Minha Colega de Quarto é Uma Súcubo - Capítulo 1 - A Autoproclamada Súcubo
Eu era só um estudante normal do ensino médio no Japão. Meu nome: Takashi Kobayashi.
Não fazia muito tempo desde a volta às aulas, e lá eu estava, retomando a escola. Me reencontrei com meus amigos e, inclusive, a garota que gostava.
Hoje, um dia fatídico, entrei em uma situação mais fatídica ainda. Após os meus amigos me convencerem a me declarar para a garota que gostava, entrei nessa situação.
E o que fiz foi o seguinte: há algumas horas, pedi para ela, Hinata Yamazaki, me encontrar atrás da escola no fim da aula. E, após isso, entrei nessa situação.
— Então, você vai se declarar para ela hoje, não é?
— Beleza! Estaremos torcendo por você!
— É, irmão. Boa sorte!
Esses três patetas me encorajaram e, depois disso, foram correndo, indo embora provavelmente, para o lado oposto da localização que escolhi, que era atrás da escola, um local que estaria vazio, onde não havia nada além do chão, do muro e do céu azul.
Eu estava com frio na barriga. O que faria a seguir, seria bem vergonhoso, mas não custava nada tentar.
Foi quando ouvi passos, olhei para o lado e percebi, ela estava bem na minha frente, se aproximando cada vez mais.
— Me chamou? — Me olhou, com uma expressão desinteressada no rosto.
Na hora não soube como reagir. Achava que era tudo tão fácil, mas era mais complicado do que parecia… Naquele momento, senti meu coração batendo forte, minhas mãos estavam tremendo, e foi quando tomei coragem.
— E-eu… g-gosto de você! Desde o fundamental. Por favor, n-namore comigo!
Enquanto falava, levei meu corpo para baixo e estiquei meu braço, abrindo a palma da minha mão.
“Por que me abaixei?”, pensei na hora. Eu era o quê? Um idiota?
Mesmo muito envergonhado e com meu rosto corado, consegui falar as palavras que estavam como um nó em minha garganta: “eu gosto de você”. Palavras, que boa parte dos protagonistas de mangás de romance não conseguiam dizer no momento em que todos esperavam, e sempre deixavam para o capítulo duzentos, ou coisa assim, isso também se aplicava para cenas de beijo. Muito chato! Mas, agora entendia o porquê deles enrolarem tanto assim… É muito vergonhoso!
Ao ouvir as minhas palavras, a Yamazaki ficou calada por um tempo. Isso só me deixava mais ansioso, mas não conseguia olhar diretamente para ela naquele momento… Foi quando ouvi o som de risadas descontroladas.
Queria entender qual era a graça. Será que fui muito ridículo abaixando meu corpo desse jeito? Porém, ainda esperava que isso desse certo. Tinha as pequenas chamas de esperança no meu coração!
— Hahaha… hahaha… hahaha. Você é mesmo muito idiota! Por que namoraria alguém tão feio, esquisito e bem estranho como você?
Ao ouvir essas palavras, as pequenas chamas de esperança no meu coração, se apagaram completamente.
Realmente não consegui acreditar naquilo que ouvi. Meu coração ficou ainda mais acelerado do que antes. Aquelas palavras foram como um tapa na minha cara. Fizeram a minha garganta ficar em um nó, e eu não conseguia dizer ou pensar em alguma palavra.
— E tem mais! Você é só um otakinho de merda! Por que me relacionaria com esse tipo de gente? Hahaha…! hahaha! Mas é cada uma.
Ela seguiu em frente, passando por mim de forma bem afastada, como se não quisesse respirar o mesmo ar do que eu. Esperava que tudo aquilo fosse um delírio da minha cabeça.
Nunca conversei muito com ela por vergonha, mas não imaginava que ela fosse me tratar assim. Pensava que era uma garota legal… Ouvir apenas um “tenho namorado” seria bem menos triste do que isso… ou ouvir um “eca”…
Senti lágrimas surgir de meus olhos. Abaixei meu braço e levei minha visão para o céu. Com o dedo, limpei a lágrima que escorria pelo meu rosto.
— Que… desnecessário… — Minha voz estava fraca.
Isso foi bem desanimador. Tudo que queria agora era deitar na minha cama, dormir e fingir que isso não aconteceu.
“Quero morrer…”
A garota que eu gostava me rejeitou… Tudo bem ter me rejeitado… mas ela também… me insultou. Tudo isso foi um choque para mim.
“É melhor ir para casa…”
Depois disso, fui para casa. Cheguei em meu quarto. Ele era grande, tinha minha cama no canto da parede, meu guarda-roupa, uma janela e meu computador. Nada demais.
Depois desse dia estressante, apenas me sentei no pc e chamei meus amigos para uma chamada de áudio, para jogarem um MMORPG comigo, para ver se me animava.
— Ei, mano, você tá legal? — Ryotaro disse.
— Não tô não… — respondi.
— Relaxa, Takashi. Existem várias garotas no mundo, com certeza você vai achar alguém que goste de você — Miyako comentou.
— Ele tá certo, Takashi. Pelo que você disse para gente, a Yamazaki parece ser uma completa vadia! — Takafumi falou.
Esse meu grupinho de amigos era formado por quatro pessoas: o Takafumi Nakamura era um cara bem preguiçoso e não ia muito bem nos estudos. E, também, poderia falar coisas insensíveis, mas não fazia por mal. Em contrapartida, ele era um ótimo desenhista… e meio tarado;
O Miyako Yamamoto era um ótimo amigo e um cara bem inteligente. Ele gostava bastante de jogos e filmes. No fundamental, nós íamos ver filmes na casa dele e, também, era o mais animado de nós quatro;
O Ryotaro Sato era alguém bem legal. Era um amigo que você sempre podia contar nas piores horas da sua vida, e alguém com uma família rica — mas ele não falava muito sobre isso com outras pessoas —, e seus pais fizeram amizade com os nossos;
E, por último e não menos importante, eu.
Nós estávamos em um projeto para criar um mangá. Eu e o Miyako estávamos cuidando do enredo desse projeto.
O Ryotaro estava cuidando dos personagens, cenários e vilões. Ele praticamente pensava em como ia ser a aparência desse tal personagem ou como seria o cenário, até os mínimos detalhes, e mandava as informações para o Takafumi, que ilustrava tudo, sendo o designer.
Nós só tínhamos começado, e ainda tínhamos muito trabalho pela frente.
Enfim, foi uma noite de jogatina divertida. Tivemos algumas pausas: fui comer e tomar banho. Isso realmente foi divertido, mas haviam se passado várias horas, e o cansaço me consumia.
Me despedi dos rapazes e desliguei o computador, indo direto para a cama.
Enquanto estava em meu sono divino, acabei acordando. Fiquei com vontade de ir urinar. Por ter acordado desse jeito, estava bem sonolento.
Me levantei e fui até o banheiro. Depois de me aliviar e lavar as mãos, voltei para o meu quarto e me joguei na cama novamente, fechando meus olhos de forma imediata. Foi quando senti algo caminhando sobre meu colchão.
— Origami?
Origami era o nome do meu gato de estimação. Ele era da raça persa. Minha família o adotou fazia dois anos.
O felino era bem apegado a mim, tanto que na maioria das vezes dormia comigo na cama e, quando não era comigo, era com os meus pais ou com a minha irmã.
Por ser bem apegado a mim, achei que foi ele que subiu em cima da minha cama Quase imediatamente, o que estava se arrastando parou. Ainda conseguia sentir seu peso em meu colchão, mas não dei importância.
Alguns minutos depois, esse algo continuou se arrastando. Por causa de meu sono, não havia percebido, mas o peso desse algo era pesado demais para ser de meu gato. Não era algo e nem Origami, e sim alguma pessoa. Ao me tocar disso, congelei de medo, mas ainda continuei parado e com os olhos fechados.
Depois disso, essa pessoa ficou sobre mim, usando meu cobertor para tapar a minha cabeça, e muito provavelmente, a dela também.
Acabei pensando que fossem algum de meus pais, mas percebi que não havia sentido nessa minha conclusão, bem, por que eles fariam isso em primeiro lugar? Talvez pudesse ser a minha irmã, mas também não faria sentido ser ela…
O sinal que me fez levantar, foi ouvir um miado do gato.
“Alguém invadiu o meu quarto!”
Quando dei por mim, me levantei o mais rápido que pude. Ao fazer isso, senti que acertei essa pessoa em alguma parte de seu corpo. Doeu um pouco na minha testa.
Em seguida, só pude ouvir uma voz feminina gritando:”ai!”. Depois disso, rapidamente pulei para fora da cama e corri até o interruptor, ligando a luz.
— Ai, ai, ai, ai! Meu nariz!
Nesse momento, eu vi a pessoa que invadiu o meu quarto. Era uma garota linda, mas uma completa desconhecida. Ela estava com a mão em seu nariz, e com os olhos lacrimejando. Aparentemente foi aí que acertei minha cabeçada… Ops. Porém, o que me chamou a atenção de verdade, foi…
— Uma garota usando cosplay?
Na minha frente havia uma garota usando cosplay de súcubo? Era isso mesmo que eu estava vendo?
— Que merda é essa?
Olhei para Origami, que estava observando toda a situação sentado perto da porta. Seus olhos só mostravam que ele não estava se importando com nada disso, mas eu sim.
Ela tinha cabelos vermelhos, chifres pretos, um rabo preto que parecia ser de algum demônio, cujo a ponta tinha o formato de um coração de cabeça para baixo, e asas de mesma cor que também pareciam ser de um demônio.
Meio que acabei congelando. Foi algo muito aleatório de se ver durante a madrugada.
Ela também não tinha muitas vestimentas. Estava usando um sutiã preto que não mostrava nenhum decote e uma calcinha preta. Bem peculiar.
“O que está acontecendo aqui?”
Ela moveu seu olhar da minha cama direto para mim. Seus olhos verdes olharam direto aos meus, e só pensei em uma coisa nesse momento…
“Ladra maldita!”
Que medo! E pensar que poderia ser roubado enquanto todo mundo dormia! Meu rosto devia ter ficado pálido na altura do campeonato.
Como uma pessoa calma e racional, saí do quarto… e voltei com uma vassoura em minhas mãos. Pude ver Origami saindo do quarto no momento que voltei, provavelmente, ele não queria ver aquela loucura. Nesse momento, fechei a porta do quarto e andei em direção daquela ladra usando cosplay.
Ela se assustou quando viu com o que estava em mãos. Provavelmente sabia para que seria usado.
— Escuta aqui, sua ladra maldita! Tenho uma vassoura e não tenho medo de usá-la contra você!
Apontei a minha “armassoura” até aquela invasora, em uma posição desafiadora e amedrontadora, como se fosse a lâmina de uma espada. Apesar disso, eu ainda estava com medo. Nunca passei por uma situação assim antes.
Minhas mãos e pernas estavam tremendo, mas não podia demonstrar medo… acho… Era a primeira vez lidando com uma situação do tipo…
— C-calma aí! Espera um minuto! Não sou uma ladra!
Ela estava completamente desesperada com a informação que dei sobre minha “espada”. Porém, por qual motivo uma pessoa desconhecida invadiria a casa de outra? Só via aquilo como uma tentativa de roubo.
— Sério mesmo? Quando uma pessoa invade a sua casa no meio da noite, enquanto você está dormindo, obviamente você não pensa que é uma ladra… Não, não, não… você pensa que é alguém que está querendo te servir um chá! Que tipo de mentira deslavada é essa?
Tentei ser o mais sarcástico e assustador ali… Sarcástico fui, mas não sei dizer se assustador…
— Ah, b-bom, você está certo nesse quesito, mas realmente não sou uma ladra, juro. — Ela cruzou as mãos, como se tivesse implorando.
— Então é o quê?
Após ouvir o que tinha falado, ela ficou em pé na minha cama e limpou a garganta. Pelo visto, estava se preparando para responder minha pergunta.
— Eu realmente tenho que dizer?! Está bem óbvio.
— Não está óbvio para mim! Se não quiser apanhar de vassoura é melhor abrir o bico!
Não sabia se minha tentativa de ser assustador estava dando certo…
— E-está bem, está bem! senhor esquentadinho. — Estava dando certo sim! — Mas se eu contar a verdade, promete não me bater?
— Caso não minta.
Falei a verdade. Não queria usar a violência, mas se fosse preciso…
Ela sorriu com a minha confirmação, dando uma pequena risada logo em seguida, e falou:
— Sou uma súcubo…
Ela parecia que ia dizer uma mentira logo de cara, então a interrompi dando uma vassourada em sua cabeça.
Nesse momento, ela gritou de dor, e segurou sua cabeça com força, se agachando na cama.
— Ai! Mas você disse que…
— Falei que não iria te bater caso você não mentisse. Só porque está vestida com uma súcubo, não significa que isso aqui é um evento de cosplay para você se chamar de uma!
Foi bem estranho pensar que ela iria brincar em uma situação dessas. Talvez essa garota tivesse um parafuso a menos.
— M-mas é verdade!
Com certeza tinha.
Pensei bem e formulei uma boa resposta.
— Súcubos não existem, são só ficção… uma grandiosa, maravilhosa e magnífica ficção.
Bem, enalteci demais sem querer o conceito de “súcubos”. Talvez fiz isso por conta do calor do momento.
— Sou uma de verdade! Como você pode explicar essas asas e esse rabo demoníacos?
— Simples, cosplay.
Não era difícil criar essas coisas para um cosplay, certo? Não entendia muito dessas coisas, mas imaginei que fosse caro.
— Aaaaaaaaah! Não é cos…
— Cala a boca!
— Ai!
Impedi que gritasse, dando mais uma vassourada na cabeça dela e, com isso, pequenas lágrimas apareceram em seus olhos…
“Agora estou me sentindo um pouco mal… Não! Não posso me sentir assim! Ela é uma invasora!”
Levei meu dedo até meus lábios, fazendo o sinal para uma pessoa ficar quieta, o famoso “shi!”.
— Sua idiota, você vai acordar meus pais!
Tentei não falar muito alto.
— Ai, ai! Você é malvado… Mas para parar uma ladra a melhor coisa não seria chamar os pais ou a polícia?
Não soube como responder. Me senti um idiota. Talvez eu que tivesse algum parafuso a menos.
— C-cuido disso sozinho. — Apesar que ela tinha total razão — E você já está se assumindo como ladra?
— N-não foi isso que quis dizer! Só estava supondo!
Decidi entrar em outra abordagem.
— Vou na sua. Vamos dizer que você seja uma súcubo. O que veio fazer aqui na minha casa?
— Hã? E você ainda pergunta? — Ela falou como se fosse óbvio, ou como se eu devesse saber, mas não estava sendo tão claro para mim…
— Vim aqui para pegar a sua vitalidade e seu sêmen. Em troca, você terá um sonho erótico comigo!
Congelei novamente… Ela falou isso com tanta normalidade, que me deixou assustado.
— Por que você está me olhando assim?
Provavelmente fiz uma cara de espanto, ou coisa parecida. O único motivo que consegui pensar para essa garota me perguntar isso.
“É uma depravada!”
Ela invadiu o meu quarto só para isso? Então era mais que uma depravada, e sim uma predadora sexual. Pior ainda!
— Não, valeu. Vai embora.
— O quêêêêêêêêêêê?!!
A invasora ficou em choque por algum motivo, foi tão estranho assim? Ter rejeitado-a de me fazer ter um sonho pervertido a surpreendeu bastante. Mas, o que ela esperava?
— M-mas por quê?!
O choque foi tão grande que levantou bem alto seu tom de voz.
— Pare de gritar!
Ela realmente ficou surpresa.
— Mas adolescentes como você que ficam assistindo pornografia o dia todo, não sonham em dormir com uma garota bonita como eu?
— Que nojo — disse com a cara menos expressiva que fiz.
— “Que nojo”?! Que maldade! Não faço o seu tipo?
— …Não é isso, você certamente faz o meu tipo — obviamente falei isso tão baixo que ela não escutou, ficaria muito envergonhado caso escutasse —, é só que… estou apaixonado.
Disse isso mas não sabia ao certo se era verdade. Mesmo tendo sido rejeitado, ainda estava apaixonado pela Yamazaki, e isso era algo para se orgulhar? Achava que não. Talvez os sentimentos que você sentisse por alguém demorassem para desaparecer.
— Aaaaaah, então o virgem está apaixonadinho, entendi. Hihihi. Não se preocupe, também sou.
Ela falou isso em um tom irônico e com uma voz irritante, usando os dedos para tapar sua risada. Eu já estava ficando de saco cheio dela.
— Me responde uma coisa. Como que você entrou aqui dentro?
— Ah, usei a janela. Estava fechada, e só precisei abrir — disse isso com completa normalidade, apontou em sua direção.
“Tenho que começar a trancar essa janela.”
Após isso, fui para fora do quarto novamente, colocando a vassoura onde peguei. Quando voltei, andei calmamente até a janela e a deslizei para cima, abrindo-a.
Depois disso, voltei a minha posição anterior, com um sorriso maquiavélico no rosto, e corri até a garota vestida de súcubo e, em seguida, a empurrei até a janela com o objetivo de joga-lá para fora da minha casa.
— Aaaaaaaah! Peraí, peraí, peraí! — Não iria fazer isso de verdade, só um grande susto — Ah, é mesmo, posso voar!
“Isso já tá ficando ridiculo.”
Meu quarto ficava no andar de cima, caso alguém caísse daquele andar, não morreria… talvez… não sabia ao certo… mas se machucaria bastante.
Estava ficando sem ideias do que fazer. Senti que assustá-la não adiantava mais…
“Já sei!”
Soltei a invasora e fui em direção à minha escrivaninha. Sobre ela, lá estava meu celular, conectado a um carregador conectado à tomada. O peguei rapidamente, e disquei o número da polícia.
— O que você está fazendo? — Me olhou, confusa.
— Tô ligando para a polícia.
— O quê?! Qual é cara! É só você me deixar fazer o meu trabalho! Não precisa disso!
— Não, valeu. Não quero ser vítima de uma predadora sexual…
Quando menos esperava, ela pegou o celular da minha mão e, rapidamente, retirou a bateria. Tentei pegar de volta, mas a invasora jogou a bateria para fora de casa, pela janela, e voou tão longe que provavelmente não poderia recuperar mais…
Corri até a janela, olhando em volta na rua. Sem sinal da bateria do meu celular…
“Acho melhor jogar essa maldita da janela mesmo!”
Virei para ela, fingindo um sorriso, e depois soltando um suspiro. Após isso, mostrei minha fúria a insultando:
— Sua filha de uma prostituta!
Teria que comprar uma bateria nova…
— Isso é sua culpa!
“Como isso é culpa minha?”, deu vontade de batê-la novamente com a vassoura.
Respirei fundo e tentei manter a calma.
— Olha só, você não vai embora mesmo, né?
— Não!
“Não quero incomodar meus pais com isso, devia, mas não tô afim. Apesar de ser uma invasora, ela até parece ser inofensiva ou fraca, de certa forma?”, isso definitivamente não era o pensamento de uma pessoa racional.
Meu corpo desistiu de confrontá-la, mas minha mente ainda queria prosseguir. Esfreguei meus cabelos com força em meio a frustração…
“É melhor ir dormir, amanhã ela já deve ter ido embora.”
Acabei tomando a decisão de ignorá-la, como se fosse uma criança irritante. Não, não foi algo inteligente de se fazer, mas, para ser sincero, não estava nem aí.
Fui direto apagar a luz. Enquanto isso, o Origami voltou ao quarto, subiu na minha cama e se preparou para dormir. Me joguei na cama de novo, e entrei sob as cobertas.
De novo, não foi algo inteligente de se fazer, o cansaço possivelmente me deixou burro, porque nessa situação o ideal a se fazer era chamar a polícia ou alguém para ajudar.
Provavelmente, ela ficou confusa com isso, não dava para julgá-la…
— Você… vai dormir?
— Vou.
— Você é retardado, cara?
Não tinha nenhuma explicação plausível para explicar isso.
Foi quando senti uma mão entrando por baixo da minha blusa. Agarrei seu pulso rapidamente e fiquei apertando e cravando minhas unhas em sua pele, pra doer mais.
— Ai, ai, ai, ai!
— Qual é o seu problema?
— Ia fazer o meu trabalho enquanto você dormia…
— …Isto se chama abuso sexual, sabia?
— Não existe este negócio quando se trata de súcubos. E vejo como uma sorte para vocês.
Isso era bem doentio. Em que tipo de lar ela cresceu para pensar em algo do tipo? Não era como se a invasora tivesse fazendo algum personagem, parecia que realmente acreditava naquilo que falava.
— Vocês?
— Vocês garotos que querem perder a virgindade o mais rápido o possível.
— O quê? Tá me achando com cara de adolescente de filme americano? — Larguei o braço dela — Olha só, se não posso dormir, vou ficar acordado a noite toda. E caso você tente fazer algo, irei-lhe sentar na porrada.
— Quero ver como vai fazer isso, geralmente os adolescentes pegam no sono bem rápido.
Na verdade, dependia da pessoa e situação, pelo menos, era o que achava.
— Não me subestime!
Depois disso, entrei novamente para debaixo das cobertas e só tinha uma coisa em mente.
“Não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir, não posso dormir!”
Não adiantou muita coisa… o cansaço me consumiu e acabei pegando no sono.
— Dormi!
Acabei acordando, gritando. Já era de manhã e, pelo visto, nada de estranho tinha acontecido comigo, já que minhas roupas ainda estavam em meu corpo. Virei pro lado e vi ela ali, a tal garota que invadiu meu quarto e se autoproclamou uma súcubo. Estava deitada ao meu lado, dormindo abraçada com Origami. Provável que ela tenha caído no sono também.
— Que imbecil.
Bom, não tinha tempo para resolver isso agora. Precisava ir pra escola. Apesar de isso não ser uma boa ideia.
“Bem, talvez ela saia daqui quando eu voltar.”