Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 87
Algo que nunca tinha visto.
Visão Yuna.
Não tinha conseguido dormir. Primeiro, perder para Hina me deu nos nervos, não conseguia parar de pensar em como vencer ela numa próxima chance. Segundo, as coisas que ela tinha falado sobre Izumi e sobre sexo me deixaram pensativas. Terceiro, estava preocupada pensando no garoto e não conseguia relaxar.
Foi então que, no meio desses meus pensamentos, vi um certo alguém se movendo. Achei estranho, conhecia meu namorado e sabia que ele normalmente dormia que nem uma pedra.
Quando vi ele sair do quarto, resolvi ir atrás. Não tinha nenhum motivo, só fiquei curiosa. Foi assim que me deparei com ele parado no meio do corredor olhando pro nada, algo bem estranho, mas, vendo a oportunidade, quis assustar ele um pouco.
— Ha! — Fiz um som alto e o resultado vocês já sabem. — Calma, sou só eu, desculpa, sério desculpa. — Me arrependi na hora. Em minha defesa, não esperava nem nos meus sonhos mais loucos uma reação como aquela.
Ok, a casa de fato tinha uma aura assustadora de noite. Não era a pessoa mais corajosa do mundo e posso dizer que, se fosse eu, teria ligado a luz, principalmente naquela maldita casa!
Por causa daquela janela de merda mal posicionada, o lugar realmente parecia um cenário de filme de terror. Entenda, aquela porrinha ficava no alto, num ângulo merda e o vidro, já velho ou mal feito, era meio opaco.
Resultado, entrava só um pouquinho de luz, só o suficiente para vermos algumas silhuetas e nada mais. Ou seja, era quase que nem aquelas neblinas mal iluminadas de filmes de terror.
Para piorar, algumas janelas velhas não fechavam direito, o som do vento que passava por essas frestas era bem assustadora.
Isso porque não falei da cereja do bolo, a quantidade de coisas que tinha na casa. Como toda residência de velho, o lugar estava cheio de decorações e coisas que nos lembravam de suas longas vidas, ou seja, muitas coisas para nossa mente, com a visão prejudicada, confundir com algo assustador.
Porra tinha um leão empalhado na sala!
Obviamente, a partir do momento que vi Izumi apavorado todos esses medos passaram, não ia ficar pensando no medo, quando estava tão preocupada com a pessoa que amo.
Assim, o Izumi sempre foi alguém que parecia fraco e vulnerável, mas nunca daquele jeito. Mesmo quando ele travava ou coisas do tipo, por mais choroso e fraco que ele pudesse parecer, sempre havia sua aura de fofura.
Ou seja, o Izumi não ficava realmente desesperado ou sem chão, suas expressões eram divertidas, nunca tinha me sentido mal por brincar com ele antes. O motivo, era porque ele nunca, antes, tinha de fato estado tão fragilizado.
Apesar dos pesares, ele era uma pessoa muito calma e racional, podia até travar, mas já viu ele travando em um momento realmente importante?
Ele era um livro aberto que demonstrava todas as suas preocupações e angústias, mas sempre transmitia pelo menos um certo nível de controle.
Dessa vez, por outro lado, eu não tinha como brincar, mal sabia como reagir, era diferente do normal.
Sim, ao falar o Izumi, o padrão seria esperar o anormal, só que era estranho até para os padrões Izumi de reação. Não estava preparada para aquilo.
Claro, olhar não mudaria nada. Liguei a luz, me sentei de costas para o Izumi, encostei na mão dele e fiquei com meu corpo reclinado sobre o dele.
Era uma sensação estranha, não estava vendo ele, apenas sentindo seu corpo com as minhas costas e sua mão com a minha.
Ele estava tremendo, mas voltou ao normal aos poucos e finalmente disse algo:
— Desculpa… — Queria apenas dar outro peteleco nele e mandar ele não usar essa palavra, mas me contive. Dito isso, porra Izumi! Por que essa tem que ser sempre a primeira coisa que você diz? Era irritante quando ele se desculpava sem motivo.
— Já chega de ficar se desculpando, não tem problema ter medo do escuro, agora, como está se sentindo? Quer comer um sorvete e assistir anime? — Apenas fiz uma sugestão com a qual achei que ele concordaria, não tinha nenhum grande motivo.
O garoto demorou um pouquinho para responder e, por fim, se levantou e disse que sim com a cabeça. Vale dizer, ele parecia, de uma forma fofa, empolgado para isso.
Ver ele melhor me fez abrir um sorriso. — Escolha alguma coisa boa, vou pegar o sorvete, ok?
No fim Izumi escolheu Tanaka-kun, um anime qualquer de sile of life sobre um preguiçoso, era até que bonitinho, apesar de meio chato. Em resumo, era algo extremamente leve e bom para relaxar, nesse sentido foi uma boa escolha.
Já sobre o sorvete, surpreendentemente, a Hina tinha comprado 4 potes de sabores diferentes, creme, doce de leite, maracujá e coco. Não sei onde ela arrumou o sorvete de maracujá, achei absurdo o fato de tanto ela quanto o Izumi não gostarem do de chocolate e adorei o sorvete de doce de leite.
Com isso, acabou o nosso, noturno, ataque a geladeira.
— Por que quis sair no meio da noite? — Eu queria perguntar o porquê dele não ter ligado a luz, mas decidi começar por essa pergunta.
— Nenhum motivo em particular, é só que estou sentindo alguma coisa estranha e não consigo dormir.
— Alguma coisa estranha? — Amei a especificidade com a qual ele responde.
— Não sei ao certo, é só que… sei lá, eu… — Parecia que aquilo iria levar bastante tempo, Izumi estava sem sono e eu não me importava em virar a noite, por isso sugeri:
— Quer voltar pro quarto? Podemos conversar lá, parece mais confortável, assim podemos dormir quando quisermos.
O garoto concordou, nos sentamos na minha cama e uma longa noite começou.