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Askalyn, O Raio Nórdico - Capítulo 8

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  3. Capítulo 8 - Presságio
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Encarei, desesperado, aquela cena. Tentei meu máximo pra bolar uma maneira de salvar a garota, mas tudo que passa na minha mente é:

“Ela tá condenada. Não tem como alguém sobreviver com todos esses ferimentos…” Respirei profusamente.

Ela estava me encarando no chão, seus olhos exalando a dor, e seu rosto retorcido coberto em lágrimas e sangue.

“Merda! Ela tá sofrendo. Eu tenho que fazer alguma coisa rápido!” Pensei me levantando.

— Me- Ugh- Mata… Pur-Ungh- Favor — Ela implorou.

Neste momento, percebo que a garota havia começado a chorar sangue. Minha mente se escureceu.

Eu peguei a espada no chão e a levantei, me preparando para dar um fim ao sofrimento dessa garota.

Respirei cada vez mais pesado enquanto mantinha os olhos na situação lastimável que se encontrava aquela garota.

Ela continuava me encarando. Até que ela fechou os olhos, como se tivesse aceitado seu destino. Uma espécie de sorriso até se formou no canto de seus lábios.

…

Meus braços tremeram, por mais que eu forçasse, eles simplesmente não desciam pra finalizar o golpe.

— PORRA! — Gritei pra mim mesmo, indignado com minha falta de coragem.

“Caralho! É impossível, eu não consigo matar ela…”

— Sinto muito, Igril, mas você vai ter que aguentar mais um pouco. — Falei guardando a lança na cinta nas minhas costas.

Me agachei ao lado da garota e pus meus braços embaixo dela, para tira-la do chão. Quando fiz um pouco de força para levantá-la, consegui sentir o toque da costela dela contra o meu antebraço.

— Ungh- Não- Pufavuo! Mata Igril! Tá Dueno muito! *Sniff* — Ela gemeu e me pediu mais uma vez enquanto as lágrimas desciam de seu rosto.

Eu balancei a cabeça em negação e olhei ao redor, analisando o local. Logo, constatei que não havia nada por perto e comecei a caminhar em um ritmo rápido na direção que eu havia vindo.

Apertei mais o corpo da garota contra o meu, para evitar que ela balançasse muito e sofresse mais.

Mesmo com meu esforço para que ela não sofresse, a garota gemia de dor a cada passada que eu dava. Apesar disso, tentei me concentrar no caminho pra não acabar caindo com o peso da lança nas minhas costas e o da garota nos meus braços.

— Sinto muito! Aguente mais um pouco…

Falei isso mais pra mim do que pra ela realmente.

…

Depois de muita dor, suor e sofrimento, chegamos à estrada de terra em frente à floresta e já era possível ver a minha casa.

Igril já desmaiou no meu colo, isso me deixou ainda mais desesperado. Tenho medo dessa garota morrer, não sei por que, mas simplesmente não quero deixa-la morrer…

Eu suspirei, ainda falta muito. E eu também nem sei se é possível salvar essa garota… Provavelmente não….

Com muito esforço, andei mais um pouco, e um sorriso se formou em meu rosto quando avistei ao longe.

— PAAAIIII! — Gritei com fervor. — AJUDAAAAA!

Meu pai se virou sem entender enquanto limpava suas mãos com um pano. Ao perceber a garota em meus braços ele correu, mais rápido que um velocista olímpico.

Ele me encarou com impaciência.

— O que você fez Askalyn? — Perguntou preocupado.

— O que?

Não entendi a pergunta de meu pai.

— Ela precisa de ajuda, acho que é grave, ela tava jogada na floresta quase morta.

Meu pai me encarou e acenou. Ele tomou ela de meus braços e a levou.

— Avise a sua mãe do que aconteceu, fale que vou levar a garota pra Julía!

Eu acenei e ele saiu correndo na mesma velocidade que chegou.

Corri pra casa e bati ferozmente contra a porta.

— *BAK* *BAK* *BAK*

Demorou um pouco mas ouvi alguns passos se aproximando da porta, junto a múrmuros estranhos.

*Blam*

Ela abriu a porta com tanta força que acabou batendo contra a parede ao lado e fazendo com que ela se quebrasse e caísse no chão ao meu lado.

— O QUE É?! — Gritou minha mãe.

Ela estava com o cabelo enrolado em alguns cilindros estranhos e também com uma escova de madeira em sua mão. Que inclusive estava apontada para mim de uma maneira ameaçadora.

Eu não dei atenção, existem coisas mais importantes do que isso agora.

— Filho? Que tanto de sangue é esse? O que houve? — Mamãe perguntou se aproximando de mim para me examinar, sua cara denotava toda a preocupação que uma mãe poderia sentir.

…

Expliquei o que aconteceu para minha mãe, escondendo a parte de Igril se transformar em loba, e ela começou a me perguntar o que eu fazia na floresta. Eu disse que não havia tempo para isso de maneira um pouco displicente.

Minha mãe se incomodou, mas pareceu perceber minha preocupação com a garota e então ficou em silêncio.

— Não sei que horas voltaremos, a situação dela é muito ruim. — Falei depressivamente. — Preciso ir agora, só vim avisá-la.

Minha mãe me encarou um pouco pensativa, e então acenou.

— Só… Tome cuidado meu filho.

— Sempre mãe. — Respondi dando as costas para ela.

Logo me pus a correr em direção à vila sem olhar para trás.

Chegando à casa da senhora Julía percebo uma enorme quantidade de pessoas espalhadas na porta.

Eu os afasto impacientemente enquanto tento me aproximar da entrada.

— Sai da frente PORRA! — Grito impaciente enquanto empurro as pessoas.

Alguns reclamaram e me xingaram, outros tentaram empurrar de volta, outros se afastaram até antes que eu os empurrasse. Bando de corvos malditos, uma garota à beira da morte e esses filhos da puta querendo ficar expectando como se fosse a porra de um show!

Eu entro na casa e encontro meu pai com um semblante preocupado e a Bella suando com pressa enquanto corria com toalhas e alguns frascos em seus braços, quase derrubando alguns.

Logo, entro de vez e olho para trás encarando aquele bando de imundos encarando a parte de dentro da casa com visível curiosidade. Minha raiva era palpável no ar.

— O show acabou desgraçados! — Eu falo rangendo os dentes enquanto chuto a porta com o máximo de força que eu consigo.

*Blam*

A porta se bate e trancam com o impacto, reclamações podiam ser ouvidas do lado de fora. As pessoas pareciam tristes já que não puderam acompanhar o espetáculo até o seu fim.

Eu me virei suspirando e vi meu pai com a mão no queixo em uma pose pensativa.

Ele então suspirou e colocou as mãos nos bolsos de sua calça, se virando para mim e mostrando sua camiseta melada de sangue em toda a região do peito.

— O que houve Askalyn? — Perguntou ele se virando para mim com as mãos nos bolsos.

— Como assim pai? Cê não viu como eles tavam amontoados na porta? Um monte de imundos procurando entretenimento no sofrimento alheio!

— Eu quis dizer o que houve com a garota. E que ódio todo é esse meu filho? — Ele completou preocupado.

Eu suspirei novamente.

— Desculpa pai. É que o que eu vi me deixou com os nervos a flor da pele,  e esse monte de gente na porta atrapalhando minha passagem só piorou meu humor.

Ele acenou.

— Sim, mas você ainda não me respondeu. O. Que. Houve. Com. A. Garota? — Ele falou soletrando, como se duvidasse da minha capacidade de escutá-lo.

— É verdade! Cadê ela? A senhora Julía conseguiu salvar ela.

Ele respirou fundo e inclinou a cabeça para baixo impaciente.

— A Dona Julía e a Bella estão fazendo o máximo pra salvar a garotinha, e você não pode fazer nada agora se não esperar. Então, Askalyn, QUER ME DIZER O QUE CARALHOS ACONTECEU COM ESSA MENINA? — Ele gritou essa última parte como uma ordem.

Me senti imponente, como assim não posso fazer nada a não ser esperar? Igril está morrendo e eu só posso assistir sem fazer porra nenhuma?

Engoli em seco, senti como se todo o meu corpo estivesse pesado

“Por que? Eu podia ter ido atrás dela antes… Podia ter evitado que ela ficasse assim… Mas eu não fui, por medo de encontrar outro animal que não pudesse vencer… Merda!” Eu gritei dentro de mim, estava quase chorando perante minha própria fraqueza.

Meu medo causou isso. Minha fraqueza causou isso. Eu disse que não ia deixar isso acontecer de novo, e deixei. Por quê? Num mundo cheio de monstros e caras fortes, por que eu ainda sou tão fraco?

— Eu vou explicar pai, só me dá um tempo pra me recompor.

— Certo.

…

Eu expliquei novamente e contei toda a história pro meu pai, ele me perguntou sobre as orelhas e a cauda de lobo que Igril tem, e eu respondi que não tinha ideia do motivo. Mas, por conhecer bem meu pai, sei que ele não ficaria louco por isso, eu só… Não quis revelar isso ainda.

— Entendo, então você a encontrou um dia enquanto treinava e depois ela desapareceu, e aí você resolveu procurar por ela e a encontrou nesse estado.

Eu assenti.

Ele suspirou e massageou a testa usando o dedo indicador e o anelar, como se tentasse absorver a informação.

— E não tinha nada mesmo perto dela quando você saiu? Você olhou direito? — Me perguntou impaciente.

— E você acha que eu tive tempo? Se eu tivesse demorado mais um pouco ela ia ter morrido nos meus braços!

— Hunf! Preciso olhar mais afundo nisso, pra alguma coisa fazer algo tão cruel e não matar ela, com certeza não foi um animal.

Meu pai então se levantou e foi em direção à porta.

— Lokir precisa saber disso…

Ele completou ainda de costas e então passou pela porta, novamente a fechando na cara da multidão que permanecia do lado de fora.

Eu suspirei.

E então, Bella saiu de dentro do quarto um pouco perturbada.

— Bella? O que houve? Como ela tá? — Perguntei desesperado me levantando.

Bella se assustou comigo e deu um passo para trás com uma das mãos no peito.

— Ah, Aska, a garota ainda tá em um estado bem ruim, mas a Dona Julía deu algumas ervas pra ela dormir e evitar a dor.

— Ela vai viver né?

Bella não me respondeu e desviou o olhar para o chão mordendo o lábio um pouco.

Eu a encarei e já havia percebido a resposta. Logo, coloquei o a mão em seu ombro de uma maneira gentil.

— Está tudo bem, Bella, vocês fizeram o melhor que podiam… — Tentei confortá-la com um sorriso falso.

Bella não me respondeu e de repente pequenas lágrimas começaram a se manifestar em seu rosto.

Ela tentou enxuga-las, mas a cada tentativa de parar seu choro, ela soluçava mais e mais lágrimas desciam de seu rosto.

A garota não aguentou por muito tempo e me abraçou enquanto chorava e soluçava, seu nariz fungando a todo momento.

— Guh-Ughk, E-ela pediu. Ela pediu, pra eu acabar com o sofrimento dela… Como uma menininha daquela pôde ter sofrido tanto?

Rangi os dentes. Senti como se fosse minha culpa. Eu sei que não é, mas ainda assim é.

Mesmo que não tenha sido eu quem fez isso, eu sei que quem quer que tenha feito, fez por que eu não estava lá para ajuda-la!

— Tudo que pudemos fazer foi dar a ela uma morte sem dor, ela não vai durar mais que alguns dias… — Completou Bella ainda em prantos.

“Quem quer que tenha feito isso, pode ter certeza. Mesmo que eu morra, eu vou te levar junto pro inferno. Desgraçado!”

…

Quando a noite chegou eu saí da casa de Bella, e me dirigi até a minha.

Chegando lá, sou recebido por minha mãe, questionando se meu pai não voltaria hoje.

Fiquei desconfiado, como pode ele ter saído de lá bem mais cedo que eu e não ter chegado em casa ainda?

— Acho que ele disse algo sobre o Senhor Lokir ter de saber de algo…

— Ah, então ele deve ter ido beber com o Lokir de novo. Tá tudo bem então, quando ele chegar eu dou o dele. — Mamãe disse a última parte com certa raiva em seu tom de voz.

Eu não prestei atenção e entrei em casa para dormir, meu dia foi extremamente cansativo.

Quando entrei no quarto, meu irmão já estava dormindo.

“Só uma criança… Sem nada pra se preocupar… Ah, como eu queria ter tido uma chance de vida assim.” Pensei sentindo certa inveja da ausência de responsabilidades de Erick.

Acenei a cabeça em negação e deitei na minha cama.

…

Depois de algumas horas deitado olhando para o teto, percebo que não vou conseguir pregar os olhos essa noite.

Eu me levanto e vou em direção ao fundo da casa. Passando no corredor, ouço o som de minha mãe roncando na sala.

Quando vou lá checar, percebo que ela dormiu sentada no pequeno banco, e com um cinto na mão ainda por cima.

Essa visão causa um pequeno sorriso de canto de boca em mim.

Eu vou até ela e a deito no colchão no chão, cobrindo-a com um cobertor. O clima em Skandia não deve ser subestimado.

Então, me ponho na direção dos fundos da casa novamente.

Ao chegar lá, puxo uma cadeira de madeira e me sento observando a quieta floresta que encobre todo o entorno da vila.

Começo a divagar sobre esse mundo, e os perigos que estão presentes nele. Quando me lembro de Igril, uma lágrima se projeta em meu olho. Mas é enxugada por mim antes que caia.

Essa sensação de impotência é terrível. Sentir que não posso fazer nada é desesperador, quase enlouquecedor.

Sou tirado de meus pensamentos quando percebo de dentro da floresta, um grupo de homens surgindo. E no meio deles, carregando um saco estranho nas costas, está meu pai.

Eu pulo da cadeira, dando um chute acidental nela, e a empurro pra trás.

Corro na direção de meu pai, e devo dizer, os homens atrás dele pareciam bem piores que ele. A maioria estava com braços torcidos, e com sangue fluindo de suas cabeças.

Havia até mesmo um homem sendo carregado nas costas de outro. Visivelmente desacordado, e tão banhado em sangue quanto seus companheiros. Esse homem é o Lorde da Vila, Lokir Kiën.

Eu encarei aquela cena petrificado. Os homens mais fortes da vila apanharam tanto para o que?

Me aproximei de meu pai que aparentemente carregava um cadáver em suas costas, o corpo estava coberto por um pano.

— Pai? O que aconteceu? — Perguntei preocupado.

— Kuhuk- Agora não Askalyn… — Ele respondeu tossindo um pouco de sangue.

— O que é isso? — Perguntei apontando para o saco em suas costas.

Ele me encarou pensativo e então se virou para os homens atrás dele.

— Precisamos evacuar a vila. Preparem-se, todos partirão ao amanhecer! — Ele ordenou de maneira definitiva.

Todos os homens, sem exceção, acenaram em confirmação.

Por um momento, pensei ter visto a forma de outra pessoa no lugar de meu pai. Uma espécie de homem velho, com longos cabelos brancos, e um semblante de imponência.

Mas essa visão sumiu quando eu pisquei.

Meu pai se virou para mim com uma expressão séria.

— Precisamos conversar.

Eu engoli em seco.

O que houve naquela floresta?

Será que foi o mesmo que com Igril?

Por que todos estão tão feridos?

O que meu pai está carregando em suas costas?

As perguntas se acumulam.

Mas parece que ainda não terei respostas.

…

……

………

 

N/A: Desculpem a demora na saída de capítulos, minhas aulas voltaram, e sinceramente estou meio cheio ultimamente. Sem muito tempo pra escrever, sei que é chato esperar mil anos pra ler um capítulo e às vezes quebra um pouco o clima do bagulho. Mas tenham mais um pouco de paciência comigo.

Beijinhos do KDB e até a próxima.

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