O Conquistador de Torres - Capítulo 1
「Venha ao andar 41. Estou te esperando.
Ray.」
É sério? Só tinha isso escrito?
Eu li essa mensagem tantas vezes que meus olhos poderiam criar buracos no papel. O que eu estava pensando? Que se eu a lê-se de novo e de novo, alguma coisa iria mudar? Que tolice.
Mas por quê? Por que depois de tantos anos recebi essa carta? Não tinha mais nada escrito.
Eu não conseguia parar de pensar naquele número… O 41° andar. Como aquela pessoa conseguiu chegar num nível tão alto? E… eu era mesmo capaz de me encontrar com ele?
Torres…. essa palavra não existia há 12 anos.
No início haviam 15 torres em todo o mundo, mas agora apenas 7 existiam. Dessas 15, 3 desapareceram e 5 delas foram finalizadas. E todos aqueles que chegaram ao último andar e voltaram, foram tratados como verdadeiros reis. Contudo, nenhum deles revelou detalhes sobre o fim.
Sim, o final da torre, é por isso que todas essas pessoas estavam aqui. A única forma de um plebeu ganhar status e de um nobre ficar mais rico.
As informações sobre as torres não eram muito compartilhadas entre os desafiantes, como chamavam aqueles que entravam na torre, isso tornava ainda maior o perigo de desafiá-las.
Eu dobrei a carta e a guardei no bolso.
Eu estava em um salão amplo, tão grande que vários gigantes facilmente poderiam permanecer aqui. As paredes eram feitas de pedra dura, e o teto era cravejado de pedras que emitiam luz. Ao meu lado, várias pessoas carregavam das mais diversas armas em mãos, variando de equipamentos brilhantes a armaduras enferrujadas.
Algo que me deixava inquieto se tratava do meu equipamento. Por causa dessa carta, não tive muito tempo para conseguir algo melhor do que essa adaga velha…
Para falar a verdade, eu deveria prestar atenção às palavras do guia em vez de ficar pensando em coisas desnecessárias. Pelo que me lembro, eles eram os guardiões que protegiam e administravam as Torres. Pouco se tinha informação sobre eles, exceto pelo seu poder abaixo do deus de uma Torre.
Quando levantei minha cabeça, o vi flutuando no ar, enquanto seus olhos em dourado vívido vagueavam a multidão. Até que então seus lábios se abriram…
— Vocês estão mesmo prestando atenção no que eu estou falando, né? Haa, de verdade, eu não queria estar aqui. Tudo por causa daquela maldita da Verys…
Apesar das suas palavras, havia um sorriso zombeteiro em seu rosto, porém, o que mais me chamou atenção foram as asas negras que cobriam suas costas. Era exatamente como eu havia ouvido: uma criatura com uma beleza invejável, com asas negras e uma aparência angelical.
— Bem, não tem o que fazer… Ah, certo. Quase me esqueci, vou liberar a… Como vocês humanos chamam isso mesmo? Ah, sim. Bênção da torre. Até esse ponto, todos já devem saber o que é isso, certo? Vou pular todo o papo furado e seguir direto ao ponto.
No mesmo instante, o guia estalou os dedos e uma luz dourada cercou meu corpo. Um momento depois, uma mensagem ressoou em meu ouvido.
— ۞ —
『Janela de Informações』
Nome: Kayn Sypher
Idade: 18 anos
Raça: Humano
Nível: 1
Classe: Nenhuma
Estigma: Nenhum
Atributos Gerais:
Força: 6
Resistência: 5
Agilidade: 5
Poder Mágico: 3
Habilidades: Nenhuma
— ۞ —
— Com licença, você está vendo isso também, não está?
Uma voz me pegou de surpresa por trás. Ela pertencia a um homem de cabelos castanhos, barba rala e uma cabeça mais alta do que a maioria das pessoas.
— Hã? Ah, sim. Você está falando dessa coisa chamada Janela de Informações?
— Então você também está vendo isso.
— Acho que todos devem estar vendo isso.
— Eh… você deve estar certo. Por falar nisso, me chamo Jack. — Ele estendeu a mão. — E você, garoto?
Eu apertei sua mão e respondi: — Kayn.
— Sabe, Kayn. O que acha de formarmos um grupo?
— Um grupo?
Parando para pensar, ele era uma das poucas pessoas que vieram falar comigo em todos esses anos.
— Sim, seria um acordo mútuo. Nós ajudaríamos você, e em troca você nos ajudaria.
— Vocês?
— Ah, quase me esqueci. Estou com mais dois amigos. Bem, não estou com eles agora. Infelizmente acabamos nos separando, mas eles estão em algum lugar por aqui, iremos nos encontrar em breve.
Existiam rumores de que pessoas enganavam outras de aparência mais fraca e as usavam como bem entendessem. Isso era uma das muitas coisas que aconteciam dentro da torre, um lugar onde as regras do mundo humano não se aplicavam.
— Não faça essa cara, maninho. Todos nos beneficiaremos com isso.
— Entendi.
Jack sorriu. Olhando bem para ele, consegui identificar alguns equipamentos que um cidadão normal não costumava portar. Se eu estivesse correto, deveria ser algum guarda ou soldado que se cansou do serviço e decidiu desafiar esse lugar.
Cada pessoa tem um motivo diferente para entrar aqui. Contudo, isso não era algo da minha conta.
— Por falar nisso, por que você quer subir a torre?
Mas parecia que alguém não pensava da mesma forma.
— Tenho que encontrar alguém.
— Ohh, que Interessante. É alguma garota? Aposto que é!
— Não, na verdade é…
— Vamos, não precisa esconder.
— Bem, eu… Na verdade, é só alguém que fez algo ruim no passado. E quanto a você?
— Cansei da vida de guarda, nada muito interessante. Decidi que queria mais emoção, e aqui estou.
Como pensei, ele era mesmo um guarda.
Após essa conversa, decidi aceitar o acordo. Mesmo sabendo dos riscos, seria a minha melhor opção para sobreviver nesse lugar.
Naquele momento, ouvi a voz do guia.
— Ehh… vocês não parecem muito felizes. Deve ser por causa dos números baixos, estou certo? Olha, a culpa é de vocês mesmos, o que estão vendo é a força que tiveram até agora. Se vocês tivessem sido um soldado ou se exercitado mais… Bem, é uma pena.
— M-Mas que droga é essa?!
— Ei! Faça minha força subir!
— O quê?
— Onde isso é justo. Deixe todos com a mesma força!
Isso era algo que eu tinha imaginado, não era possível que todos tivessem o mesmo início. Eu olhei para o rosto do guia, sua expressão permanecia a mesma. Contudo, o ar ao redor ficava pesado conforme o guia abria sua boca.
— Calados.
A expressão das pessoas demonstrava terror.
Apertei com força o punho da adaga enquanto olhei para Jack que permanecia com a mandíbula pressionada e os ombros trêmulos. Honestamente, eu não estava numa situação diferente.
— Céus, vocês são muito barulhentos. Isso não é algo que vocês podem mudar só com palavras, aceitem.
— I-Isso… — Jack falou ao meu lado, — nunca poderia ser chamado de humano.
— Haha, já está na hora, não é? Tenho algumas coisas pra fazer, então não posso ficar aqui por muito tempo.
Como se estivesse recebendo o olhar de alguém, ele olhou para cima e riu, então voltou o olhar para nós e sussurrou, conforme desaparecia em uma luz dourada.
— Por sinal, meu nome é Karyon. Falem bem de mim se algum de vocês tiver a oportunidade de encontrar o deus desta torre.
Assim que suas palavras foram ditas, senti os arredores se dobrarem enquanto uma luz forte tomava conta da minha visão.
Nesse instante, ouvi o mesmo som da outra vez.
『Você entrou no 1° andar da Torre.』
***
Abri meus olhos e Jack e eu estávamos numa colina. Logo em baixo, uma floresta verde se estendia até onde meus olhos podiam ver. Nós tropeçamos e sentimos a textura da argila no solo. Eu estava tonto o suficiente para vomitar, mas felizmente consegui segurar a vontade.
Eu olhei ao redor e vi que algumas pessoas estavam no meio do vômito. Por sorte, Jack estava aparentemente normal.
De repente, todos olharam para a mensagem que apareceu.
— ۞ —
『Primeiros Passos』
Tipo: Principal
Dificuldade: F
Objetivo: Explore o primeiro andar da torre e vá para o segundo andar através do círculo.
Prazo: Sem limite de tempo.
Recompensa: Sem recompensa.
Falha: Sem penalidades.
— ۞ —
— Um círculo?
— Você não sabia, maninho? Existe um círculo em algum lugar por aqui.
— Então ele deve estar naquela cidade.
— Sim, provavelmente. Se não estiver, vamos ter que procurar em cada canto dessa floresta.
— Aproveitando, onde estão seus amigos?
— Eles devem chegar logo. Olha! Falando no diabo. Lá vem eles.
Seguindo seu dedo, vi duas pessoas se aproximando. A primeira era uma linda mulher de cabelos ruivos portando um arco nas costas. A outra era um homem baixo que poderia ser confundido com uma criança se não fosse pelo seu bigode cobrindo o rosto.
— Eai, Jack. Foi mal a demora.
— Não foi nada.
Então meus olhos se encontraram com os da mulher.
— Ah, então você conseguiu um.
— O que você quer dizer?
— Não é nada, Kayn. A propósito, esta é Mei. Você vai adorar saber o quão boa ela é com um arco.
— Espero que você seja bom lutando. — Dessa vez foi o homem baixo que falou. — Pode me chamar de Evan.
— Bom, como todos já se cumprimentaram, acho que devemos ir, ficar aqui por muito tempo não vai ajudar.
Antes que Jack pudesse andar, Mei parou na frente dele.
— Falta uma coisa.
— O que foi?
Mei olhou para mim e falou: — Pode nos mostrar sua janela de informações? Somos um grupo agora, então devemos saber as informações uns dos outros antes de prosseguir.
Vendo minha expressão de dúvida, ela começou a explicar: — Como a Janela de Informações é algo pessoal, apenas a própria pessoa pode enxergá-la. Entretanto, uma vez que a permissão for concedida, outras pessoas são capazes de enxergar.
Concordei, de qualquer forma não havia muita coisa para esconder no momento atual.
Assim que mostrei, não demorou muito para verificarem as informações. Logo chegou a vez deles.
— ۞ —
『Janela de Informações』
Nome: Jack Lannis
Idade: 26 anos
Raça: Humano
Nível: 1
Classe: Nenhuma
Estigma: Nenhum
Atributos Gerais:
Força: 9
Resistência: 8
Agilidade: 6
Poder Mágico: 0
Habilidades: Nenhuma
— ۞ —
『Janela de Informações』
Nome: Mei Weyn
Idade: 22 anos
Raça: Humano
Nível: 1
Classe: Nenhuma
Estigma: Nenhum
Atributos Gerais:
Força: 7
Resistência: 5
Agilidade: 9
Poder Mágico: 2
Habilidades: Nenhuma
— ۞ —
『Janela de Informações』
Nome: Evan
Idade: 28 anos
Raça: Humano
Nível: 1
Classe: Nenhuma
Estigma: Nenhum
Atributos Gerais:
Força: 7
Resistência: 7
Agilidade: 9
Poder Mágico: 4
Habilidades: Nenhuma
— ۞ —
Como esperado, eu realmente era mais fraco do que a maioria. Eu devia ser odiado por algum deus.
— Tudo pronto? — perguntei.
Eles acenaram e começaram a andar em direção às árvores.
Olhei para a carta mais uma vez antes de ir.
Então eu estava mesmo aqui, não era como eu pensava. Aqueles sentimentos e os sonhos que sempre tive sobre esse lugar agora não passavam de coisas do passado…
— Venha logo, maninho.
— Estou indo.
Pois tudo isso morreu naquele dia.