O Mistério das Realidades Alternativas - Capítulo 30
CAPÍTULO 30 – Final Boss
Realidade Média, Terra-03 – Final do Labirinto de Treinamento
A noite ainda reinava quando o trio descansava sobre o chão duro, coberto de pedras e poeira. Jack, Jhenefer e Michel haviam decidido tirar um breve cochilo para recuperar parte da energia gasta nas batalhas anteriores. Não havia mais monstros à espreita, então aproveitaram o momento. Curiosamente, dormiam sem fazer qualquer ruído, como se todos os problemas tivessem sido resolvidos. Mas, por dentro, a situação era outra.
Após quatro horas, Jack foi o único a despertar. Ainda meio sonâmbulo, mal conseguia discernir o que havia ao redor. A noite permanecia escura e fria.
— Parece que dormimos demais para um simples cochilo… — murmurou, enquanto se espreguiçava, esticando os braços para o alto, bocejando e limpando os olhos ainda pesados de sono. — Vou ficar de guarda enquanto eles dormem. Lutaram mais do que eu.
Sentado no chão, observava seus amigos dormindo tranquilamente. Seu semblante estava surpreendentemente relaxado para alguém que, até recentemente, desejava ardentemente sair daquele labirinto infernal, repleto de mortes e corredores sem fim. A experiência que viveu ali jamais seria esquecida.
— Luna… que nome curioso para uma garota — pensou, enquanto fitava a lua no horizonte. — Por que ela se juntou a Wisdom na vida passada? Qual foi a ligação inicial entre eles? Eu vou encontrá-la, não importa o tempo que leve — prometeu a si mesmo.
Jack voltou o olhar para Jhenefer e Michel, que ainda dormiam, e lágrimas começaram a escorrer silenciosamente de seus olhos. Era um choro de alegria, de gratidão por tudo que eles representavam em sua vida. Decidiu desabafar o que guardava há tanto tempo.
— Eu agradeço a vocês por estarem comigo até hoje. Se não fossem seus esforços, eu provavelmente estaria preso no meu quarto, cheio de problemas de saúde, sem falar com ninguém. Vocês mudaram minha vida de um jeito tão profundo que se tornaram praticamente meus pais. Espero que fiquemos juntos até o fim, até o dia em que fecharmos os olhos para nunca mais abrir.
—… Jack, volta a dormir… ainda é cedo… — murmurou Jhenefer, ainda adormecida, aparentemente sem escutar tudo o que ele havia dito.
Ele sorriu levemente, ainda choroso, mas satisfeito por estar ali com seus amigos. Determinado a deixar o labirinto, permaneceu sentado, em vigília, até que um leve tremor o alertou. A princípio, pensou que o tremor vinha das fases anteriores, onde outros ainda tentavam sobreviver.
— Espera… isso não veio de trás… mas da frente! — disse, já em alerta.
Antes que pudesse reagir, um vento forte o atingiu de surpresa, arrastando-o para trás. Mesmo sem entender de onde veio o ataque, percebeu que o perigo estava perto.
— O que… de onde veio isso? — mal teve tempo de questionar, quando um novo golpe o acertou nas costas. Tentou se desviar, mas ainda sofreu parte do impacto, sendo jogado a uma boa distância de seus amigos, que continuavam a dormir profundamente, de maneira estranhamente silenciosa.
— Essa doeu, mas não tanto quanto o primeiro golpe… — murmurou, enquanto pressionava a costela dolorida. — Parece que terei de lutar sozinho…
O monstro, que o havia atacado, avançou. Jack, mesmo cambaleando para se levantar, estava determinado a enfrentar a criatura. O poder de cura dos elementais era eficaz, mas lento. Ele precisaria melhorar isso no futuro. Ao ver a aproximação do monstro, a realidade da situação o atingiu com força.
A criatura era imensa, com mais de cinco metros de altura. Seu corpo era composto por raízes entrelaçadas, coberto por água e metal líquido, um ser incomum e assustador. O mais estranho é que enquanto o monstro avançava, seus amigos continuavam a dormir, algo que não dava para acreditar.
— Mas de onde essa aberração surgiu? — pensou, incrédulo. O medo se instalou à medida que o monstro se aproximava, cada passo emitindo um som estrondoso ao afundar o solo.
Preparado para a luta, Jack ativou seus elementos, fazendo seus olhos brilharem intensamente. De um lado, uma chama vermelha; do outro, um brilho prateado. Com isso, formou duas manoplas, uma de fogo e outra de metal, que se estendiam até seus cotovelos.
— Vamos ver até onde cheguei. Você será meu último desafio neste maldito labirinto! — exclamou, sentindo seus músculos se contraírem em preparação para o embate.
Quando o monstro deu um passo pesado, o tempo pareceu congelar por um instante. Jack avançou com velocidade impressionante, rasgando o solo ao seu redor e acertando um soco no meio do corpo da criatura. A força gerou uma explosão enorme, destruindo parte das paredes ao redor. Contudo, nada aconteceu. O monstro se regenerou instantaneamente, fechando o buraco em seu corpo.
— Como vou derrotar algo que se regenera tão rápido? — pensou, recuando, perplexo.
O monstro desapareceu de sua vista por um segundo e reapareceu atrás dele, golpeando-o com uma força devastadora. O impacto esmagou seu peito, braços e cabeça, e Jack foi arremessado mais longe ainda, próximo ao final do labirinto. Já sem forças, seu corpo estava em frangalhos.
“Parece que desta vez não tive sorte… acho que é o fim…”
Com esse último pensamento, seu corpo parou. Seu coração desacelerou, as veias relaxaram, e a cor de sua pele desapareceu. Não havia dúvidas: o monstro o havia matado.
Com um grito ensurdecedor, a criatura celebrou sua vitória esmagadora. Sem pressa, começou a caminhar em direção ao final do labirinto.
Segundos depois, o corpo de Jack começou a vibrar, quase imperceptivelmente. Foi então que os elementais despertaram.
— Precisamos fazê-lo voltar! Ele não pode morrer agora! — exclamou a fênix de fogo, aflita.
— Vamos assumir o controle de sua consciência. Nosso poder fluirá por todo o corpo dele sem limitações. Ele não se lembrará de nada e não contaremos. Ele ainda não está pronto para controlar tanto poder — declarou o lobo de metal, com um plano já traçado.
— E se o corpo dele não aguentar? — perguntou a fênix, preocupada.
— Ele já se acostumou com nossos poderes. Nós lutaremos no lugar dele, enquanto ele permanece adormecido — respondeu o lobo, confiante.
Com um bater de asas, a fênix concordou, e os elementais assumiram o controle.
O corpo de Jack, que antes vibrava fracamente, começou a levitar, envolto por uma poderosa aura de ar e fogo. O monstro, ao notar a mudança, olhou para trás e viu Jack flutuando, seus olhos brilhando com as cores dos elementais: o direito, vermelho como o fogo; o esquerdo, prateado como o metal. Seu corpo ganhou músculos e uma armadura de metal líquido se formou, complementada por chamas douradas que percorriam seu corpo.
Com o corpo agora duplicado em tamanho, a transformação estava completa. Jack, ou melhor, os elementais, haviam assumido a forma de um verdadeiro guerreiro.
— Agora, vamos derrotá-lo — disseram, em uníssono, com as vozes dos elementais.
O monstro avançou com fúria, e os elementais se prepararam para o confronto final. Uma batalha épica estava prestes a começar, mas, antes que pudessem se enfrentar, algo inesperado aconteceu. Algo que nem mesmo os elementais previram.
Continua…