Armageddon - A Guerra dos Cavaleiros - Capítulo 8
Arena:
O Arcanjo Gabriel voou para cima da arena e seus irmãos dispersaram para longe.
— Me perdoem, minha plateia. Depois desse incidente nós iremos prosseguir para a terceira luta da primeira rodada — disse Gabriel.
A arena escureceu e somente havia um holofote aceso sobre o Arcanjo Gabriel.
— A terceira batalha será bastante diferente das outras. Nela haverá alguém que não possuí um título de deus, mas tem tanto poder quanto um.
Um holofote foi aceso na entrada do lado esquerdo dos deuses.
— Do meu lado esquerdo, temos aquele que possuí o título de guerreiro mais forte de Deus. Ele é conhecido por lutar em diversas batalhas contra Lúcifer e seu nome tem a descrição de “aquele que é similar a Deus”. O grandioso comandante-chefe de todos os anjos, o mais velho de todos os arcanjos e braço direito do Supremo. Meu grande irmão, MIGUEL.
Miguel apareceu na frente de todos e andou lentamente na direção de sua poltrona.
Miguel possuí longas asas com penas que brilham em um tonalidade alaranjada. Seus longos cabelos ruivos coincidem com sua aparência séria e sua longa capa avermelhada e seus olhos castanhos. Ele utiliza uma armadura metálica com símbolo de leão no seu peito e ombreiras.
“ Meu irmãozão é incrível. Seu jeito sério e seu andar são tão descolados. Sou muito feliz de ser seu irmão”, pensou Gabriel com seus olhos brilhando igual a estrelas no céu.
Miguel sentou em sua poltrona e olhou sério para o Gabriel.
Gabriel suou frio por um instante e logo percebeu o que seu irmão queria dizer com aquele olhar.
— Prosseguido, meu público. Vamos ao próximo competidor.
Um holofote foi aceso na entrada do lado direito dos deuses.
— Do lado direito, temos o mais velho dos três irmãos que derrotaram o titã Cronos. Aquele que possuí o título de imperador do inferno e deus dos mortos e do escuro. Aquele que governa o submundo com punho de ferro e o mais temido dos deuses gregos. O Deus do Submundo, HADES.
Hades apareceu diante de todos e sua presença causou desconforto em todos os presentes.
Hades possuí um “chiton” com uma tonalidade azulada com roxo escuro. Seu curto cabelo branco junto de seus olhos roxos enfatizam sua seriedade e poder. Possuí somente uma ombreira no lado esquerdo com o símbolo de três penas metálicas conectadas. Nas suas joelheiras e seu cinto possuem uma caveira acinzentada para assemelhar a sua pele.
Hades chegou perto de Miguel e o arcanjo levantou-se. Os dois começaram a se encarar e todos sentiam a tensão no ar.
— O que você está fazendo aqui, arcanjo?
— Eu vim para competir no torneio, deus grego.
— Entendi, mas sinto lhe informar que essa uma competição entre deuses e seres abaixo de nós não merecem ser competidores.
Miguel sorriu e puxou um pergaminho de sua armadura. Ele o abriu e começou a ler para todos.
— O arcanjo Miguel está autorizado a participar da competição e qualquer um que for contra essa decisão deverá se acertar com o Supremo. Assinado o Ser Supremo.
Hades fechou os seus punhos e os apertou com força. Seu cabelo se levantou por causa da liberação de seu poder e todos achavam que ele iria atacar o Arcanjo na sua frente. Contudo, ele respirou fundo e sua intenção de lutar se esvaziou.
— Bem, já que é uma decisão do Supremo não tem muito o que eu possa fazer.
Hades com seu punho esquerdo acertou de leve o peito do Miguel e aproximou-se mais ainda de seu rosto.
— Não nos decepcione, Arcanjo. Prove que você merece o respeito dos deuses e isso será provado através do Cavaleiro que você selecionou. Mas por enquanto, você é somente uma pedra insignificante no meu caminho.
Hades virou-se de costas e sentou-se na sua poltrona.
— Bem, agora que todas as dúvidas foram tiradas vamos à decisão do terreno do combate. Senhor Miguel, qual será o seu terreno? — perguntou Gabriel.
— Eu irei escolher o terreno de Orleans no período da guerra dos cem anos. Será um terreno propício a um ótimo combate entre nossos Cavaleiros.
— Excelente! Qual será a sua escolha, senhor Hades?
— Eu irei escolher uma das maiores fortificações da humanidade e ela será a famosa Muralha da China no período de 220 a.c.
Os dois locais apareceram para todos em duas telas acima da arena.
— Ótimo! Agora irei jogar a moeda e seja o que o Supremo desejar. Digam o lado da moeda que desejam.
Gabriel jogou a moeda para cima.
— Céu — disse Miguel.
— Inferno — disse Hades.
Gabriel pegou a moeda no ar e abriu lentamente a sua mão.
— E o resultado foi….. INFERNO.
Miguel não pareceu se importar com o resultado e Hades só deu um sorriso de canto.
“ Como isso foi acontecer? Eu jurei ter jogado a moeda de uma forma que o meu irmão iria ganhar. Será que eu enferrujei?”, pensou Gabriel.
— Agora que o terreno foi decidido. Iremos à apresentação dos nossos Cavaleiros.
Os holofotes que estavam na área dos deuses começaram a iluminar as entradas da arena.
— Do meu lado esquerdo, temos aquela que foi abençoada por Deus e seria aquela que realizaria uma missão divina. Ela seria fundamental no avanço francês contra os ingleses na guerra dos cem anos e seus inimigos temiam o seu nome no campo de batalha. Contudo, o seu final de vida foi sofrido e foi condenada por bruxaria e heresia e além disso foi abandonada por Deus nos seus últimos segundos de vida. Ela é aquela que possuí o título de Santa Guerreira e de Donzela de Orleans.
No momento da apresentação da Cavaleira, diversos anjos apareceram ao redor da entrada do lado esquerdo da arena e estavam tocando diversas trombetas e jogando rosas. Aos poucos, a guerreira foi mostrando sua aparência a todos presentes na arena.
— Representando o arcanjo Miguel. A CAVALEIRA DA FÉ, JOANA D’ARC.
Joana D’Arc possuí um cabelo castanho curto que combina com os seus olhos. Sua armadura metálica cobre todo o seu corpo e disfarça qualquer feição feminina. Nas suas joelheiras, braceletes e no peito há uma cruz prateada. No lado direito há um coldre para sua longa espada de ferro com diversos símbolos de cruz e seu cabo lembra uma cruz com uma esmeralda no meio dele.
Um forte vento veio na arena e o cabelo de Joana mexeu lentamente e as rosas começaram a rodear o seu corpo. Ela estava com uma seriedade no seu olhar, enquanto aguardava o seu adversário.
— Com essa incrível apresentação, iremos agora para o lado direito.
Quando todos olharam para o lado direito, um pedaço do chão da arena desceu e após alguns instantes, começou a subir.
— Do meu lado direito, temos uma das maiores mentes militares de seu tempo e da história. Da história dos três reinos da China, ele representou um dos senhores da guerra e governou o norte com grande sabedoria. Ninguém era capaz de parar o seu exército, nem mesmo o imperador ou o grande general Yuan Shao ou monstro da guerra Lu Bu. Aquele que foi chamado de “O maior traidor da época”.
A plataforma chegou ao topo e todos viram um homem sentando em um trono vermelho com diversos semblantes de dragões dourados e junto dele doze mulheres estavam o rodeando.
— Representando o deus Hades. O CAVALEIRO DO SUBMUNDO, CAO CAO.
Cao Cao possuí um cabelo preto médio e meio espetado para trás junto de seu cavanhaque. Possuí uma armadura dourada com símbolos de “Yaoguai”(demônios) nas suas ombreiras junto de uma capa azul em suas costas com um símbolo de um dragão dourado. Sua coroa lembra um mini baú dourado com um fio azul preso atrás dele e uma jade bem no meio. No seu lado esquerdo há um coldre para sua espada mediana que no cabo há uma fio vermelho e também detalhes de diversas serpentes tentado sair de sua espada.
Cao Cao levantou-se de seu trono e caminhou até o meio da arena e Joana D’Arc fez o mesmo. Quando chegaram perto um do outro, a Cavaleira manteve sua compostura e o Cavaleiro sorriu.
— Olhando de perto até que você é bem bonita, minha jovem. Que tal se tornar minha esposa?
Joana olhou com repugnância e cuspiu no rosto do Cao Cao.
— Enquanto eu manter a minha sanidade e minha fé, jamais irei me casar com você.
— Muito bom saber disso — disse Cao Cao sorrindo.
Os dois se afastaram e foram cada um na direção de sua respectiva plataforma.
— Muito bem, Cavaleiros. Desejo boa sorte aos dois — disse Gabriel.
Os dois começaram a desaparecer lentamente.
— IREMOS AGORA À TERCEIRA LUTA DO ARMAGEDOM. IT’S A SHOW TIME BABY!
Muralha da China, 220 A.C:
A Grande Muralha possuí 21.196 quilômetros de comprimento e tem a altura de 8 metros e mede 4 metros de largura. Seu terreno é bastante elevado e repleto de árvores.
Os dois Cavaleiros começaram a aparecer em cima da muralha e um telão da luta apareceu para todos os presentes na arena.
Joana observou ao redor e sentiu leves brisas sobre o seu ser. Cao Cao respirou fundo e começou a se alongar.
— Como é refrescante voltar para casa. Que saudade eu estava de você, minha terra natal.
Joana virou na direção de Cao Cao e ficou em posição de luta. Sua perna esquerda ficando para frente e se agachando um pouco, junto de sua mão esquerda segurando o cabo de sua espada presa no coldre.
— Vamos começar o nosso duelo. Como eu devo lhe chamar? — disse Joana.
— Você não prestou atenção na apresentação do Arcanjo? Eles estão ali para nos apresentar para todos na arena e isso inclui o nosso adversário. Mas tudo bem, o meu nome é Cao Cao — disse Cao Cao estalando sua costa e terminando o alongamento.
— Ótimo, Cao Cao. Meu nome é…
— Eu já sei quem você é, Joana D’Arc ou deveria te chamar de Donzela de Orleans ou escrava de Deus?
Joana segurou bem forte a sua espada e retirou um pedaço dela do coldre.
— Repita o que acabou de dizer se for homem.
— Não se afobe, minha jovem. Depois de ser abandonada por todas as pessoas que conhecia, é normal acabar sendo submissa a alguém que lhe mostrou um pouquinho de um falso amor.
Joana retirou sua espada do coldre e a segurou com as duas mãos, ao mesmo tempo que impulsionou-se para frente e desferiu um golpe da direita à esquerda na região da cabeça.
Cao Cao retirou sua espada do coldre com a mão esquerda e defendeu o golpe intenso de Joana. Ela estava com um olhar sério e de ódio, enquanto ele estava com um sorriso malicioso.
Joana segurou com mais força a sua espada e Cao Cao percebeu o aumento de poder e mudou a direção da arma inimiga no último instante. Com isso, a parede ao lado deles foi atingida pela pressão do ataque e um punhado de poeira subiu ao redor deles.
— Isso foi perigoso, sabia? Eu realmente poderia ter me machucado feio. Eu sabia que você era forte, mas isso já é um exagero para um mulher tão linda.
Quando a poeira baixou, todos puderam ver que a parede ao lado estava totalmente destruída junto de um pedaço do chão.
Joana sem pensar duas vezes, desferiu um golpe da esquerda à direita e dessa vez Cao Cao esquivou por pouco do golpe intenso da Cavaleira.
Joana continua a desferir diversos golpes devastadores sobre seu adversário e Cao Cao somente se esquivou de todos e a maioria dos ataques passou por pouco em seus pontos vitais.
“ Por que ele não revida ou contra-ataca? Ele é muito capaz disso. Será que ele está me subestimando?”.
Algumas veias na cabeça de Joana estavam pulsando de raiva e em um ataque de fúria ela ergueu sua espada e desferiu um golpe de cima para baixo e Cao Cao percebeu que não teria tempo para se esquivar do golpe. Então, ele ergueu sua espada na posição horizontal com suas duas e tentou defender o golpe.
Quando Joana acertou a espada de Cao Cao, ele sentiu uma força maior do que nos golpes anteriores e sentiu seu corpo sendo pressionado para baixo.
“ Se eu não fizer nada eu terei o meu corpo esmagado por essa espada”
Cao Cao respirou fundo e fechou seu olhos.
— Yin Yang, terceiro elemento: terra.
O Cavaleiro abriu os seus olhos e seu corpo havia parado ser pressionado pelo golpe de Joana.
Cao Cao com a palma da mão direita aberta acertou a barriga da Joana e a empurrou para trás. Ela golfou saliva e fincou sua espada no chão para parar o empurrão e acabou ficando com a cabeça para baixo.
— Eu não queria mostrar isso ainda, minha querida. Queria continuar a me divertir vendo você tentando me acertar. É tão divertido quando o inimigo é mais fraco que você e ele tenta te mostrar que é forte.
Joana levantou sua cabeça e impulsionou-se para frente. Quando chegou perto do Cavaleiro, ela saltou e desferiu um golpe na diagonal.
Cao Cao defendeu o ataque com sua espada. Joana começou a desferir diversos golpes com sua espada e Cao Cao somente defendeu com sua espada, enquanto bocejava.
Joana posicionou sua espada na horizontal e tentou finca-la no peito do inimigo.
Cao Cao novamente defendeu o golpe e sorriu. Com sua perna direita chutou a barriga de Joana e ela foi empurrada para trás.
— Minha vez, minha jovem.
Quando Joana piscou, Cao Cao estava bem na sua frente e desferiu um golpe com sua espada na diagonal. Ela conseguiu defender por pouco.
Cao Cao continuou a desferir diversos golpes em uma extrema velocidade e Joana defendeu os golpes e todos no último instante.
A Cavaleira pulou para trás, para recuperar seu fôlego e ficou em posição de luta.
“ Ele é extremamente rápido. Eu terei que continuar defendendo e quando ele abrir a guarda, eu ataco e arrancou aquele sorriso presunçoso”.
Enquanto Joana recuperava o seu fôlego, Cao Cao amarrava o fio vermelho de sua espada no seu braço direito.
Quando Joana iria se impulsionar para frente, ela ergueu sua espada e defendeu um golpe da espada de Cao Cao que iria acertar o seu rosto. Sua bochecha direita ganhou um leve ferimento e começou a sangrar.
Joana olhou para Cao Cao e viu que ele estava de lado e havia jogado sua espada. Ele puxou ela de volta e ela olhou para trás e defendeu o golpe que iria nas suas costas.
A espada voltou à mão de Cao Cao e ele começou a girar ela pelo fio vermelho preso nela.
— Você não achou mesmo que eu daria tempo de você pensar em um plano, né?
Novamente Cao Cao jogou sua espada na horizontal na barriga de Joana. Ela defendeu o golpe, mas foi empurrada na direção da parede da muralha e a atingiu. O Cavaleiro puxou sua espada de volta e voltou a gira-la de novo.
Joana levantou-se e defendeu outro golpe a distância que iria atingir os seus peitos. Os golpes eram intensos e tinham o poder comparado a um ataque de um touro.
Cao Cao desferiu diversos golpes em diversas direções e Joana os defendia da forma em que conseguia com sua espada.
Der repente, Cao Cao parou sua sequência de golpes e prestou atenção no estado em que Joana se encontrava. Sua armadura estava levemente danificada e destruída e ela fincou sua espada no chão para não cair no chão.
— Ai ai, é tão fácil irritar os devotos de Deus. Só preciso zombar deles e de sua fé que vocês viram bestas raivosas e para falar a verdade, eu esperava mais de uma santa, Joana D’Arc. Por que não pede ajuda pro seu Deus?
Joana ofegava bastante.
— Ele não precisa lidar com um verme como você.
— Que pena, eu queria vê-lo em ação e mata-lo na sua frente. Já que você disse que só casaria comigo se sua sanidade e fé fossem perdidos. Então, é isso que eu farei, minha amada. Irei destruir totalmente aquilo que você acredita e você então será minha.
— Você só pode ser louco.
— Eu não sou louco. Eu sou pragmático e eu sempre consigo aquilo que eu quero. Eu lhe pergunto, minha amada, você sabe o verdadeiro significado de desejo?
— Vontade do ser humano de possuir algo.
— Exatamente, mas eu falo sobre o verdadeiro desejo. Aquele que mataríamos uns aos outros para possui-lo.
Joana ficou novamente de pé e um forte vento atingiu os dois Cavaleiros.
— O verdadeiro desejo da humanidade é a liberdade. Mataríamos nossa própria família para obtê-la.
Joana sorriu.
— Acho que você está meio por fora do assunto. Nós humanos já possuímos liberdade e ela nos foi dada por Deus e isso é o livre árbitro.
Cao Cao gargalhou alto.
— Sinto pena de você por achar isso, minha jovem. Nenhum de nós é livre, pois nossa liberdade interfere na liberdade do próximo. É por isso, que em vida eu sempre cobicei a liberdade acima de tudo. O desejo de ser livre para fazer o que eu quisesse e quando eu quisesse. Nem que isso causasse a destruição do mundo.
Joana ergueu novamente a sua espada e ficou em posição de luta.
— O que você quer dizer com isso?
— Desculpa, acho que você não sabe o que eu fiz. Eu destruí diversas cidades e massacrei diversas pessoas somente pela minha diversão e prazer.
Joana segurou bem forte a sua espada e sua fúria estava visível para todos.
— Sabe, uma das coisas que eu mais me divertia era matar os maridos das minhas esposas e destruir suas mentes para se tornarem minhas. É bem divertido tirar a liberdade das pessoas e você deveria tentar algum dia.
Joana impulsionou-se para frente e atacou Cao Cao e ele defendeu o golpe com sua espada. Ele sentiu um força enorme no golpe.
— Yin Yang, terceiro elemento: terra.
Cao Cao havia parado o golpe e ele sorriu.
— Eu disse que isso não seria suficiente.
Joana segurou mais forte a sua espada e apertou seus dentes com força. Cao Cao sentiu a força do ataque aumentar de uma forma elevada e não teve reação suficiente para se defender totalmente e foi jogado para trás. Ele atingiu uma parede da muralha e em seguida o chão e golfou sangue.
Joana aproximou-se lentamente e Cao Cao ergueu sua cabeça que estava sangrando por conta do impacto.
Joana segurou sua espada pesada somente com sua mão direita e a ergueu pro lado direito na posição horizontal. Sua pressão de poder estava sendo liberada freneticamente e em seu rosto só havia a expressão de ódio.
— Eu ia purificar a sua alma, mas agora eu irei varre-la da face da terra e garantirei que você jamais entre no paraíso.
Continua…