Knight Of Chaos - Capítulo 412
Apesar de Fernando inicialmente não querer assumir provisoriamente o comando da Nona Brigada, sentiu que já que ele deveria fazer isso, o faria corretamente, tomando decisões por si mesmo.
As novas ordens do QG sacrificariam não só a Nona Brigada, mas a Quinta Divisão inteira. Ele não permitiria que ele e seus homens fossem descartados dessa forma.
“A partir de agora, quem manda aqui sou eu!” O jovem Tenente falou, de forma explosiva, para que todos ali pudessem ouvi-lo.
Rafael ficou assustado por um instante, mas logo franziu a testa. Ele já não gostava do rapaz antes, então ao ver uma brecha, rapidamente se adiantou para criticá-lo.
Mesmo que seu cargo fosse inferior, ele era o Assistente do Major, responsável pela Logística das Balistas, um importante recurso de guerra! Alguém só seria indicado para tal cargo ao demonstrar grande talento e conhecimento técnico, então ele sentiu que não era qualquer um.
“Essas são ordens do QG, você não pode ir contra elas!”
Ouvindo isso, Fernando estava prestes a responder, mas Thom, que estava ao lado, adiantou-se.
“O Tenente foi colocado no comando pelo próprio Major. A hierarquia local está mais a par da situação em que estamos do que o QG e tem total autonomia para tomar decisões que afetem o campo de batalha. Se não quiser ser acusado de traição, é melhor obedecer!” Thom falou, abrindo a mão, que queimava com fortes chamas, enquanto encarava o sujeito de forma ameaçadora.
Ao ver aquilo, o homem arregalou os olhos, dando um passo para trás. Como ambos os rapazes eram novatos, ele imaginou que não conheciam tão bem as regras da Legião. Então olhou em volta, para os outros Soldados e Operadores, em busca de ajuda. Mas ao ver que ninguém se atrevia a intervir, engoliu em seco.
Pelas leis dos Leões Dourados, subordinados que se recusassem a cumprir ordens diretas durante uma batalha, poderiam ser acusados de traição e executados no local. Como Fernando havia sido nomeado para comandar a Nona Brigada na ausência de Jack Vigari, todos estavam atualmente sob seu comando.
Além disso, um Tenente poderia esmagar um pequeno Assistente como ele com as mãos amarradas nas costas!
“E-eu… entendi. Me desculpe, senhor!” Rafael falou, tremendo.
Fernando ficou surpreso ao ver isso. Então olhou para Thom com um olhar de satisfação. Ao contrário de antes, o rapaz não estava mais tão nervoso. Além disso, parecia que o mesmo vinha estudando sobre as leis e códigos de conduta dos Leões Dourados mais do que ele próprio.
Com tudo resolvido, o Assistente rapidamente pegou um novo mapa.
“Quais coordenadas devemos escolher, senhor?” Apesar de não gostar disso, Rafael não se atreveu a se rebelar novamente e até mesmo estava com medo de dizer a próxima frase. “Se houver algo que te desagrade, basta apagar usando mana, não precisa rasgar, os mapas com matrizes são muito caros…”
Ouvindo isso, Fernando ficou um pouco surpreso e até envergonhado de ter rasgado o último mapa. Mas rapidamente jogou isso para o fundo da mente, havia coisas mais importantes para se preocupar.
Pegando o novo mapa em mãos, viu as informações atualizadas, assim como os números aproximados de inimigos e aliados em cada ponto. Claramente o sujeito havia caprichado nesse novo para tentar se redimir pela ofensa de antes.
Ele não é tão inútil, afinal. Fernando pensou, ao ver tantos detalhes. Filtrar informações importantes a partir da abundância de dados das comunicações do QG não era algo simples. Mesmo que não fossem totalmente precisos, serviriam como métrica para ele.
No Sul, a Oitava Brigada e mais dois Batalhões da Nona, totalizando 3.000 homens, estavam enfrentando 5.000 Orcs Dobats. Ao Leste, a Sexta e Sétima Brigadas, com 4.000, estavam lutando contra 10.000 inimigos.
Independente de como se olhasse, a situação ao Leste era muito pior. Não havia como apenas duas Brigadas se segurarem por muito tempo contra 10.000 Orcs. Além disso, o fronte ao Leste era muito próximo da posição das Balistas, a menor das brechas e os inimigos iriam vir diretamente até eles.
“Vamos apoiar a Sexta e Sétima Brigadas, quero disparos espaçados, aqui, aqui…” Logo Fernando usou seu mana para marcar vários pontos que ficavam próximo das linhas de combate, longe o suficiente das tropas aliadas, mas perto o bastante para que o bombardeio desse algum alívio aos soldados nas linhas de frente.
“Senhor, eu preciso das coordenadas exatas. O Major sempre passava coordenadas precisas…” O homem falou, dessa vez muito mais humilde que antes.
Ao ouvir isso, Fernando ficou surpreso. Por mais que achasse Jack Vigari alguém extremamente irritante, tinha que admitir que o Major era realmente bom no que fazia. Ele mal conseguia ler corretamente os mapas, muito menos ser capaz de calcular as coordenadas enquanto tinha que cuidar de várias coisas ao mesmo tempo.
“Bem, deixo isso em suas mãos. Tenha certeza de não acertar nosso povo por acidente.” O jovem Tenente disse, dando de ombros. Isso não era algo que ele sabia fazer, então por que não terceirizar o trabalho?
“Mas senhor, eu não sei se…”
“Eu disse que deixo isso em suas mãos, você consegue, não é?” Fernando perguntou, com um rosto frio e intimidador.
“E-entendido…” Rafael respondeu, quase chorando internamente ao pensar em assumir tal responsabilidade.
Vendo o rosto pálido e sem emoção do Tenente, somado aos boatos sobre ele ter destruído uma Guilda inteira em Belai por ter lhe ofendido, sentiu que o menor dos erros e sua cabeça estaria rolando no chão no momento seguinte.
Após um instante com os outros Assistentes e Operadores, logo Rafael conseguiu calcular as coordenadas que Fernando queria.
“Viu, não foi tão difícil, foi?” O jovem Tenente falou, dando dois tapinhas nas costas do sujeito.
O Assistente respirou fundo tentando se acalmar, enquanto rangia os dentes e xingava mentalmente.
Como ele pode ser tão desavergonhado?
Os Operadores das Balistas começaram a ajustar o ângulo, bem como canalizar seu próprio mana para controlá-las.
Fernando observou tudo de perto, apesar de não entender completamente o que estavam fazendo, compreendeu mais ou menos do que se tratava.
Operar as Balistas era algo que dependia muito de um controle refinado e preciso, era por isso que havia pelo menos três operadores por Balista, o esforço mental seria demais para apenas uma pessoa, por isso os operadores se revezavam a cada disparo.
“Fogo!” Fernando ordenou.
Boom! Boom! Boom!
As cinco Balistas dispararam ao mesmo tempo.
…
No campo de batalha ao leste, o Capitão da Sexta Brigada tinha um rosto ensanguentado, enquanto lutava, cercado de Orcs, a cada movimento de sua espada, os inimigos caiam aos seus pés. No entanto, os homens ao seu redor estavam caindo muito mais rápido do que ele matava inimigos.
Desse jeito vamos todos morrer aqui… pensou, enquanto olhava ao redor.
As tropas da Sexta e Sétima Brigada estavam lutando em formações apertadas, para tentar minimizar a quantidade de inimigos que enfrentavam por vez. Essa era a única coisa que poderiam fazer nessa situação.
Normalmente era necessário no mínimo o dobro de tropas para enfrentar Orcs, mas eles estavam lutando numa proporção de um homem para cada dois ou três Orcs, era impossível vencer, então estavam tentando ao menos diminuir suas perdas para ganhar tempo.
O Capitão olhou para o Sul, pelas notícias na comunicação, sabia que a situação por lá não era muito melhor do que a deles. Ele também soube do poderoso Urukkan que invadiu o espaço aéreo acima do quartel, sendo interceptado pelo Major Jack e pelo próprio General Dimitri.
Swish! Perfura!
“Porra, estamos fodidos!” O homem exclamou, enquanto afundava sua espada no crânio de outro Orc.
Ele sabia que as tropas das outras Brigadas não poderiam vir auxiliá-los, então a única esperança era que reforços viessem do QG e das outras Divisões. Porém, o homem era um veterano, para ele estava tão claro quanto água cristalina que isso não aconteceria.
“Capitão, temos que recuar! Dê a ordem, por favor!” Um Subtenente gritou, enquanto era cercado por um grupo de Dobats, resistindo com todas suas forças, vendo que não conseguia enfrentá-los, tentou voar. Entretanto, o homem estava cheio de ferimentos e com pouco mana, as criaturas saltaram em direção a ele, puxando-o para baixo.
“Merda!” O Capitão correu em direção ao sujeito, numa tentativa de salvá-lo, mas era tarde demais.
“Ahhhh!” Orcs derrubaram o homem, então o esfaquearam e o cortaram de todos os lados, desmembrando-o em poucos segundos.
Os soldados próximos, que também estavam tentando chegar até o Subtenente, não puderam fazer nada além de observar aquela cena grotesca, cheios de medo, então recuaram, lentamente.
Mesmo que não houvesse Lordes nesse exército, apenas Orcs Líderes e Líderes Inferiores, seus números eram simplesmente muito altos.
Em frente a números absolutos, até altas patentes iriam eventualmente cair, mesmo com Capitães, Majores ou Generais não seria diferente, muito menos um mero Subtenente.
O Capitão, ao ver isso, suspirou, seus olhos vazios e desesperançosos. Era o terceiro Subtenente que ele perdia em menos de meia hora. Devido à desvantagem numérica, ele não teve escolha se não ele próprio ir à linha de frente, assim como enviar os Tenentes e Subtenentes para serem chamarizes e contrapor a investida Orc. Mas mesmo isso não era suficiente para igualar os números devastadores dos inimigos.
O homem lentamente recuou para próximo da linha dos Soldados, retirando uma Poção de Mana Intermediária e outra de Cura. Em sua comunicação, pedidos e mais pedidos e ajuda chegavam, assim como solicitações de recuo. Mas ele não pôde fazer nada além de se lamentar amargamente.
Atrás da Sexta e Sétima Brigadas estavam as Balistas, assim como o Quartel Provisório. Não havia para onde recuar, se ele o fizesse seria o fim da Quinta Divisão inteira! Assim como o homem estava pensando no que fazer, o céu iluminou-se em vermelho.
Inicialmente ele não pensou muito a respeito, as armas de guerra estavam apoiando principalmente o exército central ao leste e às vezes a Oitava Brigada no Sul, não tinha nada a ver com eles. Contudo, sua percepção mudou abruptamente, quando a apenas algumas dezenas de metros a sua frente um mar de fogo desceu.