Knight Of Chaos - Capítulo 200
Fernando ficou completamente chocado ao ver o líquido se espalhando no chão. Ele não era alguém muito vivido ou experiente, mas ele já havia tido sua cota de coisas estranhas desde que chegou a esse mundo, mas essa definitivamente estaria entre as piores.
“Ugh… Uah!!” De repente, ao perceber que havia se urinado, a garota chamada Melissa começou a chorar, numa mistura de medo e vergonha.
“Isso… Eu…” mesmo sendo o líder de um Pelotão, Fernando simplesmente não sabia como reagir a essa situação.
“Fernando, seu pervertido, o que você está fazendo?!” Uma voz veio da porta, era Emily.
Ao ver a cena de uma garota chorando caída no chão, toda molhada, enquanto Fernando a segurava pelo braço a sua frente, Emily não conseguiu evitar de chegar a algumas conclusões estranhas.
“O que? Não, isso…”
“Solte a menina! Karol só ficou inconsciente algumas horas e você já começou a atacar outras garotas! Ainda mais uma menina de 14 anos! Eu não esperava isso de você! Seu pervertido, safado!” falou, cheia de raiva.
Isso de alguma forma o lembrou do passado, quando Emily também o acusou erroneamente.
Balançando a cabeça, ele soltou o braço da menina e afastou-se, indo em direção a porta. Se fosse antigamente ele teria ficado em choque e até irritado, mas atualmente não se importava com esse tipo de besteira.
“É melhor não atacar as outras meninas!” Fernando ouviu a ruiva gritar do quarto, ele sentiu vontade de voltar e ensiná-la uma lição, mas acabou deixando pra lá, estava muito cansado para lidar com as besteiras de Emily.
No dia seguinte, todos os membros do Pelotão ficaram de folga. A maioria usou esse tempo para praticar magia, enquanto outros usaram para descansar.
Fernando estava com Karol na cozinha, ela já havia praticamente se recuperado, deixando-o aliviado.
“Está bom?” Fernando perguntou, com um rosto calmo.
“Sim, está ótimo.” Karol respondeu, depois de provar o lanche que foi preparado.
Mesmo tendo muitas coisas para fazer, ele resolveu tirar o dia para acompanhar Karol. Depois da noite passada, percebeu que algo inesperado poderia acontecer a qualquer momento, tanto com ele, quanto com ela, então queria aproveitar cada minuto possível.
Ambos comeram os lanches na mesa, algo que Fernando havia preparado especialmente para Karol. Era um tipo de pão vermelho com recheio de carne de javali. O sabor era forte e levemente apimentado.
Tenho que admitir, pelo menos a comida desse mundo é incrível. Se bem que eu não comia muito na Terra… pensou, lembrando dos dias em que sua prateleira de alimentos ficava completamente vazia. Por sorte, sempre havia algumas sobras de comida no restaurante em que trabalhava, o dono sempre o deixava pegar o que seria descartado.
Lembrando de seus tempos na Terra, balançou a cabeça. Foram tempos difíceis, mas ao mesmo tempo nostálgicos. Às vezes ele se pegava pensando sobre o que acontecia com seu ‘eu’ na Terra. Se estava indo bem, e se estava conseguindo ajudar sua família.
“Fernando? O que foi?” Karol indagou, ao vê-lo com um olhar flutuando no nada.
“Não é nada.”
Karol não se importou, era normal não querer falar sobre tudo a todo momento.
Nesse momento Lance e Ronald chegaram, ambos pareciam cansados.
Fernando estava prestes a cumprimentá-los, quando ambos pararam ao vê-lo ao lado de Karol, como se estivessem surpresos.
“Hm? O que foi?”
“Err, nada, só lembrei de uma coisa.” Ronald disse, planejando sair, mas foi interrompido por Fernando.
“Diga de uma vez.”
Vendo o olhar sério do jovem, Ronald nem conseguia associar ao jovem garoto tímido que conheceu no passado.
“Bem, é algo complicado, depois falamos disso…” disse, olhando para Karol.
“Só fala de uma vez caramba, tem uns boatos aí dizendo que você faz as garotas se urinarem por onde passa. Hahahaha.” Lance falou, rindo.
“O-o que?” Fernando ficou sem palavras com o comentário. Antes que pudesse dizer algo, uma mão tocou seu ombro.
“Fernando, como você estava me mimando tanto, deixei isso de lado, mas também ouvi algo parecido, que tal me explicar?”
Os olhos questionadores e furiosos de Karol quase o fizeram gaguejar.
Alguns minutos depois, ele esclareceu o ocorrido com a menina chamada Melissa. Ouvindo isso, Karol ficou surpresa, mas deixou o assunto de lado.
Vou me lembrar disso! Fernando falou consigo mesmo, só uma pessoa poderia ter começado esses rumores estranhos a seu respeito, Emily.
…
No dia seguinte, Fernando acordou cedo e foi até a área da frente da mansão. Ao chegar la, todos os membros já estavam o aguardando.
“Está atrasado!” Emily falou.
Fernando estalou os dedos ao ver a ruivinha, lembrando dos problemas que causou no dia anterior.
“Ah! Ele quer me silenciar, ele quer esconder seus podres, socorro!” Emily gritou, correndo para trás de Ronald.
“E-eii, não me envolva…” Ronald disse, afastando-a.
“Covarde, defenda uma dama em apuros!”
Depois da intervenção de Karol, Fernando acabou deixando o assunto de lado, mas ele prometeu que daria-lhe alguns cascudos quando tivesse a chance, principalmente depois de vê-la mostrando a língua para si.
“Hoh, vejo que já está todo mundo aqui. Ohhh, Fernandinho, a quanto tempo! Senti tanto sua falta!”
Uma voz soou, vinda da direção dos portões. A Subtenente Dakota havia chegado. Fernando franziu a testa, ele detestava lidar com essa mulher.
“É bom revê-la, Subtenente.”
“Ugh, quanta frieza, pelo menos me chame de Dakota, linda, ou algo assim.”
“Onde estão as tropas?” Fernando perguntou, ignorando os comentários sem sentido.
“Tão frio quanto um bloco de gelo, meu peito dói… Vejo que está aprendendo bem com a mestra.” Dakota disse, de forma dramática.
Vendo o olhar frio e indiferente dele, ela sorriu. Na última vez que a viu, Fernando não havia terminado em bons termos com Dakota devido a Theodora. Ele não sabia como, mas ela havia descoberto sua identidade como Medusa.
Percebendo o olhar curioso em direção a Theodora, ele franziu a testa.
“Subtenente Dakota.”
“Ah, eu sei, eu sei, suas tropas. Elas não estão aqui, você não esperava que eu trouxesse mais de 80 pessoas para esse lugar apertado, né?”
Ouvindo isso, Fernando percebeu que fazia sentido.
“Isso significa…”
“Sim, já separamos um local para seu pelotão.”
Não só Fernando, todos ficaram em êxtase ao ouvir isso. O maior problema de todos no esquadrão antigamente, era lidar com a falta de espaço para treinamento, agora que seria um pelotão, a situação seria ainda pior. Mas se houvesse um espaço dedicado, tudo seria resolvido.
“Vamos, vou apresentá-lo ao restante do Pelotão.”
Fernando e os demais saíram da mansão seguindo Dakota, para a surpresa de todo não tiveram que andar muito. Eles entraram nas terras vizinhas a mansão.
“Esse lugar… Ja não é de alguem?” Fernando disse, há algum tempo ele já estava de olho nessa terra próxima a sua mansão, mas era pertencente a um esquadrão sob Raul.
“O esquadrão que usava esse lugar foi transferido para fazer parte do Pelotão Montanha, então resolvemos dá-lo a você. Não só esse lugar, como os campos de treinamento dos outros quatro esquadrões ao redor, toda essa região vai ser sua. Claro, não tivemos tempo de construir novas instalações, então você terá que usar as antigas provisoriamente.” Dakota disse.
Fernando ficou sem palavras ao ouvir isso, o território de cinco esquadrões seria seu e do Pelotão Zero, com isso não haveria falta de espaço!
“Heh, vejo que está contente, eu me esforcei muito para te ajudar Fernandinho, seria bom me agradecer direito, ta?”
Fernando congelou ao ouvir isso, apesar de não se sentir bem próximo a Dakota, tinha que admitir que isso era um grande favor.
“Obrigado pela ajuda, Subtenente Dakota.”
“Hum, não é tão bom, mas vai servir.” Dakota disse, rindo.
Quando o grupo chegou, se deparou com dezenas de soldados, entre homens e mulheres.
“Atenção! Oficial Imediato Fernando Nobrega presente, soldados, sentido!” Com o comando de um homem, todos alinharam-se rapidamente.
Vendo a velocidade em que se organizaram, Fernando e todos ficaram impressionados. Diferente dos outros grupos, o Esquadrão Zero não costumava treinar muito esse tipo de coisa.
Vendo o homem que havia dado o comando, Fernando franziu a testa. Era Dave, o outro Subtenente de Gallia.
“Oficial Fernando, bem vindo. A partir de agora esses serão os homens e mulheres que irão compor o Pelotão Zero. Espero que atenda as expectativas da Tenente.” Dave disse, apesar de ser formal e educado, Fernando sentia claramente que o sujeito não gostava de si.
“Muito obrigado.” agradeceu de forma polida.
Olhando ao redor, viu os rostos dos soldados, muitos estavam apreensivos, outros incomodados e alguns com medo. Era algo esperado, já que aquele seria um pelotão formado às pressas com o objetivo de partir para a guerra.
“Fernando, como Oficial Imediato, agora você terá 100 homens sob seu comando. Porém, não é possível controlar tantas tropas sem uma rede de comando adequada. Por isso, você deve escolher 5 pessoas para assumir os cargos de Cabos. Devem ser pessoas confiáveis e fortes, capazes de liderar um esquadrão cada. Agora escolha, quem serão as pessoas a liderar suas tropas?”