Arthur: O Cavaleiro de Tsarita - Capítulo 5
— O que é isso?
Rod e Yur, ambos desconheciam totalmente sobre coordenada, diria que é de se assustar o quão ignorante uma pessoa pode ser, o problema era…
— Eu também não sei ler mapas…
Eu posso até não ser completamente ignorante mas não tenho ideia de como se ler um mapa, nunca havia feito questão de aprender Geografia ou qualquer outra matéria desinteressante.
— E agora, o que iremos fazer?
— Talvez fosse melhor se falarmos com Akane.
— Você é idiota?
Começou então uma discussão, Rod sugeriu que conversássemos com Akane, Rod pareceu perceber que falou uma idiotice, porém já era tarde demais.
— Não adianta ficarmos aqui discutindo um com outro se isso não for levar a lugar algum.
Nós três então nos acalmamos e raciocinamos um pouco.
— Tudo bem, o que iremos fazer?
— Então, soube que montaram uma nova adega, que tal darmos uma passadinha lá?
Yur acabou sugerindo para irmos à nova adega, estávamos todos debilitados e precisávamos descansar um pouco, ou talvez aquela seria só uma desculpa que damos a nós mesmos.
Seguimos sua sugestão e fomos até o lugar, não lembramos o caminho, então fora mais uma hora de caminhada até finalmente encontrar a Adega.
— Bem vindos!
Chegando ao local as luzes são jogados no nosso rosto, o local era todo iluminado além de cristais que davam uma tonalidade de diversas cores ao local.
Quem nos dava boas vindas era o próprio dono que recebia as pessoas na entrada.
Aparentemente grande parte de seus clientes são amigos, por isso ele os recebe.
Quando atravessamos a porta, tive as minhas primeiras impressões. No local, havia diversas pessoas bêbadas, não é um ambiente que eu desejaria frequentar.
Haviam diversas pessoas, um tropeçando no outro e todas bebadas enquanto Rod me fazia essa pergunta.
— Ei Arthur, você não acha que essa bebida está meio estranha?
Naquele ambiente, Rod tinha de falar alto, pessoas gritando e cantando e quebrando coisas.
— Na verdade tudo aqui é um lixo, ei Yur- Yur?
Yur estava atrás de nós a pouco tempo atrás, porém agora ele sumiu.
— Ehn, Rod eu acho que o Yur foi embora-
Voltei a me virar e Rod também havia sumido, agora eu estava sozinho e cheio de pessoas desconhecidas ao meu lado.
Não estava conseguindo pensar direito, e não estava percebendo que pouco a pouco minha visão estava escurecendo.
— Eu tenho que sair daqui-
Foi a única coisa que pude pensar na hora, a cada passo que eu dava pior ficava, haviam pessoas cambaleando e vomitando na parte de fora.
Eu sabia que não estava bêbado, mas será que sabia mesmo? Estava em dúvida até mesmo se eu estava acordado ou apenas sonhando, meu senso de realidade havia sumido.
Cheguei no lado de fora da adega, haviam diversas pessoas vomitando, antes que pudesse fazer o mesmo acabei desmaiando, sendo minha última visão ainda acordado uma pessoa correndo.
- • • •
— Ahhg… Que dor de cabeça…
Acordei e mal conseguia levantar minha cabeça, dores fortes e febre alta.
Agora que estou melhor consigo pensar sobre o que aconteceu ontem, provavelmente fui drogado, mas não sei se os outros participantes também tenham sido.
Olhei bem ao ambiente ao meu redor e notei que não estava no meu quarto.
O teto do lugar é todo mofado, com diversas casas de aranhas espalhadas pelos cantos.
No canto direito havia um guarda roupas velho e tralhas, além de uma pequena mesa de madeira.
E logo a esquerda havia a porta, grande e robusta, porém danificada pelo tempo e cheia de cupins.
Enquanto pensava sobre o lugar onde estava, uma garota entrava no quarto segurando uma bandeja de madeira. De aparência jovem, longos cabelos castanhos e grandes olhos verdes. Usava roupas simples e danificadas, sendo notável a ausência de sapatos.
— Ah, você acordou.
A garota coloca aquela velha bandeja de madeira em cima da pequena mesa, e começa a se apresentar.
— O-Olá, meu nome é Aiko, ontem a noite eu vi você desmaiado então decidi lhe ajudar.
A garota aparentava não saber conversar muito bem, acaba gaguejando e pensando demais na sua próxima palavra.
Logo fui me apresentar também, porém quando tentei falar meu nome nem ao menos um som saiu de minha boca.
Isso nunca aconteceu comigo, tentei gritar e nada aconteceu nem sequer um barulho foi emitido.
Comecei a suar frio pensando que também não estava conseguindo mover minhas pernas. Comecei a ficar nervoso, Pensar nisso apenas piorou tudo. Ao menos estava conseguindo mover toda a parte superior do meu corpo mesmo com uma certa dificuldade.
A garota me olhava sem entender da minha situação, apenas me observava calada.
— Será que você é mudo?
A garota perguntava indiretamente, na forma atual era incapaz de respondê-la.
Ela então vai se sentou ao meu lado na cama segurando a bandeja.
— Você consegue comer?
Ela falava isso enquanto fazia um gesto de morder, estendi meus braços e agarrei aquele pão meio mofado.
Além do pão havia um copo grande de barro com uma espécie de sopa dentro, se é que posso chamar assim.
Bastou apenas uma mordida no pão, no momento eu pensei que o gosto estaria horrível e que iria vomitar com a primeira mordida, porém nem ao menos pude sentir o gosto daquilo.
Após alguns minutos terminei de comer. Aiko olhava de longe, logo após terminar de comer ela recolhe tudo e se retira.
— Com licença.
Havia uma janela no quarto e a casa se localizava justamente no leste, então a luz do sol permeia por todo o quarto.
Aquilo estava me incomodando, mesmo assim sou obrigado a descansar, havia acabado de acordar mas já estava com um corpo tão cansado quanto se estivesse trabalhando o dia inteiro.
Forcei meus olhos a fecharem, tentei não pensar no barulho que estava sendo gerado lá fora, e assim pude descansar um pouco mais.
— Arthur…
Uma voz soava em um tom de trazer calafrios, naquele momento então eu despertei, e tive como minha primeira visão a imagem de meu irmão.
— Arthur… A mamãe lhe chama…
Com uma voz sombria e um olhar morto ele apontava seu dedo em direção a porta de madeira, eu não tenho recordações do lugar onde estava, na hora apenas pude pensar em uma coisa.
“Então eu estou sonhando…”
Não tenho muitas lembranças, apenas uma memória vaga sobre o rosto de minha família, já venho tendo diversos desses sonhos a muito tempo, e recentemente eu pude simplesmente descobrir que estava sonhando ainda enquanto sonhava.
Já ouvi diversas histórias sobre esse tipo de sonho, e que supostamente fosse possível controlá-lo a partir do momento que se tem ciência do mesmo.
Porém, mesmo sabendo que tudo não passa de um sonho, mesmo assim não consigo deixar de sentir calafrios.
— Já estou indo, apenas espere um segundo.
Por mais que fosse assustador, já estava acostumado a sonhar com isso mesmo, gostaria agora de saber um pouco mais sobre esses sonhos.
— É para você ir, agora.
Meu suposto irmão me olhou bem no fundo dos olhos e reforçou seu gesto com a mão.
Gostaria de conhecer um pouco mais o ambiente, mas infelizmente ele parece estar com pressa.
Pude observar pelo menos um pouco do quarto onde estava, um lugar um tanto quanto comum, as decorações são como a de qualquer casa média; um incenso estava aceso para espantar os espíritos malignos; na mesa uma xícara de café bem quente, com a sua fumaça se espalhando e se misturando com o incenso.
Comecei então a descer as escadas, o clima estava bem frio e por mais que fosse um sonho eu podia sentir isso.
A cada respiração o meu nariz ardia e calafrios dominavam meu corpo, será que está frio no mundo real?
O som de cada passo, daquela madeira rangendo; o barulho do vento, por algum motivo tudo aquilo me dá um desconforto sem igual.
— Ali está ela.
Quando olhei o rosto da pessoa em questão, senti que meu corpo perdeu totalmente suas forças.
Meu estômago começou a embrulhar, não compreendo aquilo, um medo medo irracional tomava meu corpo e ao mesmo tempo me hipnotizava a ponto de não conseguir desviar meu olhar.
Em minha frente estava o que me lembro de minha mãe, faz tanto tempo que nem ao menos me lembro de sua aparência.
É difícil se lembrar de algo que foi totalmente apagado, até que ponto tudo isso não passa de uma distorção da minha cabeça?
Minha suposta mãe, puxou uma cadeira e se sentou, logo a sua frente já havia uma cadeira com meu nome escrito no assento.
Me sentei na cadeira e a encarei de frente, ela não tinha um rosto, e seu cabelo era coberto por um pano.
Não sei se era sua aparência que me perturbava, ou apenas o fato de estar em sua frente.
Me mantive calado, aguardei até que começasse a falar, senti que se passaram alguns minutos. eu permaneceria em silêncio para sempre se assim fosse possível.
— Arthur, eu tenho algo a te dizer.
O silêncio é quebrado, o vento lá fora se torna mais forte e invade a casa levando ao ar faíscas da lareira.
— Vá ao norte, lá encontrará-
De repente sua cabeça caiu de seu pescoço e saiu rolando pelo chão enquanto seu corpo permanecia sentado.
— O tesouro que lhe pertence.
Mesmo com a cabeça fora de seu corpo, ela continuava a falar, e após sua ultima sentença, seu corpo que permanecia sentado cai sobre o chão.
Após o silêncio tomar conta do local, me levantei da cadeira e fui em direção a porta.
Meu irmão também havia desaparecido, comecei a refletir sobre o que me foi passado, porém não consegui pensar em nada.
Ela falou tão poucas coisas, e tudo foi tão vago, não tenho ideia do que procuro ou noção de um tesouro que me pertence.
Talvez esse seja um dos casos que a mensagem passada pelo sonho não condiz com a realidade.
Saí então da casa, tive então a visão de soldados invadindo aquele local, colocando fogo nas casas e as saqueando.
O brasão dos soldados eram manchados com lama, não era possível os reconhecer pelas armaduras, um soldado parou em minha frente e apontou sua espada para o meu pescoço.
Não consegui me mover, a espada se aproximava e quando estava prestes a me tocar, eu acordei.