Horizonte de Conquistas - Capítulo 0006
Na manhã seguinte, Alexander levantou-se quando os primeiros raios de sol penetraram nas folhas da árvore onde dormia. Mesmo não conseguindo dormir bem, ainda conseguiu se recuperar para enfrentar esse novo dia.
Como primeira tarefa do dia, ele decidiu voltar ao local onde havia deixado a carne.
Ao se aproximar do local, redobrou sua atenção, mas mesmo depois de procurar por pegadas ou rastros, nenhum indicativo de outras criaturas foi encontrado.
— Parece que não há criaturas vagando durante a noite aqui. É isso, ou ontem foi um dia muito incomum — concluiu Alexander. — Mas duvido disso. Criaturas selvagens tendem a ser territorialistas e a sempre procurar por invasores.
Depois de verificar o local, ele foi olhar a carne. — Parecem boas. Só mais algumas horas no sol deve deixá-las no ponto ideal.
Satisfeito com esse resultado, Alexander colocou a carne ao sol e foi para o rio. Quando chegou lá, o sol ainda tinha uma parte escondida no horizonte.
Aproveitando a calmaria, ele bebeu um pouco de água e procurou um bom lugar para se esconder enquanto mantinha uma boa visão do rio.
Enquanto bebia água, Alexander percebeu que não desativou a transformação na noite anterior e ela se manteve ativa. — Interessante. A forma não vai mudar sem a minha vontade, mesmo enquanto durmo.
Sentado à sombra de uma árvore e atrás de um arbusto, ele lembrou-se do plano que havia traçado no dia anterior e começou a pensar: — É melhor aproveitar esse dia para tentar entender e me acostumar com os hábitos das criaturas daqui, pois ainda não estou em condições de lutar contra elas.
Como se ouvisse seus pensamentos, um grupo de três goblins saiu dos arbustos para pegar água no rio. E aproveitando essa oportunidade, Alexander os avaliou com |Avaliar (Intermediário)| para ver quais seriam as informações.
[{Goblin} Nv. 1] [{Goblin} Nv. 2] [{Goblin} Nv. 3]
— Apesar do avanço de |Avaliar|, não apareceu nenhuma informação adicional — observou Alexander. — Parece que as informações sobre indivíduos não são o forte dessa habilidade.
Pouco depois que o grupo de goblins saiu, a dupla de kobolds apareceu. Eles fizeram a mesma coisa do dia anterior, e ele também.
Também não demorou muito depois que a dupla saiu para que o ork (Jovem) aparecesse e fizesse o que parecia ser a rotina de todos.
Tentando entender o padrão daquelas criaturas, Alexander passou a manhã inteira observando o rio e nenhuma delas apareceu novamente. Mas ao mesmo tempo que no dia anterior, quando o sol estava no auge, o grupo de goblins apareceu novamente e repetiu o processo.
Ele então esperou para confirmar a sua suposição. E, como suspeitava, não demorou muito para, como no dia anterior, a dupla de kobolds aparecer, e ser sucedida pelo ork (Jovem) logo depois.
— Parece uma rotina, e buscar água faz parte de um dos seus afazeres. Eles até se evitam para isso — analisou Alexander. — A parte mais vulnerável deve ser os goblins, já que mandam um grupo de três enquanto os orks só mandam um membro, que ainda parece completamente despreocupado ao sair.
Sabendo que provavelmente não iam voltar por agora, graças a sua observação no dia anterior, Alexander foi pegar a carne, que já devia estar bem seca, e começou a tentar fazer algumas coisas usando as peles de coelho.
Usando a sua adaga recém-adquirida, ele cortou uma pele rústica de coelho em pequenos fios e os usou para fazer um calçado ajustável.
Lhe custou 5 peles de coelho, mas Alexander conseguiu fazer um par de calçado rudimentar. Eles podiam parecer pouco, mas ele sabia que um calçado, por mais rústico que fosse, era imprescindível para evitar infecções.
Vendo que ainda tinha um tempo considerável sobrando, Alexander fez uma pausa para comer, se aliviar e descansar.
Após descansar, ele começou a usar |Controle de Mana| para ganhar mais prática com a mana. Mas depois de usá-lo por dez minutos, a sua stamina caiu para (1/11), a sua mana para (10/20), e o seu MP para (15/25).
Foi só nesse momento que Alexander descobriu o quão sério é o custo de uma habilidade. Sua energia foi quase toda drenada deixando-o em uma situação vulnerável mesmo sem se mexer.
Sem outra opção, ele foi forçado a descansar novamente para recuperar a sua stamina. E depois de passar duas horas descansando, os seus pontos de stamina voltaram ao máximo, mas a sua mana e MP não.
Alexander pensou um pouco e voltou a usar o |Controle de Mana|, mas por uma questão de segurança, o usou por menos tempo dessa vez, o que o forçou a parar para descansar depois de apenas oito minutos.
Ao repetir esse processo mais uma vez, não foi só a stamina dele que ficou escassa. A sua mana e o seu MP também ficaram baixos.
Com esses três indicadores baixos, ele sentiu-se lento, enfraquecido e letárgico. Ele até sabia que isso aconteceria, graças às descrições de (Stamina), (Mana) e (MP), mas não esperava que fosse tão literal assim
Demorou mais ou menos quatro horas para que o MP de Alexander, o mais demorado dos três, voltasse à casa das dezenas. E como não podia mais ficar praticando, pois logo ia escurecer, apenas ficou observando o rio.
Quando ele estava prestes a se levantar para ir embora, o grupo goblins voltou para pegar mais água. Pouco tempo depois vieram os kobolds, e não muito depois o ork (Jovem).
— Como nenhum desses grupos parece ter visto a fumaça de ontem, essa deve ser a sua última vez pegando água no dia — conjecturou Alexander.
Ao se certificar que todos foram embora, ele foi beber um pouco de água e voltou para a clareira. E ao se certificar que era seguro, também pegou um pedaço de carne seca e fez uma refeição rápida antes de ir se deitar.
Na manhã seguinte, Alexander levantou-se novamente com os primeiros raios de sol. E mesmo não tendo dormido bem novamente, pegou suas coisas e foi até o rio ver se a rotina se repetiria mais ou menos na mesma hora.
Como ele esperava, aconteceu exatamente a mesma coisa que no dia anterior. Primeiro foi o trio de goblins, depois a dupla de kobolds, e por último o solitário ork (Jovem).
Como tudo aconteceu igual, Alexander resolveu seguir o ork (Jovem) de longe para localizar seu covil. E após alguns minutos andando, o viu entrar em uma caverna, mas não pôde chegar mais perto, ou perderia sua camuflagem.
Depois de confirmar a localização do covil dos orks, ele decidiu explorar algumas áreas inexploradas até chegar a hora das criaturas irem buscar água.
Para fazer esse reconhecimento, Alexander finalmente atravessou o rio. E ao seguir pelas áreas inexploradas na direção oposta à caverna dos orks, encontrou outra pequena caverna.
Bem perto da entrada desta caverna havia duas criaturas. Uma delas ele reconheceu, era um javali, mas a outra era desconhecida.
A criatura desconhecida parecia ter uma estrutura corporal semelhante à água-viva, película semi transparente por fora e fluída por dentro. O mais estranho é que parecia ter capturado o javali e estava pressionando o corpo dele para dentro do dela para dissolvê-lo.
Não ousando chegar muito perto, Alexander apenas usou |Avaliar| na criatura de longe para descobrir o que era.
[{Slime} Nv. 2]
Ao descobrir a identidade do slime, ele ficou chocado. — Eles não deveriam ser “fracos”?… Como essa coisa pode ser fraca?
Só de imaginar que a pequena entrada da caverna poderia levar a um espaço cheio dessas coisas, o corpo de Alexander começou a tremer e se afastar.
Não querendo ficar perto daquele lugar, ele passou a explorar outras áreas. E ao explorar bem aquele lado do rio, percebeu que havia mais javalis por ali, mas em compensação a quantidade de coelhos era bem pequena.
Após alguns minutos de caminhada, Alexander começou a se aproximar das cavernas onde viviam os kobolds e os goblins, nas quais só fez um pequeno reconhecimento de longe, para confirmar as suas informações, e voltou para o “seu lado” do rio.
Depois de explorar tudo que foi possível do outro lado do rio, ele começou a explorar o seu lado do rio também.
A princípio tudo parecia bem daquele lado, ele não encontrou nenhum monstro ou caverna, apenas coelhos e alguns javalis. Mas quando estava terminando de explorar a área, uma caverna muito estreita apareceu.
Alexander imediatamente se escondeu da melhor forma possível e começou a observá-la de longe. Mas mesmo depois de algum tempo, não viu nenhum movimento, ou ouvir qualquer barulho.
Bem quando ele estava prestes a desistir e ir embora, um coelho saiu saltitando alegremente de dentro da caverna.
— Se o coelho saiu ileso, então não há monstros nesta caverna, certo? … Ou o fim do coelho teria sido o mesmo daquele javali.
Depois de pesar os prós e contras, Alexander se aproximou com cuidado da entrada da caverna. E ao chegar bem perto da entrada, descobriu que não se tratava de uma caverna, mas sim de um túnel ascendente.
Ao notar que era impossível para qualquer criatura grande ou média passar por tal espaço, ele decidiu ver o que havia do outro lado. E o que encontrou ao passar pelo túnel foi uma grande floresta com árvores muito maiores que as do bosque onde estava.
Olhando toda aquela “liberdade” a sua volta, Alexander considerou não voltar para o bosque. Mas essa ideia morreu tão rápido quanto ganhou vida, pois a sua razão gritou mais alto lhe dizendo que ele ainda era muito fraco…
Após respirar fundo para obter o máximo de ar fresco possível, ele se virou e foi terminar de explorar o bosque. E com esse objetivo cumprido, voltou para o rio enquanto formava um mapa mental do pequeno bosque na sua cabeça:
— O bosque é meio circular; é delimitado por paredes altas; tem um raio de aproximadamente 1 km; é cortado ao meio por um rio; têm quatro cavernas e um túnel.
— A caverna dos kobolds fica mais a oeste, e é seguida pela caverna dos goblins, slimes e orks. A disposição delas no mapa é em formato de leque da esquerda para a direita. E do meu lado do rio, fica o túnel de saída do bosque situado a leste.
Assim que chegou ao seu ponto de observação do rio, Alexander começou a descansar para se recuperar da exploração. E como o período da manhã era sempre tranquilo, ele descansou bem relaxado para se recuperar mais rápido.
Alexander descansou até o sol indicar que era hora do grupo de goblins aparecer. Sem perder tempo, ele retomou sua postura cuidadosa, mas por algum motivo os goblins não apareceram.
Alexander fitou o sol para ver se havia se confundido, mas o horário estava certo. Os goblins que não haviam aparecido no horário de sempre.
Quando ele já havia desistido e começando a pensar no que fazer, o grupo de goblins apareceu. — Parece que só se atrasaram.
Justamente quando Alexander pensou que tudo ia voltar ao normal, a dupla de kobolds chegou. Os dois grupos se encararam por um tempo, mas não demorou muito para largarem seus recipientes e avançarem um contra o outro.
Os goblins tinham uma desvantagem no porte físico, mas estavam em maior número e lançavam pedras nos kobolds sempre que tinham a oportunidade.
— Eles devem ter |Arremessar| — supôs Alexander. — Ela e |Correr| devem ser habilidades inerentes aos goblins. Por isso tenho elas.
A luta na margem do rio começou a se arrastar deixando os dois lados machucados e molhados. Para deixar a situação ainda mais tensa, um som animalesco foi ouvido fazendo com que todos virassem as suas cabeças na direção do ork (Jovem), que tinha acabado de chegar, e não gostou de vê-los ali.
A chegada do ork (Jovem) tornou a luta ainda mais confusa. Mas, ironicamente, foi quem ficou em maior desvantagem, pois não havia ninguém para cobrir a sua retaguarda.
Em compensação, também era ele quem sofria menos com os ferimentos e causava mais dano.
Quanto mais o tempo passava, mais intensa a briga se tornava. Em determinado momento, o ork (Jovem) foi atacado pelas costas por um dos kobolds, e quando se virou para acertá-lo, levou uma pedrada na cabeça e caiu no rio desnorteado.
Um dos kobolds até quis se aproveitar da situação para atacá-lo novamente, mas foi recebido por um poderoso soco, que o lançou para longe.
Alexander, que estava assistindo tudo, tomou uma decisão: — Não sei se terei uma oportunidade melhor do que essa. Então é agora ou nunca.