Demônio da Escuridão - Capítulo 1
Capítulo 1 – Primeiro passo
Em uma noite chuvosa, na cidade de Tristam, que faz fronteira com o País dos Demônios. Um padre chamado Darius acaba de terminar a faxina rotineira de sua igreja.
Quando estava se aprontando para voltar para sua casa, Darius escutou fortes batidas na porta da igreja.
BAM! BAM! BAM!
“Quem será que é a essa altura do campeonato? Será que é um morador de rua pedindo abrigo ou algo assim?” — Supôs Darius, já que é comum mendigos irem até a igreja para pedir alimento ou abrigo.
E então, Darius se dirigiu até a porta para atender seja lá quem fosse.
— Desculpa filho, mas a missa já acabou e… — Ao abrir a porta, Darius não viu ninguém.
BUÁÁÁ! BUÁÁÁÁÁ!
Ao olhar para a direção do choro do bebê, o padre se deu conta que alguém abandonou um recém-nascido em sua igreja. Mas não é qualquer criança, afinal essa possui um par de chifres negros,ou seja, é um demônio!
Antes de mais nada, Darius saiu para as ruas para ver se realmente não havia ninguém por perto, para sua infelicidade, não há uma única alma viva sequer nos arredores. Sem escolhas, ele se sentiu na obrigação de acolher aquela criança, até que seus pais retornassem.
Como o pequeno demônio está em um cesto, Darius tirou-o para ver se há algo além do manto e a roupa que ele está usando. E sim, dentro do cesto há uma carta.
Dentro da carta está escrito “O nome dele é Sadi. Por favor, cuide dele!”.
Sem escolhas, o padre adotou o demônio chamado Sadi e decidiu criá-lo como seu próprio filho.
Dentre todas as coisas que o padre ensinou ao Sadi, a que ele mais demonstrou interesse e aptidão foi a Magia. Com apenas 4 anos de idade, ele já havia absorvido todo o conhecimento que o Darius tinha sobre o assunto, portanto, se ele quisesse aprender mais ele teria que buscar por conta própria.
Como a sociedade humana tem preconceitos com outras raças, Sadi constantemente usa magia de transformação para esconder seus traços demoníacos.
Aos 10 anos de idade, Sadi já havia lido todos os livros da biblioteca pública da cidade sobre Magia e passou esses anos treinando para colocar todo o seu conhecimento na prática.
E enfim, Sadi completou 16 anos de idade.
Andando por Tristam, Sadi se sente entediado, pois sua vida é monótona. Quando ele não está ajudando o padre com os afazeres na igreja, não há nada para fazer. Até teve algumas ideias para trabalhar como auxiliar de limpeza, garçom, ou algum serviço simples que ele pudesse fazer, mas isso não lhe é interessante.
Certo momento, enquanto ele chutava uma pedra nas ruas da cidade, ele percebeu um amontoado de pessoas na agência de trabalho. Estranhamente, essas pessoas carregavam armas, cajados, arcos e flechas, entre outros equipamentos.
“Será que são mercenários ou algo do tipo?” — Pensou Sadi, já que ele nunca havia visto algo parecido com aquilo.
Corroído pela curiosidade, o jovem demônio foi até o local para saber do que se tratava aquela aglomeração.
Na agência de trabalho, há muito barulho, as pessoas estão nervosas, tentando passar uma por cima das outras.
— Me registre! — diz uma das pessoas.
— Não! Registre eu primeiro!
— Mas o que está acontecendo aqui? — Pergunta Sadi, para um homem velho que está apenas sendo espectador daquela cena incomum.
— Pelo que parece, as guildas estão fazendo um mutirão para recrutar novos membros.
Guildas são vários grupos responsáveis por lidar com monstros, bestas mágicas, fenômenos mágicos, até outros usuários de magia que de alguma forma precisam ser neutralizados.
Normalmente, as guildas só acolhem pessoas poderosas, talentosas ou alunos formados da Academia de Magia. Aventureiros de baixo nível tem apenas a opção de trabalhar para a Associação, que por sua vez não paga bem e não oferece muitos trabalhos bons.
— Hum, por que o ânimo do pessoal está tão elevado?
— Ah, isso é porque há um limite de candidatos.
“Trabalhar como aventureiro parece interessante, mas será que eu tenho nível para competir com os outros candidatos? Bem, só irei descobrir se tentar”
Após acabar o tumulto na agência, Sadi foi até lá para fazer o seu registro. Dentro dela, há a recepcionista, uma mulher loira de olhos verdes e altura média e um homem alto, barbudo, vestindo um blazer elegante.
— Precisa de alguma coisa, filho? — Perguntou o homem, ao perceber a presença de Sadi.
— Então, queria ver se ainda tem vagas para o exame das guildas.
— Sinto muito rapazinho, mas as vagas acabaram há algumas horas atrás — disse a recepcionista.
— Entendo… Fica para a próxima então — Antes de Sadi sair da agência, o homem desconhecido o agarrou pelo ombro.
— Espera. Você é o filho do Darius? — Perguntou o homem desconhecido, analisando Sadi.
— Sou. Por que?
— Eu sabia! HAHAHAHA! Seu rosto me é familiar — Sadi se sente confuso, afinal ele não se lembra desta pessoa — Não se preocupe, garoto, eu irei te ajudar nisso. Irei registrá-lo para participar dos exames!
— Mas Helft… As inscrições já atingiram seu limite… — Disse a recepcionista, contrariando o homem desconhecido.
— Não se preocupe, Gabriella. Pode colocar o nome do nosso amigo na lista. Se alguém te questionar sobre isso, pode falar que fui EU que indiquei ele — disse o homem desconhecido, em tom de autoridade.
— Tá bom, mas se associação vier me encher o saco, já sabe — Nesse instante, a recepcionista começa a preparar a papelada.
Sobre o balcão, ela coloca uma folha de papel, um ponte de tinta acompanhado de uma pena e um aparelho mágico com formato de uma mão.
— Coloque sua mão no aparelho e depois assine o contrato para concluir a inscrição, as próximas orientações chegarão na próxima semana — Sadi seguiu piamente todas as orientações da recepcionista.
— Muito bem, agora é só esperar.
— Desculpa, se não nos conhecemos antes eu não me lembro, mas obrigado mesmo assim por me ajudar — Após fazer uma reverência ao homem desconhecido, Sadi voltou para a casa.
— Helft, você não é do tipo que ajuda os outros. Por que está botando a mão no fogo por aquele garoto?
— Estou apenas pagando um favor para um velho amigo. Além disso, estou intrigado com aquele jovem.
Correndo com euforia, Sadi chega em casa para contar a novidade para Darius.
— Padre… eu… eu… — Sadi pausa por um momento para respirar.
— Calma, calma, tá fugindo da guarda, é? Para que correr com tanta pressa? — Darius estava confortavelmente lendo o seu livro quando foi surpreendido por Sadi.
— Padre, eu fiz inscrição na agência para me tornar um aventureiro.
— O QUE?