Knight Of Chaos - Capítulo 389
A reação exagerada do jovem Tenente deixou ambos, Theodora e Heitor, surpresos.
“O que foi? Você já ouviu falar dela?” O Capitão perguntou, com curiosidade.
Somente quando ouviu a pergunta é que Fernando voltou a seus sentidos, tentando acalmar-se.
“U-um pouco, eu apenas ouvi alguns boatos sobre ser algo bem valioso… Mas não sei exatamente suas funções.” disse, olhando para a pequena pedra em sua mão.
Isso realmente é uma Pedra de Mana? pensou, olhando a pequena lasca que parecia ter um tamanho levemente menor do que o de uma unha.
Usando seu mana, tentou sondar o item azul com formato irregular. Mas não importava o quanto tentasse, não conseguia, a sensação era completamente diferente da Pedra de Mana escondida sob sua camisa, embaixo da armadura.
“Haha, então é isso. Realmente, Pedras de Mana são bem valiosas.” Heitor disse, após uma leve risada. “Já que você não sabe, vou te explicar. Pedras de Mana são usadas para armazenar mana, a cada 0,1g elas podem armazenar 10 pontos de mana. Essa que te dei, por exemplo, pode armazenar algo em torno de 50 pontos de mana, já que tem aproximadamente meio grama.”
Ouvindo isso, o coração do jovem Tenente começou a bater rápido. De certa forma, ele sempre considerou a Pedra de Mana seu maior segredo, então ouvir que na realidade eram itens ‘comuns’ o fez duvidar de si mesmo. Entretanto, isso só durou um momento, ao analisar com cuidado, percebeu que havia diferenças singulares.
A sua Pedra de Mana era várias vezes mais robusta que a que o Capitão lhe deu, sendo um pouco maior que uma bolinha de gude. Se o cálculo que o sujeito lhe disse estivesse correto, a pedra que Fernando usava já deveria ter atingido o limite de quantidade de mana que poderia ser absorvida conforme o seu peso, mas o problema é que não importava o quanto tentasse, ele nunca havia conseguido alcançar o limite!
Além disso, ao olhar de perto, a aparência também parecia levemente diferente. Enquanto sua pedra era perfeitamente lisa, como o seixo de um rio e com uma cor azul escura, a outra era irregular e de uma cor azul extremamente clara.
Talvez o que eu tenha não seja exatamente uma Pedra de Mana? deduziu.
A verdade é que Fernando nunca soube realmente o que era o item em sua posse. Ele apenas a chamou de Pedra de Mana porque era assim que os guardas, de quem ele conseguiu, a chamavam, além de sua própria Pulseira de Armazenamento reconhecê-la dessa forma. Mas ao parar para pensar, se ela fosse tão comumente conhecida e, ao mesmo tempo, tão incrível, como ele teria colocado as mãos nela em primeiro lugar?
“Então como eu faço para guardar mana nisso? Preciso de Poções de Mana?” perguntou, com curiosidade.
“Ahn? Você já sabe até isso?” O homem negro perguntou, com intrigado.
Theodora, ao lado, também ficou surpresa, já que mesmo ela não conhecia esse tipo de item.
Então o jovem pálido travou por um momento, percebendo que havia falado mais do que devia. Mas com a confirmação do sujeito, ele percebeu que talvez o item em seu pescoço de fato fosse uma Pedra de Mana!
“Mas claro, não é tão simples. Para armazenar você vai precisar ativá-la primeiro. Na verdade, é por isso que eu nunca a usei.” Heitor disse, de forma pensativa. “Mesmo que Pedras de Armazenamento de Mana sejam valiosas, você precisa de um Mestre de Runas ou Matrizes para incrustar uma matriz nela. Mas os serviços de um mestre desses não é barato. Essa pedra me custou algumas centenas moedas de prata, mas se eu tivesse que contratar alguém para ativá-la, gastaria pelo menos algumas moedas de ouro, simplesmente não vale a pena já que ela é tão pequena.”
O jovem Tenente ficou surpreso com a explicação do homem.
“Isso não significa que você só está dando lixo de segunda como presente ao líder?” Theodora falou, com olhos fixos no homem negro.
Ouvindo isso, O Capitão levantou a sobrancelha com o atrevimento dessa pequena Subtenente, mas não ficou irritado.
“É, você está certa. Inicialmente eu descartei a possibilidade de ativá-la. Na verdade, há um segundo uso muito popular para esse tipo de item e era nisso que eu planejava usar, ela pode ser usada na produção de uma Orbe do Mago.”
“Orbe do Mago?” Fernando perguntou, com uma expressão de interesse.
“Isso mesmo, Orbes do Mago são ferramentas usadas por Magos Avançados e de nível superior. Na realidade é como se fossem suas armas, eles ajudam a controlar, canalizar e amplificar o mana e a magia. De certa forma, são itens essenciais para os Magos poderosos, e a Pedra de Mana é um dos itens principais para sua produção.”
O jovem Tenente olhou para a pequena lasca em sua mão com dúvidas.
“Então você diz que eu deveria usar isso para criar um Orbe do Mago para mim?”
Heitor balançou a cabeça em negação, com um sorriso.
“Você precisa ser ao menos um Mago Avançado para usar algo assim. Além disso, a fabricação e custo do restante dos materiais não é algo que uma pessoa comum possa pagar. Mesmo eu estou lutando para juntar o suficiente, você precisa de muitas conexões para juntar os materiais necessários.” O Capitão disse, com um sorriso irônico. “No lugar disso, tenho uma ideia diferente.”
“E o que seria?” Fernando perguntou, unindo as sobrancelhas. Inicialmente ele estava empolgado com a ideia de pôr as mãos em uma Orbe, então não conseguia imaginar o que poderia ser melhor que isso.
“O General Zado mencionou que há um Mestre de Runas em seu Batalhão. Eu realmente não sei porque alguém assim estaria te acompanhando, e já que o General pediu, eu não vou perguntar a respeito. Mas se você e ele são tão próximos a ponto dele vir te proteger no campo de batalha, por que não pede para que ele ative essa Pedra de Mana? Um estoque de mais 50 pontos de mana, sem efeitos colaterais, pode salvar sua vida algum dia.”
Mestre de Runas? Ele está falando do senhor Wedsnagauer? O jovem rapaz pensou, com alguma reminiscência.
O velho homem e seu assistente haviam o seguido desde Belai, para treinar Emily e também numa tentativa de ensiná-lo. Inicialmente Fernando ficou desconfiado dos dois sujeitos, mas como o próprio Ferman havia dito que ele não era uma ameaça, acabou ignorando a dupla.
Entretanto, durante a viagem, mesmo que não se envolvesse em batalhas e parecesse confuso em vários momentos, Wedsnagauer demonstrou um profundo conhecimento sobre muitas coisas e deu vários bons conselhos a ele. A partir daquele ponto, Fernando não teve outra alternativa a não ser reconhecê-lo e até admirá-lo.
“Entendi.” O jovem Tenente assentiu, se o que Heitor havia dito fosse verdade, ele precisaria falar com o velho Mestre de Runas.
Mesmo que para ele fosse irrelevante ter 50 pontos de mana a mais, ainda queria entender melhor sobre as Pedras de Armazenamento de Mana e qual diferença existia entre a sua e as demais. Como se tratava de um de seus principais trunfos, precisava se certificar de compreendê-lo completamente quanto antes.
“Bem, espero que te ajude, e claro, que possamos nos entender melhor agora.” O homem negro falou, coçando o rosto, enquanto suas tranças balançavam levemente.
Fernando suspirou levemente. Mesmo que estivesse extremamente irritado com o que houve anteriormente, tinha que admitir que após ouvir sua explicação entendeu que o sujeito tinha seus motivos.
Além disso, as informações que ele obteve a partir do homem eram algo que ele precisava urgentemente. Após obtê-las a partir de Heitor, sentiu grande parte de sua raiva em relação a ele dispersar-se.
“Tudo bem, Capitão, vamos apenas deixar o passado no passado.” Fernando falou, depois de algum momento em silêncio.
A medusa, que conhecia bem a personalidade do jovem, ficou surpresa com essa mudança de atitude.
Mesmo que seu líder fosse alguém relativamente calmo e racional, ela sabia que ele era, na verdade, alguém bastante teimoso e que costumava agir de acordo com suas emoções. Então vê-lo se acertar tão facilmente com o homem pareceu estranho.
Tem a ver com isso? A mulher perguntou-se, olhando para a pedra que o rapaz segurava firmemente entre seus dedos.
“Hoh, isso é ótimo. Então espero que continuemos trabalhando bem juntos, Tenente Fernando.” Heitor disse, se preparando para sair. “Te vejo amanhã na próxima reunião, então.”
Sob o olhar atento do jovem Tenente e de sua Subtenente, o homem negro saiu da tenda, restando apenas os dois no local.
“Líder… que tal conversarmos sobre essa história de você ter sido atacado e não nos contar nada?” Theodora falou, com um sorriso calmo.
Vendo aquele sorriso, que parecia tão simpático e acolhedor, Fernando não conseguiu evitar sentir um arrepio na espinha.
…
Após alguns minutos, saindo da área do Batalhão Zero, Heitor suspirou.
“Desde quando me esforço tanto para agradar alguém de patente inferior à minha?” O Capitão murmurou, consigo mesmo.
Desde antes de sair da Cidade Dourada, foi considerado um gênio e sempre houve pessoas que vinham tentar agradá-lo para estabelecer uma relação, nunca o contrário, então essa situação era estranha para ele.
“Bem, tanto faz, acho que vale a pena.” disse, após pensar um pouco.
Sua maior preocupação é que o rapaz fosse um enviado da Facção de Dimas, mas após descartar essa hipótese, com o respaldo de Zado, percebeu que talvez estivesse criando uma rixa com alguém talentoso por nada.
Não só o Batalhão Zero teve grandes conquistas, como o próprio Fernando era um talento bom o suficiente para ir para a Cidade Dourada. Se ele pudesse recrutar o rapaz para seu lado enquanto ainda era imaturo, seria uma grande aquisição para a formação de sua futura Brigada.
Diferente de Banjo e Amanda, que apesar de serem Capitães, estavam liderando Batalhões por serem punidos, ele estava meramente recebendo a orientação pessoal de um General durante seu período de experiência nas linhas de frente. Assim que seu treinamento fosse concluído, ele iria oficialmente montar sua própria Brigada, e para isso, ele precisaria reunir o máximo de talentos possíveis.
“Apenas me aguarde, Fernando, você vai ser meu.” Heitor falou, dando um largo sorriso de expectativa.