Knight Of Chaos - Capítulo 235
Os gemidos suaves, intercalando com alguns leves gritinhos que vinham do quarto dos fundos eram simplesmente muito atraentes. Isso enfeitiçou os quatro homens, de repente um deles olhou para o jovem.
“Ei rapaz, eu tenho algumas moedas de prata comigo, que tal isso, eu te dou e você me dá alguns minutos com sua namorada, depois que o patrão acabar.”
Mesmo depois de ouvir isso, Fernando manteve-se com um rosto inexpressivo, como se não tivesse ouvido nada.
“Ei, eu estou falando com você!” Quando o homem estava prestes a dar um passo a frente, foi interrompido pelo outro guarda.
“Você quer atrapalhar os negócios do patrão? Você sabe como isso termina.”
Ao ouvir isso, o homem parou por um momento, seu rosto ficou um pouco pálido. Ele havia se deixado levar pelo momento, mas a razão logo tomou conta.
“Tsk.” Estalando com a língua e lançando um olhar irritado para o jovem, o guarda ficou em silêncio.
Os gemidos da mulher e sons nos fundos logo começaram a diminuir, então após cerca de três minutos, tudo ficou em silêncio.
“Parece que o chefe terminou com sua namorada. Parece que ele gostou mesmo, já que durou tanto.” O guarda de antes disse, num tom provocador.
Apesar das provocações, Fernando manteve-se impassível.
Após cerca de dois minutos de silêncio absoluto, os guardas estavam quase indo checar, quando a porta se abriu. Logo eles viram seu chefe saindo, mas o que os surpreendeu é que o homem estava completamente nú. Ele tinha aproveitado tanto que nem se importou em vestir-se? Logo depois a mulher saiu, ela estava devidamente vestida, mas tinha uma expressão tímida e cabisbaixa, ela segurava-se ao braço esquerdo do comerciante gordo.
“Heh, talvez você tenha perdido sua mulher.” O guarda disse, rindo.
Logo o comerciante e a mulher se aproximaram. O rosto do comerciante gordo estava levemente estranho, seus olhos estavam arregalados e sua respiração frenética. Seu rosto estava completamente encharcado de suor.
“V-vamos seguir com…O acordado.” O homem disse, gaguejando.
Fernando manteve um rosto impassível, então jogou uma Pulseira de Armazenamento sob o balcão.
“D-dê, dê a ele, rápido!” O homem disse, em direção ao guarda que ficou com o dinheiro.
“Senhor?” O guarda perguntou, hesitante. Conhecendo o modo de agir de seu chefe, era estranho ele simplesmente pagar assim. Talvez os encantos da mulher foram tantos que ele não estava raciocinando bem?
“Eu disse para dar a ele, maldição!”
Ouvindo seu chefe berrando, o guarda apressadamente entregou uma Pulseira de Amazenamento, dentro haviam 1.600 moedas de prata.
Depois de receber o negociado, Theodora lentamente soltou o braço do comerciante, então ela suavemente deslizou sua mão sob seu peito, indo até seu rosto.
“Eu espero que eu tenha deixado o senhor satisfeito. Tenho certeza que você sentiu tanto prazer, quanto eu.” Theodora falou, com uma voz melosa.
Os guardas nem conseguiam acreditar, a mulher tímida de antes estava agindo de forma tão ousada! Os olhares de ridículo para o jovem se intensificaram.
Enquanto os guardas ridicularizavam o rapaz mentalmente, o comerciante gordo tinha olhos arregalados, cheios de terror e desespero. Não por olhar para Theodora, mas ao olhar o anel vermelho em sua mão.
Vendo aquele olhar, o até então inexpressivo Fernando, levantou um leve sorriso, quase imperceptivel.
“Estamos indo embora.” disse, em direção a Theodora.
“Sim, querido.” Ela respondeu suavemente, ainda exibindo o anel vermelho para o comerciante, que ficou paralisado. Então caminhou apressadamente atrás do jovem.
O comerciante gordo ficou lá, parado, em estupor. Somente ao ver o rapaz e a mulher saindo pela porta, que sua expressão mudou. Ele caiu de joelhos, todo seu corpo tremendo.
“Ah!!!!” Ele soltou berros, uma mistura de agonia e desespero.
Ao verem essa cena, os guardas ficaram apavorados, não conseguiram deixar de se perguntar o que estava acontecendo.
“Senhor? Senhor, o que houve? Esta sentindo algo?” Os homens perguntaram de forma intermitente, mas não obtiveram respostas. Então um dos guardas correu até o quarto, quando chegou lá, seus olhos se arregalaram.
Todo o lugar estava uma bagunça, cheia de objetos espalhados por todo o lugar, a grande cama de casal no centro do quarto estava revirada, havia um cofre abaixo da cama aberto. Ao correr até o local, o rosto do homem ficou pálido, esse era claramente um cofre secreto de seu chefe, e ele estava vazio!
Logo as fichas caíram, ao perceber o que havia acontecido, toda a cor sumiu de seu rosto. Então ele correu para fora.
“Rápido, aqueles dois, eles são ladrões! A mulher roubou o dinheiro do chefe!!!”
Quando os outros três ouviram isso, ficaram atordoados, pensando se tratar de uma piada. Mas ao verem o rosto desesperado de seu companheiro, junto aos uivos de seu chefe que se contorcia no chão, eles não puderam deixar de acreditar.
“Vamos, atrás deles!”
Assim que os três dos homens estavam prestes a dar perseguição, o comerciante gordo uivou.
“Mate, mate eles! Eu quero a cabeça deles, principalmente daquela maldita! Ela me colocou naquele lugar com aquilo… Ah!! Matem ela, matem!”
Ouvindo as palavras de seu chefe, os homens ficaram assustados. Apesar de conduzirem alguns negócios ilegais, raramente seu patrão partia para assassinato, fazendo apenas em casos que envolvessem muito interesse, ja que não queria chamar a atenção das autoridades da cidade. Mas como era uma ordem, eles rapidamente se prepararam, seus rostos frios mostrando que já estavam acostumados a lidar com isso.
…
Em algum lugar distante dali, um homem e uma mulher caminhavam calmamente. Depois de saírem da loja, tanto Fernando quanto Theodora se dispersaram entre as pessoas que ainda caminhavam pelas ruas que estavam escurecendo. Cada um deles tinha 15 pontos de Agilidade então poderiam se mover muito rápido, além disso Theodora era especialista em furtividade, enquanto Fernando tinha seus Passos Tirânicos. Logo ambos sumiram de vista.
“O que achou, líder? Minha atuação foi boa? Você gostou do que ouviu?” Theodora falou, num tom sedutor.
Fernando ficou em silêncio, não respondendo a pergunta. A verdade é que os gemidos foram tão convincentes, que até ele sentiu seu coração acelerar.
Vendo que ele ficou em silêncio, Theodora riu.
“E pensar que o líder tinha isso.” disse, brincando com um anel vermelho em sua mão. “Um Anel de Aprisionamento, só tinha ouvido falar dessas coisas. Aliás, seu Beholder é tão safadinho, líder. Eu fiz como você disse, assim que entramos no quarto joguei aquele porco no anel. Mas quem pensaria que seu Beholder o traumatizaria em apenas dois minutos, eu tive tanto trabalho em fechar sua boca e disfarçar seu choro quando ele foi cuspido do anel… E ele estava pegajoso, foi nojento, até mesmo pra mim hahaha.”
Ouvindo Theodora rindo, Fernando revirou os olhos. Mas apesar disso, ele tinha que admitir que até mesmo ele estava satisfeito, depois das palavras do comerciante, suas ameaças e até chantagem, ele já havia decido fazê-lo pagar. Se ele não podia tirar sua vida, faria algo pior, tiraria sua dignidade.
Pensando no passado, ele nunca foi alguém vingativo, mesmo quando zombavam dele, ou o menosprezavam e o agrediam, ele nunca revidava. Ele sempre engolia tudo em silêncio, sempre fazendo o que era necessário para ajudar sua família e ter um futuro. Porém, desde que chegou em Avalon, as coisas mudaram, ele percebeu que ser omisso, passivo e fraco era apenas pedir para sofrer ou até perder a vida. Agora ele sabia, quando um inimigo queria prejudicá-lo, ele revidaria à altura!
“Aqui líder, dentro do quarto tinha um cofre, aqui está tudo que achei.” Theodora disse, entregando uma pulseira.
Fernando balançou a cabeça em negação.
“Isso é seu, use como achar melhor.”
Ouvindo isso, Theodora tinha um rosto surpreso, depois pensativo, então sorriu.
A verdade é que Fernando se sentia embarassado de ter feito esse plano idiota e de te-la feito fazer algo tão constrangedor, se fosse qualquer outra pessoa que não Theodora, ele jamais teria bolado algo assim. Então nada mais justo do que ela ficar com o que quer que tivesse achado ali.
“Líder, isso me lembra da lenda de Atannar.” Theodora disse, sorrindo,
“Atannar?” Fernando perguntou, curioso.
Vendo que o interesse de seu líder foi picado, ela sorriu.
“Atannar, é uma lenda sobre dois Elfos Negros, um elfo e uma elfa, ninguem sabe seus nomes reais, apenas que eram dois individuos habilidosos. Ambos costumavam roubar desde comerciantes humanos ricos, castelos de anões e até mesmo da realeza dos Alto Elfos, sempre aparecendo e desaparecendo como fantasmas. Até que um dia foram pegos numa armadilha da realeza e mortos, apesar disso histórias a respeito deles circulam até hoje. Você não acha que fizemos algo parecido?”
Fernando ouviu isso, e tinha uma expressão complexa, de certa forma isso lembrava um pouco Bonny e Clyde, ou até mesmo Lampião e Maria Bonita. O problema é que todos eles tinham tido um fim parecido.
“Talvez… Mas se possível eu gostaria de evitar a parte de ser morto.”
Ouvindo isso, Theodora caiu em risos.
Depois de terem certeza de que não estavam sendo seguidos, Fernando e Theodora saíram do centro da cidade e rumaram para a parte mais externa, em direção ao castelo dos Leões Dourados.
No fim, os guardas do comerciante gordo não encontraram nenhum vestígio da dupla, eles haviam sumido como se fossem fantasmas. O comerciante estava furioso e frenético, não só ele perdeu as 1600 moedas de prata da negociação, como seu cofre havia sido esvaziado. Dentro havia mais 2000 moedas de prata.
Apesar da raiva, fúria e da vergonha com o que tinha acontecido consigo naquela noite, ele não se atreveu a chamar as autoridades. Sua loja conduzia uma série de negócios ilegais, apenas até ele explicar a procedência dessas armaduras com emblemas dos Leões Dourados, ele já teria um alvo cravado nas costas.
Quando Fernando retornou ao castelo dos Leões Dourados, juntou-se ao seu pelotão que estava acampado do lado de fora. Então ordenou que montassem uma grande barraca para ele, maior até do que a de Raul, após isso convocou alguns dos membros originais do Esquadrão Zero.