Imperador da Glória Eterna - Capítulo 34
Os heróis restantes avançaram contra Cassandra, e todos foram rapidamente eliminados pela valquíria. Em comparação com Haakon, eles eram fracos; suas técnicas e habilidades especiais eram, em grande parte, voltadas para o aumento de atributos, com apenas alguns conjurando bolas de fogo ou outras magias simples.
O cansaço da batalha exaustiva começava a se manifestar. Cada golpe e cada bloqueio drenava energia, e era apenas uma questão de tempo até que Cassandra ficasse exausta, incapaz de lutar. Sua concentração estava no auge, ela era capaz de ler cada movimento de seus adversários e desviar de todos eles com precisão absoluta.
Então, ela sentiu uma pequena pedra atingir seu capacete, um impacto insignificante, incapaz de causar dano real. Aquilo era apenas o início de algo maior. Outra pedra caiu, seguida por mais uma, até que uma centena delas começou a despencar do céu. Os heróis, atingidos diretamente, começaram a cair, um após o outro. Cassandra ergueu o escudo acima da cabeça, para se proteger dos pedregulhos.
De repente, uma imensa esfera de cor escura cruzou o céu e aterrissou à frente de Cassandra. A bola levantou poeira e cinzas. Vítor emergiu da névoa que envolvia a esfera, e com ele, uma barreira negra se formou ao redor dos dois, protegendo-os da chuva de pedras.
— Seu poder aumentou consideravelmente. Explique-se. — Cassandra sentiu algo estranho em seu único aliado.
— Absorvi o inimigo. — Vítor se aproximou dela.
— Absorveu o inimigo? Que classe é você? Senhor da Névoa? — Ela o encarou, exigindo respostas para as múltiplas perguntas que surgiam em sua mente.
— Senhor da Névoa. — Ele finalmente desistiu de esconder sua verdadeira classe. A situação caótica o obrigava a lutar com todas as suas forças, sem reservas.
— E como duplicou o alcance da névoa em apenas dez minutos?
— Absorvi o inimigo — repetiu ele, com a mesma resposta.
Cassandra estava prestes a refazer sua pergunta quando uma pedra a atingiu em cheio no rosto. Todavia essa não caiu do céu como as outras, pois a barreira de Vítor os protegia. A rocha, na verdade, emergiu do chão e saltou diretamente contra o rosto da valquíria.
— “Mestre das Marionetes”! — Vítor invocou a recém-criada marionete de Sergei Speed, que interceptou o projétil, protegendo seu mestre.
A marionete desabou, com o rosto completamente destruído pelo impacto da pedra. Vítor olhou para fora da barreira, tentando identificar o responsável pelo ataque. Era algum dos heróis caídos, alguém que fingia estar morto, certamente capaz de enxergar através da névoa e lançar um ataque tão preciso.
Levou um instante para ele formular um plano. Desfez a própria barreira e, em seu lugar, criou uma armadura completa de névoa que envolvia todo o seu corpo, estreitando sua visão para apenas a viseira abaixada do capacete de cavaleiro. A névoa se espalhou pelo chão, envolveu os heróis caídos e os transformou em novas marionetes. Contudo, um dos corpos permaneceu intocado pela névoa.
— Te encontrei! — Ele apontou o dedo para o único que poderia ser o dono daquela habilidade. — Marionetes, levantem-se e ataquem o alvo que seu mestre ordena!
As marionetes nem sequer tiveram chance de se aproximar; as rochas as esmagaram instantaneamente. A figura do herói se ergueu, encarando Vítor à distância.
Herói? Na verdade, era uma jovem de ascendência oriental, com cabelos curtos e negros, e olhos castanho-claros. A chuva de pedras parecia ignorá-la completamente; nenhuma rocha havia sequer caído perto de onde ela estava.
O chão já começava a acumular uma quantidade considerável de detritos, com fragmentos de rochas despedaçadas e outras mais resistentes espalhadas. Tornava-se difícil andar sem tropeçar em alguma, causando desconforto nos pés.
— Vamos lá, faça sua pequena introdução — zombou Vítor, enquanto recolhia suas marionetes sobreviventes. — Quem é você? E qual o nome da sua técnica para invocar essas rochas e tentar me esmagar?
— Meu nome é Ishi, serva do “Olho de Tigre”, e não permitirei que você passe daqui com vida! — gritou ela, enquanto uma rocha colossal surgia acima de Vítor.
Ele teve apenas um segundo para reagir, transformando-se em névoa e desviando de ser esmagado.
— Esta batalha será breve. Sua habilidade não tem poder sobre mim. — Vítor se aproximou dela e desferiu uma série de golpes rápidos com sua névoa.
As pedras de Ishi surgiram para interceptar os ataques, e bloquearam cada investida de Vítor. Embora ligeiramente frustrado, ele continuou a atacar. — Estou desenvolvendo uma nova técnica. Acho que você será o alvo perfeito para testá-la. — Ele sorriu e moldou sua criação em uma nova configuração.
A garota tentou entender o significado das palavras de Vítor. A névoa rastejou pelo solo, como um tentáculo sinuoso que se estendia de Vítor, tomando forma diante dela. Uma centena de facas emergiu da névoa, parecendo tão reais quanto as armas brancas que outrora pertenceram a heróis caídos. Vítor as escondera em meio à névoa e agora estava pronto para atacar.
Com um sorriso de confiança, o marionetista ordenou o ataque. As lâminas disparam em conjunto contra Ishi. A garota ergueu um grande muro de pedras caídas para se proteger. Algumas lâminas se cravaram na rocha, enquanto outras contornaram a barreira, procurando uma brecha.
Ishi se assustou, quando uma delas passou de raspão em seu braço esquerdo. Ela sentiu o corte, a fria névoa negra que controlava a lâmina. Atemorizada por aquela demonstração de habilidade, ela olhou para Vítor, perplexa com o poder que ele manifestava.
— Como eu disse, uma batalha bem curta. — As lâminas retornaram a Vítor e rodearam seu mestre como um enxame mortal e obediente.
Era a vez de Ishi atacar, e ela o fez com determinação. Rochas surgiram de todas as direções, tanto do céu quanto da terra. Entretanto, contra a armadura de Vítor, estas eram inúteis; as pedras apenas ricocheteavam, incapazes de causar um arranhão sequer.
— Inútil! Você é completamente inútil contra mim! — Vítor declarou e ameaçou iniciar uma nova onda de ataques.
— Será mesmo? — Ela gritou, e uma enorme pedra emergiu sob os pés de Vítor e o lançou para o alto.
Vítor girou, se desequilibrou, e por pouco não foi esmagado por uma segunda rocha que caiu do céu. Seu corpo de névoa era intangível por aquelas rochas. Ele aproveitou a poeira gerada pelas pedras, e se camuflou entra elas. Ishi o procurou por todos os lados, mas ele havia desaparecido.
— Você pode ser forte, mas só o suficiente para me entreter por um tempo. Agora, seu fim chegou! — Ele surgiu em uma nuvem de pó cinza atrás dela e atravessou seu peito com a mão. — Qual era mesmo o nome da sua habilidade?
— Pedras… — murmurou ela, enquanto o sangue escorria pela mão de Vítor em meio ao seu peito. — O que aconteceu? Por que fiz isso? Esta criatura… ela me controlou…
— Sei disso, mas não é problema meu. — Vítor transformou-a em névoa pura.
Assim como ocorreu com as invocações de Sergei, quando Ishi se tornou névoa, suas criações também desapareceram. Restaram apenas as marcas dos impactos e grandes crateras.
Vítor se aproximou de uma Cassandra desacordada, com o capacete destruído com o impacto. Ele removeu a peça e colocou a mão sobre o rosto machucado dela. Havia um grande ferimento em sua testa, com um sangramento considerável. A névoa a cobriu, e em instantes, tudo foi regenerado, tal como aconteceria no corpo de Vítor.
Ela acordou, ainda meio tonta pelo golpe que havia levado. Olhou para o chão e não viu mais os corpos, nem as pedras, tudo relacionado a batalha de momentos atrás desaparecera.
— Isso é obra sua… — falou ela sem pensar duas vezes.
— Talvez, ainda faltam dois heróis fortes para lutar, já derrotei o dos veículos e os das pedras. Pelos meus cálculos e análise da batalha, ainda falta o herói do sangue quente e o herói da gravidade zero — Vítor estendeu a mão e a ajudou a levantar.
— Derrotei um berseker com a habilidade de ferver o sangue e queimar os oponentes. — Ela
— Ótimo, então falta apenas um. Só tem um pequeno problema, eu não vejo nenhum herói restante em lugar algum. O caminho está livre para acabarmos com o “Olho de Tigre”. — Vítor apontou para a criatura, que agora se movia para longe, a passos lentos, mas que tremiam toda a ilha celestial.
— Você disse que absorve os seus oponentes, e se fortalece com isso. — Ela parou por um instante, pensou em todo seu conhecimento acumulado por anos e afirmou sem medo. — Você absorveu todos os heróis que caíram, o que me garante não é você o mestre daquela criatura. Ela parece também se alimentar dos caídos.
— Apenas uma coincidência infeliz. — Vítor tentou justificar, e já se preparou silenciosamente para a batalha, transformando as pontas de seu dedo em névoa, prontas para atacar no primeiro sinal de hostilidade por parte da valquíria. — Além disso, se eu fosse um inimigo, já teria lhe matado há muito tempo, e não atacaria os meus subordinados.
Cassandra permaneceu em silêncio, observava atenta cada movimento de Vítor. A tensão no ar era palpável, cada um esperava pelo menor indicativo de ameaça do outro. A desconfiança se tornou mútua; Cassandra se perguntava se Vítor estava por trás daquilo tudo, e Vítor desejava saber o quanto ela sabia sobre aqueles eventos.
Os dois se encontravam em um impasse, e Vítor se preocupava, se teria que descartar sua nova aliada, assim como fizera com Alexandra anteriormente.
Ishi | |||
Guilda | Desconhecido | Classe | Invocador |
Alcunha | Nenhuma | Técnica Especial | “Pedras” |
Pedras | |||
Capacidade Ofensiva | A | Capacidade Defensiva | E |
Alcance | S+ | Resistência | Irrelevante |
Versatilidade | C | Velocidade | S+ |