Amor é Mais Complicado do que Parece - Extra 3
O último ano na escola.
“Em agosto, no meio para o final do ano.”
Narração terceira pessoa.
O sol invadiu o quarto de uma garota cujo cabelo brilhava mais do que ele próprio. Mal-humorada, ela fechou a janela do quarto a batendo forte, o que fez um barulhão. “Merda” ela pensou e verificou, a janela estava de bem, por isso poderia seguir com as atividades da sua manhã, escovar os dentes na raiva, se trocar, passar um pouquinho de maquiagem e ir para aula, o mesmo de sempre.
Saiu do seu quarto, encontrou na cozinha uma comida que a mãe tinha deixado; alimentada, seguiu seu caminho para a emocionante primeira aula do dia, biologia, mais especificamente, botânica.
Mesmo naquela aula chata, ela lutava para prestar a atenção o máximo possível.
Por outro lado, Izumi, que não tinha dormido bem na última noite, não tinha nenhuma energia para a aula e nem tentou prestar atenção.
Na noite passada, tinha saído um pouco com os amigos, foi ao cinema e depois enrolou ainda um pouco jogando na casa de um deles.
De qualquer forma, dormir na aula de botânica era algo inevitável, existe um limite para força mental que alguém pode ter e existem coisas simplesmente chatas demais. Além do mais, ele podia apenas estudar a matéria mais tarde, já que ouvir a voz lenta, velha e cansada do professor que estudou com Dawning não ajudava muito a manter o foco.
A aula acabou e Yuna cutucou um pouco o garoto que parecia estar em outro mundo, apesar dos olhos abertos. A propósito, no terceiro ano, Izumi de fato mudou de escola para a da Yuna, inclusive, conseguiu uma bolsa boa lá.
Como ambos os lugares eram da mesma “rede” de escolas, a mudança foi fácil, era o mesmo material escolar, uniforme e afins.
De qualquer forma, os dois namorados sentaram um do lado do outro sempre e, logo, ao redor da mesa da Yuna algumas pessoas se juntaram. Yumi e umas outras garotas com quem os dois ficaram falando por um tempinho antes do próximo professor aparecer.
Durante a aula, pouca coisa interessante acontecia, Izumi até podia trocar umas palavras com a namorada, normalmente tiravam as dúvidas um dos outro, mas nada de mais.
No recreio, em geral, não ficavam juntos, também não daria para passar todos os dias 24 horas por dia próximos. Yuna ia com suas amigas e Izumi ficava falando sobre anime com uns caras que conheceu, era um grupo pequeno composto por 2 caras e uma garotas, os nomes eram: Miky, Otavio e Shia.
Normalmente eles gostavam de jogar alguma porrinha no celular juntos e, enquanto jogavam, falavam sobre coisas aleatórias . Não eram extremamente próximos, nem de longe representavam aquele ideal de amizade pura que Izumi já teve, mas já eram primeiros passos importantes.
E, o mais importante, ele tinha de quem encher o saco quando conhecia um anime muito bom e precisava recomendar. Yuna, o único alvo anterior, podia agradecer por isso, nem sempre ele queria assistir as mesmas coisas que o namorado, mas também não queria deixar ele tristinho.
Mas, enfim, uma hora ou outra o dia de escola acaba e o verdadeiro inferno começa. Sim, ver as aulas e anotar as coisas era a parte fácil, já que de tarde Yuna, Izumi e, às vezes, Yumi, Miky, Mia e outros ficavam para estudar. Yuna queria passar de primeira numa faculdade muito difícil e Izumi pretendia acompanhar, então não tinha o que ser feito.
Eram todos os dias da semana, basicamente 5 horas fazendo exercício e revisando a matéria. Os dois faziam tanto aquilo, que já tinham até uma sincronia perfeita. Izumi tirava o livro de exercícios da mala, enquanto isso Yuna já tinha olhado quais seriam no dia e pego dois cadernos, eles liam juntos e já iam resolvendo na hora.
— Esse é fácil, só usar ângulos opostos. — Yuna já foi comentando conforme acabava de ler o comando da questão.
— Sim, dá 135°, né? — Izumi, de cabeça, já fez o cálculo, Yuna conferiu rapidamente e confirmou que a resposta estava certa. Assim, eles iam falando, normalmente apenas faziam um ou outro pequeno comentário e iam se ajudando.
— Putz! Essa aqui é de foder, hein? — E, eventualmente, quebrariam a cabeça juntos para resolver exercícios bem mais difíceis, basicamente, olhavam a resposta e ficavam discutindo como chegar nela. Principalmente em matemática, às vezes eles simplesmente não conseguiam achar qual conta poderia dar naquilo.
Mas aquele dia foi diferente, já que Yumi, observando os dois, finalmente comentou algo que sempre esteve na sua cabeça. — Vocês sabem que vão ter que fazer a prova sozinhos, né?
Foi um raio, de repente, os dois chegaram a uma mútua iluminação. Nunca tinha sido a intenção, mas, de fato, com o tempo, eles viraram uma dupla fazendo as questões, o que poderia ser um grande problema.
— De boa, acho que consigo fazer sozinha sem problemas, bora testar? — Yuna não se deu por vencida e sorriu confiante, seu namoro só concordou e eles estudaram separados naquele dia.
Sério, Yumi literalmente separou eles, colocou cada um em um canto da biblioteca da escola, por que? Simples, segundo ela, eles poderiam se comunicar só pelo olhar e, mais, Yuna ficaria com pena do Izumi sofrendo numa questão e iria querer ajudar, o que era um fato.
Separados, os dois voltaram a fazer um exercício, era um de biologia, mal começou e… “Merda, qual era o nome daquele troço que abre e fecha na folha mesmo? Que saco, sei que ele serve para tirar a água da terra mas…” Izumi pensou.
Enquanto isso, Yuna tentava lembrar para que o estômato servia, ela até lembrava como a seiva era transportada pelo tronco da planta, mas tinha esquecido do papel do estômato nisso tudo.
Resumindo, em um instante, os dois já estavam olhando para o lado prontos para perguntar aos seus parceiros. Nada. Não tinha ninguém do lado de nenhum dos dois, afinal estavam, naquele dia, separados pela Yumi.
Foi uma tarde triste, na qual descobriram uma verdade cruel, teriam que conversar um pouco menos enquanto estudavam. Claro, não começaram a estudar separados só por causa disso, mas eles provavelmente gabaritaram qualquer prova juntos, isso era um fato.
De qualquer jeito, Yuna convidou os dois para dar uma parada no MEC antes de ir para casa, Izumi e Yumi concordaram e assim foi. Nada de mais, apenas tomar um sorvete e é isso.
Depois Yuna ainda foi na casa do Izumi, lá ficaram jogando videogame e conversando um pouco.
— Como foi o dia? — Izumi começou.
— Bem, mas comecei com o pé esquerdo! Esqueci de fechar a janela de novo! — O garoto riu, como sempre, a sua namorada odiava ser acordada pela luz do sol nascente, mas nunca lembrava disso de noite. — De resto, foi de boa, só fiquei meio triste de tomar café da manhã sozinha, minha mãe já está se entupindo de trabalho de novo — reclamou mais um pouquinho.
— Haha! Devia falar com ela depois, Lila pode ser bem problemática às vezes, também vou reclamar. — Izumi, que já tinha muito mais intimidade com a futura sogra, por isso comentou com um ar de familiaridade.
— Depois teve escola, a aula de botânica estava difícil, quase dormi, mas é isso, foi um dia sem graça. — Yuna acabou com um suspiro bem cansado.
O garoto chegou mais perto da tela, estava tomando de lavada no jogo. — Só uma coisa, tem dormido direito? — Com a partida já perdida, abandonou o controle e observou de perto as olheiras naquela pele branca e pura.
— Êh… — A loira desviou o olhar. — Então, é que estava tendo trabalho em grupo, sabe como é que é? Acabo precisando ficar acordada até mais tarde, só estava organizando as partes para cada um fazer e vendo como as coisas tinham ficado e coisas do tipo.
— Sabia! Yuna, é só um trabalho em grupo, não precisa ficar controlando tudo ou todo mundo, certeza que está sendo uma grande mandona, só relaxa, ninguém liga pra um trabalhinho de escola.
Com isso, Yuna tinha levado bronca do namorado de novo e decidiu parar de perder noites de sono com trabalho de escola; Yumi, que estava no grupo dela, seria muito grata a Izumi por isso, afinal isso também diminuiu o trabalho para todo mundo e acabaram com um bom trabalho noto 7, ao invés de um nota 11 com 200 páginas.
Voltando, Izumi também costuma contar sobre o dia. — Acordei morrendo por causa de ontem e…
— Verdade! você ainda nem me contou, como foi ontem? Quem diria que Izumi iria para uma balada, hehe.
— Nunca! — Com veemência, o garoto negou. — Fiquei jogando na casa da Shia e só, ir para a balada seria o mesmo que morte para mim, já testei.
— Haha! Eu sei, estava lá afinal. — O dia que Izumi ficou bêbado com meio copo de cerveja é outra história, mas Yuna não podia deixar de lembrar e achar engraçado. A propósito, se é menor de 18 não deveria ir num lugar desses, afinal aqui somos “muito” moralistas, ok?
— Enfim, ontem não teve nada de mais, mas o filme foi bem legal, a gente devia ir assistir um junto qualquer dia desses. Mas… — o tom ficou um pouco triste — acho que eles teriam se divertido mais só os três, eles são muito mais próximos e…
Por ter entrado pro grupo de amigos depois, Izumi tinha um grande complexo com isso, vez ou outra, sentia um desconforto, o sentimento de que só estava atrapalhando no meio deles, como se ele fosse um intruso. Era um sentimento desagradável, que compartilhou com a Yuna pela primeira vez naquela terça-feira meio merda.
A linda mulher olhou um pouco para cima e puxou o namorado para um abraço perto. — Sabe que isso é só coisa da sua cabeça, né?
— Sim, mas…
Yuna fez cafuné na cabeça do garoto. — Você é muito fofo, sabia? — Ela o beijou um pouco. — Vai dar tudo certo, pode demorar um pouco para se enturmar de verdade, mas não precisa se preocupar muito. Além do mais, se eles fizeram algo que te incomodar também é bom me contar? — Uma curiosidade, Yuna podia ser muito super protetora.
— Não vou contar, sinto que você pode acabar matando eles. — Izumi brincou.
— Ei! Que tipo de imagem você tem de mim?
Ainda falaram mais um pouco sobre várias coisas, mas já ia chegando perto das 8 da noite, seria ruim para Yuna voltar para casa mais tarde, por isso param por ali como de costume, todos os dias ela ia na casa dele ou vice versa, ficavam juntos umas duas horas conversando e se divertindo e voltavam.
Já sozinha em casa, Yuna apenas estudou um pouco mais antes de ir dormir. Izumi assistiu alguns animes e o dia dos dois acabou sem problemas.