Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 92
Ainda não sei.
Visão Yuna
Cheguei um pouco atrasada e lá estava ele, sentado em um desses bancos de praça me esperando. Corri na direção do Izumi e me sentei do lado dele.
— E ai? Ainda não me deu sua resposta, que tipo de pessoa você quer ser?
— Assim, nem um oi vai dizer.
Ri um pouco, estava brincando claro. — Ok, oi, agora pode me responder. — Mal contive o risinho enquanto dizia isso. O garoto, claro, entendeu a brincadeira e só levantou calmamente.
— Bora andar um pouco? — Ele nem me esperou e já foi andando, sabia que acompanharia.
Só uma curiosidade, de alguma forma, Izumi parecia mais bonito que o normal.
Talvez por não andar mais tão curvado, seus ombros pareciam mais largos e, por ter perdido o olhar inseguro, seu rosto parecia mais maduro.
Acabei abraçando os braços dele e andando coladinha, como esperado, ele reagiu um pouco envergonhado à provocação, muito fofo.
Seguimos assim por um tempinho. — Acho que não posso te fazer esperar para sempre, né?
— Não, já estava pensando em te mandar parar de enrrolar nessa porra. — Paciência nunca foi meu forte; mas, na verdade, estava bem de boa com a espera.
Meu namorado suspirou um pouco, o olhar inseguro voltou a seu rosto, ele definitivamente ainda não sabia o que dizer.
— Não sei… — Como previ, ele começou com essas palavras. — Acho que queria ser um pouco mais confiável, menos covarde, mais decidido… talvez?
Posso dizer que ser mais decidido seria uma longa, não, uma longuíssima jornada!
Também não vou reclamar, aquilo era parte da coisinha fofa que eu amava, talvez não a pessoa mais confiável do mundo, mas uma das mais honestas. Claro, aquele não era o melhor momento para contar isso, podia acabar o influenciando.
Na real, preferia falar o mínimo possível, estava com medo de influenciar demais na resposta. Até porque o Izumi é fácil de influenciar, diria que ele é alguém obediente, muito obediente, se qualquer um chegar e mandar ele fazer algo, ele faz.
Pode até ter uma ou outra exceção, mas ele quase nunca diz não para outros. Agora, imagina como isso é para alguém que ele goste.
Literalmente qualquer coisa que eu dissesse, mudaria bastante a decisão dele. Ok, não é como se ele fosse dar uma resposta e pronto, magicamente o caminho da vida dele foi definido e não pode mais mudar, na real, era bem fácil só mudar no futuro.
Dito isso, queria que ele fizesse isso por si mesmo, se tinha algo que não era sustentável a longo prazo, era a dependência do Izumi para comigo.
— Não vai ajudar nem um pouquinho, buu! — Não vou mentir, quando ele fazia biquinho assim me sentia tentada a esquecer tudo que te disse.
Olhei ameaçadoramente. — Nem um pouquinho, dê seus pulos. — Me arrependi depois. — Na verdade, se for só um pouco não tem problema, mas não vou te dar minha opinião nem dizer o que fazer, ok?
Visão Izumi.
Difícil, difícil, difícil, muito difícil! Mal cheguei no parque e minha mente já estava entrando em pane, minha autoconfiança foi voando.
Uma coisa consegui mais ou menos decidir, queria ser menos covarde, só faltava muitas outras! Para começo de conversa, de que forma deveria responder uma pergunta daquelas.
O pior, nenhuma das coisas que costumava usar para me revelarem a verdade, google e Yuna, iriam me ajudar naquela hora.
Uma verdadeira encruzilhada!
Várias coisas aconteceram, mas não processe nenhuma delas, por que? Simples, estava com minha mente quase brigando, o meu processador já tinha sido levado ao seu limite e eu precisava baixar os gráficos, ou seja, prestar menos atenção em tudo, para ver se rodava essa porra de jogo chamado vida.
Ok, devaneios a parte, só sei que, em algum momento, pedi:
— Pode segurar minha mão? — Precisava do boost de autoconfiança de ter ela por perto, bem, Yuna já estava me abraçando, então pedir para segurar as mãos era meio inútil, mas, novamente repito, meu cérebro não estava com muita energia sobrando para outras decisões;
A propósito, ao invés de fazer o que pedi, a resposta da Yuna foi um beijo, um muito apaixonado. Não conseguia me acostumar com isso, beijar ou agir como casal num lugar público. Mesmo que a plateia fossem só uns caras correndo e fazendo outras coisas sem prestar atenção, já me sentia envergonhado.
Ela ainda pegou minha mão delicadamente e a levou até sua cintura, descendo até chegar numa área bem perigosa.
Quando nossos lábios se separaram, em meio a respiração pesada perguntei: — Você ficou mais agressiva, né?
— Hehe! E você mais irresistível. — Yuna era muito fofa! A beijei um pouco mais.
Novamente, nosso foco foi para a casa do caralho, definitivamente estava faltando um pouco de autocontrole, mas isso seria história para outro momento.
Ainda meio excitado, tentei recobrar a compostura, pelo menos me sentia mais leve, no caso, mais leve que o ar, meu corpo já estava subindo até o infinito como um balão de gás hélio, até a pressão atmosférica ficar muito baixa e a pressão interna do hélio estourar o balão.
Sim, esse foi o destino de muitos dos pobres balões que foram abandonados.
— Terra chamando.
— Foi mal, estava voando até a pressão atmosférica… — Percebi que estava viajando na batatinha, parei de falar, olhei para garota cuja mão estava segurando e sorri. — Ainda não sei, é muito difícil!
Ela apenas riu, aquilo era só o esperado de mim, alguém que não conseguia se decidir de forma alguma. Um pouquinho de raiva, ser assim me irritava um pouquinho, ou talvez muito, pensei um pouco sobre o assunto…
— Não quero mais ser tão medroso, se eu não tiver coragem nunca vou conseguir fazer nada, é como viver em uma gaiola feita por você mesmo e, quando penso nisso, é um pouco assustador.
Yuna sorriu e continuou a ouvir meu monólogo, estava claro que ela não iria interromper de forma alguma.
E pronto, uma conclusão tinha sido tomada! Quais seriam as próximas? ERa muito complicado, mas tinha um lugar por onde podia começar, mais do que o que eu queria mudar, podia pensar no que manter.
— Acho que bom tentar ser uma pessoa boa, honesta, gentil e coisas do tipo, gosto do meu senso de moral.
Yuna, por mais que quisesse esconder, acabou abrindo um sorriso maior quando me ouviu dizer aquilo, o que me deixou mais confiante da escolha.
— Também seria bom trabalhar com algo que gosto, dar o meu melhor naquilo que é importante e coisas do tipo. — Muito vago, eu sei.
— …
— Por fim, acho que tenho que conhecer coisas novas e, por mais que seja um problema, é meio que impossível para mim deixar de ser indeciso.
Então olhei para Yuna pedindo a opinião dela sobre tudo, pelo menos eu tinha dado algum tipo de resposta.
Ela suspirou e disse…