O Mistério das Realidades Alternativas - Capítulo 29
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CAPÍTULO 29 — Realidade Pandemus (Prólogo)
ATENÇÃO! ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS PESADAS PARA MENORES DE 18 ANOS.
Duas semanas antes de Freizen partir para o universo 12.
Realidade Destrutiva Terra-51 — Palácio Central
O universo Terra-51, separado milênios atrás por Freizen e Frenizet, sofreu grandes consequências com a derrota de Human Beast. Uma delas foi a alteração na passagem do tempo. Antes, todos os universos coexistiam harmonicamente, mantendo-se na mesma velocidade e influenciando-se mutuamente, em um equilíbrio perfeito.
No entanto, quando o universo Terra-51 foi isolado dos demais, sua harmonia foi perdida. Sem outros universos para compensar sua rotação, o tempo começou a desacelerar. Um dia, que normalmente seria igual em todos os cinquenta universos, tornou-se uma semana neste que ficou isolado.
Destroços dos universos vizinhos, vagando pela vastidão do espaço, ocasionalmente colidiam com Terra-51, um evento que incomodava até mesmo o terrível Human Beast.
Realidade Destrutiva Terra-51 — Palácio Central
Após uma semana em cativeiro em seu quarto, Tereza já se sentia alienada. Ela estava confinada em um local extremamente alto, onde havia apenas uma cama pouco confortável, feita com penas de pássaros, e um travesseiro que mais parecia uma pedra. O banheiro era descolorido, composto apenas por um vaso sanitário, um espelho e uma pia.
— Senhorita, seu almoço — anunciou a empregada que vinha diariamente trazer-lhe alimento, sempre com um semblante neutro, sem demonstrar emoções.
Ela ainda tinha a sorte de receber três refeições por dia: café da manhã, almoço e jantar. Contudo, os alimentos eram repetitivos e pouco apetitosos.
— Esse porco de novo? Quantas vezes vão me fazer comer a mesma coisa? Parece até que só existe um animal neste universo de merda! — protestou, indignada.
— Coma logo, sem reclamar. O Líder virá buscá-la em breve, o plano será iniciado — respondeu a empregada, sem alterar sua expressão.
Ao ouvir essas palavras, Tereza congelou. Seu corpo ficou frio, a pele pálida, os lábios arroxeados, como se algo terrível já tivesse acontecido antes — e, de fato, havia acontecido. Desde que chegou ao universo, fora torturada de maneiras indescritíveis. Seu corpo estava coberto de manchas escuras, seus dentes caíam, o cabelo desgrenhado, e seus olhos refletiam uma alma vazia.
Sua única esperança era que Freizen ou Otávio viessem resgatá-la. Pouco sabia ela que a dupla já tinha isso em mente e que seu marido estava em treinamento; entretanto, o resgate não ocorreria tão cedo.
Na primeira semana, o Líder daquele universo começou a visitá-la com maior frequência. A cada dia, sua presença a quebrava psicologicamente, como se ele a estivesse destruindo de dentro para fora. Os gritos de desespero que vinham do quarto faziam com que os empregados tremessem de medo. Era uma voz agonizante, clamando por liberdade, mas cujo sofrimento só aumentava.
— Você conseguiu me entreter bem nessas duas semanas e ainda está viva. Meus parabéns! — zombou ele, observando a mulher jogada na cama, suas roupas rasgadas, partes do corpo à mostra. O rosto de Tereza estava sem cor, as pupilas desvanecidas, os cabelos caindo mais a cada dia. — Prepare-se, pois, a partir de amanhã, você não será mais a mesma. Desfrute do único fio de sanidade que ainda possui. Jeffrey virá buscá-la amanhã.
— … S-Sim… — conseguiu balbuciar, uma resposta automática de um corpo exausto. Sua mente estava vazia, exatamente como Human Beast queria. Ele a deixara confinada e a abusou constantemente para destruir todas as suas esperanças, sonhos e memórias. A missão havia sido cumprida.
Quando Human Beast saiu do quarto, a noite caiu. O silêncio absoluto zumbia em seus ouvidos, tornando aquela noite a mais longa de todas.
No dia seguinte…
O dia amanheceu, o céu se abriu, e os empregados retornaram, quebrando o silêncio. Isso fez Tereza se sentir um pouco melhor, pois percebia que não estava totalmente sozinha naquele lugar. Ela não dormiu um minuto sequer, mesmo com seu corpo implorando por descanso. Sua mente estava tão confusa que não sabia mais o que fazer.
A porta se abriu, e a luz inundou o quarto. A figura que apareceu não era um empregado, mas Jeffrey, que viera buscá-la. Tereza olhou para baixo, sem perceber a presença dele, até que, após alguns segundos, levantou o rosto. Um medo incontrolável tomou sua alma, fazendo-a tremer.
— Nos encontramos novamente, humana. Vamos. O Líder está à sua espera.
— O… o que… ele vai… fazer? — ela perguntou, com dificuldade.
— Não se preocupe. Você não ficará consciente para descobrir… mas, se ficar, melhor ainda! — riu Jeffrey, enquanto a arrastava pelos braços ao longo do chão sujo e empoeirado.
Os empregados, ao assistirem à cena, expressavam satisfação. Sabiam que Tereza estava diretamente ligada aos responsáveis pela desgraça de seu universo. A atmosfera ao redor ficou ainda mais pesada com o semblante de satisfação deles.
Desesperada, Tereza começou a se debater, puxando seus braços, mordendo Jeffrey de todas as formas possíveis, mas ele parecia não sentir dor. Ria enquanto lhe dava tapas brutais. Em um último esforço, ela disparou uma rajada de raios que gerou uma grande explosão.
“Será que eu consegui atingi-lo? Preciso fugir!”, pensou, tomada pelo instinto de sobrevivência.
Os empregados, apanhados pela explosão, se prepararam para persegui-la, mas uma ordem telepática os deteve:
— Não se movam. Eu tenho tudo sob controle. Voltem ao trabalho! — a voz de Human Beast ecoou em suas mentes.
Tereza correu mancando, encostando-se nas paredes, com o corpo coberto de arranhões e um dos olhos fechado, ambos brilhando com um poder inesperado.
— Preciso encontrar uma saída… — sussurrou para si mesma.
Depois de abrir inúmeras portas sem sucesso, finalmente encontrou uma que estava entreaberta, com uma luz intensa brilhando por dentro. “Finalmente!”, pensou.
Ao empurrar a porta, viu Human Beast esperando por ela. Ele a agarrou pelo pescoço com força monstruosa, fazendo suas veias saltarem.
— Não precisei ir buscá-la, você mesma veio até mim! Que bom saber que não estava fugindo… ou estava?
— O que você fará comigo além do que já fez? — perguntou, com a voz abafada, quase inaudível, enquanto forçava suas cordas vocais desgastadas a produzirem som. Cada palavra era um esforço doloroso, como se cada sílaba rasgasse sua garganta por dentro.
Human Beast inclinou-se para mais perto, os olhos cravados nos dela, carregados de um desprezo quase palpável. Seu sorriso se alargou em um arco cruel.
— Nada que ainda não viu. Na verdade, como você já deve ter ouvido de Freizen, sou o inimigo dele. Quero matá-lo, destruí-lo, e fazer com que todos os universos queimem, restando apenas o meu. Para isso, preciso de mais força… mais poder. E desde a última vez que lutamos, isso se tornou uma obsessão. — Ele parou por um instante, os olhos percorrendo o corpo dela como se calculasse cada milímetro da sua miséria. — E você, minha cara criança, será meu braço… ou melhor, meu corpo. Vai me ajudar nessa guerra fria que já dura milênios. Você será o estopim da segunda guerra entre mim e aqueles malditos irmãos.
Tereza sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Um misto de ódio e medo dominava seus pensamentos. Mas a raiva prevaleceu.
— Não estou interessada em iniciar uma guerra… mas te matar, com todo o prazer que isso me traria — cuspiu as palavras, desafiadora, mesmo sabendo que estava à mercê daquele monstro.
Human Beast gargalhou, um som baixo e gutural que ecoou pelas paredes do quarto.
— Aqui, não há querer — ele retrucou, a voz afiada como uma lâmina. — Agora, só existe obedecer. E você vai obedecer… apenas a mim!
Tereza o encarou com um olhar de repulsa, os lábios contraídos de ódio. Não podia acreditar que aquele ser acreditava que ela se dobraria tão facilmente.
— O que você quer dizer com isso? Acha que vou lhe dar ouvidos? Depois de tudo que já fez? — sua voz estava carregada de desdém, misturada com uma pontada de desespero.
Human Beast não desviou o olhar. Seus olhos se tornaram ainda mais frios, duas esferas negras de crueldade pura.
— Esses seus pensamentos patéticos são um peso morto, e eu não tenho paciência para futilidades. Preciso me livrar deles — respondeu, com frieza cortante. — Vou te transformar em um servo melhor do que Jeffrey jamais poderia ser.
Ele deu um passo em direção a ela, e Tereza não conseguiu evitar que seus músculos tremessem. A respiração ficou presa na garganta, e a pele dela arrepiou-se. A sombra dele a cobriu completamente, enquanto suas palavras retumbavam no ar, carregadas de uma certeza terrível e inescapável.
Após a conversa, Human Beast lançou Tereza contra um altar de pedra, ferindo-a ainda mais. Ele começou a penetrar em sua mente, trancando todas as suas memórias e sentimentos em um cristal negro. Isso a fez se transformar em instantes.
Suas unhas cresceram, se tornando grandes garras finas pretas, os pelos em tons de lilás cresceram em todo seu corpo igualmente os músculos se expandindo e sua pele foi totalmente rasgada, deixando somente coberta a parte da barriga, que se formou seis gomos grandes.
Seus dentes ficaram pontudos, as orelhas maiores e mais finas, os cabelos cresceram exponencialmente, formando-se uma juba entre lilás e o roxo, as pernas e pés cresceram com toda a pelagem do corpo, e por fim, seus olhos alteraram para um vermelho com um risco amarelo na horizontal, parecido com os de um gato.
Transformada em um monstro sem lembranças, apenas uma casca vazia, ele olhou para sua nova criação com satisfação.
— O experimento foi um sucesso! A partir de hoje, você será minha serva fiel. Seu nome será Azeret, e você iniciará a segunda guerra entre os universos!
— Sim, senhor! — respondeu, curvando-se.
— Será um prazer vê-la em combate! — concluiu ele, sorrindo.
Continua…
Próximo capítulo: Realidade Pandemus (Parte 1).