Knight Of Chaos - Capítulo 193
“Vento Amarelo terá de resistir por conta própria até que essa campanha acabe. A Legião não nos apoiará caso estoure uma guerra aqui. Eles já estão de mãos cheias no Sul.”
Fernando ficou pensativo ao ouvir isso, como alguem que enfrentou os Elfos Negros antes, sabia que o mesmos guardavam grande rancor em relação aos humanos. Se pudessem, certamente tomariam alguma ação.
Apesar desse pensamento, também sabia que se quisessem poderiam ter destruído Vento Amarelo há muito tempo. Depois de encontrar o Campeão Élfico, percebeu que sua força e a de Kalfas estavam em níveis completamente diferentes.
Por que nunca atacaram antes? Fernando pensou com um rosto franzido, mas então entendeu tudo. Entendo, mesmo que destruam Vento Amarelo, isso seria só o estopim para uma grande guerra explodir, mas agora pode ser realmente diferente…
No passado, depois de serem empurrados por muito tempo, perdendo um extenso território para os humanos, os Elfos Negros se viram encurralados, se perdessem as montanhas MortHar, seria o fim de sua raça, afinal, o restante de seu território se tornaria indefensavel.
Sabendo dessa situação, as forças dos Elfos Negros fizeram das Montanhas MortHar seu campo de batalha derradeiro. Mesmo com várias legiões humanas atacando em conjunto, revidaram com força total, abandonando completamente suas políticas de recuar e defender.
No fim, legiões inteiras foram exterminadas e outras perderam milhares de soldados. Os humanos saíram derrotados nessa batalha, tornando MortHar um local proibido. Um consenso mútuo entre os Elfos Negros e Humanos foi estabelecido, onde ambos teriam pequenos conflitos, mas contanto que um não invadisse o território do outro, não haveria guerra.
Porém, esse frágil equilíbrio foi quebrado. Os Elfos Negros, assim como outras raças desse mundo, eram muito superiores aos seres humanos, tanto em corpo, quanto em magia, mas os humanos sempre foram superiores em numeros. Agora, com a guerra com as Tribos Orcs do Sul, muitas legiões moveram suas tropas para lá. Se atacassem agora, iriam enfrentar um número limitado de inimigos.
“Você entende agora? Se Vento Amarelo vier a cair, não quero que você esteja aqui.” Gallia disse, com uma expressão carinhosa e receosa.
Ao ouvir isso, o coração de Fernando se apertou. Inicialmente não gostou de sua professora tomando decisões por ele, mas agora sabia que estava fazendo isso tudo para seu próprio bem. Depois de descobrir isso, sentiu-se envergonhado e culpado. Então percebeu algo.
“Professora você…”
“Não, eu não posso sair de Vento Amarelo. O Capitão é ótimo em colocar medo e respeito nas pessoas, mas é péssimo em gerencimanto, se eu sair, talvez a Décima Terceira Guarnição caia antes mesmo dos Elfos Negros chegarem.”
Um sentimento de inquietação preencheu Fernando por dentro, vendo o sorriso gentil de sua professora, não pôde deixar de temer o que aconteceria com ela.
“Eu não vou morrer, se é o que está pensando.” Gallia respondeu, como se soubesse o que estava passando na mente de seu aluno.
Mesmo com essas palavras confiantes, seu coração estava apertado, Fernando sentiu que nada estava indo de acordo com o que queria.
Pa!
“O-o que você está fazendo?” Gallia perguntou, surpresa ao ver Fernando ajoelhar-se.
“Professora, eu queria agradecê-la por tudo o que fez por mim até hoje, e também peço perdão pelas minhas ações mais cedo. Professora, você é como… Minha família.” disse, com os olhos levemente lacrimejantes.
Gallia ficou espantada, essa era a primeira vez que via Fernando com um rosto choroso, mesmo nas sessões de treino com ela ou Raul, machucando-se continuamente, ele nunca havia derramado uma única lágrima.
Apesar de surpresa, também estava feliz, seu coração estava quente. Mesmo depois de ensinar dezenas de alunos, nunca sentiu-se próxima de nenhum, era apenas uma relação de mentora-aluno, mas Fernando era diferente.
Caminhando calmamente, Gallia parou na frente de Fernando, que estava ajoelhado, então com ambas as mãos tocou seu rosto, levantando-o e fazendo-o olhar em seus olhos.
“Para mim, você é muito mais que um aluno, é quase como…” Gallia parou, com o rosto corado.
“Enfim, você é meu querido aluno Fernando, até que você ande com suas próprias pernas, eu farei meu melhor para protegê-lo. Eu não pretendo morrer, então larga dessa cara de choro.” Gallia disse com uma leve risada, puxando seu rosto e abraçando-o, como se estivesse mimando uma pequena criança.
Ambos ficaram ali, em silêncio por alguns segundos, até que Gallia o soltou e Fernando se levantou.
“Eu vou cumprir minha missão no sul e vou voltar, até lá, prometo que serei mais forte, tão forte que você não precisará me proteger professora.” falou num tom confiante.
Quando Fernando estava prestes a sair, foi interrompido.
“Espera, leva isso. É um presente meu.”
Ao pegar o livro, Fernando olhou de forma curiosa.
“Eu prometi que te ensinaria magia de cura antes, mas devido a tudo isso… Não tive a oportunidade, então escrevi esse livro, coloquei todas minhas experiências nele, espero que te sirva.”
“Professora… Obrigado.”
Com isso, Fernando saiu, sem olhar novamente para trás, como se olhar faria a situação ficar mais difícil.
“Não precisa ter tanta pressa, eu gostaria de protegê-lo um pouco mais…” Gallia disse, agora sozinha na sala. Então sua expressão calorosa, sorridente e gentil lentamente sumiu, tornando-se gelada e fria. “Agora é hora de lidar com os vermes. Cuidou do assunto que te pedi?”
Como se respondesse a sua pergunta, uma sombra formou-se, vinda da janela. Então a sombra tomou contorno, logo era possível ver quem era, a Subtenente Dakota.
“Não se preocupe mestra, já cuidei de tudo. Assim como você previu, assassinos foram enviados para a mansão do Fernandinho, mas não se preocupe, cuidei de todos eles sem que ele percebesse.” disse, brincando com a adaga em sua mão.
“Descobriu quem os mandou?” perguntou, com um rosto indiferente.
“Inicialmente pensei que se tratava do cretino do Ismar, mas parece que não são pessoas de Vento Amarelo. Mesmo depois de quebrar cada um de seus ossos, eles não cuspiram nada. Eu nunca vi gente desse nível por aqui.” Dakota disse, como alguém familiarizada com o mundo dos assassinatos, ela conhecia bem essa área e confiava em seu palpite.
Gallia franziu a testa ao ouvir isso. Então falou num tom gelado.
“Não importa quem seja, esmague todos esses insetos, mas faça-os sofrer antes.”
Dakota sorriu ao ver esse lado de sua mestra, essa era a pessoa a quem ela servia e quem idolatrava. A Bruxa Gélida, uma mulher de coração frio que não tinha piedade ao lidar com inimigos.
“Hah! Esse Fernandinho, sempre causando problemas, como eles crescem rápido, lembro quando a coisinha dele era desse tamainho, cabia perfeitamente na minha mão.” falou, fazendo um sinal de pinça com a mão direita.
O olhar de Gallia a observou levemente irritado.
“Apenas brincando mestra… Apenas brincando, haha.”
…
Depois de sair da Décima Terceira, Fernando voltou para sua mansão. Ele havia acertado com Gallia que ela providenciaria os homens que faltava para compor um Pelotão, então tudo que ele tinha que fazer era organizá-lo o mais rápido possível. As tropas de apoio de Vento Amarelo deveriam partir em 20 dias, esse era o prazo que tinha para resolver tudo.
“Droga! Vinte dias é muito pouco tempo… Não tenho escolha, vou ter que apressar meus planos…”
Assim que voltou para a mansão, Fernando reuniu todo o Esquadrão Zero.
“O que está havendo, para nos chamar assim do nada… Eu ainda nem almocei! To cheia de fome!” Emily reclamou.
“Calada, sua anã gulosa.” Karol disse.
“Fala isso de novo, sua tetuda!”
As brigas divertidas de Emily e Karol sempre fazia todos rirem.
Tac! Tac!
Os passos ríspidos da armadura de Fernando soaram, então desceu as escadas, seu rosto sério fez com que o clima divertido diminuísse.
“Líder, por que nos reuniu aqui?” Archie perguntou, cheio de curiosidade.
Fernando levantou seu olhar, então varreu seus olhos sob todos na sala. Seu olhar penetrante fez todos ficarem tensos.
“De forma simples e direta… O Esquadrão Zero não existe mais.”