Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 94
Usa as cordas vocais, porra!
Visão Izumi
Tudo estava bem e aquele amor que explodia no meu corpo ficava cada vez mais incontrolável, a cada vez que Yuna me beijava naquele parque, eu queria a beijar de volta e fazer mais coisas.
Aí uma bomba veio:
— Izumi, se continuar dependendo de mim dessa forma teremos um grande problema, um tão grande que vai tornar impossível ficarmos juntos.
O pior, Yuna ainda teve a pachorra de abrir um sorriso de orelha a orelha enquanto dizia isso, ela parecia tão gentil ao mesmo tempo que simplesmente explodiu nuclearmente minha mente.
No fundo, eu sabia que esse tópico viria, mas estava torcendo para que não viesse e, quando pensei que estava tudo bem, boom! Um cogumelo gigante no céu e tudo foi destruído em um piscar de olhos.
Nem consegui processar, achava que podia deixar o assunto para outro dia, mas Yuna não pensava assim.
Sem conseguir dar uma resposta decente, olhei para Yuna esperando ela dizer alguma coisa. Só abaixei a cabeça.
— Estou falando sério, ninguém deveria depender tanto de outra pessoa, entendeu?
Eu até tinha entendido, mas era muito pesado, não estava, de forma alguma, pronto para não ter a Yuna como a base da minha vida.
Formar novos laços é difícil e assustador, por isso queria ficar na minha zona de conforto, só com a Yuna.
— E o que eu preciso fazer? Eu…— pergunei, no fundo estava pedindo por uma solução fácil. Qualquer coisa que ela mandasse fazer naquela hora, eu faria.
Para minha sorte, Yuna não queria nem nunca quis me usar ou controlar, ela apenas apenas se reclinou sobre meu peito e me deu o tempo que precisava para relaxar.
— Você não precisa fazer nada, só por favor, não coloque todos os seus ovos numa mesma sexta, eu não posso ser o único norte da sua vida.
Ouvi tudo em silêncio, não conseguia responder direito, enquanto Yuna continuava me fazendo pensar sobre tudo aos poucos.
— Estou falando muito sério, pense sobre isso. Izumi, quando nos conhecemos você queria fazer amigos, né? Por que parar?
— Bem…
— Pense sobre isso, pense com cuidado e ache seu próprio caminho. — Ela me derrubou no chão, foi do nada, até me assustei um pouco.
Em seguida, ficamos deitados por um tempo, algo agradável, o aroma dela era excelente, seu corpo era quente e… não vou mentir, meio pesado, ela tinha quase o meu tamanho, tinha mais músculo e o peso do seu peito grande, logo, era um peso considerável sobre o meu corpo, mas não comentei.
Por fim, Yuna me provou a pensar por mim mesmo uma última vez: — Você não precisa fazer nada, na verdade, por agora eu te amo tanto que nem consigo ficar longe, mas, pelo menos, pense sobre isso por si mesmo e tome seu caminho.
Era assustador, dar qualquer passo naquele momento parecia muito complicado, mas tinha cansado de ser covarde! Alguns minutos antes, estava dizendo que queria ser mais corajoso e, no primeiro desafio, já estava pensando de forma covarde.
Uma certa força surgiu dentro de mim.
Foi surpreendente, normalmente eu tinha muita dificuldade de tomar qualquer decisão, mas a resposta veio como uma chama clara para mim, sabia mais ou menos o que queria naquele momento.
Tomei uma decisão em tempo recorde!
Formar laços é muito difícil, assustador, complicado entre outras coisas, principalmente para mim que não sabia como fazer aquilo, mas…
— Sai de cima de mim, tá pesado, quero levantar — reclamei.
Yuna quase que me mata só com o olhar, uma ferocidade daquelas assustava até um leão, na real, nem um T-rex ia ter coragem de encarar.
Ainda assim, ela não disse nada e obedeceu, por isso consegui me libertar. Me levantei e comecei a andar para fora do parque, lá o sinal do meu celular não pegava.
Sim, talvez fosse uma boa explicar alguma coisa para a Yuna, mas esqueci desse detalhe. Não se preocupe, ela ainda veio atrás de mim, ela deve ter entendido até certo ponto o que eu queria fazer, ou não.
Chegando num lugar com sinal, abri o whatsapp, não tinha muitos contatos lá, no caso, eram: Hina, Yuna, Lila, pai, mãe e Luca, um cara da minha escola que era simpático com literalmente todo mundo.
Abri a conversa com o Luca, nunca tinha falado com ele, mas precisava tentar.
Claro, o medo veio forte, a náusea também, naquele mar desconhecido eu só tinha meu barquinho de merda, com cada onde tudo tremia, continuar por aquela tempestade parecia uma insanidade.
Escrevia e reescrevia a mesma mensagem muitas e muitas vezes, enquanto isso a Yuna ficava lá plantada olhando sem entender nada.
Escrevia a seguinte mensagem: oi, sou Izumi, não sei se lembra, mas estou na sua sala, haha! Então… eu queria ser seu amigo, só se você quiser claro, por isso a gente podia, talvez, se encontrar. Não só você, outras pessoas da classe também.
Meu coração quase explodiu só de escrever.
Dei o celular para a Yuna e pedi: — Pode enviar para mim.
Não queria pedir a opinião dela sobre o texto em si, porque seria só delegar a decisão para ela, precisava falar por mim mesmo.
Por outro lado, minha coragem tinha limite, precisava de ajuda para encarar minha própria covardia e enfrentar meus medos.
Sim, ainda dependia completamente da Yuna do ponto de vista emocional, eu era uma pessoa muito frágil, não tinha como fugir disso.
Pelo menos, porém, daquela forma conseguia dar os primeiros passos para melhorar nesse aspecto.
Yuna sorriu lindamente e disse: — Enviado, agora precisamos falar sobre outra coisa… — Ela estava puta, muito puta. — Você tem uma porra chamada boca, sabia?! E ela serve para comunicar coisas, fale o que está pensando caralho! Não tenho uma porra de uma bola de cristal para ler pensamento e, seu eu tivesse, faria você engolir ela agora só de raiva, caralho!
— Êh… des-desculpa?
— Suspiro! Ok, perdoado, quer fazer o que agora?
— Qualquer coisa que faça meu coração parar de bater tão rápido, que me sinto prestes a morrer.
— Tá, a propósito, o tal Luca respondeu.