Anti-herói Invocado - Capítulo 6
— Essa arma parece definitivamente perigosa, mas é provável que eu vá ter que usá-la. E esse material… nunca vi algo parecido.
Miguel passava suavemente suas mãos pela lâmina, com todo o cuidado para não se cortar.
— Não tem pelo que esperar, vou sair desse lugar, não parece ter mais nada para se olhar. Mas isso significa que essa pintura e aquela escritura na frente da porta são só enfeite?
Pensativo, o garoto olhava para trás enquanto se distanciada cada vez mais da estranha sala.
“Para evitar qualquer suspeita, vou guardar isso, seria um problema se eles descobrissem que eu estava espiando”.
Enquanto a distância entre Miguel e a cachoeira aumentavam, maior era seu mau pressentimento. O garoto estava sentindo algo que já havia sentido antes, algo que lhe dava repulsa.
“Que cheiro é esse? Parece estar vindo lá da frente, mas eu não deveria conseguir sentir a essa distância, espera não importa, eu conheço esse cheiro, é sangue!”
Miguel rapidamente começou a correr o mais rápido que podia, como nunca havia corrido antes, só os pensamentos ruins se passavam pela sua cabeça, ao lado do desespero.
“Merda preciso ir rápido será que foram atacados? Se eles morreram então eu sequer poderei fazer algo, vou me espreitar na parede”, — pensava Miguel enquanto corria contornando a montanha, em direção a caverna.
Chegando lá, Miguel Frei bruscamente e tenta se encontra nas pedras tentando ver algo na entrada da gruta. Por mais que o suor e a adrenalina o atrapalhassem.
— Haha. Olha só eu fiz isso sozinho, me sinto cada vez mais forte.
— Cala boca Cassian! Você só matou dois! Não viu que eu matei três? Até aquele nerd ali matou mais que você, hahaha, — disse Caio, enquanto debochava da cara de seu amigo.
O alívio percorreu pelo corpo de Miguel ao saber da segurança de seus colegas, mas logo foi tomado pelo nojo.
— Ung!
Miguel começou a passar mal com aquela cena, o sangue fresco e o cheiro desgostoso já começavam a tomar conta do lugar.
Os intestinos espalhados pelo chão pertenciam aos lobos, que uma vez já foram brancos.
“Como, como eles podem fazer algo assim. Tem tantos, parecem ter alguns ainda vivos eles parecem estar sofrendo tanto. e-eu preciso sair daqui”.
Miguel correu para as árvores a sua direita antes que alguém sequer pudessem velo lá.
— Aí, parece que ainda tem um vivo, i-irei mata-lo. — disse Felipe, enquanto se aproximava hesitantemente do animal caído.
— Por que? Você já matou quatro, o que vai mudar deixá-lo aí? Vai morrer mesmo.
— Como assim? Ele está sofrendo.
— Sério, ele acabou de tentar nos matar, a culpa é deles por tentar nos atacar, mas tanto faz, sua bichinha.
Enquanto os jovens terminavam o que haviam começado, Miguel cambaleava pela floresta em busca de um lugar para desabar.
— Parece que é assim mesmo, eu disse que preferia que tudo isso fosse real, mas no final não consigo encarar a realidade.
Miguel se escondia atrás de seus joelhos enquanto escorregava vagarosamente até se sentar no chão.
“Eles não estão errados, eu estou. Se eles não tivessem lutado não teria sobrevivido. É isso, eu também preciso tentar, não sei quando mas uma hora também vou precisar, uma hora estarei encurralado, eu preciso ficar mais forte também”.
Enquanto se lamentava e buscava alguma vontade para se levantar, o garoto ouve uma voz ao seu lado.
— Ei, você está bem?
— Anh? Quem é? — disse Miguel, sem nem mesmo se virar para ouvir a voz.
— Somos nós, nós estudamos na mesma classe que você, mas nem sabemos seu nome. Pode nos contar?
Era uma voz masculina, ainda que parecesse familiar Miguel nem sequer sabia quem era.
Na curiosidade, o garoto olha para o lado em busca do rosto da pessoa.
“Unh, são os nerds, não imaginei que nossa primeira conversa séria assim, me sinto envergonhado”. Meu nome é Miguel, eu estou bem, só estava precisando caminhar.
Miguel busca rapidamente uma forma de mudar de assunto para desviar suas atenções.
— Mas e vocês? parece que foram atacados.
— Prazer Miguel, meu nome é Ariel, esse aqui é o Heitor.
Ariel não era tão alto como Miguel além de ser muito mais magro. Seus cabelos eram castanho escuro, quase da cor dos de Miguel, o que mais se destacava eram sua expressão gentil e seus óculos pretos.
Já o garoto ao seu lado era um pouco mais alto, seu cabelo era quase loiro, era quase tão magro como Ariel e sua cara de bobo se destacava mais do que tudo.
— Oi.
Assim que Ariel terminou de falar outro garoto entrou na conversa. Esse tinha cabelo castanho claro e diferente dos outros seus músculos eram bem mais visíveis.
— E esse aqui é o Felipe.
— Eae.
“Sim eu sei quem são vocês, nos estudamos juntos a mais de um ano, vocês provavelmente também sabem quem eu sou”.
— E sim, nós fomos atacados. Assim que estávamos voltando da cachoeira, nós encontramos alguns lobos na gruta, eles nos atacaram então tivemos que revidar. Pelo menos conseguimos alguma carne e pele, faz bastante frio aqui de noite e aquele urso não deu cobertas para todos nós.
Ariel parecia um pouco inquieto, mas ainda animado. Como se não desconfiassem de nada os garotos sentam em círculo, como se finalmente pudessem descansar.
— Galera, que tal comermos algo? estou com fome, — disse Heitor.
— Isso, eu também estou, — disse Felipe, enquanto apontava sua mão fechada para o chão e expelida diversas frutas.
— A propósito Miguel, você já pegou a sua arma atrás da fonte?
— Be-bem, acontece que eu estava por perto quando vocês estavam pegando as suas, então eu entrei e peguei a minha. “Faz tanto tempo que não converso com garotos da minha idade”.
— Legal! Pode nós mostrar o que você ganhou!?
— Foram essas duas adagas aqui — disse Miguel, enquanto expelia suas armas no chão.
— Uau! que legal, são pretas, que tipo de efeitos elas dão?
— Na-não é nada demais, só furtividade e tem essas interrogações. “Esse Ariel parece estranhamente amigável”.
— Legal! nenhum de nós tivemos algo como furtividade, já essas interrogações… todas nossas armas também tem! De qualquer forma, não é como se entrássemos em um jogo e nosso amigo de nível alto nos desse armas? Hahaha — exclamou Felipe, eufórico.
— Que tipo de classe você pegou mesmo? — disse Heitor que parecia estar guardando essa pergunta a algum tempo.
— E-eu peguei
Miguel parecia nervoso, quase não conseguia completar suas frases.
Você pegou assassino né!? — interrompeu Heitor.
— Sim.
— Isso é incrível não? A classe de assassino é mais focada em velocidade. Se juntarmos nós quatro faríamos uma ótima equipe, bem balanceada né? — disse Felipe, mostrando toda sua animação.
Assim que Felipe termina sua frase, Heitor entra no meio e solta as palavras guardadas.
— Isso mesmo! Eu tenho um bom alcance já que sou um mago de fogo, Felipe é um escudeiro então tem resistência para tancar ataques, e o Ariel ficaria de apoio já que é um curandeiro, depois tem você que pode atacar rapidamente ao invés de nós. Não acham balanceado? Sou um verdadeiro estrategista né, haha.
Os dois garotos riam sarcasticamente da cara de Heitor, como se ele apenas estivesse roubando os créditos.
“Então é assim uma conversa entre colegas, já nem me lembrava mas”. Sim uma boa estratégia, haha. — disse Miguel, esboçando o sorriso que a tempos não saia de seu rosto perto de outros.
Enquanto comiam, os garotos continuavam rindo e conversando sobre suas classes.
— É verdade ainda não mostramos nossos itens e né? Olhem eu ganhei essa varinha de ponta vermelha. — disse Heitor.
— Você e mais quatro né. Tem vários magos na nossa sala. Mas o que ela faz?
— Rum rum. Achei que não fosse perguntar, ela amplifica minha mana em 15, agora tenho 29 de mana.
— Uau isso é bastante, eu só tenho 3 de mana. — disse Miguel.
— isso deve ser por que você ainda não subiu de nível, apenas cinco pessoas da nossa turma ainda estão no nível um.
“Imaginei, com tantos lobos é normal que alguns já estejam no nível dois”
— Por falar em mana, eu tenho 21 pontos, é pouco já que sou um curandeiro mas ainda estou no nível 1, foi graças a esse bracelete que ganhei 10 de mana.
O bracelete do garoto cobriam grande parte do seu pulso e parecia se ajustar perfeitamente, como se tivesse sido feito para ele, o que mais chamava a atenção era o risco negro que passava pelo meio do acessório.
— Mas e você Felipe, ainda não rolou muito sobre o que ganhou?
Ariel olhava curioso para Felipe enquanto perguntava.
— hehe. Eu ganhei um escudo.
— Por que eu perguntei mesmo?
— Ele não é tão grande, mais cobre todo o meu peito. Ele aumenta minha resistência para total em 28 pontos, além de me proteger é claro.
O escudo que o garoto segurava era tão negro quanto qualquer outra arma, mas ainda assim reluzia como a lua.
— Uau 28 é bastante já que a maioria de nós não tem nem 10.
— Nossas armas também parecem ser todas classe A, será que vale muito na capital?
— Heitor seu imbecil, se você vender isso pode ser que não encontre uma assim nunca mas, vai saber como isso deve ser raro.
— Bem, é óbvio que eu não venderia minha querida varinha né Ariel. — disse Heitor, enquanto esfrega sua varinha em seu rosto carinhosamente.
— Olha só, parece que está ficando tarde, vamos voltar para a caverna. E, Miguel, fale conosco quando não tiver nada para fazer.
Os três jovens se afastavam de Miguel, enquanto andavam pelas árvores em direção a gruta.
— Claro. “É realmente bom poder falar com alguém assim de novo. Mas agora eu fiquei cansado, melhor eu dormir. E pensar que ficaríamos a tarde inteira conversando, parece que consegui criar alguma relação com eles.
Miguel se levantava e andava na mesma direção aonde seus colegas acabará de passar.
“E eles estavam certos, eu vou ficar para trás se não fizer nada. Preciso fazer aquilo amanhã! mas agora vou dormir”.