Knight Of Chaos - Capítulo 123
Fernando e Theodora caminharam em direção ao local onde os outros estavam. Mesmo que ambos estivessem feridos e mal conseguissem caminhar, seguiram em frente o mais rápido que podiam. Afinal, não sabiam se a luta ainda estava acontecendo.
Ao se aproximarem do acampamento, era possível ver a claridade das chamas, labaredas queimavam incessantemente.
Fernando viu isso e franziu a testa, para o local estar em tal estado só poderia significar uma coisa. Tom foi forçado a usar aquele ataque, mesmo mal o dominando.
Era um ataque que consumia todo seu mana, então Fernando já havia avisado-lhe para evitar usá-lo a menos que a situação fosse crítica.
“Lider! Theodora!” Uma voz foi ouvida quando se aproximavam.
Fernando e Theodora viram Kelly, que arfava.
“Eu te procurei por todo lugar! Como não te achei em lugar nenhum resolvi recuar.” Kelly disse em direção a Theodora, se sentindo culpada, principalmente depois de ver o estado dela.
Theodora sorriu.
“Lindinha, não é sua culpa. Você já me ajudou demais com aquelas flechas.” Theodora disse, passando a mão no rosto de Kelly.
Kelly por sua vez, sentiu um arrepio com aquele toque. Se sentindo desconfortável em ser tocada assim por outra mulher, mas ao mesmo tempo aliviada por ela estar bem.
“Vamos checar a situação dos outros.” Fernando não queria perder tempo olhando Theodora provocar Kelly.
Ao entrarem na clareira do acampamento, os três ficaram chocados. No chão, dezenas de corpos carbonizados ou semi carbonizados de guardas estavam espalhados, só era possível saber a identidade de alguns devido a armadura marcante.
Ao ver tantos corpos, o coração de Fernando tremeu, olhando pelo chão, temendo ver rostos familiares. Principalmente a pessoa que ele amava. Só de pensar nisso seu corpo começou a tremer.
“Fernando!” Uma voz soou ao longe.
Ao ouvir aquela voz, um choque se espalhou por todo seu corpo.
“Karol!” Sem pensar duas vezes, Fernando correu.
Passando pelos corpos e pelas chamas, logo viu os membros do seu esquadrão. Todos estavam reunidos próximos às barracas, longe do incêndio.
Quando ele viu Karol viva e bem, com apenas alguns arranhões. Todo o pesar em seu peito se foi.
Sem pensar em mais nada, ele se aproximou e a abraçou. Deixando Karol sem saber como reagir. Afinal, quando estavam junto aos outros, Fernando evitava agir como seu namorado.
Theodora e Kelly chegaram a tempo de ver a cena.
Apesar de não entender, Karol sorriu e o abraçou de volta. Sentindo o corpo trêmulo de Fernando ela entendeu suas preocupações.
“Está tudo bem, eu não vou sair do seu lado.” Karol cochichou em seu ouvido, passando suas mãos delicadamente por suas costas.
Fernando não disse nada, apenas apertou seu abraço mais forte.
Depois de alguns segundos, finalmente a soltou. Olhando em seus olhos, sentiu vontade de beijá-la, mas conteve isso. Ele já havia ido longe demais, como líder ele tinha obrigações a cumprir.
Fernando olhou para os membros do seu esquadrão. Que o observavam em silêncio, aguardando suas palavras.
Ao ver Ronald, Noah, Lance, Emily, Tom e os outros, seu coração ficou mais tranquilo.
Só agora ele havia notado sete guardas ajoelhados não muito longe. Todos amarrados com as mãos nas costas.
“Fernando, você está bem? Esses ferimentos!” Somente agora Karol havia percebido o quão machucado ele estava. Devido às emoções, ambos haviam ficado alheios ao seu entorno.
“Eu estou bem. Qual a situação?”
Nesse momento Noah deu um passo à frente.
“Conseguimos matar todos os outros guardas, capturamos esses sete e os prendemos. Estávamos esperando pelo seu retorno para decidir o que fazer agora.”
Fernando assentiu. Então olhou para todos e percebeu que muitos deles estavam gravemente feridos. Noah e Lance principalmente, o estado dos dois era precário.
Observando todos, percebeu que muitos estavam abatidos. Só então notou que faltavam pessoas.
“Onde estão os outros?”
Ao ouvir essas palavras, muitos tinham expressões amargas. Tanto os novos membros, quanto os antigos.
“Naquela barraca estão os feridos, na outra…” Noah disse com hesitação.
Mesmo sem terminar a frase, Fernando entendeu. Seu coração se apertou. Ele sabia que haveria mortes do seu lado numa luta dessas proporções. Mas mesmo assim, no fundo, torcia para que nada tivesse acontecido.
A realidade o atingiu como um caminhão, eles eram soldados lutando batalhas, seria inevitável que muitos deles caíssem em batalha.
“Eu quero vê-los.” Ao notar as pessoas que faltava, ele já tinha uma noção de quem eram, mas decidiu ver por si mesmo.
Emily se aproximou e tocou seu braço.
“Por aqui.” Mesmo sendo brincalhona e alegre na maioria do tempo, dessa vez a expressão de Emily era de amargor e pesar.
Ao abrir a barraca, Fernando entrou. Ugo estava ajoelhado no chão, chorando em silêncio. Então levantou o rosto, olhando para Fernando.
“Líder, meu irmão… ele…” Ugo olhou para Fernando com olhos vermelhos de tanto derramar lágrimas.
A visão de um homem tão grande chorando como uma criança era estranha para Fernando.
Olhando para o chão, viu três corpos deitados sob panos, seus olhos fechados. Alguns com ferimentos que aparentemente haviam sido limpos, mas o sangue ainda manchava suas roupas.
Eram Kel, Jay e Natália, os três estavam mortos.
O coração de Fernando estava apertado, essas pessoas haviam morrido por causa dele, servindo a ele. A responsabilidade de suas mortes era inteiramente sua.
Mesmo Jay tendo o traído, Fernando não o culpava e ainda se sentia responsável por sua morte.
Nesse momento ele se ajoelhou próximo a Ugo e colocou a mão em seu ombro, olhando em seus olhos.
O homem não disse nada, mas tornou a chorar.
“Líder, por favor me diga que você matou aqueles desgraçados.” Ugo perguntou em prantos. Se referindo a Bob William´s e Malik.
Fernando não respondeu imediatamente, mas assentiu.
“Eles pagaram pelo que fizeram.” Depois de dizer isso, Fernando se levantou e saiu, deixando o homem lamentar a morte de seu irmão.
Na barraca dos feridos, Fernando viu Remir e Leo descansando, ambos extremamente feridos. Quando o viram entrar, se levantaram.
“Líder, você voltou!” Remir exclamou.
“Fernando! Onde está Theodora? Onde ela está?!” Leo gritou, se levantando e segurando-o pelos ombros. Era visível que seu estado emocional não era normal.
“Eu estou aqui, solte o líder Léo.” Theodora disse, entrando na barraca.
“Lid- quer dizer, Theodora, a Nathalia, ela morreu… eu não pude fazer nada.” Leo falou, apertando os punhos com força.
“Eu sei.” Theodora respondeu.
Leo então olhou para Fernando.
“Você é um péssimo líder, por sua causa a Nathalia morreu! Você nos arrastou para os seus problemas!” Leo gritou euforicamente.
Fernando ficou em silêncio, ele sabia que essas palavras, apesar de ditas no calor do momento, eram verdadeiras.
Plaft!
Leo que gritava freneticamente, parou ao ser estapeado por Theodora.
“Por que? Você vai defendê-lo, mesmo agora?” Leo disse, olhando para ela.
Theodora, depois de dar um tapa, se aproximou dele e o beijou no rosto.
“Vocês escolheram me seguir e eu escolhi seguir ele, o líder não tem culpa de nada. Cada um de nós está aqui por nossas próprias escolhas.” Depois de dizer isso, Theodora saiu, deixando Leo atordoado no local, lágrimas escorreram por seus olhos.
Fernando saiu logo em seguida. Ele não era bom com palavras de consolo, se ele dissesse algo só pioraria a situação.
Logo que saiu, Tom o aguardava do lado de fora.
Fernando percebeu que o mesmo não parecia normal. Obviamente com toda essa situação era impossível alguém estar normal, mas ele parecia muito abatido.
“Chefe…” Tom falou com hesitação.
“Apenas diga o que precisa dizer Tom.” Fernando respondeu.
“Nathalia, ela morreu, por minha causa!!” Tom disse depois de hesitar.
“Isso não é verdade Tom! Você apenas defendeu aquele ataque! Não tem como saber para onde ele seria desviado. Eu e as outras meninas teríamos morrido se você não defendesse.” Emily disse ao lado.
Depois de ouvir a respeito da situação, Fernando entendeu. Tom havia desviado o ataque de um dos inimigos, o que feriu acidentalmente a garota.
Ela não havia sido fatalmente ferida, enquanto inconsciente, Remir tentou protegê-la. Porém, devido a quantidade de inimigos desesperados tentando fugir da área de ataque, ela acabou sendo morta e Remir ficou extremamente ferido.
Tendo entendido a situação, Fernando assentiu.
“Tom, se você espera palavras de conforto de mim, infelizmente eu não posso dá-las. Um aliado morreu por sua culpa.”
“Fernando! O que você tá falando!” Emily gritou.
Fernando a ignorou.
Tom ficou em pânico ao ouvir isso.
“Assim como você carrega o peso por uma morte, eu carrego o peso por todas. Se você se sente culpado pelo que houve, então fique mais forte! Tão forte que não vai deixar isso se repetir no futuro!”
Ele tinha grandes esperanças em Tom e seu talento, mas a dependência que o mesmo tinha em relação a si era uma grande falha.
Depois de ouvir as palavras de Fernando, a expressão de Tom mudou.
“Eu entendo líder.” Tom parecia mais calmo depois de ouvir isso.
“E Tom, você tomou a decisão certa. Se você não tivesse defendido as arqueiras ou se não tivesse usado aquele ataque, muitos ou talvez todos teriam morrido essa noite. Você fez bem.”
Tom ficou surpreso ao ouvir isso. De repente ele parecia menos deprimido.