
— Droga, poderia ter me poupado desde o início desse papo furado… Agora vamos ver o que essa senhorita demônio quer comigo.
O local era de certa forma escuro, várias telas flutuavam ao redor de uma única pessoa. Sua aparência era peculiar demais para ser chamada de uma guia, mas também diferente demais para ser chamada de um demônio. Seus dentes eram pontudos, seu cabelo roxo e os olhos tão vermelhos quanto rubis..
— Oh! Você veio mais cedo do que eu pensei. Bom trabalho, talvez eu lhe dê um aumento.
Guia Infernal, Verys. Como ela era chamada.
— O que você quer? Por sua causa perdi meu momento de diversão.
— Seu momento de diversão? Que tolice. — Ela sorriu.
— Tem algo que me incomoda, por que você está deixando aquela bagunça acontecer no primeiro andar? Você quer matar os novatos antes mesmo de…?
— Karyon, por que você acha que existem as torres?
— Não fuja do assunto, você sabe que isso não tem nada a ver com o caso.
— Ora, será que não tem? Bem, respondendo a sua pergunta, eu diria que torna as coisas mais interessantes dessa forma.
— Haa… Você é mesmo louca.
— Hahaha! Não faça essa cara. Não quero que interfira nisso, e caso eu saiba de um dedo seu naquele andar…
A atmosfera ficava cada vez mais pesada conforme Verys liberava sua aura. Os dois encararam um ao outro, nenhum deles recuou enquanto o espaço ao redor se dobrava.
— Que interessante! Você quer mesmo lutar nesse lugar?
— Verys, não pense que eu não posso te vencer.
— Quer mesmo descobrir? Acho que você se esqueceu com quem está lidando.
Karyon passou a mão pelos longos cabelos castanhos e soltou um suspiro.
— Por que me chamou?
— Sabe o que está acontecendo no andar 33?
Karyon acenou.
Com um movimento do dedo de Verys, uma tela se aproximou.
— Veja.
Karyon assistiu com atenção a cena que se seguia. Um mar de chamas crescia em meio a uma imensidão de corpos. Entre as chamas, uma pessoa gargalhava enquanto segurava a cabeça de um velho com uma coroa. Num milésimo de segundos, tudo que sobrou foram fluidos vermelhos em seu punho.
— São eles de novo?
— Sim, a situação está ficando complicada. Agora você sabe porque eu te chamei.
Não era como se Verys não fosse capaz de resolver isso ela mesma, mas a situação simplesmente era irritante e complicada demais para ela querer se envolver. Karyon ficou em silêncio, como sempre, ele sabia o que ela queria dele.
— Tenho um trabalho para você.