Cursed Reincarnation - Capítulo 1
Parte 1
Uma grande quantidade de luz está aparecendo diante de mim fazendo a escuridão desaparecer. Quando tento abrir meus olhos, sou cegado dolorosamente pelo forte brilho da luminosidade. Além disso, sinto uma sensação desconfortável em meu corpo inteiro que me faz querer chorar.
Assim que meus olhos começam a se acostumar com a luz, uma jovem mulher aparece na minha vista. Provavelmente ela tem menos de 20 anos de idade e está enrolada em um pano branco, mas há algo familiar no rosto dela. Há uma expressão de nojo e irritação em seu rosto enquanto me encara.
— Xxxjxxxxjxxx
Ouço algo saindo da boca dela, mas não consigo entender nada. Talvez seja alguma língua estrangeira que não conheço. Pelo menos, por ter passado muito tempo assistindo a filmes e animes legendados, tenho certeza que não é inglês nem japonês.
— jxxxjxxxx
Outra voz apareceu, agora foi a voz de um homem. De alguma forma minha visão mudou para o rosto desse homem. Sua aparência é jovem, deve ter menos de 25 anos de idade. Ele tem cabelo castanho e um bigode longo enrolado na ponta, bem parecido com o guidão de uma bicicleta. Além de vestir uma roupa branca bem elegante.
“Mas, afinal, o que significa tudo isso?”
A resposta veio quando fui levantado no ar pelo homem. Ele me encarou com um sorriso por alguns segundos enquanto me segurava com os braços estendidos, e depois me colocou em uma cama macia cercada por grades. Foi aí que entendi mais ou menos o que estava acontecendo. Fui colocado em um berço, então só há uma explicação para tudo isso.
“Eu reencarnei…”
Reencarnei e agora estou em um corpo de bebê com todos as minhas lembranças da vida passada.
“Por que isso aconteceu? Quem me fez renascer? Deus?”
De fato, um acontecimento inacreditável. Embora, mesmo se for verdade que eu tenha reencarnado, não vou agradecer por isso. Não até conseguir uma namorada. Afinal, uma namorada é o meu objetivo não conquistado na outra vida, e essa vida só valerá a pena se eu conseguir isso. Então não vou mostrar gratificação nem para Deus, já que no final das contas nunca precisei dele.
De qualquer forma, é loucura pensar que uma coisa dessas aconteceu comigo. Isso é sem dúvidas um milagre que eu não posso desperdiçar. Vou ter que dar tudo de mim dessa vez para mostrar a todos nesse mundo o quão superior eu sou. Claro, farei isso se caso esse não for, na verdade, o inferno… Preciso considerar essa hipótese.
— jxxxjxxxxxjx
— jxxjjjjxxxxxx
Continuo ouvindo vozes, são das pessoas que acabei de ver. Provavelmente a mulher é minha mãe e o homem meu pai. Porém, por que a mulher estava me olhando com uma expressão de nojo e irritação no rosto? Aquela expressão me lembrou o rosto da minha mãe da outra vida e isso me irritou profundamente. Mas, não estou sentindo o ódio que sentia antigamente, meu peito está mais leve. Talvez renascer esteja fazendo uma esperança brotar subconsciente dentro de mim. A esperança de ter uma vida normal sem ser odiado.
Espero muito que essa bela mulher de cabelos lisos escuro igual carvão e olhos vermelhos vinho não me odeie igual aquela mulher. De certa forma, acho que já sou muito sortudo por nascer de uma mãe tão bonita e com peitos tão volumosos…
Espere, peitos! Se acabei de nascer, eu não deveria imediatamente ser amamentado pelos peitos da minha mãe? Por que fui colocado no berço ao invés disso? Esse mundo que reencarnei não tem esse costume? Isso não deveria ser algo necessário para os bebês?
Estou sentindo o desconforto de antes aumentar. Isso seria… Fome? Provavelmente sim… Quero comer, mas não sinto dentes na minha boca nem força nos meus braços. Uma sensação horrível de impotência amplifica ainda mais meu desconforto. Por certo estou em um corpinho de bebê.
— xxxjxxjxjxj
— xjxjjxjjjxjjx
— xxxxj
Agora está acontecendo uma discussão. Consigo dizer isso pelo tom das vozes. Claramente é uma discussão, mas por que isso logo agora? A voz da mulher está muito alta e a do homem está parecendo nervosa. Será uma briga de marido e mulher logo após o nascimento do filho?
“Mal renasci e meu pai e minha mãe já estão brigando?”
Isso realmente é inconveniente. Porém, não há o que eu possa fazer neste momento. Estou totalmente sem meios de interferir, agora sou um mero espectador. Apenas espero que meu pai não abandone minha mãe igual aconteceu no outro mundo. Não que eu precise de um pai, depois de tudo, fui capaz de sobreviver 18 anos sem um.
Após alguns minutos, a discussão termina. O homem aparece na minha frente e olha para mim. Posso ver um pouco de tristeza em seu rosto, mas ela logo desaparece e da lugar a uma expressão de felicidade.
— jxxxxjx
Não entendi o que ele me disse, mas o sentimento desconfortável que eu estava sentindo desapareceu após ele agarrar com os dedos a minha mão. O tom de voz dele me acalmou e parei de sentir vontade de chorar. Sem dúvidas, esse sujeito é meu pai.
Depois de um tempo me encarando, ele sai e fico sozinho no berço olhando para o teto de madeira. Não, pelo silêncio, agora estou sozinho nesta sala também.
Isso é realmente outro mundo ou é apenas um lugar que eu não conheço do mundo que eu morava? Estou começando a achar que não seja o inferno. De qualquer forma, não dá para saber agora que sou apenas um frágil bebê, meu papel a partir de hoje é observar e aprender.
Enquanto o tempo foi passando, o desconforto foi voltando ao meu corpo. Estou com muita fome, preciso comer urgentemente. O que meus pais estão pensando me deixando aqui sozinho sem ter me amamentado?
Quando eu estava prestes a voltar a chorar, ele apareceu. Meu pai voltou. Não sei quanto tempo ele demorou para voltar, talvez tenha passado uma hora. Mas a fome estava me desconcentrando então não deu para perceber direito a passagem do tempo.
Há mais uma pessoa com ele dessa vez, é uma mulher diferente da minha mãe. Ela tem cabelo curto loiro escuro, seios muito grandes e também tem uma expressão de nojo e irritação em seu rosto. Depois de me encarar, ela me pega no colo, coloca seu peito esquerdo para fora e enfia seu mamilo em minha boca.
Isso seria algo extremamente excitante de se fazer. Mas, neste momento, meu corpo só pensa em matar a fome. Minha mandíbula automaticamente morde a ponta do peito da mulher. Então, finalmente, começo a me alimentar. Nunca gostei de leite na minha vida passada, porém agora ele está com um sabor magnífico.
O desconforto do meu corpo lentamente começa a desaparecer. A fome está finalmente passando, e meus olhos começaram a ficar pesados. Estou ficando sonolento. Acho que não há razão para lutar contra esse sono, então durmo no colo da mulher que estava me amamentando.
Parte 2
8 semanas se passaram desde que renasci.
A mulher que me amamentou no primeiro dia ainda me amamenta. Seu nome é Elien e ela é provavelmente uma dama de leite. Ela nunca me disse uma única palavra, nem mesmo um mimo ou cosquinhas que normalmente uma mulher faz para fazer os bebês rirem. Sei que sou o filho de outra mulher, no entanto tudo o que essa mulher faz, além de seu trabalho, é me olhar com desgosto desde a primeira vez. Ainda não sei qual o motivo disso, porém estou mordendo seus mamilos com toda a minha força para machucá-la em retribuição.
Infelizmente esse é o máximo de maldade que posso fazer no momento…
O nome do meu pai é Jereff, descobri isso vendo-o cumprimentar Elien todos os dias. Ele sempre aparece para ver como estou e repetindo alguma coisa enquanto sorri para mim. Com o tempo entendi que o que ele me dizia era o meu nome.
Meu nome é Heitor. Um nome nada extravagante, mas não é algo que eu possa escolher. Afinal, é papel dos pais nomear os filhos. Tudo que posso fazer é aceitar e esquecer o antigo nome que tinha.
Contudo, há algo errado, nessas últimos 8 semanas eu não vi minha mãe nenhuma vez. Então não pude descobrir o nome dela.
“Será que ela ficou doente ou morreu depois do parto?”
Parte 3
7 meses se passaram.
Já consigo andar um pouco, mas atualmente rastejar é mais vantajoso. Estou engatinhando pela casa para explorar, já que não aguento mais ficar parado olhando para o teto. Uma criança saudável precisa se mexer e conhecer coisas novas.
Atualmente consigo entender algumas palavras da língua deste mundo. Porém, sinto que apenas escutar conversas já não é mais o suficiente para me fazer aprender. Estou precisando de um professor ou de um livro, mas não estou a fim de estudar ou ter aulas agora, por enquanto vou apenas olhar ao redor.
A casa em que moro é bem grande, com dois andares, 14 cômodos e móveis de madeira maciça lindamente esculpidos, fazendo o lugar parecer ser um casarão de um senhor de terras. Na verdade, estou suspeitando cada vez mais que posso ter revivido em um país que não conheço do passado, já que infelizmente não há luz elétrica e não consigo identificar a língua.
Sem mencionar que há 5 empregadas, um mordomo e dois seguranças cuidando da casa. Elien não trabalha mais aqui agora que não preciso mais mamar. Provavelmente só a verei de novo quando nascer outra criança.
O mordomo é um senhor na casa dos 50 anos que se chama Alfonsi, uma pessoa cheia de classe e muito atencioso comigo. Ele que normalmente troca minhas fraldas.
Não vejo muito os seguranças, apenas quando eles aparecem em casa para cumprimentar Jereff. Parece que um trabalha no período da noite e outro do dia. É só o que sei até agora sobre eles.
Apesar da boa aparência, as empregadas não são muito relevantes. São cinco moças na casa dos 20 anos que trabalham em silêncio obedientemente. Não sei o nome delas e quase não escuto a suas vozes, mas por vê-las todos os dias, decidi nomeá-las para passar o tempo.
A primeira é a tia do balde, ela sempre está passando pano no chão em alguma parte da casa. A segunda é a tia do jardim, bom… Ela cuida do jardim. A terceira e quarta são as tias da cozinha 1 e 2… Não preciso explicar o que elas fazem. E a quinta eu não sei exatamente o que ela faz, eu só a vi perambulando pela casa até agora. Vou nomeá-la em outro momento.
No entanto, há algo estranho com essas mulheres, as empregadas normalmente me evitam e minha mãe não me disse uma única palavra até hoje. Com exceção do mordomo e do meu pai, todas me encaram com um olhar de nojo e irritação. Ainda não sei o nome da minha mãe, pois ela quase nunca está por perto. Apenas a vejo quando estou vagando pela casa e acabo esbarrando nela.
De qualquer maneira, parece que Jereff percebeu isso também. Ele fica irritado com a maneira que minha mãe me olha. A discussão no primeiro dia deve ter sido por isso.
Os homens não me olham assim, apenas as mulheres, não sei porquê. Nesta casa não há espelho, então não sei dizer se tem algo errado com meu rosto.
Isso está me irritando bastante, então querendo saber o que tinha de errado comigo, engatinhei até o balde de água da tia do balde.
Vi meu reflexo na água e confirmei que não tinha nada de errado com meu rosto. Ele é até mais bonito que o da minha vida passada. Olhos vermelhos vinho e cabelos escuros iguais os da minha mãe.
“Então por que sou tão desprezado?”
Quando a tia do balde me viu, ela me jogou o olhar de nojo e irritação de sempre. Aquilo me deixou muito irritado, então derrubei o balde de propósito, fazendo a água que estava dentro molhar todo o chão. Ainda não sei se as pessoas desse mundo reconhecem o dedo do meio como insulto. Então apenas mostrei a língua para ela e saí rastejando pela casa.
Outra maldade pequena, porém, é o máximo que consigo fazer nessa idade. Tenho que crescer logo, fazer outras pessoas ficarem tristes é o único jeito de acalmar minha irritação.
Parte 4
Faz quase um ano que vim a este mundo.
Agora prefiro andar a engatinhar, e já entendo um grande número de palavras da língua deste mundo graças a um livro que encontrei em um quarto da casa. É um livro cheio de ilustrações para ajudar a aprender a ler.
Enquanto eu estava terminando de ler esse livro, Jereff apareceu atrás de mim com um homem atrás dele. As roupas daquele homem eram algo que pareciam ter saído de um conto de fadas. Ele vestia uma capa preta e um chapéu pontudo enquanto segurava um cajado cinza, aparentando ter a mesma idade de Jereff.
— Bom dia, Heitor. Temos visita. — disse Jereff enquanto segurava o lado direito do bigode.
— Sim Papai, bom dia. — Respondi com um sorriso. Jereff parece ser um sujeito rico importante e é dono dessa grande casa, então instintivamente ajo de maneira comportada perto dele. Também, ele parece ser um cara legal, então vou evitar fazer maldades para ele.
— Este é Conor Cratz, um mago muito habilidoso e um grande amigo meu. — disse enquanto se virava e apontava elegantemente para o homem que ele trouxe.
“Um mago está na minha frente, não consigo acreditar nisso.” Pensei com os olhos brilhando.
Aprendi a palavra mago do livro que estava lendo para aprender a ler e falar. Mas não achei que realmente existisse magos neste mundo. Pensei que fazia apenas parte de contos de fadas daqui também.
— Prazer em conhecê-lo. — falei rapidamente enquanto fechava o livro que lia.
— O prazer é todo meu e obrigado pelas palavras, Jereff. — disse o mago enquanto se curvava para frente para agradecer Jereff.
— Hahaha não foi nada, mas você percebeu, não? Meu filho, mesmo tão jovem, já consegue falar e andar melhor que muitos adultos que conheço. — disse Jereff com o punho no peito e uma expressão de orgulho no rosto.
— De fato, é como você disse. Não esperaria menos de um filho seu.
Ainda não sei falar, ler ou escrever perfeitamente, mas conseguir aprender tanto em menos de um ano é algo bem impressionante. E o motivo disso é muito óbvio, sou superior a todas as pessoas, então é natural que eu seja tão precoce assim. Claro que… O fato de eu ter as memórias de minha vida passada deve ter ajudado um pouco.
— Então, por favor, diga-me o que tem de errado com ele.
— Sim.
“Errado comigo? Do que ele está falando?”
— Por favor, retire sua camisa. — disse o mago depois de se abaixar em minha frente.
— Hein? Por quê? O que você vai fazer? — digo espantado, mas acho que sei do que eles estão falando.
— Filho, você já percebeu, não? As mulheres, por algum motivo, te odeiam. Conor está aqui para nos dar alguma explicação sobre isso. — explicou Jereff com uma expressão séria no rosto.
Então eu estava certo, tem mesmo alguma coisa errada comigo. Não é mesmo normal ser desprezado pelas mulheres sendo tão novo. Até mesmo minha mãe parece me desprezar.
— Certo.
Faço como o mago mandou, retiro a camisa e o deixo colocar a mão em meu peito. Quando ele faz isso, sinto que algo está entrando em meu corpo. É uma sensação estranha, parece água entrando pela minha pele e percorrendo meu corpo. Mas não vejo nada saindo de sua mão.
“Isso é magia de verdade?… Isso significa então… Não estou no passado e sim em um mundo mágico.” Penso maravilhado com a possibilidade desse mundo ser um paraíso de magia. Um sentimento de animação cresce dentro de mim.
Na minha vida passada, nunca tive vontade de fazer nada. Mas agora é diferente, em um mundo como esse, posso me tornar um mago poderoso e ganhar muita fama. E sendo famoso, vou ter mulheres chovendo aos montes por mim. Meu sonho de ter uma namorada poderá ser alterado para o sonho de ter um harém. Estou ficando excitado com essa possibilidade.
— Terminei. Já descobri a causa do problema — disse Conor com uma cara séria.
— E então? — pergunta Jereff com ansiedade.
— Seu filho nasceu com uma maldição. A maldição de ser odiado por todas as mulheres vivas no mundo.
“Maldição?”
Quando ouvi essa palavra, a motivação que eu estava sentindo desapareceu instantaneamente, e então me lembrei daquela mulher, a minha mãe da vida passada. A maldição que ela jogou em mim era de fato real então? Maldição de mãe realmente é tão forte ao ponto de me perseguir até esse mundo?
— Como isso aconteceu? Como ele pode se livrar disso? — Questionou Jereff perplexo enquanto cerrava os punhos.
— Jereff, ele nasceu com isso. Quando alguém nasce com uma maldição, vai carregá-la por toda a vida.
— Não há mesmo nenhuma maneira?
— Bom… Não direi que é impossível, mas… Pelos relatos que ouvi de outras pessoas que também nasceram amaldiçoadas, não existe como quebrar uma maldição. Porém, também nunca ouvi falar sobre um grande mago renomado ter estudado sobre isso.
— Então talvez você…
— Impossível para mim. Pesquisar sobre isso é o trabalho de uma vida, receio que seu filho vai ter que viver com isso até a morte.
“Até a morte? Eu já morri, seu mago inútil.”
Na outra vida eu nunca consegui ter uma conversa de verdade com uma garota, e agora todas as mulheres vivas me odeiam só de olhar para mim. Que grande segunda chance eu ganhei.
Qual o sentido de ter revivido aqui? A única coisa que eu quis em toda minha vida foi ter uma namorada. Agora estão me dizendo que vou viver outra vida sendo desprezado pelas mulheres? Impossível, inacreditável, eu não posso aceitar isso. Meu único desejo nunca será realizado.
Meu coração está batendo forte, meu sangue está esquentando e meu corpo começou a tremer. O ódio que eu tinha brevemente esquecido quando cheguei a este mundo voltou com tudo. Não sei como vou fazer para aliviar isso.
Preciso fazer alguma coisa para me acalmar. O fato de ser odiado tem que ser reversível. Se não for, vou ser o pior inimigo desse mundo.
Não quero saber de pessoas felizes na minha frente. Preciso fazer alguma maldade urgentemente. Porém sou muito novo ainda, não consigo fazer muita coisa. Sem contar que o fato desse mundo não possuir internet me irrita mais ainda. Dessa vez não vou ser salvo nem pela pornografia.
“Agora eu tenho certeza de que esse lugar de merda é realmente outro mundo… É o inferno.”