Cursed Reincarnation - Capítulo 3
Parte 1
Ler a Coletânea das mitologias do mundo mágico trouxe de volta as minhas esperanças nesta vida. Se esse mundo for realmente tão louco e fantasioso quanto o livro diz que é, então talvez valha a pena viver aqui neste maldito lugar. E se, por acaso, eu realmente nunca chegar a realizar meu desejo de conseguir uma parceira, pretendo explorar esse mundo para, então, me tornar alguém conhecido, poderoso e temido por todos. Não terei piedade de absolutamente ninguém.
“Agora, quem será o mago que Jereff vai trazer? Será Conor de novo? Provavelmente, afinal, ele é amigo de Jereff.”
Jereff disse que ele era alguém muito habilidoso. Espero que, além de habilidoso, ele saiba ensinar direito. Já basta os professores incompetentes que tive que suportar em minha vida passada.
Lá, eu odiava estudar e nunca dava muita bola para isso, pois quase sempre tirava notas suficientes para passar de ano. Afinal, era um saco ter que ficar decorando assuntos inúteis que não iriam ajudar em nada na minha vida. Tanto não ajudaram que eu morri e vim parar aqui.
Tanto faz isso tudo agora, não faz sentido comparar as matérias escolares do meu mundo anterior com magia.
Neste momento, preciso controlar minha ansiedade, estou com um sentimento fervilhante de excitação devido a possibilidade de aprender magia e me tornar algo que sempre vi em filmes e mangas.
Para alcançar o nível que quero, vou ter que trabalhar duro, ter humildade e ser cada dia uma versão melhor de mim mesmo.
Ah… Que besteira. Humildade? Dane-se isso. Eu estou neste mundo por algum motivo especial. Então não há motivos para eu ser uma coisa que nunca fui. Humildade só serve para os fracos se sentirem menos inferiores perto daqueles que estão no topo.
E o nível que quero chegar não se alcança com humildade. Não tenho pretensões de ser um sujeito bonzinho nesta vida, se tiver que vender minha alma, venderei.
De qualquer forma, é quase impossível se tornar um herói sendo odiado pelas mulheres, mas tanto faz, vou tentar usar esse ódio delas a meu favor. Se eu perceber que quebrar a maldição será de fato impossível, então não vejo o porquê de continuar considerando o consentimento das mulheres para qualquer coisa. Simples assim.
Ficarei feliz em me tornar o grande herói dos maus e vilão das mulheres.
Parte 2
2 semanas se passaram após meu aniversário. Estou no meu quarto e não vejo Jereff há 1 semana. Ele saiu para o trabalho e está de novo demorando para voltar.
Karen não mudou, continua me evitando. Quando nos esbarramos em algum corredor da casa, ela me encara com o mesmo olhar de nojo e irritação de todos os dias.
Na manhã de hoje, comecei a ter aulas de etiqueta com o mordomo. Nada muito complexo, apenas aprendi as maneiras corretas de se portar à mesa.
Não é muito diferente das regras de mesa que sempre vi em filmes de famílias chiques, a única dificuldade é decorar os momentos certos de usar cada talher. A boa notícia é que só preciso me preocupar com isso em celebrações, no cotidiano posso continuar comendo sem cerimonias.
Já manhã, vou aprender os tipos de cumprimentos que existem. Segundo Alfonsi, cada casa de nobres tem seu próprio e único cumprimento. O da casa Kallavan é bem simples e o aprendi vendo Jereff o fazer toda vez que volta do trabalho antes de entrar em casa.
Braço esquerdo colado no corpo, mão direita aberta tocando o cotovelo esquerdo e uma leve inclinação da parte superior do corpo para a frente de cerca de trinta graus. Esse é o modo de cumprimentar da família Kallavan.
Há várias famílias nobres aliadas à nossa família e, para minha infelicidade, é o dever de um nobre conhecer todos os tipos de cumprimentos.
Alfonsi disse que terei que aprender a dançar para as celebrações. Estou muito aborrecido por essa parte, prometi a Jereff me esforçar, mas acha que isso aí não vou fazer de jeito nenhum. E dane-se o que ele pensar. Ele é um cara rico e importante, porém também parece ser bobão, então acho que isso ele vai deixar passar.
— Heitor, venha aqui, trouxe alguém que você vai gostar de conhecer. — Escuto uma voz me chamando da entrada da casa, Jereff voltou.
Em seguida, saio correndo do meu quarto em direção a entrada de casa.
Quando chego lá, vejo um homem alto de cabelos castanhos escuros, usando um bigode com bordas encaracoladas e um cavanhaque fino. É Jereff.
Porém, a figura ao lado dele me surpreende, essa pessoa veste um manto roxo com um chapéu pontudo de mesma cor na cabeça e segura um cajado branco com detalhes de coração com uma pedra rosa no topo.
Era sem dúvidas um mago, porém o que me surpreendeu não foi isso. Não era um mago que estava ao lado de Jereff e sim uma maldita maga.
“Porque Jereff trouxe uma mulher? Ele esqueceu da droga da maldição?”
— Olá… Bem-vindo de volta papai. — Digo isso enquanto o cumprimento apropriadamente e demonstro uma expressão de desconforto no rosto.
Ainda me foço a ser educado perto dele, mas espero uma boa explicação para ele ter trazido uma maga.
— Heitor, essa pessoa vai te ensinar magia a partir de hoje. Seu nome é Xerona Maliff, ela é uma pessoa brilhante e muito recomendada pelos meus conhecidos. — Disse Jereff enquanto apontava para a mulher ao seu lado.
— É um prazer extremo conhecê-lo, primogênito de Jereff. Será extremamente uma honra tê-lo como meu pupilo. — disse a maga enquanto se inclinava para frente para me cumprimentar.
“Espere, ela disse isso sem fazer cara de nojo para mim? Como? Há mulheres neste mundo que não são afetadas pela maldição? Ou essa pessoa possuí algum tipo de barreira mágica?” — Penso com um semblante confuso.
— Ah… — Não tenho palavras.
Não consigo esconder minha confusão. Encontrar uma mulher que não é afetada pela minha maldição mexeu com a minha cabeça, talvez Jereff continue merecendo o meu respeito depois dessa.
— Hahaha… Eu sabia que você ficaria assim. — Disse Jereff depois de rir da minha cara.
“Qual a graça, seu maldito? É tão legal assim me ver confuso?”
— Mas e a maldição? Não funciona nela? — Questionei.
— Não, e por um motivo bem simples. — Diz Jereff, enquanto se vira em direção à maga. — Mas acho melhor deixar ela mesma explicar.
“Um motivo simples?”
Se há um motivo então há esperança para meu desejo de namorar ser realizado. Mesmo que, por um acaso, só funcione nela, será o suficiente para mim.
Ela parece ter mais de 20 anos de idade, mas nada que o tempo vai estragar tão rápido. Afinal, seu rosto, além de jovem, é muito belo. Seus lábios são carnudos bem avermelhados e ela possui olhos azuis arregalados que parecem que vão me perfurar. Além do cabelo loiro… Não, essa cor do cabelo dela é um amarelo muito vívido, se eu olhar direito, ela parece um pedaço do sol. Nunca vi tal beleza nem no meu mundo anterior.
Seu manto roxo está bem apertado em seu corpo, dando bastante destaque as suas curvas femininas. E sem dúvidas, o principal são seus seios perfeitamente redondos, tão redondos que parecem de silicone.
Estou ficando atraído só de olhá-la. Meu coração está batendo muito rápido. Merda, é assim que me sinto quando estou apaixonado. Acho que já era…
Uma mulher que não me odeia finalmente apareceu.
— Ei… Heitor, pare de babar. Isso é falta de educação. — Diz Jereff com cara de desaprovação.
— Hee… Desculpa. — Digo enquanto limpo meu rosto.
Caramba, acabei entrando no mundo dos sonhos e esqueci que ainda estava acordado. É só aparecer uma mulher bonita em minha frente que já perco o foco do mundo real, sempre fui assim. Até mesmo meu mau humor passou.
— Filho, preste atenção no que ela vai dizer. — Jereff se vira para a maga e acena com a cabeça — Xerona… Por favor.
— Sim, com sua licença.
Que voz encantadora, não acredito que a partir de hoje terei o privilégio de ouvi-la todos os dias.
— Eu sou A maga Púrpura, Xerona Maliff. Nasci e fui criada na Vila dos Magos ao leste do reino de Oragão. E estou extremamente ciente da maldição que você possui. — Ela coloca a mão na cabeça — Quanto ao motivo de eu não ser afetada…
Ela suspirou antes de terminar.
— Na verdade, eu não nasci mulher. Eu era homem na aparência e extremamente mulher no coração, mas hoje, graças a magia, também posso ser extremamente mulher na aparência.
……
Meu coração congelou.
A donzela é homem.
Não posso acreditar.
Eu estava sentindo atração por isso?
Que lixo, que merda, que azar, que desgraça, que porcaria, que droga, que MALDIÇÃO.
Quero sumir.
— Ho… Homem? — Digo gaguejando e perplexo.
Odeio quebras de expectativa… Meu ódio está voltando novamente.
Parte 3
Depois das apresentações, vamos em direção ao meu quarto para definirmos o cronograma das aulas. Jereff fica para trás e volta a sair de casa.
Estou muito enraivecido pela linda maga ser na verdade um homem. Agora me resta apenas continuar focado no que realmente importa, aprender magia. Mas antes tenho que controlar meu ódio de novo, preciso limpar minha mente para não acabar esganando Jereff ou quem for que apareça na minha frente.
Quando chegamos ao meu quarto, Xerona senta se em minha cama com as pernas cruzadas.
“É muita audácia da parte dessa maldita fazer isso.” — Penso em silencio.
Sento me no chão logo em seguida com um olhar de irritação em meu rosto.
— Ok, antes de decidirmos o cronograma das aulas, vou extremamente te explicar as classificações de cada magia e o ranking de magos. — Disse Xerona enquanto olhava para mim com seus braços cruzados.
— Ranking de magos? Que isso? É tipo um ranking dos magos mais fortes? — Perguntei.
“Ranking de poder, hein? Isso parece interessante.”
— Extremamente não é bem assim que funciona. O Ranking de magos é dividido em 5 níveis, S, A, B, C, D… Nessa ordem. Com o ranking S sendo o mais alto nível que um mago pode chegar e o ranking D sendo o nível para iniciantes. E esses são níveis de conhecimento, não de poder. — Respondeu.
Imagino que isso signifique que um mago de ranking D possa derrotar um mago de ranking superior a ele se tiver mais poder.
“E por que tantos ‘extremamentes’ em cada fala? Isso está começando a me irritar… Mais do que já estou!”
— Há algum tipo de Ranking de poder? — Perguntei.
— Poder é algo extremamente relativo, não dá para ser classificado precisamente. Porém, o Oraculo do Reino de Oragão possuía o poder de descobrir as 10 pessoas individualmente mais fortes do mundo. Mas isso não tem nada a ver com a gente agora.
Um top 10 de caras mais fortes do mundo existe… Interessante, agora tenho mais uma motivação para aprender magia.
— Continuando, a raça humana divide extremamente a magia em quatro mistérios. O mistério dos elementos, o mistério da restauração, o mistério dos selos e o mistério do universo.
“Hum… Mistério do universo? Que tipo de magia é essa?”
Consigo ter uma ideia geral de como funcionam esses tais mistérios, com exceção desse do universo.
— O que é magia do mistério do universo?
— Bem… Vou resumir tudo extremamente. O mistério dos elementos possuí as magias de fogo, água, vento e terra. O mistério da restauração possuí a magia de cura e de purificação. O mistério dos selos possuí a magia de prisão e de barreira. E por fim, o mistério do universo possuí a magia de remodelar a realidade.
“Remodelar a realidade? Isso é impressionante, é a primeira vez que ouço falar desse tipo de magia. Com ela, parece que qualquer pensamento pode virar realidade.” — Penso animado.
— Sobre a magia dos mistérios do universo, tudo o que você precisa fazer é ter extrema vontade de estudá-la e você poderá ter um corpo extremamente lindo e perfeito igual ao meu. — Disse Xerona enquanto passava suas mãos em seu próprio corpo.
Foi desse jeito que ela conseguiu fazer seu corpo ser assim então. De fato, uma magia que parece fazer milagres.
— Para você se tornar um mago iniciante, você tem extremamente que aprender as magias básicas do Ranking D de cada mistério. E Para subir para o ranking C e adiante, você precisará aprender apenas as magias do mistério que você tem extrema proficiência.
“Então não é necessário conhecer todas as magias para subir no ranking.”
— Por exemplo, sou ranking A do mistério do universo e ranking C dos outros mistérios. Também sou extremamente competente em ensinar.
Ranking A do mistério do universo. Isso quer dizer que ela é quase mestre em moldar a realidade. Por enquanto ela não está se parecendo uma inútil, só esses ‘extremamentes’ que têm que parar.
— Para chegar ao Ranking S, é necessário livros sagrados que só possuem uma única edição para cada mistério, todos estão guardados dentro da biblioteca do palácio do Reino de Oragão. E apenas a realeza e a alta nobreza tem acesso a eles.
“Como sempre… O melhor sempre é exclusividade dos mais ricos, talvez Jereff consiga eles para mim já que nós também somos nobres.”
Depois da explicação, Xerona retira uma folha e um lápis de dentro de seu chapéu pontudo e começa a escrever.
“Então esse chapéu serve para guardar coisas? Qual deve ser o limite de espaço?”
— Ok, esse vai ser extremamente nosso cronograma de estudos.
Ela me entrega a folha com a qual estava escrevendo. Dou uma olhada no seu conteúdo.
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<3 Cronograma extremo de estudo de magia <3
1° dia, magias do mistério dos elementos.
2° dia, magias do mistério da restauração.
3° dia, magias do mistério dos selos.
4° dia, magias do mistério do universo.
5° dia, teste.
Repetir extremamente esse ciclo por 5 ou mais anos.
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“5 ou mais anos? Isso é muito coisa. Será que vou aguentar todos esses ‘extremamentes’ até lá?”
Espera… Eu ainda tenho apenas 2 anos de idade. Daqui a 5 anos vou ter apenas 7. Não deve ser grande coisa. Apesar de eu mentalmente ter 20 anos agora e não ter muita paciência.
E tanto faz, preciso ocupar minha mente para não morrer de tédio, aprender magia vai ser um excelente passatempo… espero.
— Vamos começar amanhã. — Diz Xerona enquanto se levanta olhando para fora da janela. — Já está extremamente tarde, estou indo embora por hoje.
— Ok.
Logo em seguida, acompanho Xerona até a saída e me despeço dela.
“Sem dúvidas, a magia desse mundo pode fazer milagres. Ser capaz de transformar o próprio corpo em uma beleza tão perfeita como essa deveria ser proibido.” — Vejo Xerona indo embora pela porta enquanto penso isso.
Amanhã será o início da minha caminhada para o topo deste mundo. Ou eu quebro a maldição ou eu destruo o mundo inteiro. Não há como as coisas serem muito diferentes disso.
Meu dia praticamente acabou, agora é esperar. Amanhã, as aulas de magia vão começar.
Ainda é o início da noite, o que uma criança de 2 anos poderia fazer para matar o tempo?
Nada me vem à cabeça. Então me deito no tapete da sala de estar. Estou com preguiça para subir as escadas para meu quarto. Pois, não há nada que eu queira fazer lá, então só subiria para descer de novo para o jantar.
Sobre o jantar, normalmente como sozinho igual o café da manhã e almoço. Só tenho companhia quando Jereff está em casa. O que não parece ser o caso agora, porém acho que ele deve voltar a tempo de comer, seja lá para onde ele tenha ido.
Sobre a comida, bom… Eu não poderia pedir coisa melhor. No café da manhã eu como um pão branco com um suco quente. O suco tem gosto parecido com suco de maracujá quente, e o pão branco tem gosto de pão de milho. Não é nada mau.
O almoço sempre tem uma mistura de vários grãos cozidos e carne. Ainda não sei de que animais são as carnes que comi até agora. E os gostos deste mundo são muito diferentes do meu mundo anterior. Ainda não tive a oportunidade de sair de casa, então não vi nenhum animal além de aves pelas janelas.
No jantar normalmente como um pão preto junto com uma sopa de grão branco. Algumas vezes a sopa é feita com grão diferente, acho que depende da quantidade que tem na dispensa.
Todas as comidas são preparadas pelas empregadas e servidas pelo mordomo.
Ainda vai demorar um pouco até a hora do jantar, então vou ficar aqui deitado olhando para o teto esperando o tempo passar. Não lembrava de ser tão chato ser criança.
Ainda não vi vantagem nenhuma em ter renascido. Espero que eu seja algum tipo de gênio da magia, assim pelo menos vai ter valido a pena ter reencarnado sendo odiado pelas mulheres.
Parte 4
Enquanto estou deitado no chão da sala de estar, escuto um barulho alto de vidro quebrando vindo do segundo andar.
Corro para ver o que aconteceu.
“Será que uma das empregadas imbecis derrubou um copo de vidro? Pelo barulho, não parecia ser apenas um copo.”
Alfonsi ainda não contratou ninguém para repor a saída das antigas empregadas que foram demitidas da última vez. Deve ser uma das três que sobraram fazendo lambança.
Subo as escadas rapidamente e dou de cara com a porta do meu quarto aberta.
“Será que aquele barulho veio do meu quarto? Mas as empregadas só podem entrar lá para fazer a limpeza e trocar os lençóis. Por que ela levaria copos de vidro para meu quarto?”
Quando chego na porta do meu quarto não acredito no que vejo. Meu corpo congela instantaneamente e fico sem reação.
Uma das empregadas está deitada em uma poça de sangue no centro do quarto.
Há um corte em seu pescoço.
A janela está quebrada.
Parece que alguém invadiu a casa.
A empregada que eu ainda não tinha nomeado está morta na minha frente.
Tia morta.
E não faço ideia onde o assassino está.
“Que merda tenho que fazer em uma situação como essa?”
Sou uma criança ainda.
“Devo fugir? Para onde?”
Não conheço nada além dessa maldita casa.
Não quero morrer, não quero morrer.
Já morri uma vez e sei quão ruim e doloroso isso é.
Não posso morrer.
Então, escuto outro barulho. Dessa vez não era vidro quebrando. Foi algo parecido com uma batida forte na parede.
Meu corpo se mexe sozinho enquanto treme frio. Vou lentamente em direção a origem do segundo barulho.
Não sei por que estou indo nessa direção.
Sinto que estou caminhando para minha morte.
Meu corpo não para de tremer.
O barulho veio do quarto de casal.
A porta está aberta.
Karen.
Ela sempre me odiou e me evitou por causa da maldição.
Então não tenho nenhum sentimento por ela.
Mas não consigo evitar de querer saber o que aconteceu.
“Será que ela está morta?”
Quando estou chegando perto do quarto, uma mulher sai andando com pressa. Ela passa por mim e me olha com um olhar de nojo e irritação. É Karen, ela está viva.
Como sempre, sem falar uma palavra. Mas, o que causou aquele último barulho?
Chego à entrada do quarto e vejo dois homens.
Um está de pé segurando uma adaga e com os cabelos desarrumados.
Alfonsi.
O outro está sentado de costas para parede rachada, vestido inteiramente de preto. Apenas consigo ver seus olhos, e não há sinal de vida neles.
O invasor.
— Mestre Heitor, por favor vá até o quarto de hóspedes. Irei lá em alguns minutos para arrumá-lo adequadamente para o senhor dormir. — Diz o mordomo enquanto arruma seus cabelos grisalhos.
— Por que… Um assassino? — Foram as únicas palavras que saem da minha boca.
— Permita-me explicar tudo amanhã, agora preciso que fique em segurança.
— Certo! Estou indo. — Viro-me e faço como ele pediu.
“Por que alguém contrataria um assassino para nos matar? Quem é esse imundo?”
Deve ser por causa daquela briga da Família Kallavan contra o Rei de nosso país de origem. Parece que é mais grave do que eu pensava.
Não, eu já deveria esperar por isso. Alfonsi disse antes que eles estavam caçando nossa família. Por algum motivo não prestei muita atenção.
Droga, não quero morrer por uma besteira dessa. Isso não tem nada a ver comigo. Não posso ser morto por causa de brigas de outras pessoas.
“Seja lá quem for o culpado por tudo isso, eu te amaldiçoo. Espero que você morra da pior maneira possível e queime eternamente no inferno.”