Centro de Desenvolvimento Paranormal - Capítulo 3
O sinal da última aula tocou. Enquanto eu arrumava meus materiais, a Mary veio na minha cadeira para falar comigo. E antes que ela falasse qualquer coisa eu perguntei.
– Você vai me explicar aquela loucura que aconteceu no vestiário?
– Eu vou explicar tudo, não se preocupe, mas antes quero pedir desculpas pela maneira maluca que o John apareceu para você. Ele também fez isso comigo, mas depois que você conhece ele, você descobre que ele é uma pessoa legal.
– Ele também apareceu enquanto você pegava rolos de papel higiênico que ele mesmo derrubou? – perguntei desconfiado.
– Não. Ele apareceu do nada enquanto eu estava fazendo meu dever de casa. Eu estava sozinha em casa. Gritei desesperada e até joguei um vaso nele. Depois que ele explicou tudo e eu me acalmei. Mas isso não importa, o que importa é que eu e o John precisamos falar com você. Para isso eu preciso que você venha comigo.
– Não sei se posso ir, tenho que ir para casa.
– Hoje é sexta-feira. Amanhã não tem aula.
– Minha mãe está trabalhando e só volta mais tarde. Meu pai não liga se eu chegar tarde então eu vou. Mas vamos aonde?
– Não posso falar agora. Você vai ver quando chegarmos lá.
Depois do que passei, de tudo que eu vi não dava para fugir disso agora. O jeito era ouvir o que ela tinha a dizer e ir junto.
Passei o caminho todo fazendo perguntas para matar a minha curiosidade e ela sempre respondia falando que quando chegássemos todas as minhas dúvidas seriam respondidas. Eu não conseguia conter minha curiosidade então continuei fazendo perguntas, até que ela se irritou e me mandou calar. Ela parecia muito irritada, então decidi parar.
Ela me levou até um casarão velho que está caindo aos pedaços aqui da cidade. Ele é todo feito de madeira e é a coisa mais velha que conheço.
Existem várias lendas sobre esse casarão. Muitos dizem ser mal assombrado e outros dizem que quem entra nunca mais sai.
Um dia eu decidi explorar ele, peguei uma mochila, enchi de coisas que poderiam me ajudar a explorar, me preparei todo.
Quando cheguei no casarão, abri a porta e lá dentro era muito feio, escuro, frio, fedido e tinha um barulho estranho saindo da madeira. Então pensei melhor. Não passei nem pela porta e fui embora.
Eu estava com muito medo de entrar. Depois de tantas histórias sobre essa casa, não dá só para entrar como se não fosse nada. Mas a Mary já estava com raiva de mim e eu não queria parecer com medo então decidi que era melhor não falar nada.
Na porta do casarão a Mary olhou para os dois lados, viu que não tinha ninguém e abriu a porta. Nós entramos e a casa estava que nem sempre foi, feia, escura, fedida, fria, caindo aos pedaços e com um barulho estranho vindo da madeira. Mas em um piscar de olhos tudo mudou. O casarão todo se transformou, apareceu um monte de pessoas andando por aí, apareceram vários equipamentos tecnológicos. Era tudo muito colorido, cheio de luzes e totalmente diferente de como estava antes. A porta se fechou.
Apareceu o John e ele veio andando em nossa direção, olhando para o relógio em seu pulso como sempre.
– Chegaram bem na hora – disse o John sorridente.
Ele agradeceu a Mary, olhou para mim e falou.
– Venha comigo, você deve estar cheio de dúvidas. Eu entendo, mas vou tentar responder todas que eu puder.
Eu fiquei impressionado com tudo aquilo. Tentando sempre manter minha postura, escondendo minha ansiedade. Me esforçando para manter uma aparência séria, mas era tudo muito doido, não conseguia esconder minha animação ao ver tudo. O John olhou no fundo dos meus olhos, abriu os braços e disse.
– Bem-vindo ao CDP!
CDP, eu já tinha ouvido esse nome em algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde.
– CDP? – perguntei.
– Sim, C.D.P, Centro de Desenvolvimento Paranormal – disse o John.
Depois que ele falou isso apareceu uma mulher. Ela também estava com um relógio no braço e foi aí que percebi que todos no lugar usavam. Ela perguntou.
– Ele é novo aqui?
– Sim, esse é o Archie Malone. A Mary acabou de trazer ele. Eles estudam na mesma escola – respondeu o John.
A mulher estendeu a mão. Eu a apertei e ela disse.
– Oi, meu nome é Clara Williams. Seja bem-vindo Archie! Aqui você vai descobrir quais são seus poderes e como controlá-los. No início tudo pode parecer confuso. A sala de testes pode parecer assustadora e você pode querer desistir, mas vai por mim, compensa.
Depois de falar isso ela soltou minha mão e fez um gesto. Um bolinho que estava numa cesta ali perto veio voando na direção dela. Ela me deu o bolinho e eu agradeci. Ela falou.
– Cuida bem dele, John! Ele parece ser promissor.
Ela virou as costas e foi embora resolver alguma coisa com outra pessoa.
– O quê é a sala de testes? – perguntei para o John.
– Você vai ver.
Ele pegou no meu braço e me levou pelo local. Me apresentou para um monte de gente.
Aqui todos que falaram comigo me desejaram boas-vindas e falaram para eu não me preocupar com a “sala de testes”. Tanta gente falando disso me fez ficar preocupado com essa sala.
Eles também sempre faziam uma demonstração de poder. Tudo isso devia ser para me impressionar. E se era esse o objetivo eles cumpriram bem
Depois que ele me apresentou para um monte de gente. (Gente o suficiente para eu não lembrar nem da metade.) Ele me levou para uma sala, onde em cima da porta estava escrito “sala de testes”. A tão temida sala que todos falaram. Ele sorriu para mim.
– Aqui tudo é automático. Não temos maçanetas – ele apontou para cima da porta onde tem um aparelho que parece uma câmera. – Aquele aparelho analisa se você é daqui e logo em seguida abre a porta caso você seja. Ele serve para que intrusos não passem.
Foi como ele disse. Eu me aproximei da porta e ela não fez nada, mas ele se aproximou e ela automaticamente abriu.
Estava indo tudo muito bem. Essa é uma experiência que poucos têm a chance de passar. Só que ao entrarmos na sala um clarão quente veio para cima de mim.
Eu senti uma dor muito grande. Senti meu corpo inteiro sendo queimado. Vi alguém pulando na minha frente fazendo uma barreira para me proteger. Só que foi tarde demais.
Depois disso eu caí desmaiado e essa pessoa pulando é a última coisa que eu me lembro.