Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 91
Um pouco diferente, a mesma pessoa
Visão Yuna
Fiquei surpresa, não esperava que o Izumi fosse me derrubar no chão, inclusive, aquela foi a primeira vez que ele me beijou de forma tão agressiva.
Estava adorando, por isso o provoquei um pouco mais, passando a mão levemente por suas costas, esfregando meu corpo no meu. Sim, foi um beijo longo.
Quando eu pensei que as coisas iam evoluir para… — Desculpa… êh, po-posso continuar — Acho que não seria o Izumi se ele não parasse e dissesse algo do tipo, pessoas não mudam do nada.
Ri um pouco, segurei a camisa do meu namorado e o puxei para mais um beijo. — Se parar mais uma vez eu te mato. — Eu posso, ou não, ter ficado um pouco mais agressiva por causa do tesão, mas isso é outra história.
Inclusive, imaginem o resto, não é difícil, diria até que demorou, não tem como colocar dois adolescentes que se amam sozinhos numa casa e esperar outra coisa.
Para não dizer que não escrevi nada, posso dizer que fiquei com dor nas costas, não foi a melhor das ideias.
Perdemos o foco no assunto principal, mas também todo autocontrole tem limite.
Lá pelas três da tarde já tínhamos tomado banho e estávamos de boa, tudo levou mais tempo que o esperado e o pai do Izumi ia voltar para nos pegar às 4, ou seja, não sobrava tanto tempo para ficar refletindo sobre a vida.
Só para acabar a visita, o Izumi foi, enquanto eu estava tomando banho, para o quarto dos avós dele. Fiquei surpresa, sendo honesta, achei que ele não ia ter coragem de enfrentar seus fantasmas.
Quando vi aquilo um sorriso incontrolável surgiu no meu rosto, nem sabia ou conseguia explicar o porquê, era só uma felicidade pura. Parecido com o orgulho que sentia de mim mesma quando ganhava ou alcançava meus objetivos, só que mais forte.
Beijei ele de novo, acabamos de arrumar a casa e esperamos um pouco o pai dele chegar. Ainda queria conversar mais com o garoto, mas adiei isso por um tempo, só falamos de assuntos leves e o convidei para ir ao parque comigo no dia seguinte.
Visão Izumi
O vermelho fluía rápido por todo lado, naquele mundo os rios eram de sangue e estava causando uma enchente nunca antes vista. Os moradores, diferente do esperado, estavam felizes, seus sorrisos eram quase tão radiantes quanto o sol.
Sim, o sol!
Naquele mundo em que a noite era o padrão, um sol de rachar aparecia, seria suficiente para desertificar tudo, se não fosse a energia da vida que flui pelos rios.
Tudo crescia; planta-se trigo, ele crescia em minutos; planta-se arroz, seria ainda mais rápido; planta-se sentimentos, eles explodiram; e, se planta-se esperanças, elas brotavam sem parar!
Os moradores comemoravam, em um festival eterno de festa. Os ventos fortes, os problemas da noite, nada podia parar ou apagar a luz daquele festival.
Eu amo a Yuna!
Minha mente estava gritando isso.
Explodiu, como um vulcão, não! Como o Toba, maior vulcão da história, meus sentimentos explodiram para um nível que não conhecia.
As águas calmas do lago, viraram onda do mar, um surfista vendo isso ficaria surpreso, eram maiores que as do havia, tsunames atrás de tsunames.
Tudo começou com eu acordando, foi aproximadamente três minutos depois de pegar no sono. Acordei meio assustado, sim, fiz speedrun de pesadelo, mas isso é outra história.
Lá estava ela, Yuna! Dormimos na mesma cama, seus olhos eram tão azuis, senti que, enquanto estivéssemos juntos, podíamos alcançar qualquer coisa.
Foi um boom! Meu amor que já era grande explodiu, assim como os sentimentos de medo, solidão e tristeza que pararam de ser reprimidos, meu amor também parou.
Foi como se o casulo que me protegesse estourasse, tinha muito medo dos de não estar mais protegido dos sentimentos ruins, mas esqueci que estaria mais suscetível aos bons.
Era tanta paixão que não conseguia nem processar.
Claro, por causa disso não dormi nem por um segundo, meu corpo não queria desligar, foi uma avalanche completa!
Quase perdi o controle e beijei a Yuna enquanto ela dormia, não tinha coragem para isso, porém. Certa coisas nunca mudam.
Então passou, não completamente, mas pelo menos ficou sob controle e eu consegui voltar a pensar de forma minimamente racional.
Lembrei do medo e tristeza também, claro, sem o amor para sufocá-los, os outros sentimentos quiseram aparecer.
Chorei.
Foi de repente, chorei de leve, ao mesmo tempo que ri um pouco e me senti sozinho.
No meio de tudo isso comecei a pensar sobre minha vida. Fechei os olhos, abracei a Yuna com força e comecei a pensar.
Era um pouco assustador, um pouco não, muito! Pensar sobre minha vida, ela tem valido a pena? Esse tipo de pergunta é assustadora de se fazer, imagina se a resposta encontrada fosse não, mas continuei refletindo, senti uma coragem estranha.
Sim, me apoiei na presença da Yuna para me dar coragem, mas todos precisamos de algum apoio para seguir em frente e subir na escada da vida.
Com a ajuda dela, posso chegar a essa resposta impossível, esse tipo de confiança estranha me movia, do meu peito vinha uma força que não tinha.
Aí apaguei, uma hora o cansaço vence, ou talvez tivesse relaxado um pouco mais.
Acordei sem entender nada, literalmente nada, o mundo a minha volta parecia tão colorido, janela parecia sorrir e cantar, porra! Tentava andar pela casa, quando todos os objetos cantarolavam felizes! Fiquei com uma dó de pisar na cara da escada-chan e a dor de comer o melão-kun foi complicada.
No meio de toda essa confusão, não conseguia fazer nada direito, ao mesmo tempo não lembrava, ou entendia, se o tempo que passei acordado na noite anterior havia sido um sonho ou realidade.
Não que importasse!
Lembrava bem de uma coisa, uma conclusão: vou entrar no meu quarto e depois no dos meus avôs!
Aquele selo, aquilo que me protegia de chorar, algo que criei para me proteger, eu ia destruir! Não queria mais me sentir flutuante, tinha cansado de ficar flutuando pela vida, queria mergulhar fundo nela.
Foi ai que a Yuna me provocou um pouco, mandei toda essa porra de reflexão sobre a vida para a casa do caralho, a beijei e…
— Yuna, eu te amo.