Guerra de Deuses - Capítulo 20
Arskan viu Kyler retornar da mata. Ele se aproximou dos dois próximos ao centro e se jogou no chão.
— Estou morto! — exclamava aos céus para todos ouvirem. — Fui emboscado na floresta. Quase fui morto.
— Tem algum ferimento que gostaria que eu curasse, Kyler?
— É melhor guardar as energias para amanhã — disse Arskan dando um pouco de comida para o arqueiro. — Algo vai acontecer.
Ambos os dois ouvintes se entreolharam, mas decidiram não questionar. Kyler deixou a cura de lado e deitou após comer.
Natália se despediu com um cumprimento e agradeceu pela gentileza, retornando para o seu grupo ao lado de Agnus.
Aquele homem os estava encarando com um sorriso amarelo, daqueles que recebia do seu chefe e colegas de trabalho antigamente.
— Kyler, está acordado.
— Estou. O que foi?
— Amanhã não terei chance de ver as ações daquele homem. Quero que você o vigie e proteja a garota.
— Não precisava pedir — Ele soltou um sorriso. — Sabe como eu sou.
Arskan direcionou seu olhar pesado e sua aura assassina na direção de Agnus. Ele o encarou de volta e reabriu o sorriso amarelo.
“Esse cara…”
Acreditava cada vez mais que o destino dele era inevitável. Aguentou algum tempo, mas tudo o levava a crer que em breve a fera abriria suas presas.
— Você não me engana. Sei que vai se tornar o Caminhante Noturno.
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Sentado no chão frio, Agnus bateu firme contra o chão até os punhos ficarem vermelhos carmesim. O seu estado deplorável lembrava-o do dia que aspirou a investidor.
Lembrou-se do que muitos lhe disseram: “Um investidor de sucesso precisa correr riscos.”
Aqueles falsos coachs; ele não era tão burro para cair nas suas mensagens fantasiosas de autoestima e poder do pensamento positivo, mas a ideia central ainda o capturava.
A ideia de ser melhor como pessoa. Algo que interpretara erroneamente como ser superior aos demais.
Naquele momento, Agnus finalmente aceitou quem era. Dizia-se a si mesmo: “eu sou melhor que eles” e acreditava fielmente nisso.
Ele levantou com rapidez, pegou uma pinça e arrancou aquele fio branco. No dia seguinte, ele foi o primeiro a chegar no escritório.
— Ei, Agnus, assim tão cedo?
— É, não sei porque — ele abriu um sorriso amarelo, o mais falso que conseguiu, e tão enganador que passou a acreditar no que dizia —, mas sinto que hoje vai ser um bom dia.
O colega deu um tapinha no ombro dele e saiu andando sem se importar muito. O sorriso de Agnus se desfez instantaneamente.
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A brisa fria bateu contra o rosto de Arskan. Os seus olhos capitaram os movimentos suaves das folhas e a sede de sangue contida suavemente.
Era muito diferente dos brutos e burros Goblins. Ele nem precisava ter viajado no tempo para saber que aquele dia não seria como os outros.
Com mais um passar da brisa, soltou um espirro suave.
— Estou doente? Ou tem alguém falando de mim? — murmurou.
Deu uma coçada no nariz e voltou os olhos para a floresta.
— Vai começar.
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5° Onda: Alcateia de Lobos
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Os rosnados e o farfalhar das folhas tornou-se cada mais constante. A primeira criatura saiu da densa floresta, mostrando o seu pelo acinzentado e o tamanho que chegava ao humano.
As garras afiadas rasgaram o chão e os olhos vermelhos encararam os humanos que eram vistos como presas fáceis.
Havia uma multidão entusiasmada pela vitória anterior, mas outra vez largaram as espadas no chão e correram na direção contrária a daqueles monstros.
Apenas a vista daquelas garras já tirava a coragem da maioria.
— Hm… O esperado — comentou Arskan, sacando o seu alfange e colocando sobre o ombro.
Para os humanos, encarar goblins, criaturas pequenas e fracas, era uma possibilidade; aterrorizante, mas ainda uma possibilidade. Agora, enfrentar lobos que tinham tamanho similar ao deles e uma força provavelmente maior?
“Impossível!”
Até os mais corajosos deram passos atrás e ficaram nervosos, porém os olhos de todos logo foram atraídos para aquela pessoa.
O homem de cabelos pretos que andava despretensiosamente na direção das terríveis garras dos lobos.
— Então você que é a bucha de canhão? — disse ao notar que aquele enviado na frente estava sozinho.
O lobo rosnou, parecendo entender o que o humano à frente lhe dizia.
“O chefe é inteligente. Isso pode ser mais difícil do que pensei.”
— Pode vir, lobinho.
Arskan colocou a lâmina rente ao corpo e esperou o lobo atacar. Como previsto, aconteceu em seguida.
A criatura arremessou o corpo para frente e os caninos afiados brilharam na luz.
Arskan rolou para o lado, desviando do ataque e rapidamente se colocando de frente outra vez.
— Ele é rápido.
Escutou o rosnado do lobo e o provocou com um leve aceno de mão. Isto resultou nas garras do lobo cortarem em direção a sua garganta.
Arskan recebeu as garras contra seu Alfange. Um tilintar de ferro ressoou junto do grito de dor.
— Roar! — O lobo saltou em três patas e o sangue escorria do lugar onde deveria estar sua pata; agora um buraco aperto.
Recuou chorando com grunhidos, mas foi recebido com outro ataque que lhe jogou contra o chão e o golpe final veio em seguida.
A luz fugiu dos olhos do lobo.
— Próximo! — vociferou.
A plateia engoliu seco e aguardaram atentos a floresta. Nenhum som vazava de entre as árvores até que um a um começaram a surgir.
As garras brilhantes, os corpos enormes e peludos e os olhos carmesim. Mais e mais deles; um exército.
— A Alcateia chegou… — comentou um Agnus boquiaberto.
— Nós vamos ficar bem, senhor Agnus? — perguntou Natália que tremia um pouco.
— Você está conosco, então tudo vai ficar bem.
Agnus dizia isso, mas sua mente pensava apenas em formas de sair vivo. Ele chamou seu grupo e se organizaram.
— Tom, cuide dela — Agnus apontou para um homem de vinte e tantos anos anos.
Natália encarou-o bem. Era um moreno bem alto, muito próximo dos dois metros, que tinha um dos melhores portes físicos que já viu.
Aparentemente ele era algum tipo de atleta antes de virem parar no Tutorial. Ela aceitou timidamente para o homem que deu um sorriso rápido e um aceno de cabeça.
— Vamos para as linhas de frente, pessoal! Precisamos proteger a todos!
“E impedir que aquela pessoa pegue tudo para ela.”
O grupo deles entrou na batalha, mas ela já havia começado.
Arskan já estava cercado. Inimigos lhe atacavam de todos os lados e o encurralaram como um rato, porém não recuava sobre o perigo.
Atacava sem medo, usando de tudo a sua disposição. Todas as adagas que recebeu dos goblins e espadas que roubou estavam sendo usadas.
Ele fincava uma adaga no olho de um dos animais, perdendo-a, e já puxava outra imediatamente.
Quando entrava em uma situação complicado, escutava uma flecha voar à distância e em seguida o corpo de um lobo batia contra o chão.
Kyler, ao longe, lidava com os desgarrados e auxiliava o companheiro com suas flechas precisas.
Arskan tinha sintonia automática com qualquer pessoa; desde que estivessem em uma batalha, então acenos de cabeça e gestos de mão simples eram o necessário para coordenar os movimentos.
Os cabelos negros dele voaram ao ar quando as garras de outro lobo passaram raspando pela sua cabeça.
Virou-se imediatamente e deu uma cotovelada no animal ainda no ar, arremessando-o contra outros três.
— Roar! — Rosnados continuaram a soar.
Os humanos voltaram a ter coragem, embora as baixas tivessem retornado. Eles ainda tentavam combater os lobos.
Alguns outros apenas fugiam, mas era a óbvio que os lobos eram mais espertos.
Eles procuravam e atacavam aqueles sozinhos, o que deu muito trabalho para Kyler que precisava cuidar de um monte de covardes.
Um lobo havia conseguido escalar um dos pilares e estava atrás de Kyler. Dentes mirados na sua garganta.
O arqueiro acabou notando tarde demais, mas quando as presas estavam para cortar sua garganta um espada impediu.
Ele, o seu salvador e o lobo caíram do pilar. Kyler rolou pelo chão e acabou torcendo o tornozelo.
Viu então aquele homem que havia salvo durante a segunda onda lhe protegendo. Depois de um combate intenso, matou o lobo.
— Obrigado.
— Está tudo bem. Vamos lá.
Kyler acenou com a cabeça e o homem o ajudou a levantar.
Arskan perdeu o auxílio, contudo estava bem; na verdade, ótimo. Sua espada cortava com destruição avassaladora.
Mais e mais sangue pintou os seus arredores e o seu rosto, fazendo ele parecer um verdadeiro assassino louco.
Finalmente, quando matou outro lobo, um uivo soou e os restantes deram um passo atrás.
“Ele está vindo…”
As pessoas pensaram que teriam um momento para respirar, mas logo suas esperanças se foram.
O animal era gigantesco.
Um jovem coçou os olhos, mas era inevitável. Como um lobo poderia possuir o tamanho de um urso? Não! Era maior que um urso.
Arskan encarou o alfa e seus olhos piscaram em azul vivo.
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[Visualizador de Status]
Nome: Nenhum | Raça: Lobo Gigante Cinzento
Grau: Incomum | Maestria: A
Título: [Alfa] [Chefe]
Estatística:
Força: 15 | Velocidade: 14 | Vigor: 14
Destreza: 20 | Inteligência: 15 | Mana: 10
Habilidades:
Ativo: [Uivo de Guerra] [Garra Lunar] [Impulso Veloz]
Passiva: [Sentidos Aprimorados]
Especial: Nenhuma
Para um chefe, ele era muito mais fraco que o normal, porém era muito mais forte que qualquer outro monstro a qual enfrentou nessa vida.
Suas mãos tremeram em antecipação e fixou os olhos naquele ilustre adversário. Os olhos negros se encontraram com os olhos carmesins e uma faísca pareceu escapar de ambos.