Isekai Corrupt - Capítulo 14
O brilho prateado do fio da minha espada dança sob os tênues raios de sol filtrados pela densa copa das árvores.
— Um único golpe… — sussurro para mim mesmo, fixando meus olhos na imponente figura do urso à minha frente. Uma criatura que me ensinou que, neste mundo, ser um caçador exige mais do que simples força.
Se um único golpe além deste vier em minha direção, duvido que consiga desviar ou bloquear. Agora, estou completamente concentrado nesta besta de olhos vermelhos como brasas.
O urso flexiona suas patas traseiras e se lança sobre mim com a boca escancarada; em segundos, ele está à minha frente. Mas reajo antes dele, minha espada já se movimenta antes de sua chegada, avançando para perfurar seu peito.
Um ataque direto, uma estocada que, se acertar, pode ser fatal.
Mas não acerta.
— Você perdeu, pequeno humano — ele diz quando minha lâmina bate em seu corpo, sem perfurá-lo. Parece que seu corpo está mais resistente do que o normal. Neste momento, só consigo pensar em uma coisa.
“Ele fortificou o peito!” Grito em pensamento.
Não posso deixar de me xingar mentalmente. Não previ que ele faria algo assim, fortalecendo seu corpo com mana para torná-lo mais duro e resistente.
Ele me enganou. Não imaginei que pudesse mudar rapidamente o local de concentração do fortalecimento físico da perna para o peito. Mais um erro meu em batalha.
Não posso recuar, se o fizer, ele me matará. Tem que ser agora, um golpe certeiro, com toda a força.
Seguro firmemente a espada com uma mão e coloco a outra na parte de trás da lâmina, empurrando-a contra seu peito com toda a minha força. Um movimento arriscado, seu ataque está prestes a me atingir.
A resistência do urso cede e minha espada penetra em seu corpo. Neste momento, um sorriso prepotente surge em meu rosto.
— Venci…! — murmuro. Cedo demais. Pois logo em seguida, um golpe rápido atinge meu peito, fazendo-me voar alguns metros até bater de costas em uma árvore.
Caio no chão vomitando sangue, já tendo perdido minha arma, sem chances de me levantar.
“Como acordamos ontem à noite, você consegue aguentar dois golpes dele por ter evoluído durante esse tempo. Se fosse na primeira vez, ele teria partido você ao meio”, diz Md, num tom preocupado.
Recupero rapidamente minha espada e me levanto, apontando-a para o urso, me preparando para o próximo golpe.
— Hm…? — murmuro, ao ver o urso caído no chão, uma poça de sangue formando ao seu redor.
Não posso acreditar. Ele realmente morreu? O golpe com a espada foi o suficiente para atingir uma parte sensível de seu corpo, o que o fez cair.
— Você venceu… filhote de homem… — diz o urso, deitado no chão, olhando-me de relance. Minha respiração descontrolada não me permite concentrar, a dor não me permite concentrar. Se não tivesse efetuado aquele golpe de sorte como reação de última instância, estaria morto.
Ele fica caído, imóvel, sem se levantar mais. Será que realmente “ganhei” esse combate? No momento em que me aproximo dele no chão, não me sinto vitorioso; na verdade, sinto-me apenas sortudo. O golpe que desferi foi um golpe de sorte, realizado rapidamente em meio a uma hora de pura tensão e perigo, que poderia facilmente ter dado errado. Com toda a certeza, tornei-me mais forte, mas a sensação de vitória não é como imaginei que seria.
“Você vai usar aquilo nele?” perguntou Md. Demorou um pouco até que eu raciocinasse e percebesse o que ela quis dizer com “Aquilo”.
— A relíquia de cura, é? — murmurei. Eu havia pego com Erick uma relíquia de cura de rank prata. Só pode ser usada uma única vez por dia, como a de bronze, mas pode fechar ferimentos maiores do que arranhões, diferente da relíquia de bronze.
Caso a luta fosse difícil e eu precisasse recuar, preparei esse plano B para me curar e fugir, caso houvesse oportunidade. Foi Md que me fez criar esse plano.
Segurei a relíquia em minha mão, uma joia verde. A relíquia que seguro em minhas mãos brilha com uma luz verde intensa, destacando-se contra o cenário sombrio da floresta. É uma joia triangular, um pouco maior que uma bola de gude, mas contém um poder que pode mudar o curso desta batalha.
— Ativar Relíquia – Jóia da Cura — proclamo, deixando que minha voz ressoe pelo ar. Um leve brilho surge do interior da relíquia, enquanto sinto uma fisgada dentro do meu núcleo de mana.
Cada relíquia requer uma quantidade significativa de mana para ser ativada, e o uso desta relíquia de rank prata praticamente esgota meu estoque. Enquanto concentrei meu treinamento no fortalecimento físico, negligenciei meu controle, quantidade e afinidade com a mana. Não tenho uma reserva vasta de mana, mas minha habilidade física compensa isso.
Por ter derrotado uma criatura com nível de ameaça 30, posso me equiparar a outras criaturas desse nível em termos físicos. Feras mágicas como este urso não podem aprimorar seu físico da mesma maneira que os seres humanos, que possuem uma afinidade natural com seu núcleo de mana, uma capacidade conhecida como “Quebra de Limites”.
Apenas com treinamento físico, o ser humano pode superar seus limites biológicos, uma habilidade ampliada pela conexão entre o núcleo de mana e o corpo. Enquanto os humanos podem evoluir através do treinamento, outras raças, como feras mágicas, dependem da absorção de energia de criaturas poderosas para se fortalecerem.
Olho para o urso caído no chão, sua barriga ferida começando a se curar lentamente. A velocidade de conjuração e cura desta relíquia não é alta; levará algum tempo para que o efeito se manifeste completamente.