Demônio da Escuridão - Capítulo 4
Capítulo 4 – Constantino, a capital dos aventureiros
DRIIIIIIIIIIM! DRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!
O alarme tocou, sinalizando o fim do desafio. Darius está cansado após usar uma massiva quantidade de magia. Sadi está caído no chão, tão exausto quanto Darius, com grossas camadas de gelo cobrindo o seu corpo.
— Eu… Sobrevivi… Eu… Ganhei? — Disse Sadi, com a mana esgotada.
— Para a minha infelicidade, sim. Você venceu — embora não aprove a decisão de Sadi de ser um aventureiro, Darius respeita sua escolha.
— E agora? Qual é o próximo passo? — Sadi se levanta, apesar das dores.
— Se prepare para partir. Eu pago a sua viagem para lá, mas seja rápido, se não eu vou mudar de ideia — Motivado pelas palavras de Darius, Sadi se apressou para organizar seus pertences.
Sadi está empolgado para viajar para Constantino, essa é a sua primeira viagem para uma cidade desconhecida. Além de estar dando um passo rumo ao seu objetivo de descobrir o paradeiro da sua família.
Em poucos minutos, Sadi ficou pronto. Darius conseguiu uma carona de uma carruagem com um conhecido.
— Não esqueceu de nada? — perguntou, Darius.
— Não. Eu peguei tudo.
— Boa sorte meu filho. Se você não conseguir entrar em nenhuma guilda, entre em contato comigo — O padre e Sadi apertam as mãos.
— Pode deixar, padre. No entanto, creio que nesse caso não irei entrar em contato — Sadi entra na carruagem.
— Realmente, espero que não precise.
Depois que Sadi e o padre se despediram, a carruagem partiu rumo a Constantino.
— Olá, jovem. Você parece um pouco cansado, não é mesmo? — Disse um homem, sentado de frente para Sadi.
— Estou um pouco… — Ao olhar no rosto desse homem, Sadi o reconheceu — Foi você que me ajudou a registrar lá na agência, não é mesmo?! Obrigado.
— Por nada. A propósito, meu nome é Helft. Eu sou um aventureiro veterano, Rank Elite — Helft tem até um brasão de ouro com um símbolo que representa o seu nível de aventureiro e quatro estrelas.
— Só por curiosidade, como funcionam os ranks dos aventureiros?
— Assim como todo trabalho, os aventureiros seguem uma hierarquia. Sendo da mais baixa para a mais alta: Recruta, Noviço, Lança, Intermediário, Ascendente, Elite, Capitão, Vice-Comandante e Comandante. Do Rank Noviço até o Capitão, há cinco graus, sendo que o 5º grau é o mais alto. No caso, estou no 4º grau — explicou, Helft.
— Também estou intrigado, por que o senhor ajudou um sujeito como eu?
— Porque eu creio que dentre os aventureiros deveria ter mais diversidade de raças, entende? Um demônio como você agregaria bastante — quando Hellt disse isso, Sadi sentiu um frio na espinha
— COMO O SENHOR SABE DISSO!?
— HAHAHAHA! Não se preocupe, eu não irei espalhar isso para ninguém. Embora sua habilidade de transformação seja decente, usuários de magia de alto nível conseguem ver através dela, afinal não podemos nos dar ao luxo de cair em qualquer truque.
*Sadi suspira*
— Como esperado de um aventureiro veterano.
Durante a viagem, Helft deu algumas informações importantes sobre o trabalho de aventureiro, além de contar histórias sobre suas missões. Como Sadi imaginava, ele e Darius eram companheiros de guilda.
Enfim, eles chegaram na capital do Reino dos Humanos, Constantino. Também conhecida como “cidade dos aventureiros”, por ser foco de concentração das maiores guildas conhecidas.
Ao adentrar Constantino, Sadi fica impressionado com as construções da cidade, que variam desde castelos, torres, casas enormes, até mercantes de aparatos mágicos. Pelo fato de todas as guildas estarem realizando uma peneira para trazer aventureiros em larga escala, há uma grande movimentação na cidade.
A carruagem deixa Sadi em uma praça cheia de candidatos para as guildas, na frente desse lugar há um grande palácio, que de acordo com o Helft, trata-se da associação de aventureiros.
— Aqui me despeço de você, garoto. Boa sorte — Depois de apertar a mão de Sadi, Helft se retira.
Depois de pouco tempo esperando, através de um amplificador de som feito com magia. Um homem começa as dar instruções para os candidatos.
— Boa tarde senhores. Aqui quem vos fala é Oliver Geward, presidente da associação de aventureiros e organizador deste recrutamento. Para começar, todos vocês serão marcados com um número, por gentileza, deixem esse número visível a todo momento — Um grande círculo mágico surge abaixo de todos os presentes na praça, em sequência, todos recebem uma numeração marcada no pescoço — Se você não recebeu uma numeração, significa que você não foi devidamente registrado.
Sadi foi marcado pelo número 66.
— Do número zero ao cinquenta, adentrem o palácio por gentileza — os portões da associação se abrem.
“Será que terei que esperar muito? Tomará que não dê nenhum problema se eles verem meus traços demoníacos”
Enquanto refletia sobre o recrutamento, uma pessoa tromba em Sadi: — Opa! Perdão!
Sadi foi esbarrado por um rapaz alto como um poste, tão atlético que a camisa marca os músculos, pele parda, mas de longe a característica mais marcante é a venda que cobre os olhos dele.
— Tranquilo, amigo. Mas por que está usando uma venda nos olhos, por acaso você é cego? Ou é alguma doença?
— Eu diria que é as duas coisas.
— Compreendo. Nesse caso, por que você não usa uma bengala como todo cego? — Apesar de seu tamanho, o rapaz vendado não parece ser hostil.
— Normalmente eu uso magia como forma de localizar as coisas, aparentemente os organizadores limitaram a mana dos participantes, incluindo a minha, por isso essa minha habilidade ficou mais fraca.
— Entendi. Alias, meu nome é Sadi e o seu?
— Brandr. Prazer.
— Atenção candidatos! Do número cinquenta e um ao cem, se dirijam até a associação.
— Parece que chegou a minha vez, então… Até logo — Sadi entra no palácio.
Primeiramente, os candidatos foram conduzidos para uma sala onde foram colhida informações sobre suas medidas e peso corporal. Na sequência, tiveram que preencher uma ficha com algumas informações básicas como nome, idade, raça, etc.
Após fornecer suas informações básicas, os candidatos foram submetidos a alguns exames físicos, de visão e até mentais, para assegurar que não tenham nenhuma deficiência ou problema crítico de saúde que os impeçam de seguir nessa profissão.
Por fim, os candidatos foram organizados em uma fila em ordem numérica, sendo chamados um por um.
— Número 66! — Após longa espera, Sadi foi levado até uma grande sala com um examinador e um grande aparelho mágico.
— Sadi… 16 anos… Demônio… Procede essas informações, filho? — Perguntou o homem magro, de jaleco, usando óculos de fundo de garrafa.
— S-sim.
— Que tipo de armamento você usa, Sadi?
— Espada — O examinador anota tudo em sua caderneta — Por gentileza, coloque sua mão no medidor de magia.
Atrás do examinador, há um grande aparato mágico com uma pedra mágica roxa, no painel tem um espaço para os candidatos colarem uma das mãos. E então, Sadi segue as orientações.
Ao colocar a mão no aparato mágico, a pedra começa a brilhar e alguns resquícios de eletricidade começam a sair dela. Ao mesmo tempo, um relatório é emitido.
“Hum, logo de cara é possível dizer que ele tem domínio sobre o elemento elétrico. Vamos ver o que o relatório diz” — o examinador coleta o relatório e começa a ler.
“Como eu imaginei, magia de eletricidade nível perito, magia de fogo nível comum… O que? Magia desconhecida… Nível desconhecido!?”
— Que estranho… É a primeira vez que vejo isso. Candidato número 66, tire sua mão, espere 10 segundos e depois coloque-a novamente.
Sadi prosseguiu bem como o examinador pediu. Porém, ao coletar o novo relatório, o “problema” persistiu.
— Hum, acho que esse aparelho deu algum problema. Depois eu dou uma olhada, você pode esperar junto com os outros candidatos lá fora, em breve daremos os próximos encaminhamentos.
— Certo — Sadi se retira da sala, e é acompanhado por um funcionário da associação.
O examinador que estranhou o relatório de Sadi pegou um comunicador no bolso de seu jaleco: — Alô? Comandante Oliver? Está na escuta?
— Pode falar, Eustace. Algum problema? — perguntou Oliver.
— Acho que temos uma anomalia entre os candidatos.