Deus Humano - Capítulo 1
A Casa dos Deuses. O lar dos que são mais fortes que qualquer um, que podem tudo. Não possuem medo por nada além deles mesmo. Fazem o que suas vontades pedem com o mundo mortal.
A “Montanha Infinita” denominada assim por seu tamanho colossal e infinito para mortais, é sua entrada. Muitos chegaram perto de seu topo. Mas todos falharam na luta contra o último guardião da casa dos Deuses.
Por anos um jovem tenta subi-la para entrar na casa dos Deuses. Ao passar do tempo o seu corpo sofreu mutação. Sua estrutura se tornou como a de um gigante. Pelos cresceram e como um macaco um rabo criou-se como necessidade de defesa.
Nos primeiros anos de luta desse jovem, ele utilizava o seu próprio estilo de luta. O range mundos. Um estilo que consiste em golpes únicos que concentram a aura em um único ponto. Mesmo sendo eficiente contra oponentes únicos e mais poderosos que o usuário. Era ineficiente contra múltiplos oponentes, como “As 100 serpentes do ar”.
Por necessidade o jovem adaptou seu estilo para ser usado contra muitos e pouco oponentes. Mas ainda não era suficiente. Só as suas mãos não eram o bastante.
Por sorte do destino em uma das investidas contra a montanha infinita, o jovem foi encontrado por uma arma especial. Uma arma viva conhecida como “ Mata Deuses “.
Após dias de uma luta feroz o jovem a subjugou, transformando-a em sua parceira. A arma era um bastão que podia modificar seu corpo a bel prazer. Viveu na casa dos deuses a muitos séculos atrás. Mas foi expulsa após uma desavença com o “Deus Caído”, trazendo a morte do mesmo durante a luta.
Mata Deuses cultivava um ódio profundo pelos deuses por a expulsarem de sua casa. Lá ela vivia junto de seu amor, “ Deus Gentil”.
Mata Deuses foi a única amiga que o jovem ganhou em sua jornada. Ele simpatizava com a arma, pois também possuía um forte ódio pelos deuses. Então em uma noite o jovem decidiu revelar seu nome a amiga.
— Fui nomeado de Bambuí por meus pais.
Bambuí teve a sua vila destruída por uma brincadeira dos Deuses. Desde então ele vagou pelo mundo procurando vingança e há 50 anos ele achou a montanha infinita.
No começo ele não conseguia derrotar nem ao menos os mais fracos animais. Mas mesmo atacando ele nunca era morto por ninguém. Após interrogar um tigre falante ele descobriu o porquê. Existia a regra de nunca matar um humano na montanha infinita.
Bambuí não sabia o porquê da existência dessa regra estranha. Mas Mata Deuses sabia e revelou o porquê para seu amigo.
— Os deuses criaram a montanha infinita para testar humanos. Os que conseguirem subir ela por completa tem o direito de viver entre eles. E por isso eles não querem matar os humanos nela.
Bambuí reafirmou sua opinião sobre os deuses. Eles são egoístas que pisam nos demais. O jovem odiava os deuses por terem Exterminado sua família mas entendia que era de sua natureza serem assim.
— Sabe Mata Deuses, sabe oque os deuses são?
— Oque amigo?
— Crianças com poderes divinos.
Os dois gargalharam com a analogia de Bambuí que foi certeira. Naquela noite de lua cheia em frente a uma fogueira, os dois aprofundaram sua amizade.
Mata Deuses contou mais sobre seu amor e como sente saudade dele. Ela era a “ Deusa Armal ”. Tinha o dom de criar armas que podiam até matar deuses. Os deuses tinham medo dessa capacidade e criaram desavenças com ela para expulsa-la.
— Eu perdi grande parte da minha força, mas isso nem é o pior — Mata Deuses parou de morder o pedaço de carne que estava devorando — o pior é estar longe dele…
— Não se preocupa, a gente vai chegar lá e você vai viver com ele de novo!
— Espero que cumpra suas palavras garoto — ela voltou a comer o pedaço de javali — e você? Porque está fazendo isso?
Bambuí falou como era sua vida na vila onde viveu a muito tempo. Ele caçava, comia frutas e brincava com as outras crianças da vila. Mas um dia sua vila foi atacada e tudo desabou.
— Mata Deuses, após eu matar o deus que destruiu minha vida será que…
Bambuí hesitava em pedir algo a sua única amiga. Mas Mata Deuses compreendeu oque ele não conseguia perguntar.
— Claro.
Ela apenas respondeu a pergunta silenciosa. Após anos Bambuí estava feliz de verdade. Para ele aquela foi a melhor noite que teve desde o começo de sua vingança.
Mais anos passaram com os parceiros lutando contra os guardiões da montanha Silenciosa. Eles eram chamados de “ Portadores ” por terem poderes concedidos pelos Deuses.
Alguns eram humanos que se renderam aos Deuses. Outros eram animais corrompidos pela aura que se tornaram ridiculamente fortes após mutações.
— Ei Bambi, oque é essa aura que você tanto usa?
Os dois parceiros estavam descansando em frente a uma fogueira. Assavam a carne de um javali gigante que haviam caçado.
— Eu diria que é a força vital dos seres humanos, nós a controlamos aumentando nossa força.
Bambuí jogou mais lenha na fogueira e continuou a sua explicação.
— A lenda diz que um Deus ensinou a técnica da aura para os humanos para tentar igualar o “ jogo “.
Bambuí estava certo. A milhares de anos o “ Deus Guerra ” ensinou os humanos a usar a força vital para que assim pudesse se divertir em luta contra eles. Mas não aconteceu bem como ele imaginava. Os humanos demoraram eras para criar técnicas eficientes de aura.
Uma das mais fortes era a utilizada pela tribo de guerreiros conhecida como “ Semi-Deuses ”.
Por medo o “ Deus Covarde ” destruiu essa vila com seu exército de alados. Mas mal sabia ele que assim criou um pequeno monstro que viveria incessantemente por vingança.
Após décadas os dois amigos estavam próximos de chegar a casa dos deuses. Só faltava enfrentar um último inimigo.
Cael. Um humano corrompido pelo “ Deus Tirano ”. Ele possuía asas negras e pele cinza. Usava uma clava além de uma armadura dourada.
Ele estava sentando em um pedregulho acima de uma pequena montanha. Cael esperava a aproximação de seu oponente.
Bambuí o observava e decidiu lutar sozinho. Mata Deuses foi contra mas Bambuí insistiu. Vendo que não poderia convencê-lo ela cedeu e disse que só ajudaria em um momento crítico.
— Me deseje sorte.
— Vai pedir isso agora?
Bambuí subiu a montanha andando, com os pés colados nas paredes através de uma técnica de aura. Ao se aproximar bastante, como se acordasse, Cael levantou-se e se jogou em direção a Bambuí.
Em pé na parede Bambuí se pôs em posição de combate. Um braço em frente ao rosto, o tronco posicionado para frente, o outro braço abaixado próximo ao abdômen. Um pé posicionado a frente pronto para chutar.
Cael estava voando em direção a Bambuí com sua clava posicionada como uma lança. Em segundos a clava tocou o punho de Bambuí. E no mesmo instante ele girou todo seu corpo redirecionando o ataque de Cael.
O impacto da clava contra o chão criou uma forte cortina de poeira. Calmamente o humano de asas bateu as mãos dispersando a cortina. Mas não avistou Bambuí.
Ele havia pulado junto com o impacto e no céu preparou um golpe poderoso. Ao se aproximar de Cael, ele girou seu corpo para aumentar o poder de seu soco. Mas foi parado pois em segundos Cael o defendeu com sua clava.
Bambuí usou sua cauda para chegar momentaneamente o seu oponente mas foi inútil. Ainda no ar, ele lançou um chute giratório mas foi defendido com a clava novamente.
Vendo que o Ataque havia falhado, Bambuí se afastou e se colocou em posição de luta novamente.
Cael continuava sereno. Para ele Bambuí não era um grande problema. Mas decidiu acabar tudo no próximo golpe.
— Acho que tá bom… Quero voltar a descansar…
Cael levantou sua clava e poderes divinos fizeram com que a arma brilhasse. Assim ele a lançou em uma velocidade perto da luz.
Bambuí não teve reação a não ser concentrar a aura que possuía no ponto em que a clava iria acertar.
Assim se formou um clarão que podia ser visto a quilômetros de distância. Junto dele uma explosão.
Cael se aproximou do centro do golpe imaginando que seu oponente estivesse derrotado. Mas se assustou ao perceber que seu corpo não estava lá.
— Foi desintegrado? Mas se ele chegou até isso não seria possível…
Cael não conseguia sentir a aura de Bambuí. E esse era seu plano. Rapidamente ele se aproximou do humano de asas e acertou um golpe com as pontas dos dedos, imitando uma lança. O golpe perfurou o coração de Cael.
— Mas que mer-.
Sangue cobriu sua garganta quando Bambuí girou seu braço e o moveu em horizontal cortando o peito de seu oponente.
Cael perdeu suas forças e caiu desfalecido no chão. Não compreendeu nada que havia acontecido. Assim o humano que guardava a porta para a casa dos deuses morreu.
Bambuí caiu no chão extremamente cansado. Seu corpo doía, principalmente por ter usado toda sua aura. Mata Deuses o carregou para longe dali.
— Como você fez aquilo? Imaginei que tivesse um plano, mas não o compreendi.
Bambuí juntou forças para responder sua amiga.
— Não tente matar alguém mais forte de frente, isso é tolice.
Mata Deuses o colocou encostado em uma árvore e o deu água para beber.
— Primeiro eu verifiquei se podia aguentar sua clava, e como pode vê eu pude.
Bambuí mordeu um pedaço de carne seca e continuou a explicar.
— depois eu me aproveitei da impaciência dele em acabar comigo logo para usar toda a minha aura para parar aquele ataque.
— Mas e depois? Você simplesmente apareceu atrás dele!
Bambuí sorriu orgulhoso de si mesmo por ter bolado um plano tão bom.
— Bom, sem aura ele não podia me sentir. Então simplesmente me escondi entre os destroços e me aproximei dele para um golpe usando apenas minha força. Não pense que só dependo da aura.
Mata Deuses se impressionou com a esperteza do parceiro que até então só resolvia suas lutas na força bruta.
Bambuí descansou durante 1 dia enquanto recuperava sua aura. Ele não avistou nenhum movimento dos deuses, o deixando nervoso.
— Relaxa, eles nem se importam com oque acontece aqui mesmo.
As palavras de Mata Deuses reconfortaram um Bambuí nervoso.
Após 1 semana ele estava completamente recuperado e pronto para atacar a morada dos deuses em busca da cabeça do “ Deus Covarde ”.
Ele voltou para o lugar onde havia enfrentado Cael e subiu a montanha até chegar em um portão dourado.
— Tão extravagante…
— Oque vai fazer?
— Bater na porta.
Mata Deuses riu da resposta de Bambuí por achar que estava brincando mas ele fez oque disse que faria.
— Você não existe…
A porta se abriu revelando um lugar completamente branco. As paredes o céu e chão. Uma pequena serpente de asas o recebeu.
Ela se aproximou de Bambuí e olhou fundo em seus olhos. Ao vê que ele havia matado Cael ela o deixou entrar.
— Então assim é a morada dos deuses, parece meio chato.
— Aqui é mais um domínio neutro. Ninguém tem autoridade aqui.
— Domínio? Me explica isso aí.
— Cada deus tem um domínio e aqui é o domínio que fica no centro de tudo. Daqui você vai pro domínio de quem você quiser.
— Então, onde fica o domínio do Deus Covarde?
— Sei lá.
Bambuí parou de andar olhou decepcionado para Mata Deuses.
— Oque?! Eu nunca ouvi falar desse deus. Eu apenas ficava em meu domínio ou no do “Gentil”.
— Você se tornou inútil então…
— Só pergunta pro Loki que ele vai levar a gente lá.
— Quem?
Mata Deuses apontou para a cobra de asas que estava próximo ao portão. Bambuí se aproximou dela e tentou perguntar se poderia levá-los a seu destino.
A cobra apenas acenou e seus olhos brilharam em uma luz verde. Um clarão segou os olhos de Bambuí por alguns segundos.
Ao recuperar a vista Bambuí estava em frente a um portão dourado com escritas que ele não conhecia.
— Deus Covarde…
— Consegue lê?
— É língua divina.
Bambuí abriu o portão e vagarosamente adentrou no local mas antes de entrar mais afundo Mata Deuses se aproximou e tocou sua mão.
Ela brilhou em amarelo e seu corpo transformou-se em uma armadura em volta de Bambuí.
— Oque você tá fazendo?!
— Tá querendo enfrentar um Deus sem usar proteção?
— Mas você pode…
— Relaxa, esse deus não vai conseguir me quebrar.
Bambuí se sentiu quente com a ajuda de seu amigo. Isso o deu mais motivação para continuar em frente.
O lar do Deus Covarde era formado por paredes de pedras e pilastras que seguravam o teto que aos olhos de Bambuí, era infinito.
Ele explorou o local que era apenas um corredor que o levou a um trono. E lá estava, o Deus Covarde sentando nele.
Era magro, tinhas asas na cabeça e seu cabelo cobria os olhos. Não usava roupas e sua fisionomia lembrava a de um humano normal.
Bambuí sentiu o ódio o tomar e até tentou avançar para atacar. Mas Mata Deuses apertou a armadura o controlando.
Bambuí respirou fundo e se aproximou silenciosamente para atrás do trono. O subiu e ao chegar ao topo dele percebeu que o Deus parecia estar dormindo. Essa era a hora perfeita para atacar.
Ele pulou e em queda livre posicionou seu punho para atacar. Juntou toda sua aura e acertou um forte golpe na cabeça do Deus causando uma perfuração em seu crânio.
Sangue dourado jorrou do buraco que Bambuí Havaí feito. Rapidamente ele se jogou a metro de distância e se posicionou para o combate.
O corpo do deus se debateu pós alguns segundos até ele parar por completo. Bambuí imaginou que ele estava fingindo para o pegar desprevenido.
— Tá morto.
Mata Deuses voltou a sua forma normal cortando a tensão do momento.
— Como é?
Ela se aproximou do corpo sem vida do deus e o deu alguns golpes.
— Você matou ele.
— Espera, fácil assim?
Bambuí relaxou sua posição de combate sem entender como a luta podia ter sido tão rápida.
— Ele não era um Deus de combate Bambi, olha o título dele.
Bambuí sorriu e suspirou aliviado. Em sua mente a imagem de seus pais a cobriram. Todos sorrindo para ele e acenando.
Tantos anos de ódio e vingança se transformaram em lágrimas silenciosas que logo cessaram. Bambuí esfregou seus olhos e se aproximou do corpo.
Mata Deuses se transformou em um copo e colocou sangue do deus dentro de si e o levou ao Bambuí para bebe-lo.
Ele não entendeu a intensão da amiga mas decidiu confiar nela. Após ingerir aquele líquido viscoso sentiu seu corpo arder e um poder transbordou de si.
Todo salão e o Deus morto sumiu em um piscar de olhos. Agora o espaço estava branco. Só restava Mata Deuses e Bambuí.
— Oq- Oque é isso?
— Agora você é um deus! E eu como Deus — Mata Deuses assumiu uma forma humana e pôs a mão na cabeça de Bambuí — o nomeio como “ Deus Humano ”.
Os olhos de Bambuí brilharam em vermelho. Os pelos de seu corpo mudaram de cor se tornado carmesim.
Mata Deuses explicou que ao matar um deus e beber seu sangue você se torna um e ganha o domínio do Deus morto.
— Agora esse é seu lugar, pode modificá-lo a seu bel prazer.
— Como faço isso?
— Ah depois eu te explico, vamos embora por enquanto.
Os dois deuses saíram do domínio e Loki que estava do lado de fora parabenizou Bambuí por sua conquista.
Mata Deuses disse para ele levá-los ao domínio do Deus Gentil. E novamente o clarão se formou mas dessa vez Bambuí pode ver com clareza o caminho por onde estavam passando.
Eles estavam viajando no espaço. Passavam por estrelas e outros planetas. Na verdade estavam acima daquilo tudo, como se fossem de outro plano astral.
Ao chegar no domínio do Deus Gentil Mata Deuses hesitou em abrir o portão. Mas Bambuí o acertou com um tapa em suas costas o incentivando a seguir em frente. A deusa sorriu para Bambuí e tomou a forma de uma mulher alta e musculosa utilizando um macacão.
Ela abriu o portão e avistou seu amado a quilômetros de distância. O domínio era uma floresta com animais e em seu centro o Deus Gentil descansa deitado na água de um lago.
— Gentil…
Mata Deuses hesitou em falar. Mas o Deus pode escuta-la. Ele se levantou e seus cabelos negros se tornaram loiros ao vê sua amada.
O Deus Gentil correu em direção a Mata Deuses com lágrimas em seus olhos. Os dois se abraçaram e se beijaram em comemoração ao reencontro.
Bambuí os via de longe e decidiu fechar os portões para deixá-los a sós. No lado de fora pediu para Loki o levar de volta a seu domínio.
Ao chegar ele olhou para o portão em sua frente com tristeza. Sentia uma forte solidão sem sua amiga. Mas não queria tomar mais do tempo que gastaria com seu amado. Decidiu Visita-la as vezes.
O Deus Humano se tornou um protetor para os mortais, sempre defendendo os humanos das injúrias dos deuses.
Se tornou odiado por muitos e ganhou a simpatia de poucos. Travou grandes batalhas por toda a eternidade em prol da humanidade.