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Askalyn, O Raio Nórdico - Capítulo 7

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  3. Capítulo 7 - Em choque
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…

……

Encarei, cansado, aquela garotinha-lobo e admirei por instantes o contraste de seu cabelo negro, sua pele branca, a floresta escura atrás dela e a linda lua que ilumina o céu dessa noite.

— Desde quando você tá me assistindo? — Perguntei desconfiado.

— Cedo… — Ela afirmou com suavidade. — Você grita muito! — Completou irritada.

Dei um sorriso envergonhado ao perceber que ela havia presenciado minhas tentativas de auto encorajamento.

— Uh- Terei mais cuidado da próxima vez. — Eu disse enquanto me levantava com muito esforço.

Novamente, devido à intensidade dos exercícios que eu fiz, acabei tropeçando. A garota assustada veio correndo e me ajudou a levantar propriamente.

Vendo-a agora de perto, percebo que ela não é muito menor que eu. Talvez apenas uns cinco centímetros a menos.

Logo volto a perceber o fato dela estar pelada, e rapidamente me afasto incomodado.

“Essa menininha não tem nenhum senso de decência?”

Ela pareceu não entender minha ação e inclinou seu pescoço com certa dúvida em sua expressão.

Não tenho energia alguma para essa garota problema agora, preciso ir pra casa descansar.

Eu estiquei minhas costas e segui andando até a lança que estava apoiada em uma rocha, a segurei e tentei puxá-la do encosto. Inútil. Ela nem ao menos se movia direito. Não resta nada de força nos meus braços pra carregá-la.

Eu grunhi tentando com o máximo de minha força restante, e tudo que consegui foi tirá-la da pedra. Carregá-la está definitivamente fora de questão, por agora.

Eu suspirei e coloquei o cabo da enorme lança contra o meu peito, o usando como apoio para ela.

— Precisa ajuda? — A garotinha perguntou inocentemente.

Eu a encarei por alguns segundos indiferentemente, e então não consegui segurar o riso.

— Uma pirralha desse tamanho, me ajudando a carregar algo pesado? — Zombei enxugando uma lágrima.

Ela inflou as bochechas e virou o rosto para o lado fazendo beicinho. E então, seu corpo começou a brilhar, da mesma maneira que da última vez.

O brilho é tão forte que não é possível ver nada no corpo da garota além de sua silhueta. E, até isso com o tempo acabou se deformando e crescendo junto com a luz.

Eu encarei aquilo tudo boquiaberto, passei o dia todo pensando se tinha visto realmente aquilo da última vez.

E então, depois de alguns segundos a garota já não era mais uma garota. Era agora, um lobo negro.  Sua pelagem é preto-azulada, pra ser mais exato, assim como a cor de seu cabelo era anteriormente.

“Um lobo…” Pensei maravilhado.

Apesar de ter visto isso antes, ainda sinto como se fosse algo novo pra mim.

Aquele lobo de dois metros me olhou por cima.

— Se Igril é pirralha, então Igril vai embora! — Falou com uma voz rouca.

Então começou a andar na direção da parte funda da floresta.

Saindo de meu transe eu gritei:

— Espera!

As orelhas e a cauda do enorme animal começaram a se agitar com excitação. Ele então se virou lentamente para mim.

— Me ajuda a chegar em casa? — Cocei o a  bochecha envergonhado.

O lobo abriu sua mandíbula enorme e mostrou todas os dentes e presas afiadas.

“Merda, será que ela  ficou com raiva da minha descaração e resolveu me devorar?”

— Hihihihi- Então Igril ajuda pirralho fraco a chegar em casa.

“Glup- Isso é um sorriso?” Penso sem dar atenção a ultima provocação que aquela criança me proferiu.

…

…….

Vejo o vulto das árvores passarem ao meu lado à medida que esse animal dá suas passadas largas.

Meu corpo balança para cima e para baixo, mas eu não corro risco de cair por estar abraçado ao seu pescoço.

— O que é você?

Perguntei agora deitado nas costas desse enorme lobo negro.

— Egril é benina… — Respondeu de maneira atrapalhada segurando a lança com a boca.

— Não- Eu quis dizer- er- como você consegue se transformar em um lobo. Seus pais são humanos ou lobos?

O silêncio infestou o ambiente por alguns segundos. Cheguei até a ouvir as cigarras cantando ao longo do caminho.

— Egril dão sabe… — Ela afirmou depressivamente

Vendo como o clima se tornou melancólico, resolvo mudar um pouco o rumo da conversa.

— Erm- Bem, você devia vestir a pele de alguns dos animais que você mata.

— Uhm? Burguê?

— Ficar pelada perto de outras pessoas é bem rude…

Ela ponderou novamente em silêncio.

— Certo. Vou vestir então.

“Quanta inocência- Ela só aceitou o que eu disse?” Pensei um pouco preocupado.

De repente outra dúvida surgiu em minha mente.

— Onde você mora?

— Floresta, com fabília…

— Família?

Não houve resposta.

“Ela mora na floresta com a família dela? Nunca ouvi falar de nativos que vivessem na floresta da perdição.”

Antes que eu pudesse fazer qualquer outra pergunta, percebi que já havíamos saído da floresta.

— Minha casa é aquela ali. — Falei apontando com muito esforço na direção do casebre a beira da estrada.

O lobo não respondeu, apenas acenou com a cabeça e continuou em frente.

“Não parece ter ninguém do lado de fora agora… Bom, acho que eu que sou o problemático por ficar na floresta treinando até tarde.”

Não demorou muito para que chegássemos à frente de casa.

Eu desci das costas do lobo, e a essa altura já havia recuperado um pouco da minha energia. O suficiente pelo menos para conseguir ficar de pé sem muitas dificuldades.

— Pode deixar a lança do lado da forja, ali. — Eu disse apontando para a pequena oficina ao lado da casa.

Ela levou a lança e a colocou do lado de fora da forja. Isso por que seu corpo é grande demais para entrar lá sem derrubar ou quebrar alguma coisa.

Logo se virou para mim e me encarou com um olhar vazio, e então se pôs a correr de volta na direção da floresta sem dizer sequer uma palavra.

— OBRIGADO POR ME AJUDAR! — Eu gritei em sua direção com as mãos na boca.

Ela não parece ter escutado, pois continuou correndo como se não houvesse amanhã.

Eu sorri com isso.

“Eu não tava louco porra!” Comemorei socando o ar com um sorriso.

Depois disso passo pelo pequeno cercado que fica próximo da estrada.

Aproximo-me e vejo, pela fresta da porta, uma iluminação fraca passando.

“Merda, eles ainda tão acordados!” Entrei em desespero.

Comecei a pensar em todas as desculpas possíveis que eu poderia dar nesse momento.

Infelizmente, minha imaginação não pôde fluir por muito tempo. Isso por que meu pai abriu a porta e me encarou com um suspiro e um olhar que dizia:

— Cê tá fodido moleque! — Afirmou balançando a cabeça.

Eu entrei na casa com medo.

Já dentro me deparo com minha mãe sentada encarando a porta com os braços cruzados.

— Posso saber onde você estava mocinho? — Perguntou com um olhar assassino.

Meu pai foi e se sentou ao lado dela, e começou a me encarar com um misto de desaprovação e pena.

“Glup- Que clima terrível…” Pensei engolindo em seco.

A carranca que minha mãe estava me dá a impressão de que há uma lâmina afiadíssima apontada para o meu pescoço neste exato momento.

Eu tento não mudar minha expressão e afrouxo um pouco a gola da minha camisa.

— Bom… Er- Eu tava- na- cidade? — Tentei me explicar mas meu tom de voz não parece ter sido convincente o bastante.

— E estava na cidade fazendo o que exatamente? — Meu pai perguntou levantando a sobrancelha.

Ele parece preocupado com eu ter levado a lança para a cidade, mesmo com seu aviso de mais cedo.

— Ele não estava na cidade, Igor! É uma desculpa esfarrapada, seu idiota! —  Disse minha mãe indignada com a inocência de meu pai.

— Aaataa! — Percebeu inclinando sua cabeça para trás em realização.

Logo depois ele tossiu e voltou a me encarar com a expressão de antes.

— É melhor você me dizer a verdade… — Minha mãe disse com um tom ameaçador. — Senão eu vou te tatuar com um cinto!

— Gulp… — Engoli em seco.

Tenho plena certeza de que se minha mãe resolver me bater, eu vou sair bem pior do que na situação do urso de hoje de manhã…

Encarei-a com medo e afrouxei um pouco a gola da camiseta de novo. Minha cabeça está girando devido à minha exaustão do treino, e também por estar procurando uma desculpa.

Tentei ao máximo endireitar minha expressão suspeita e encarei minha mãe seriamente.

— Eu deitei na sombra de uma árvore perto da floresta e acabei dormindo sem perceber! — Afirmei em um tom arrependido, como uma última tentativa de sair vivo dessa conversa.

Minha mãe semicerrou os olhos, analisando cada centímetro da minha expressão cuidadosamente.

Meu pai, por outro lado, parecia realmente já ter aceitado minha resposta e estava com um sorriso despreocupado no rosto.

— E você tá tão suado desse jeito por que? Dormiu correndo? — Suspeitou minha mãe com os olhos estreitos semicerrados.

— É que eu acordei agora pouco e fiquei preocupado sobre que horas eram… — Joguei minha cartada final. — Então vim correndo para casa.

Minha mãe levantou a sobrancelha ainda desconfiada, e depois de alguns segundos suspirou.

— Nunca saia de casa pra dormir perto daquela floresta e evite ao máximo sequer passar perto dela de novo! — Ela ordenou com uma carranca brava.

— Se a rainha mandou… — Brinquei

— Isso mesmo filho! Não saia de casa pra dormir na rua! — Meu pai balançou a cabeça em desaprovação.

Minha mãe me olhou com um sorriso e acenou, concordando com o que meu pai havia dito.

— Da próxima vez que dormir fora, só volte pra casa com o cheiro de pelo menos três mulheres diferentes no seu corpo! — Ele ordenou com os braços cruzados.

Minha mãe se virou lentamente com uma aura assassina para o meu pai que estava sentado logo atrás dela.

Ele olhou para ela como se não estivesse entendendo sua mudança de humor repentina.

Encarei isso como minha deixa para sair da sala.

— Filho… Tome banho antes de dormir pro Draugr não puxar seu pé de noite. — Ela disse com um ar assustador tentando me amedrontar.

“O que é isso, uma espécie de bicho papão viking? Tô achando que minha mãe é um Draugr!”

Eu acenei e saí da sala deixando meu pai com uma expressão de medo se afastando lentamente enquanto minha mãe se aproximava dele.

…

…….

Enquanto estava fora de casa pude ouvir os gritos de meu pai dizendo coisas como: “Era uma brincadeira!”, “Por que você quer tanto impedir o crescimento dele?”. Isso é claro, seguido de gemidos de dor dele, e sons de tapas e murros dados pela minha mãe.

Depois de tomar banho no quintal eu visto uma roupa qualquer e volto em direção ao meu quarto aonde sou recepcionado pelo meu irmão aparentemente com muito sono.

— Aska? Aonde você tava? — Ele me pergunta em tom cansado coçando o olho.

— Fazendo algo que você devia começar a fazer também. Treinando! — Eu disse em tom casual enquanto esfregava meu cabelo com uma toalha.

Erick franziu a testa.

— Eu devia começar a fazer também? Você é louco por acaso? Não entendo essa sua vontade toda de ficar forte… — Reclamou ele.

— Então acho que vou começar a dar umas ideias na Bella… — Rebati com indiferença.

— O QUE?! — Ele gritou aturdido.

Sua expressão de sono de antes agora se tornara em uma de raiva.

Eu andei pra minha cama e me deitei encarando o teto como se estivesse pensativo.

— Pensa bem, ela gosta de homens fortes, e não tem ninguém da nossa idade na aldeia que consiga me vencer numa luta. Além disso, você não quer ficar forte. E a Bella tá ficando cada dia mais bonita, então… Vou pegar ela pra mim. — Declarei despretensiosamente.

— Co-como assim vai pegar ela pra você!? Você é meu irmão, não pode fazer isso! — Ele gritou com raiva.

— Uhum, uhum. Agora boa noite Erick, preciso dormir que amanhã eu preciso treinar de novo. — Falei me virando para o lado sem dar atenção a ele.

Erick rangeu os dentes e murmurou algo enquanto voltava para a cama dele.

— Você vai ver quem é o mais forte na vila…

Eu sorri silenciosamente.

“Parece que deu certo! Kukukukuku- Ah meu irmãozinho, como pode ser tão previsível…” Pensei com um sorriso malicioso.

Eu preciso que ele comece a treinar, isso por que daqui a alguns anos seremos obrigados a ir para Lumínia dominar territórios… O pensamento de matar pessoas me incomoda, mas o que me deixa pior ainda é imaginar o meu irmão morrendo para os soldados inimigos como um mero peão para o rei desse país conseguir novos ‘troféus’.

Tento acalmar minha mente e afastar esses pensamentos ruins e fecho meus olhos novamente para dormir.

…

……

………

— Hoje eu vou conseguir ficar até o final também Aska! — Gritou meu irmão empolgado.

Todas as semanas têm sido assim agora. Já faz dois meses que estamos treinando juntos, eu e Erick.

Eu consegui arrasta-lo comigo para essa rotina de dor e sofrimento, mas só depois de uma boa provocação.

Ele tem agido como um rival meu desde então, e por mais que isso me incomode um pouco eu sei que é necessário pro desenvolvimento dele.

Às segundas nós treinamos com meu pai, e nos outros dias eu me exercito sozinho. De vez em quando Erick me acompanha nos exercícios, mesmo que ele não aguente fazer nem 1/3 da quantidade que eu faço diariamente.

— Ei! Tá me ouvindo Askalyn? — Gritou ele impaciente no meu ouvido.

Eu cocei minha orelha e não dei atenção à sua gritaria, o que o deixou mais bravo ainda. E ele então me deu língua e voltou a se sentar um pouco mais distante de mim.

Por mais que eu queira provoca-lo para que ele fique ainda mais encorajado a me superar, eu não consigo com a onda de pensamentos que constantemente tem invadido minha mente.

“Aquela garota não dá sinais de vida faz dois meses.” Refleti preocupado.

A garota lobo, ou Igril para os mais íntimos, sumiu depois daquele dia em que nos encontramos depois do meu treino e ela me carregou até em casa.

Na minha cabeça isso não faz sentido algum. Ela parecia interessada em conversar comigo naquele dia, e por isso eu pensei que ela fosse me encontrar mais vezes.

Mas ela simplesmente sumiu!

Infelizmente não consegui encontrar mais nenhum sinal dela desde então. Não me atrevi também a ir ainda mais fundo na floresta. O que eu faria se encontrasse outra fera como aquela da ultima vez?

Esperar um macaco gigante vir me salvar dessa vez? Acho que não…

Por mais que o pensamento de ser salvo por bestas enormes e conseguir aliados poderosos seja muito sedutor, o desejo de permanecer vivo segue sendo maior.

— Vamo começar? — Perguntou meu pai com um sorriso.

Ele havia ido um pouco mais fundo na floresta pra mijar. Por algum motivo ele voltou trazendo nos ombros dois galhos enormes.

Eu o olhei e suspirei.

“Hoje o dia não vai ser fácil…” Pensei me levantando.

Comecei a me alongar e em pouco tempo estava preparado para o treino.

…

Terminamos tudo por volta das dez da manhã e resolvemos voltar para casa. Eu aprendi a ver as horas pela posição do sol.

Fiquei surpreso ao descobrir que o mula do meu pai sabia algo assim.

Desde que Erick começou a me acompanhar, meu pai tem feito muitos exercícios de sparring.

N/A = Sparring é um treino de luta prático em que dois indivíduos praticam golpes um contra o outro de maneira leve com o objetivo de adquirir alguma prática real de combate.

Bom, acaba que ele não tem chance alguma contra mim.

Também preciso dizer que os resultados de minha rotina intensiva de exercícios estão começando a se tornar visíveis depois desses dois meses.

Por mais que eu seja uma criança de sete anos os meus músculos estão começando a se tonificar, e já traçam algumas linhas de definição pelo meu corpo.

Infelizmente eu acredito que esse seja meu limite por hora, já que não vou produzir testosterona antes de chegar à puberdade. Então, não poderei evoluir muito em massa muscular até lá.

De qualquer modo, agora eu já consigo empunhar a lança na forma de espada, em que o peso é mais concentrado e assim fica mais fácil de segurar.

A forma longa ainda está fora de cogitação, o cabo pesa demais e acaba escapando dos meus braços quando tento realizar qualquer golpe. Meu corpo também não é forte o suficiente e acaba balançando junto com a lança em qualquer movimento.

Meu ainda não sabe sobre o quanto eu evoluí, eu não queria assustá-lo. Tenho certeza que não é normal pra crianças de sete anos terem a força que eu tenho atualmente.

Mas nada disso me importa agora, estou decidido. Hoje à tarde eu vou entrar mais a fundo na floresta e procurar pela menina.

Vou tentar ser furtivo e não chamar a atenção de muitos animais.

Não posso simplesmente ignorar o sumiço dela, ela ainda é uma criança afinal!

…

Depois de almoçarmos pedi a Erick que não me acompanhasse hoje, disse que queria ficar sozinho.

Ele aceitou tranquilamente, talvez nem planejasse me seguir em primeira mão.

Aguardei até o momento em que minha mãe se distraiu e saí de fininho pelos fundos. Peguei a lança e saí em direção à floresta, mas não pela estrada, para evitar ser visto.

Depois de chegar ao local em que normalmente faço meus treinos, comecei a encarar seriamente a parte profunda da floresta.

“Eu realmente vou fazer isso?” Comecei a ponderar.

Apertei o punho em minha espada e respirei fundo.

“É agora ou nunca.”

Quando eu estava preste a dar um passo para frente…

— AUUUUUUUUUUUUUUUUUU… — Um uivo desesperado surgiu do meio da floresta.

Os pássaros que repousavam suavemente nas árvores voaram para todo lado, se dispersando em desespero.

Eu arregalei os olhos assustado.

— É ela! — Percebi.

Corri como se não houvesse amanhã. O uivo não estava próximo, e com o tom que em que estava Igril provavelmente não está nas melhores condições.

Parece que quanto mais eu avanço, mais árvores aparecem em conjunto. Sinto que estou me metendo em um labirinto.

Tentei ao máximo encontrar a direção à qual havia escutado aquele apelo de socorro. Até que de novo…

— AWUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU…

“Tá perto” Pensei enquanto corria desesperadamente.

Não sei por que fiquei tão preocupado com essa garota, por algum motivo, sinto como se estivéssemos ligados de alguma forma. Como por um… laço…

Não tenho tempo para divagar sobre essas besteiras agora, acredito que logo encontrarei algo terrível. Não consigo imaginar um animal que conseguiria derrotar Igril em sua forma de lobo.

Quer dizer, nem um urso foi capaz.

— Grrrrrrrrrr- Ugrhk- Grrrrrrrr

Ouvi atrás de uma pedra o gemido de um animal ferido, também ouvi um rosnado baixo e rouco que parecia se mesclar um pouco com a respiração desse animal.

Corri sem pensar na direção do barulho.

A cena que eu encontrei foi horripilante.

Um lobo branco com suas patas quebradas como galhos, todo ensanguentado, sua mandíbula ocilava abrindo e fechando brevemente buscando ar. Isso por que seu focinho estava completamente desfigurado, não teria como o animal respirar por ele.

Ele treme todo o seu corpo em pequenos espasmos a cada tantos segundos.

O lobo que eu antes via em um semblante implacável, agora está jogado no chão em minha frente, em uma imagem infeliz e impotente.

Ele me encarou com seus olhos amarelos brilhantes e lágrimas começaram a se formar. Mas antes que caíssem, seu corpo começou a brilhar, e então a mudar de forma, no mesmo processo que eu já havia visto antes.

Por um momento, tive esperança que as lesões implicassem somente na forma de lobo e não afetassem a pequena garota e seu corpinho frágil.

Para minha tristeza, isso não poderia ser mais infundado.

A menininha estava no chão agora, jogada em cima de uma poça de sangue. Seu corpo estava banhado em sangue, existem feridas de cortes e mordidas ao longo dele todo. Seus braços estão amassados contra o chão atrás dela. Suas pernas estão quebradas, quase invertidas. E a pior parte, é seu rosto que expressa e denota todo o sofrimento que está passando.

Lágrimas inundaram seu rosto e ela gemeu desesperadamente em uma dor que aparenta ser excruciante.

— Unghu*Sniff*- Me… Ajuda… Pû-favuo… — Ela gemeu essas palavras como se as tivesse expulsando de seu corpo com todo o esforço que tinha.

Depois de falar aquilo, ela simplesmente vomitou sangue no chão ao lado de seu rosto.

Eu corri até ela e ao ver minha impotência naquela situação, caí de joelhos soltando a lança no chão.

Meus olhos lacrimejaram perante a cena. Meu rosto calmo se desfez em um desespero sem igual.

Minha respiração estava irregular, e eu estava até sentindo falta de ar em alguns momentos.

Como eu posso ajuda-la?

É possível salvá-la?

Quem a deixou nesse estado?

Apenas perguntas flutuavam na minha mente. E nenhuma resposta.

…

……

………

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