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Lovecraft Rio - Conto

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Um Submarino Abandonado:

  A cada légua submarina, a pressão na carcaça aumentava de modo considerável. As luzes dos radares emitiam o brilho esverdeado de alguma coisa a sua frente, enquanto o véu avermelhado dos alarmes invadia a sala de controle com as escalas mínimas de oxigênio. O almirante respingava em suor e medo, enquanto o piloto desviava dos rochedos subaquáticos e entremeava–se pelos imensos cardumes acobreados e algas que formavam capões submersos na escuridão de um recôndito muito além do que a perdição.

– Quanto tempo ainda temos? – a voz do almirante estava carregada pela falta de ar e pelo próprio pesar em saber que não mais conseguiriam retornar à superfície.

– Uns trinta minutos, senhor, se dermos sorte.

  O almirante voltara para a câmara de controle; corpos de soldados jaziam pelos corredores com buracos de projéteis onde seus cérebros antes pensavam. A escala estava por dez, o que indicaria um rápido aumento de pressão quando as forças esgotassem–se; suas cabeças provavelmente explodiriam antes de perceberem qualquer coisa. Dedilhou o tambor do revólver, ruminando as possibilidades, refletindo sobre qual seria o melhor momento. Talvez seja agora. Antes que pudesse empunhar a arma, o piloto chamara–lhe:

– Almirante, é melhor o senhor ver isso aqui.

  Ele retornou, e não pudera conter um arquejo, pois através das algas, eles viram estruturas imensas dispostas em ângulos estranhos, o holofote subaquático percorria as paredes cujo negrume rebrilhava nos fachos luminescentes e estampava hieróglifos desconhecidos. O submarino descia pelo que parecia uma Pompeia de termos estrondosos. Passaram pelo que parecia ruas, casas e conselhos, todos exercendo algum tipo de consolidação vertiginosa, e aproximaram–se do que parecia um pináculo convexo onde imensas pedras resistiam por tempos imemoriais. Acharam que aquele mar hediondo seria seu último horizonte. Estavam enganados.

  À medida que prosseguiam sua peregrinação ao que parecia um túmulo azul, eles viram…

– Meu deus. – o arquejo do almirante viera em uníssono.

– O que são aquelas coisas? – o rapaz dissera.

  Ele não sabia, eram criaturas estranhas, com aspecto humanoide, mas que emitiam brilho e sonares que o radar conseguia detectar, e seus semblantes assemelhavam–se a sapos; carregavam junto a si lanças e passavam pelo mirante, curiosos. Um deles aproximou–se a poucos centímetros, fitando–os. De repente, sobressaltaram–se, pois um tentara fincar a lança no vidro. O almirante exortou:

– Acelere…

– Mas, senhor, estamos indo de encontro àquele buraco, tem certeza?

  Mais sapos aproximavam–se e nadavam junto ao navio. O almirante disse–lhe:

– Tenho certeza, homem. Prepare os torpedos.

  Assim, esquivando–se dos ataques desenfreados que aqueles seres davam–nos, eles adentraram pelos paredões que mais assemelhavam–se a monólitos, e empalideceram–se, pois ao final do que parecia ser uma caverna adornada em uma espécie de cone piramidal, conseguiram ouvir um rugido, que mais parecia um maremoto, pois o som estarrecedor fora acompanhado de ondas que fizeram o submarino balançar, e lá na frente, puderam ver, saindo da caverna, tentáculos enormes, e onde havia escuridão, dois enormes olhos esverdeados serviam como luz.

– Atire. – o capitão arquejou. – atire pra valer!

  O torpedo saíra a nado de encontro àquela coisa com dez vezes o tamanho da carcaça do navio, e puderam ouvi–la gritar. Não havia escapatória, precisavam encará–la de frente. Ambos rezaram, o jovem marinheiro disse–lhe:

– Foi uma honra servir o senhor.

– Digo o mesmo.

  Então, acelerando em direção àquele deus sonolento, eles prosseguiram, os olhos como verdadeiros sols na imensidão. Os sapos continuavam a persegui–los, e então, aquele ser envolvera seus tentáculos sobre a superfície metálica dos navios, e abrira a boca.

– Jesus Cristo, dai–nos força.

  Quando aquela criatura abrira espaço por entre os tentáculos e arrastara o submarino para dentro de si, eles puderam ouvir os gritos de milhares de pessoas, gritos de lamento, de dor, todos envolvendo essa estranha palavra, “Cthulhu”, e pediam–nos em múltiplas línguas para não deixarem–no despertá–lo. E então, lá dentro de sua garganta, viram o espaço, e foram jogados como que de repente, viajando no que pareceu dias por meio de uma teia cósmica e pousando sobre um planetoide escarlate onde a luz adotava outra cor, e sentiram–se não mais na água, mas sim, sobre ela, em uma superfície onde podiam ouvir o barulho das ondas quebrando em uma orla calma.

  Foram até a escotilha, e quando abriram–na, havia uma imensa praia. Tanto o almirante como o seu subordinado desceram pela carcaça tombada e sentiram as areias geladas de uma terra distante sobre seus pés.

– Estamos loucos? – o marinheiro disse.

– Não, infelizmente, não. – o almirante de pronto respondera–lhe.

  Lá na frente, um grupo de pessoas com estranha coloração azul aproximara–se deles. Um senhor que aparentava pertencer a séculos vitorianos estava acompanhado de um grupo de homens pardos, todos portando estranhas vestimentas. O almirante disse–lhes:

– Por favor, ajudem–nos, estamos à deriva por meses.

  O que estava mais a frente disse–lhe:

– Então, ele busca zombar de nós, acha que não conseguiremos impedi–lo e envia vossas senhorias como presente.

– Do que você está falando? Onde estamos?

  Um rapaz ao lado deste senhor disse–lhe:

– Teremos muito o que conversar, o despertar dele está próximo, e ele quer demonstrar que agora também aqui alcançará. Já está há muito tempo fortalecendo–se, e vosmicês, Abreu e Josias, podem ajudar–nos na guerra que está por vir.

  Assim, ambos, almirante e marinheiro, foram levados do mar das águas ao mar das estrelas, e perguntaram–se se o melhor não era ter morrido como os outros.

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