Centro de Desenvolvimento Paranormal - Capítulo 1
Era bem cedo, eu estava saindo de casa para comprar o café, assim como faço todos os dias. Atrás de mim vinha um garoto de moletom azul, que escondia parte do rosto com o capuz.
Ele estava vindo na mesma direção que a minha parecendo me seguir, mas devia ser coisa da minha cabeça, afinal ele poderia só estar indo na mesma padaria que eu.
Quando virei em uma esquina, vi outro garoto com um moletom parecido só que dessa vez verde. Ele estava sem capuz e estava parado olhando em minha direção.
Continuei andando, e quando cheguei a uma distância relativamente pequena dele, ele começou a andar na minha direção. Olhei para trás e o garoto de azul ainda estava atrás de mim. Eles aceleraram o passo até que eu ficasse encurralado.
— Oi, Archie, meu nome é James e esse é o Hunter. Nós gostaríamos que você nos acompanhasse por favor — disse o garoto de moletom verde de forma bem-educada.
— Me desculpa, mas eu não conheço vocês e não vou — eu disse tentando não demonstrar meu medo.
— Ninguém disse que você tinha escolha. Vem logo e para de reclamar — disse Hunter vindo para minha frente já com o rosto à mostra.
Olhei para todos os lados e não vi ninguém. Eu poderia gritar para chamar atenção.
— E acho bom você ficar calado.
— Peço desculpas por ele, hoje ele não acordou de bom humor — disse James ainda muito educado. — Nós só pedimos que você venha conosco sem resistir e nada de ruim vai acontecer.
— Não, já disse que eu não conheço vocês, eu não quero ir — aumentei um pouco a minha entonação de voz.
Os dois usavam um tipo de aparelho no ouvido. O Hunter apertou um botão desse aparelho e apontou a mão aberta para mim. Eu não sabia que reação expressar. Aparentemente eu estava sendo sequestrado.
— Estou avisando, se não vier com a gente, vou te levar à força — gritou o Hunter enquanto o James pegou um giz e começou a fazer um desenho bem grande no chão em volta da gente.
Eu não sabia o que fazer, ao mesmo tempo que eu estava com muito medo do que poderia acontecer, tudo parecia muito fantasioso.
— Já disse que não vou. Vocês estão atrás da pessoa errada. Nunca vi vocês na minha vida.
A mão dele então começou a ficar vermelha até que uma pequena bola de fogo saiu e veio na minha direção. Devido ao pequeno tamanho e pouca velocidade, foi fácil desviar.
— Não vou falar outra vez. Vem logo antes que eu faça outra, mas dessa vez não vai ser tão fraca.
Eu não tinha o que fazer, se eu tentasse sair correndo eles me pegariam, porque eu corro devagar e me canso bem rápido. A mão dele já estava bem vermelha de novo e uma bola de fogo estava se formando, mas dessa vez era bem maior.
Quando já estava muito grande, ele jogou na minha direção. Eu senti o calor chegando em mim, mas um homem correndo em uma velocidade incrível apareceu e me tirou do caminho.
— A CDP está aqui. Vamos deixar isso para depois. Já terminei o círculo e não vamos conseguir com eles aqui — disse James.
— Não pensem que vou deixar vocês escaparem fácil. Vocês vão vir conosco — disse o homem que me salvou.
Ele então correu na direção deles, deixando um rastro azul, mas não foi rápido o suficiente. Antes de ele chegar, o desenho em volta deles começou a brilhar e os dois desapareceram. Logo depois o desenho do James foi perdendo a luz aos poucos até que desapareceu.
O homem falou um palavrão e veio na minha direção com raiva. Quando chegou bem perto, sua expressão mudou e ele forçou um sorriso.
— Você está bem? — perguntou o homem.
— Sim, estou, mas o que foi tudo isso?
— Não se preocupe com isso. Você não vai lembrar de nada que aconteceu aqui.
Então ouvi os passos de alguém chegando por trás, mas antes que eu tivesse a chance de virar para ver quem era, senti uma mão sendo colocada na minha cabeça e instantaneamente senti minhas memórias sendo apagadas.
Enquanto estavam sendo apagadas ouvi o homem falando.
— Será que isso é realmente necessário? Nós podíamos só explicar tudo para ele agora para acabar logo com isso.
— Ordens do John. Sabe como funciona aquele poder dele. É melhor só obedecer — a mulher respondeu.
— Tudo bem, só queria lembrar que nem sempre ele está certo e nós estamos perdendo uma boa oportunidade.
Essa conversa foi a última coisa a ser apagada. Quando tudo finalmente foi apagado, senti uma tontura seguido de uma forte dor de cabeça e caí desmaiado no chão.
Fui acordado por uma mulher preocupada com um celular na mão. Minha cabeça estava doendo muito e eu não conseguia entender direito o que ela estava falando, mas ouvi algo sobre chamar uma ambulância. Me levantei com a ajuda dela e mesmo com muita dor de cabeça, eu estava relativamente bem.
— Muito obrigado, já consigo ir sozinho — eu disse cambaleando um pouco.
— Não posso deixar você ir desse jeito. Fique aqui! Chamei ajuda.
— Então acho bom você cancelar porque já estou indo.
Continuei andando enquanto ela falava alguma coisa que ignorei. “O que foi que eu tinha feito para acabar desmaiado no chão?” A última coisa que eu me lembrava é que eu estava indo comprar o café da manhã.
Peguei meu celular para ver as horas. Estava um pouco atrasado, mas ainda dava tempo. Se eu fosse bem rápido ainda conseguiria comprar meu café e chegar a tempo na escola.